As montanhas do Circuito Annapurna

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No vale de Mustang, de Muktinath e Kagbeni pra Jomsom

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Annapurna I e Annapurna South com sua cadeia no nascer do sol, Poon Hill

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A cadeia do Dhaulagiri (7ª montanha mais alta do mundo), de Poon Hill

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Região próxima da fronteira dos distritos de Manang e Mustang

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Chegando em Muktinath

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Que céu era esse… nascer do sol a caminho de Thorung La

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Esqueci o nome desse pico, mas nos seguiu do High Camp até Thorung La

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High Camp acordando bem cedo

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Vista leste no mirante do High Camp

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Geleira no alto do Tilicho Lake

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Vista do quintal

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Vista sul do mirante no High Camp

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Cores e texturas em camadas, caminho subindo pro Tilicho Lake

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Picos em volta do Tilicho Lake, o lago mais alto do planeta (5.000m)

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Em frente ao monastério no vale de Manang

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Chegando no Tilicho Base Camp

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A tal montanha tigela de sopa, absurdamente gigantesca, mas nublada

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Pode salvar como papel de parede do computador, ok?

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Um dos milhares de terraços de arroz nas encostas

Trilhas e caminhos ao longo dos dias

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Thorung La, a passagem entre montanhas mais alta do mundo! 5.416m :-)

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Caio e a Lua descansandinhos entre High Camp e Thorung La

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Danielle tentando desesperadamente respirar algum ar, à uns 5.000m

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Voltando da trilha até Tilicho, reencontrando caminho de Manang pra subir mais

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“Nóis é nóis o resto é bosta \o/”

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Nosso maior momento “não conta lá em casa” tentando andar por um precipício

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Casal Alfanumérico

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Um trilha, típica ;-)

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Quase fim das trilhas do circuito!

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Tempestade de areia nos pegou quase chegando em Jomsom, região Mustang

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Cores do outono começando a aparecer nas árvores

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Cinco horas descendo até Muktinath

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…e o Capitão Óbvio ataca novamente!

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Danielle Indiana Jones

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Caio pensando na morte da bezerra olhando pras montanhas

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Saindo da trilha de Ngawal

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As sombras amarelas são o vento dobrando as plantas, bonito

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Trilha seca, uma de mil

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Trilha molhada, com deslizamento por cima, também uma de mil

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Um longo caminho pra andar no dia

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Recomenda-se não escorregar

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Uma das melhores pontes que encontramos, praticamente nova

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Apenas começando a trilha nos primeiros dias, meio floresta

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Trilha bloqueada por uma cachoeira, tire as botas e volte uma casa

Vilas, quartos e o dia-a-dia nas trilhas

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Uma pousada no começo da trilha, luxo

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Um banheiro com privada estilo squat

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Às vezes os quartos ficavam realmente decentes e limpos, porém!

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Chegando em Upper Pisang

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Dormindo de verdade na mesa, esperando o almoço após uma trilha

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Todas as casas são construídas de pura pedra e madeira local

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Uma senhora, uma criança com um balão e rodas de orações em Manang

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Queria ter essa vista pela janela na minha casa no Brasil

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Fazendo fotossíntese no High Camp, até o sol ir embora

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Vento gelado pela janela do banheiro que não fecha? Silver tape to the rescue!

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Nossas mochilas também precisavam descansar

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Saindo da região de Muktinath, casas típicas

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Trilha sem dó de quanto silver tape ou fio de nylon tem na sua bota

Seleção de fotos aleatórias nas montanhas

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Caio

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Dani

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Dani e Caio, entrando no vale de Mustang

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Tecidos que nepaleses vendem não são chineses, são originais mesmo

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Dani pensativa no topo da trilha

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Pausa pra respirar e tirar uma foto!

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Caio olhando a geleira no Tilicho Lake

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Não é montagem, o Tourist Guy estava mesmo tirando fotos nos Himalaias!

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Bandeirinhas de orações budistas

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Reflexo numa casa de chá

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Dani contente em frente ao Tilicho Lake

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Cairn, ou moledro, nepalês… pequenininho

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Namaste!

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Pedras com orações

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Com emoção ou sem emoção?

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Casebre abandonado

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Ironia

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Ainda começando a trilha… “será que damos conta?”

Preparativos pro Circuito Annapurna

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…ou “Guia Rápido para Trekkers Independentes no Circuito Annapurna” :-) Se você ainda não está cansado em ouvir a gente falar sobre nossas trilhas no Nepal, quem sabe até já pensou em um dia fazer o mesmo, sei lá. Não tema, fiel leitor! A seguir tudo o que você precisa fazer pra se meter no frio, na sujeira e estupidez de paisagens bonitas que é o Nepal, sozinho, sem guia, sem carregador, independente de ve6rdade!

Logo de cara a parte do visto não tem muito segredo, é na chegada no aeroporto mesmo. Ou rodoviária. Ou escola abandonada. Enfim, é onde disserem que é o aeroporto, acredite que é o tal lugar. Normalmente ninguém fica menos que 30 dias no Nepal (40 dólares por pessoa), mas resolvemos pegar o visto mais bacana de 3 meses pra fazermos o que quisermos, sem pressa, mesmo porque planejamos 38 dias aqui, então… morreram 100 dólares por pessoa. Recomendo levar em USD de casa, além das fotos de passaporte de costume. O caixa e casa de câmbio que tem lá são pegadinha do malandro pra arrancar dinheiro de você, não os use!

Como chegar em Kathmandu propriamente é a hora de mostrar suas habilidades de “não vou deixar ninguém perceber que é minha primeira vez aqui” então saia do aeroporto e faça cara de manolo pros táxistas esperando pra te assediar. Normalmente uma corrida de táxi (com 2 ou 3 pessoas) não deve custar mais que 400 NPR, ou 4 dólares, até o Thamel, o bairro de mochileiros e turistas. Mais que isso é roubo, menos que isso o cara vai tentar algum truque no caminho. Desconfie. Combine o preço pro táxi todo antes de entrar nele, e tenha o valor trocado já. Em teoria daria até pra ir andando pro Thamel, são só uns 5km acho, mas você não quer fazer isso nem que tenha que ficar mais tempo parado no trânsito, como possivelmente irá.

Falando em custo de táxi, nós previmos gastar pra 3 semanas de trilhas algo como 650 dólares. Acabamos esticando pra 4 semanas com um pouco mais de grana, 900 dólares. Se quiser detalhes de custos esperados na trilha, veja o nosso post especificamente sobre isso! Agora, pensando de forma mais prática, se prepare pra andar com bolos de notas como se tivesse acabado de sair de uma missão do GTA de assalto a banco. Caixas e agências de câmbio no Nepal costumam cobrar 4 dólares por saque, e os saques nunca podem ser maiores que 100, 200 ou 250 dólares por vez. Diziam que era possível sacar até 300, mas não achamos nenhum no país todo que deixasse. Normalmente deixam 100 e acabou. Faça as contas das taxas agora.

À propósito, você não vai querer ir pras montanhas com notas de 1000 rúpias nepalesas. São lindas e novas, e só saem elas dos caixas, mas as pessoas pobres no interior mal usam notas de 500, imagine de 1.000. Casas de câmbio, ou melhor, portinhas ou quiosques nas ruas, trocam até 10.000 pra você em notas de 500, sem problemas. Bancos nepaleses trocam valores maiores, e sem perguntar muito te dão tudo em notas pequenas de 100, que são o ideal. Essa é a parte do GTA. Perto da pousada Trekker’s Home no Thamel tem uma agência grande no terceiro andar dum prédio que parece abandonado. Vá lá que é receita de sucesso.

Se por acaso você já tá no Thamel e esqueceu de trazer aquela cueca da sorte, sem problemas, você tá no paraíso das bugigangas de trilha. Pela proximidade da China você imagina a autenticidade, mas se precisar comprar uma blusa da North Fake aqui é barato. Só lembre de pechinchar ao máximo. Os vendedores indianos sempre curtem um jogo de quem passa a perna no outro melhor, então eles topam pechincha. Os nepaleses e tibetanos não gostam muito, ficam até ofendidos. Em geral a cada 5 dólares você consegue 1 ou 2 de desconto dependendo do item e da sua cara pro vendedor. Tente parecer brasileiro e não europeu. Sei lá como.

Kit de roupa limpa pra nanar fofinho todo dia após trilha

Kit de roupa limpa pra nanar fofinho todo dia após trilha

Ah, então vou aproveitar pra comprar os remédios especiais pra AMS e altitude e… e… hmm não precisa. Uma vez ouvimos de locais rindo da gente, quando perguntamos disso, que o melhor e único remédio pra problemas com altitude se chama descer. Desça a trilha que melhora na hora, experiência própria da Dani inclusive. E eu não sei se confio em remédios chineses vendidos nas ruas de Kathmandu… e o mesmo digo pros mapas que vai encontrar em todo canto. Certamente precisará de um, mas veja nosso FAQ sobre o Circuito Annapurna que lá falamos melhor de mapas. A única dica marota pra isso é ir no Pilgrims Book Shop no Thamel, que é enorme e tem ótimos preços e tudo tipo de livro, revistas e mapas, é claro.

Burocracia resolvida, mapa e botas à postos!

Burocracia resolvida, mapa e botas à postos!

Mas pra você dizer que é trekker independente no Nepal ainda falta a sua quota de burocracia de país pobre, que como bom brasileiro deve conhecer. Pra andar por aí você vai precisar da sua TIMS, ou carteira do Trekkers’ Management Information System. Basicamente é um papel cartão com sua foto que é carimbado nas trilhas pra saberem por onde você tava quando morreu e deixou sua família chorando sem saber onde localizar o corpo. É uma grande falcatrua, ninguém carimba nada, como esperado. Mas é uma relíquia de trilha, e é obrigatória e custa 20 dólares por pessoa.

Já pra fazer o Circuito Annapurna especificamente você também precisa de uma licença pra entrar no santuário Annapurna, que é uma área ambiental protegida. Sua licença ACAP, de Annapurna Conservation Area Project, também custa 20 dólares. Se a polícia ou guardas florestais te pararem, geralmente é ela que eles querem ver, porque se não tiver uma vai ter que deixar uma grana na mão deles. Geralmente o dobro do custo da licença, dizem.

Ambos papéis você consegue por contra própria no escritório de turismo da capital, não precisa de agência nem guia como tentarão de convencer no Thamel. Demora no máximo 30 minutos pras ter as duas na mão, ainda ganha mapinhas e panfletos informativos. Foram super educados conosco no escritório de turismo de Kathmandu, pediram nossas fotos e pra preencher uns formulários (com inclusive dados de seguro viagem). Nem precisou mostrar passaportes.

Aí chega a hora da dica mor: onde ir nesse diabo de fim de mundo. Em Kathmandu você precisa saber onde ficam 3 lugares apenas, e somente eles. Todo o resto vai estar em volta, e eles 3 são seus pontos de referência. Primeiro, onde é o Thamel, seu bairro turístico favorito em verde no mapa abaixo. Segundo, onde é o escritório de turismo pra pegar a papelada, em azul no mapa abaixo. Finalmente, onde que tem que ir pra pegar o transporte até o começo da trilha, a estação de ônibus em vermelho no mapa abaixo. Se quiser ir de táxi pra esses lugares tente não pagar mais que 100 rúpias nepaleses pela corrida, brigue mesmo. Ou vá a pé, como recomendamos e fizemos, é super divertido brincar de Pitfall na cidade passando por cima de leprosos e merda e trânsito. Sério, não falo isso com maldade, é uma experiência malucamente interessante, vale a pena pelo menos uma vez andar fora do Thamel, que é uma bolha pra estrangeiros. Agência vão forçar a barra um monte.

Aliás, todo cidadão nepalês tem laços com alguma agência, se não tiver a própria. Em geral tentam te convencer a contratar um guia e carregador. O preço varia com a sua cara de inocente, mas pode começar em 30 dólares por dia e cair até uns 10 dólares. Isso por pessoa contratada, além dos seus custos particulares. Não caia no pânico que vão tentar te inflingir, não precisa de nada disso e é muito caro. Vá na raça como a gente que é firmeza!

Bilheteria pra comprar passagem até começo das trilhas

Bilheteria pra comprar passagem até começo das trilhas

Vá pra tal estação de ônibus New Bus Park Station, mais exatamente pra rodovia antes de entrar na estação, e pergunte por microbus pra Besisahar. Besisahar é o começo oficial da trilha. Se perguntar por ônibus, van, transporte ou alguma palavra similar você pode se enrolar. Existem ônibus chiques e privados para estrangeiros (como os da Greeline, saindo do Thamel e custando 20 dólares), mas de microbus, vulgarmente conhecido como lotação no Brasil, é mais divertido e confortável quase igual. A diferença é ser 1/4 mais barato que outro transporte, não mais que 5 dólares por pessoa por 8h de viagem.

Mas antes de subir no transporte da sua vida, talvez queira comprar provisões de emergência, já que podem custar uma grana na trilha. Procure no Thamel algum lugar com snickers e barras de cereais baratas. Qualquer coisa abaixo de 100 rúpias é bom, e barras de cereais costumam vir em pacotes de 8 ou 10 por não mais que 350. Recomendamos a continha de 1 unidade pra cada 2 ou 3 dias de trilha planejado, pra dias de fome extra ou falta de energia no meio do nada ou isolado. Papel higiênico só se bater pânico, no Nepal eles também cagam. Bom, até usam as mãos e água gelada pra se limpar, mas tem papel em qualquer lugar sim… e vou só deixar uma idéia solta no ar: rolo de silver tape e rolo de fio de nylon. Nunca se sabe.

Finalmente, o maior conselho pra preparativos que consigo pensar, e fico feliz de termos seguido ele à risca por uma semana inteira de sair, é: coma. Não embace nem deixe seu corpo na expectativa, mande logo pra dentro várias comidas locais, sem ser estúpido de comer derivados do leite, carne ou coisas sensíveis à higiene assim. Isso serve pra te testar e acostumar ao que comerá por semanas à fio três vezes ao dia. Tão logo seu corpo acostume com o tempero e ingredientes locais melhor, você não quer uma diarréia usando duas camadas de roupas com uma mochila de 10kg nas costas enquanto sobe uma ladeira com chuva… ou quer?

É isso, e agora é só começar a andar. Como nós fizemos :-)

Perguntas e respostas do Circuito Annapurna

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Algumas coisas que queríamos sempre perguntar pra alguém que já fez o Circuito Annapurna, mas nunca pudemos por motivos óbvios como não conhecer ninguém com essa experiência, nos levaram a montar um mini FAQ com essas informações. Conforme fôssemos descobrindo íamos processando a informação e vomitamos aqui fácil e formatado :-)

Esse moleque em Manang tem cara de moleque de FAQ, não tem?

Esse moleque em Manang tem cara de moleque de FAQ, não tem?

Quanto preciso levar de dinheiro nas trilhas?

Um casal comendo 3 refeições diárias, sem pagar hospedagem (sempre negociável) gasta em média entre 15 e 25 dólares nos trechos do circuito. Se for beber álcool ou refrigerantes e chocolate, ou seja, comidas não locais, some 50% extra no total, desde que purifique sua própria água. Comprar água no Annapurna é burrice financeira e ecológica. Fizemos um posto detalhando todos os custos nas vilas que paramos e que dá uma idéia bem boa do custo total da trilha por 1 mês. Aliás, leve muitas notas de 100 e de 500. Evite notas de 1.000, a não ser que pretenda gastar sempre perto de múltiplos disso. Bancos e trocentos quiosques de câmbio em Kathmandu trocam pra você de boa. E veja o nosso post sobre todos nossos custos anotados!

Quanto custa um quarto nas pousadas?

Varia muito com a altitude e época do ano, mas um truque comum se a trilha não estiver lotada (logo o equilíbrio de oferta e demanda tá do seu lado) é oferecer pra comer 3 refeições e ganhar o quarto de graça, mas em geral o valor do quarto acompanha o preço de uma refeição normal, quartos mais chiques acompanham o preço do dal baht. Nunca é mais que isso, a não ser que queira banheiro privado com chuveiro solar próprio, custando o dobro do preço médio.

Preciso de um guia e porter?

Todo mundo em Kathmandu vai tentar te convencer que sim, mas não, não precisa de nenhum dos dois. O guia é interessante se for um grupo de pessoas, ele conhece a região e pode servir como contato com locais e explicar algo sobre qual montanha é qual etc, mas indivíduos só perdem dinheiro contratatando um. Usar carregador, porter, vai contra nossa filosofia de trekking, mesmo porque o dinheiro que se paga em um raramente fica todo com o coitado. Carregamos 10kg cada e não tivemos nenhum problema, mas é preciso conhecer suas necessidades e sua mochila pra só andar com o essencial. Se quiser mesmo um porter, prefira contratar um direto nas vilas na trilha, é mais barato e mais justo com eles.

Quais vilas valem a pena?

Besisahar é obrigatória se for começar a trilha do marco zero, mas se não comecar ali já vale a pena parar em Bahundanda pela vista. Jagat tem uma atmosfera legal de Indiana Jones. Tal é um vale muito bonito, meio sombrio pelas cores e nuvens etc. Chame vale a pena por ser maiorzinha, tem internet e dá pra se reabastecer de coisas se precisar. Dhukur Pokhari é logo no início do vale de Pisang, na base da montanha em formato de tigela, super nova com pousadas impecáveis e com internet aparentemente. Upper Pisang é muito mais legal que Lower Pisang, a vista é fantástica e a vila é bem tradicional. Ngawal é ainda melhor que Upper Pisang e aclimata bem! Tilicho Lake não é uma vila, embora tenha um base camp, mas vale muito a pena, quase parada obrigatória. Você não quer ir pro Nepal sem ir no Tilicho, acredite! High Camp tem uma atmosfera incrível, mirante no topo do assentamento, mas só se tiver bem aclimatado pra ir. Muktinath é um retorno a civilização após tanta trilha. Ghorapani é muito jeitosa e te rende uma medalha pela façanha de chegar lá, e está logo nos pés de Poon Hill, pra fechar o circuito todo.

Preciso de mapa?

Mas é claro! Em Kathmandu e todas as vilas de tamanho médio você encontra mapas de todos os tipos. Recomendamos pegar um com bastante informação além-trilha e outro pra conferência, eles raramente batem um com o outro em distâncias e mesmo altitudes. No escritório de turismo na capital, quando pegar a licença de trekking, lá tem um mapa de altitudes útil também, e grátis. Nosso mapa é da Hymalayan Map House e o código dele é NA504 e inclui trilhas do NATT pra não precisar andar por estradas. Lembre-se que qualquer mapa é só referencial, todos que vimos possuem erros. Você está no Nepal, não na Suíça.

Onde devo começar?

O começo oficial é em Besisahar, e recomendamos começar ali, você vê a mudança de clima e vilas desde o começo. Porém é meio sacal, então pode querer começar em Bulbhule como a maioria, indo de jipe até lá. Algumas pessoas começam em Syange, indo de jipe também, é bem avançado na trilha mas só vale a pena se o tempo for curto, o caminho até ali é bem bonito e você vai perdê-lo. O que os locais chamam de estradas, vão até Jagat e Tal, depois param um pouco e voltam até Chame, então é possível pagar jipe até lá, mas perde muito da graça. Se um dia voltarmos aqui, quem dera no inverno, começaríamos em Chame direto porque já vimos o que tem antes.

Tem internet na trilha?

Surpreendentemente sim, tem, a cada 3 dias víamos algum lugar oferecendo internet. Geralmente lan houses custando 1 dólar por 10 minutos, caríssimo por padrões da trilha. Algumas vilas, como Dhukur Pokhari, ofereciam até wifi mas não sabemos se funciona nem quanto custa. Se for necessário, compre um chip local, vimos que sinal de celular e 3G funciona até bem adentro na trilha, vimos pessoas usando smartphones em vilas à 3.500m. Vilas com wifi ou lan houses que vimos são: Besisahar, Jagat, Chame, Dhukur Pokhari, Thorung Phedi, Muktinath, Jomsom, Ghorapani.

É seguro tomar água na trilha?

Sim, se for de cachoeiras grandes e claras e você tomar a água por um filtro, como fizemos com nossa Katadyn. A maioria das pessoas simplesmente compra água em garrafas de 1L e paga caro por isso (preço de uma refeição, além de ter que carregar lixo por aí). Algumas vilas, em média a cada 3 dias você encontra uma, possuem estações de água filtrada à venda, geralmente o litro custa entre 35 e 60 centavos de dólar por litro. Qualquer outra forma de tomar água precisará fervura e pastilhas de iodine.

Qual a idade limite pra fazer esses percursos todos?

Aparentemente não tem. Vimos desde crianças (que quando muito cansadas usavam cavalos pra subir) até idosos de 60 e 80 anos subindo sem problemas. A maioria, naturalmente, era na casa dos 20 anos. Alguma porcentagem na casa dos 30. Todos sofriam com graus variados de preparo físico. Evidentemente o que importa é seu ritmo, e se tiver tempo na região pode demorar quanto for e subir devagar. A única restrição não é nem de idade, mas saúde física. Pessoas obesas demais ou com problemas pra se movimentar por muito tempo não devem vir na nossa opinião… é puxado.

Tem eletricidade e chuveiro quente nos lugares?

Sim, a maioria das vilas tem chuveiro quente, o que implica ter eletricidade também. A maioria delas tem chuveiro aquecido a energia solar, mas o conceito local de água quente é bem discutível. Algumas pousadas anunciam ter chuveiro a gás, e geralmente são bem bons, melhores que chuveiros elétricos em muita casa brasileira. Não ache que é possível tomar banho frio nem no verão aqui, você não tem idéia como água vindo de uma geleira é gelada. Quando não tem chuveiro tem sempre um balde de água quente fervida pra te salvar. De vez em quando você encontrará tomadas no padrão europeu (antigo brasileiro) dentro dos quartos, mas não conte muito com isso, em geral a cada 3 ou 4 dias vai conseguir recarregar seus eletrônicos, mas quase todo dia consegue fazer isso nos refeitórios das pousadas, mas tem dividir com os outros e pagar por isso. Costuma ser 1 dólar por hora de recarga. Mantenha em mente que você está nos Himalaias e quedas repentinas e longas de energia são comuns, não deixe nada carregando sem supervisão e espere janelas de tempo quando se pode usar eletricidade de forma segura (fim da manhã até começo da noite).

Dá pra lavar roupa se me molhar ou sujar demais?

Difícil… até cruzar a barreira dos 3.000 metros a umidade é muito alta e é muito difícil secar até mesmo a roupa usada no dia na trilha, quanto mais lavar uma muda toda de roupa. O sol não fica o dia todo queimando forte, então só se tem algumas horas por dia pra secagem, e se deixar algo à noite pendurado é provável que amanheça molhado. Após os 3.000 o sol é bastante forte acima das nuvens e a umidade é baixa suficiente pra lavar e secar em horas. Talvez só tecidos grossos como meias de trilha precisem de mais tempo. Dê preferência a tecidos sintéticos.

Qual o tamanho de mochila que preciso usar?

Não carregamos mais que 10kg cada um a trilha toda, isso já incluindo um computador, sacos de dormir e uma camera DSLR, além de 1L de água. O uso vai depender da pessoa, mas uma mochila maior que 35L provavelmente é exagero já. A não ser que tenha uma justificativa boa, como carregar um saco de dormir maior e mais confortável, que ocupa espaço. Fique tranquilo, até 10kg você aguenta carregar.

Onde vou dormir?

A qualidade geral das pousadas é bem maior que se imagina, mesmo quando são casas simples de pedra e madeira não pintada. Sao até bem estilosas. Os quartos costumam ser pra duas pessoas com camas até bastante confortáveis e bem feitas dada a realidade. Só não espere roupa de cama limpa no dia, parece que as camas estão feitas há meses esperando a temporada começar. Não se passa frio algum dentro dos quartos, mesmo em alta altitude, pois te dão mantas, ou edredons, ou cobertores pesados. Já onde vai cagar, esteja preparado pra tudo.

O que se tem pra comer nas pousadas?

É incrível, mas tem de tudo, tudo mesmo. Obviamente se você comer a comida local vai economizar horrores. Bebidas e comidas importadas custam de 3 a 4 vezes o valor dos outros itens nos menus, que costumam ser padronizados por províncias. Não se preocupe que na mesma vila o menu e preço é igual pra todas as pousadas sempre, não corre-se o risco de ser roubado nessa hora, mas também não se permite barganhar por comida. Quer manteiga de amendoim? Tem. Coca-cola e refrigerantes e Red Bull? Tem. Barras de chocolate, pizza, lasanha e tortas de maça? Tem. Mas que tal comer comidas locais, baratas como dal bhat, sempre frescas feitas na hora, sem químicos e muito gostosas?

Quanto tempo preciso pra completar o Circuito Annapurna todo?

Algumas pessoas fazem entre 10 e 15 dias, mas é muito corrido e puxado pro corpo e pra ver tudo, além de correr um risco desnecessário com a alta altitude e pouco tempo pra adaptação. Pra se aproveitar cada parada nas vilas e ter tempo de tirar fotos, descansar e aclimatar a altitude, recomendamos 3 semanas Pra passeios alternativos talvez até precise de uns dias extras na conta caso não tenha um ritmo bom. Essas 3 semanas incluem o Tilicho Lake e Poon Hill, pontos obrigatórios no circuito na nossa opinião. Fizemos em mais tempo por vários imprevistos somados, e preguiça, naturalmente. Íamos devagar propositalmente.

É muito puxado? Vou aguentar?

Depende de quanto tempo e dinheiro você tem. Se você quiser, pode começar o circuito depois da primeira cidade e terminá-lo antes da última, algo que funciona bem pra você ir parando mais vezes no meio do caminho e gastar o mesmo tempo. O tempo médio nas trilhas é de 4 a 5 horas por dia, com geralmente 2 paradas rápidas pra beber algo e descansar. É possível dividir o dia em 6 ou até 8 horas, com 2 tempos de trilha de 3 ou 4 horas cada, com um almoço e descanso no meio, mas depende de cada um aguentar isso todos os dias. A gente prefere não andar com sol na cabeça nem barriga cheia, então saímos 7 da manhã e parávamos logo após o horário do almoço. Se estiver muito difícil, a cada 2h andando se encontra pousadas, mas o nível delas varia muito então esteja preparado pra paradas de emergência por causa do cansaço e conte esses dias no seu total no circuito.

É seguro?

Depende. As trilhas e vilas em si são sempre muito seguras, nunca ouvimos relatos de roubo ou assalto. No passado havia radicais maoístas pedindo propina de viajantes, mas nem sinal deles a não ser em adesivos e pôsteres espalhados pelas vilas. Já a condição geral das trilhas varia bastante e pra quem tem medo de altura e afins é preciso se preparar. É comum cruzar pontes de cabos balançando sobre rios altos ou precipícios, quando não se anda em trilhas sobre deslizamentos na beira da montanha. Recomendamos não mostrar fotos pra nenhum pai ou mãe antecipadamente. Claro, ter noções básicas de primeiros socorros não é paranóia, é sempre útil. Nepal não é um parque de diversões. É preciso se aclimatar a altitude pra ficar em segurança física, mas basta seguir as instruções gerais de qualquer site ou pessoa ou panfleto sobre o circuito, tudo senso comum suficiente. Mesmo andando sozinho é quase impossivel se perder nas trilhas, elas são bem marcadas por pegadas dos outros, e geralmente tem marcações de tinta indicando o caminho. No pior dos cenários os locais te dizem sempre pra onde ir. Lembre-se também que o país depende quase exclusivamente de turismo e são budistas, além disso o circuito é super popular, as chances de catástrofe são pequenas.

Qual a melhor época do ano pra fazer o circuito todo?

O pico de visitantes no Nepal é entre setembro e novembro. Setembro é um mês barato porque ninguém está fazendo trilhas, você passa dias sem ver alguém no caminho e consegue-se negociar preços de hospedagem. Por outro lado, é fim das monções, então em alguns dias pegará chuva e boa parte do tempo, senão quase ele todo, o topo das montanhas mais bonitas estará sempre encoberto com nuvens. Ainda assim vale a pena. Outubro tem clima perfeito e montanhas prontas pra fotos, porém é extremamente lotado. É o pico da estação e pousadas lotam, espere não conseguir negociar preço algum, e já agradeça se conseguir uma cama. Novembro é o final da temporada e tem pouco menos gente nas trilhas, mas o clima é ainda mais perfeito porque o inverno está chegando e o céu fica impecável, se vê tudo sempre. É quando tiram fotos promocionais que você vê por aí, mas espere um frio bem mais rigoroso que nos meses anteriores. Se fôssemos fazer o circuito novamente, possivelmente faríamos em novembro, sem sombra de dúvidas. Os locais dizem que imediatamente antes das monções é muito bom também, mas eu desconfio porque eles tem gostos estranhos pra dizer o que é bom na trilha.

Dia 39: Ghorapani → Poon Hill → Nayapul → Pokhara, 827 metros

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Que dia longo! Não sei se psicologicamente por ser o último nas montanhas ou porque se foi mais que o esperado. O que importa é que finalmente terminamos o Circuito Annapurna oficialmente. Chega de perder tempo em Ghorapani, Poon Hill foi simplesmente fantástico mas era hora de encerrar as trilhas! Acordamos meio perdidos na hora hoje, correndo quase. Meias e roupas estavam encharcadas de umidade, nojentas. Pegamos o céu mais claro, mais azul e perfeito de todos em Poon Hill, valeu a pena esperar cada segundo nessa última semana de castigo aqui no alto. A descida pra ir embora foi outros quinhentos, porém. Foram, aproximadamente, 2.200m de perda de elevação em poucas horas. Bom, “poucas” eram o que nos diziam. Eu honestamente não tava nem um pouco preparado pra andar 7h em descidas inclinadíssimas no último dia de trilha. Foi duro, pesado, tenso. Nunca na vida vi minhas pernas tremerem como hoje, quando parava pra descansar. Não aguentava mais, havia comido 8h da manhã e deu 3h da tarde e nada de terminar… foda. Acabamos, contra minha vontade, pegando um táxi em Nayapul, parada final dos trilheiros pra voltar à civilização. A vila tem conexão com rodovia asfaltada, por isso todos param ali. Chegamos em Pokhara e antes de correr pros hamburgueres, batata frita, refrigerante e chocolate (como havíamos prometido um pro outro quando terminássemos tudo), fui atrás duma balança. Eu precisava me pesar! Estava muito curioso. Mudei bastante fisicamente, e a balança confirmou que perdi 14kg nos 40 dias de trilhas aqui! Caralho! A última vez que pesei tão pouco eu tinha 16 anos e pesava 82kg, e agora estava com 80kg! Amanhã a comemoração ainda tá liberada então hehe. Nós merecemos, foram dias inesquecíveis, ultra cansativos e que por mais que muita gente online diga que veio e fez e não sei o que, só de fato quem viu com os olhos e caminhou com as pernas sabe como esse lugar é incrível. Devo ter reclamado um monte até agora, ao vivo e escrito, mas é um nada perto de tanto que vi. Vou sentir muita falta dessas montanhas, dá até vontade de chorar. Vou ver as fotos dos Himalaias com saudades, no futuro. Porque agora, de verdade, acabou. — Caio

Esta noite, pela primeira vez desde que chegamos ao Nepal, acordei de madrugada umas três vezes com barulho de chuva e trovoadas. Fiquei chateada, pois já havíamos combinado que se não desse pra subir Poon Hill hoje não subiríamos mais, não dava mais pra ficar esperando. Às 5h30 olhei pela janela e o dia estava clareando, sem chuva nenhuma, e resolvi ir até o corredor da guesthouse, de onde é possível ver as montanhas e… WOW! Santa previsão do tempo! Pela primeira vez o céu estava limpíssimo, nenhuma nuvem, e dava pra ver a cadeia de montanhas todinha! Saí correndo pra acordar o Caio, nos trocamos rapidinho, ele foi na frente com a câmera e eu um pouco mais lenta atrás. A subida foi sofrida, parece que mais do que a primeira vez que subimos, mas no caminho tivemos a vista mais espetacular de todas, do sol nascendo deixando um brilho alaranjado nas montanhas com neve, coisa linda mesmo! Lá do alto então, nem se fala, dá pra ver duas cadeias de montanhas (Annapurna e Dhaulagiri) e a luz da manhã deixa tudo mais bonito ainda, pra ficar melhor só se tivéssemos acreditado cegamente na previsão e subido de novo às 5h, como foi da primeira vez. Deu pra curtir o visual lá em cima por quase uma hora antes da neblina começar a surgir de novo pra acabar com a festa. Descemos, tomamos café da manhã e às 9h estávamos de mochilas prontas preparados para começar a última trilha do Annapurna Circuit, a descida até Pokhara. A primeira parte do trajeto foi em mata fechada e terreno lamacento, lembrando muito o começo do circuito. Depois da primeira vila a trilha evoluiu de lama para degraus em pedra + lama (igualzinho os da subida até Ghorapani, mas um bocado mais perigoso), garantiu uns escorregões. Existia uma esperança, mesmo que pequena, de que chegando em Hille, depois das primeiras 3 horas de trilha, a gente conseguisse um transporte direto até Nayapul, não precisando andar toda a trilha até lá. Meu corpo se agarrou nessa esperança e parece ter guardado energia somente até essa parte da trilha… Quando chegamos lá, já exaustos, descobrimos que a estrada até Nayapul estava fechada devido a deslizamentos. Ferrou, teríamos que andar mais 2 horas sem choramingar. Foi foda, uma estradinha de pedras daquelas que fazem o pé pisar torto, bem inclinada pra baixo, por duas longas horas… os joelhos já tinham ido pro saco na primeira parte da trilha, a energia na segunda, e a terceira parte serviu pra acabar com os quadris, os pés e principalmente as unhas! No total foram 5 horas com inclinação pra baixo, as unhas sendo empurradas contra a bota… ficou feia a coisa. Quando chegamos em Birethanti os dois já estavam meio mancando, faltava ainda meia hora até Nayapul, mas a estrada já estava liberada! Tentamos conseguir um transporte, mas sem sucesso (queriam cobrar 20 dólares para dirigir 1 hora até Pokhara, sendo que pagamos 4 dólares para as 8 horas de Kathmandu até o início da trilha). Continuamos o caminho até Nayapul até que chegamos em uma daquelas malditas cachoeiras que não tem como atravessar sem afundar até o calcanhar. O Caio sentou em uma pedra, não sei se pra procurar forças, pra tirar o sapato, pra meditar ou pra chorar, e nessa hora chegou o cara certo, na hora certa… ou seria o carro certo? No sentido contrário vinha um taxi que atravessou a cachoreira (de carro é fácil) e parou pra nos perguntar pra onde estávamos indo. Demos uma negociadinha e conseguimos fechar o preço de 12 dólares, que ainda é caro mas dada a nossa condição serviu como uma luva… O Caio ficou meio contrariado porque se fossemos até Nayapul pagaríamos no máximo 8 dólares, e ele tem razão, mas quando olho minhas unhas dos pés meio roxas de tanto ser esmagadas dentro da bota, eu penso que foi uma boa decisão. Foi pouco mais de 1 hora de viagem até Pokhara, com emoção, e talvez tenhamos corrido mais risco de vida nesse trecho do que em qualquer outro do Annapurna todo. Os caras aqui dirigem perigosamente, procuro nem olhar muito pra estrada pra não ficar preocupada! Quando ele parou o carro em Pokhara e descemos pra pegar as mochilas eu achei que não conseguiria andar até a próxima esquina… começamos a procurar um hotel, mas não precisou, pois o hotel nos procurou. Tinha um agenciador à espreita, só de olho na gente, e quando nos viu andando veio até nós e ofereceu o hotel dele. Ventilador, TV, chuveiro quente, banheiro privado (de sentar, não de agachar, importante), por módicos 5 dólares a diária. Ufa, problema número 1 resolvido. Depois de um banho quente saímos em busca de resolver o problema número 2, que também seria a nossa pequena comemoração. Encontramos um restaurante bacana e degustamos hamburguer, salada, fritas, refrigerante e sobremesa, saímos de lá redondos e contentes! Lição do dia: se um amigo te convidar pra descer de 3.200m para 820m de altitude no mesmo dia, ele não é seu amigo. E assim acabou o Annapurna Circuit! Foram quase 40 dias de trilha entre caminhadas, recuperação, eu doente ou esperando o clima melhorar. Andamos no mato, no barro, na chuva, no calor, depois na secura, na falta de ar, no frio, na neve. A gente viu de tudo, olhando as fotos não dá pra acreditar que passamos por tanta coisa em tão pouco tempo. Pra mim, Dani, esses foram os 40 dias mais maravilhosos da viagem até agora, de um jeito que dá até aquele aperto de ter terminado. Acordar, caminhar até o corpo não aguentar mais, tomar um banho, relaxar e ter tempo pra você todos os dias é lindo. Chegar no vilarejo e escolher o lugar onde você vai dormir pelo que eles tem no quintal, pois você sabe que aquilo vai aparecer na sua comida, é bom demais. Conheci muita gente parecida comigo, jantei com um monge budista de 80 anos batendo o maior papo, vi um menino de 13 anos preparar o nosso jantar no maior capricho enquanto nos esquentávamos no fogão a lenha da cozinha. Vivi coisas que jamais viveria em nenhum outro lugar. A melhor parte, porém, foram elas, as montanhas. Quando se anda por 5 horas nas montanhas, em silêncio, ouvindo só o som da sua respiração, muita coisa vem à cabeça, muita reflexão acontece. É nessa hora que vem a noção do quão pequenos nós somos, cai a ficha de que elas sempre estiveram ali, desde muito antes de você existir, e de que elas sempre estarão. E é na solidão das montanhas que a gente percebe o quanto ama as pessoas que estão longe da gente, e percebe o quanto eles são importantes e fazem falta. Foi isso que me transformou! Eu não sabia se ia aguentar andar tudo, se ia conseguir respirar à 5.000 metros, tinha medo de como ia ser a convivência com o Caio, tinha medo de passar frio. Todas essas coisas foram difíceis, cada uma em um momento diferente, mas todas elas foram superadas. Termino a trilha transformada, orgulhosa, satisfeita e incrivelmente feliz. A gente planejou muito, pesquisou muito e sonhou muito com cada momento dessa trilha. E a gente conseguiu! :-) — Dani

Dia 38: Ghorapani, 2869 metros

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Outro dia praticamente morto se não fosse a quantidade de coisas pra já irmos vendo pro resto da viagem e nosso tempo no Nepal. Como trocamos dias de Pokhara com Ghorapani, precisamos já selecionar fotos tiradas pra backup e até pesquisar pra Tailândia. Tudo coisa que faríamos só em Pokhara. Estou lendo “2312” agora que já li e reli Marcus Aurelius até cansar. Ficção científica da melhor qualidade, mas peca em bobagens, acho até que escreverei uma resenha qualquer hora. Viciei no fogo da pousada e não saio da frente dele, sou o único de bermuda e camiseta e descalço por aqui, o resto tá batendo dente pelo frio, longe do fogo dominado por este que vos escreve. Amanhã, segundo a previsão, é quando finalmente abre o tempo. Veremos. — Caio

Não arriscamos subir Poon Hill hoje de novo, pois amanheceu sem chuva mas com neblina. Durante o dia a chuva veio e foi embora diversas vezes, mas pelo menos até o momento o clima está acompanhando bastante a previsão do tempo, o que é um bom sinal. O dia foi de leitura, descanso e… comilança! O tédio está pegando forte e a gente não pára de pensar em comer, e o pior, sem se movimentar. Desse jeito vamos acabar encontrando os kgs que perdemos na trilha! O almoço de hoje foi dal bhat, teve lanche da tarde (biscoito com chá), jantei bem e no final não aguentei e devorei um snickers! Estava de olho em um faz tempo, mas hoje não teve jeito. Já é o sexto dia aqui e está foda comer as mesmas comidas, ouvir as mesmas músicas (da playlist da guesthouse, que ficam tocando em looping) e não conseguir subir nunca! Ao que tudo indica amanhã é o melhor dia de todos, mas até o momento continua nublado, não sei não… Se não conseguirmos amanhã acho que é hora de dar tchau pra Poon Hill e oi para a “terra firme”, vamos acabar com a espera e seguir caminho até Nayapul ou Pokhara! — Dani

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