Dia 23: Thorung Phedi, 4537 metros

No Comments

Mais um dia na prisão. Na verdade nos preparamos pra sair às 3 da manhã porém fiquei responsável em checar o tempo antes. Acordei às 4 e meus poderes climatológicos diziam que a neve e chuva iriam parar e valia a pena esperar mais um dia, via alguns pontos de céu limpo de madrugada. Passamos o tempo jogando Jenga (que surpreendentemente mata o tempo mesmo, nos divertimos bastante) e reparamos que pela primeira vez Thorung Phedi tava vazia, exceto por nós e os donos da pousada super simpáticos. Enquanto jogávamos Jenga estavam de olho rindo pela tensão da disputa e até botaram The Good, The Bad and The Ugly pra tocar nas caixas de som haha. Conversamos muito sobre nossos países (Nepal, Brasil e África do Sul). Até ganhamos chás e café da manhã grátis, pra boa sorte! Não importa o que aconteça agora, amanhã temos que cruzar a passagem. — Caio

Conforme previsto, o clime por aqui ainda não melhorou o suficiente e mais uma vez ficamos para trás. Acordamos às 3:30 da manhã e o Caio foi lá for a ver como estava o clima. Dava para ir, mas não estava perfeito. A chuva tinha passado, mas havia ainda muitas nuvens… nós sabemos como é o céu em um dia perfeito para a passagem (que foi o que perdemos porque fiquei mal), e não era aquele. Depois que amanheceu eu achei muito preciosismo da nossa parte não ter ido e começo a pensar que fizemos cagada, principamente porque ao longo do dia algumas nuvens apareceram e agora está bem nublado, tô com medo de chover amanhã e termos que ir mesmo assim, pois não temos mais dinheiro para ficar mais tempo em Phedi. Sem contar que o pessoal daqui está até achando graça nisso, ninguém fica tanto tempo assim no mesmo lugar! Falando nisso, esqueci de comentar como é o lodge que estamos ficando! Não é nada comum, totalmente fora do padrão nepali. O dono daqui é o Kumar, um nepali que usa dread locks, óculos Ray Ban e um chapéu tipo Indiana Jones. Junto com ele (além dos locais da cozinha) trabalha a Kate, uma sulafricana branca que veio fazer trabalho voluntário no Nepal, conheceu o Kumar, se apaixonou e decidiu ficar! O resultado disso tudo é um guesthouse nada normal, com um dinning hall bem decorado (meio zen) e com uma trilha sonora muito boa como som ambiente (vindo ditreto de um macbook pro, jamais esperaria encontrar um nas montanhas do Nepal). Sério, aqui toca Eddie Vedder (trilha do Into de Wild), Bob Dylan e umas músicas alternativas de vários países! Quando começou o dia hoje, meio nublado, comecei a imaginar o tédio que seria mais um dia ali. Mas ficamos jogando Jenga um tempão, enquanto a galera vinha e saía, e no fim do dia só sobrou a gente, o Kumar e a Kate! Acabamos ficando conversando com eles até tarde, ele ofereceu um chá de graça e acabou mandando até um café da manhã de graça pra comermos antes de sairmos pra passagem amanhã. Acho que não aguenta mais a nossa cara, hehe. E amanhã é o grande dia, faça chuva ou faça sol (literalmente). — Dani