Aventuras pela Garden Route: P.E.

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Chegamos em P.E. na esquina da casa dos nossos couchsurfers, graças a Nono e sua prima, e pra dar tempo de chegarem em casa fomos pro Oceanário e museu do mar. O museu em si é velharia, mal feito mesmo, mas o oceanário tava fechado e só deu pra ver um “show” com pinguins e eles sendo alimentados. Foi muito legal e valeu a entrada!

Nosso couchsurfer trabalha em uma universidade e mora com duas estudantes, uma holandesa e uma alemã. Já esperávamos que nem todas as experiências com CS seriam magníficas, mas podemos dizer que em P.E. tivemos nossa primeira experiência não tão legal! O cara era muito estranho, introvertido a ponto de ser constrangedor ficar sozinho com ele. Não ofereceu nada, não deu dicas sobre a cidade, não tinha assunto… Foi bem chato, a ponto de adiarmos a hora de ir pra casa para não encarar o climão. Ainda bem que a alemã que mora com ele, um amor de pessoa, pareceu ter percebido isso e no final acabou sendo a nossa couchsurfer, pois deu boas dicas, nos fez companhia e além de chamar o táxi ficou conosco na portaria esperando até a hora de ir embora. O dono da casa deu um tchauzinho e ficou lá em cima mesmo, acho que depois que fomos embora voltou a dormir. Bom, acontece :-/

No nosso primeiro dia lá fomos ao Greenacres, uma espécie de shopping center gigante, tentar conseguir reembolso dos bilhetes do ônibus que perdemos devido a greve, mas nah… não rolou. Acabamos indo no cinema pra descansar e voltamos a pé pra casa, algo como 10km, pra espanto de todos eles. Parece que ninguém na África do Sul caminha a não ser entre o carro e o estacionamento. No máximo uns vagam por aí meio vagabundos. Os brancos mesmo andam de carro e os negros de lotação, mas nunca à pé. Todo mundo ficava espantado com as distâncias que caminhávamos. Mal sabem eles que é o jeito mais fácil de conhecer uma cidade :-)

À noite, depois de insistirmos com nosso couchsurfer para fazermos alguma coisa juntos, fomos jantar nos fundos de uma mercearia etíope, com ele e uma amiga (bem doidinha por sinal). A comida era típica e bem humilde, como se fosse panquecas servidas com vários molhos diferentes, mas o café… asdfgasdfg! Que café delicioso! Dizem que é um ponto forte de estudantes porque lá é tudo bom e barato, se um dia for em P.E. pergunte sobre o lugar que aposto que saberão o nome, é no centrão mesmo.

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Vista da praia em Humewood

Na noite do nosso penúltimo dia em Port Elizabeth, já tínhamos desistido de conhecer o Addo, o parque de Elefantes que fica há uns 70 km de Port Elizabeth e queríamos muito conhecer, mas o dinheiro não ia dar. Eis que a couchsurfer alemã, que já tinha trabalhado no albergue Siyabona onde um guia ainda trabalhava, conseguiu uma pechincha forte pra gente! O tour normalmente sai por 900, ela conseguiu por 700, e disso pra 600 porque não quis cobrar da gente a comissão de 100 (que cobrou de outra guria que acabou indo junto). Dos 600 ainda caiu pra 550 porque deram voucher de 50 pra almoçarmos, valor de um combo de sanduíche no parque. Que saibamos é difícil ir pro Addo por menos de 1000, algo como 100 dólares. Cara, que lugar lindo e incrível!

Grupo de elefantes no Addo, há alguns metros do nosso carro

Grupo de elefantes no Addo, há alguns metros do nosso carro

O guia, Kevin Foster (telefone +27 (0)82 767 2443 ou +27 (0)41 367 5081 e e-mail pessoal cdekevin ARROBA gmail PONTO com, recomendadíssimo!), é um amor de pessoa, batemos altos papos e o cara manja tudo do parque e da região, a história de vida dele é insana. Foi treinado na Líbia, lutou na guerra civil de Angola nos anos 80, foi exilado da África do Sul, tá há anos no ANC e virou vereador duma região da periferia. Ah, mencionamos que o cara é branco de olho claro, de família irlandesa? Ele nos levou depois por uma passeio pela township onde ele tem amigos e fomos num tipo de boteco deles, foi interessante, aparentemente é reduto do ANC.

No final do dia ele tava todo feliz e passava rádio pros outros guias pra se gabar. Diz que o recorde de animais que ele já viu num dia foi 23 espécies sendo que a média diária é de 12. Nós vimos 21, incluindo uma espécie não catalogada no folder dos turistas (um tipo de porco do mato, parecido com javali) e 2 leões que tinham matado um kudu horas antes :-)

Linda e formosa, parece posando para a foto :-)

Linda e formosa, parece posando para a foto :-)

Nossa lista final ficou: muitos elefantes, dois leões, alguns hartebeest vermelhos, trocentas zebras, um grupo de rooikat difíceis de ver, alguns chacais black-backed, vários avestruzes, milhões de javalis igual o Pumba, um ou dois mongooses amarelos, dois bandos de suricatos Timões, um bokmakierie, um búfalo fujão, vários elands, milhões de kudus (inclusive um morto pelos leões), alguns macacos velvet, dezenas de besouros rola-bosta, uma ave secretary, uns herons black-headed, um sunbird de colarinha duplo e uma tartaruga, além do tal porco do mato que foi novidade.

Acredite, o Addo é foda. Podíamos botar fotos aqui até cansar e não seria suficiente, então acredite na gente e vá lá. Vá com guia pra te dizer como ver as coisas e ir em rotas malandras ou sozinho, e faça churrasco numa área reservada lá que liberam. O museu é legal, e o restaurante do parque tem sanduíches de kudu, uma delícia.

O resto de Port Elizabeth em si não tem nada de excepcional na nossa opinião. Embora dê pra andar à pé sem problemas, o máximo que parece legal de ver são as praias com águas menos geladas que o resto da Garden Route e a região movimentadinha perto da plataforma marítima onde ficamos, em Humewood, com uma vista bem humilde.

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Janela do nosso couchsurfer

Partimos do litoral da África do Sul de volta pra Johannesburgo pra sair do país no dia seguinte. Descansamos no Shoestring, um albergue fofinho meio caindo aos pedaços mas que tem o dono mais camarada que puder imaginar. Um clone do Sam Rockwell com Dustin Hoffman.

Na noite do outro dia, avião pro Egito. Detalhes em breve!