Turistando em Paris

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Vir pra Paris e ficar escrevendo um monte ia ser chato. A cidade é a mais turística do mundo, e tem uma infraestrutura tão boa pra turismo e tanta coisa pra se fazer que ia ser babaquice postar um texto longo. Então aí vão algumas fotos, sem ordem, dos dias que viramos verdadeiros turistas, batendo ponto nos lugares turísticos da cidade :-)

Champs-Élysées com o arco lá no alto

Champs-Élysées com o arco lá no alto

Obelisco irmão do de Luxor que vimos no Egito

Obelisco irmão do de Luxor que vimos no Egito

Dia preguiçoso no Jardin des Tuileries

Dia preguiçoso no Jardin des Tuileries

La Géode, cidade das ciências

La Géode, cidade das ciências

Espera pro cinema à céu aberto!

Espera pro cinema à céu aberto!

Uma pose incomum da Torre Eiffel :-)

Uma pose incomum da Torre Eiffel :-)

Luneta pra ver o Campo de Marte

Luneta pra ver o Campo de Marte

Saindo do Louvre com esse pôr-do-sol...

Saindo do Louvre com esse pôr-do-sol…

Trocadéro na frente, La Défense ao fundo

Trocadéro na frente, La Défense ao fundo

Praça Igor-Stravinsky, ao lado do Centro Pompidou

Praça Igor-Stravinsky, ao lado do Centro Pompidou

Notre-Dame

Notre-Dame

Panteão em obras

Panteão em obras

Fachada do Hôtel de Ville

Fachada do Hôtel de Ville

Barcos na margem do Sena

Barcos na margem do Sena

Basílica de Sacré Cœur

Basílica de Sacré Cœur

Cadeadinhos de casais na Passerelle des Arts

Cadeadinhos de casais na Passerelle des Arts

Arco do Triunfo!

Arco do Triunfo!

Bordeaux e arredores da Aquitaine

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Algumas vezes na nossa volta ao mundo aparecem surpresas boas. Bordeaux foi uma do começo ao fim. Acostumados com aquela idéia de Bordeaux ser a terra do vinho, imaginávamos campos de parreirais e clima de interior pra ficar morgando numa vila pequena. Chegamos lá e a cidade bombava, tinha uma espécie de mata atlântica própria, muitos rios e lagos, e uma praia quilométrica com direito a dunas de areias!

Onde ficamos em Bordeaux (mais precisamente em Lormont)

Onde ficamos em Bordeaux (mais precisamente em Lormont)

Claro, isso falando de Bordeaux como região e não cidade. Pra ser específico ficamos em Lormont com um couchsurfer super gente boa que falava português (melhor que a média dos gringos!) porque namorou uma brasileira e parece ter uma relação de amor e ódio pelo país como todo brasileiro. Um cinquentão muito educado, faz kitesurfing e que cozinha muito bem por sinal!

Dani diz... e faz uma ótima caipirinha :-)

Lormont, uma vila grudada em Bordeaux, fica há uns 30 minutos da cidade. Lá ele trabalha com projetos de urbanismo e habitação e nos mostrou partes de Lormont que antes eram como favelas pra eles e agora parecem condomínios com prédios novos que o governo banca pros mais pobres. Ele parecia bem orgulhoso, com razão, e foi legal ver esse lado da vida local. Assim como ir no parque l’Ermitage atrás da casa dele, muito bonito, com lago e tudo, onde antigamente era uma fábrica de cimento.

Foi ótimo couchsurfar em Bordeaux. Sem isso não teríamos um baita domingo de praia e lago na região. Passamos por regiões lindas com as vinículas de Bordeaux (que pra variar não ficam em Bordeaux mas em vilarejos periféricos).

Um dos vários castelinhos de vinho perto de Médoc

Um dos vários castelinhos de vinho perto de Médoc

Paramos em somente um château, o Margoux, supostamente onde se faz o melhor vinho do mundo. Mas como não era época e estava fechado, a Dani perdeu a chance de experimentar :-)

Aproveitamos também o sol no lago d’Hourtin, um lugar tipo alagado próximo ao mar mas que é de água doce, onde caçam patos.

Toma um lago francês pra você

Toma um lago francês pra você

O lago é todo raso, atravessamos ele em partes diferentes com água clara na canela. Lotado de famílias com crianças brincando, foi muito legal! Até tocas de caçadores e patos de mentira pra atrair os de verdade vimos, paisagens bem diferentes pra gente.

Dia de praia :-)

Dia de praia :-)

A praia da região de Bordeaux parece ótima. Não entramos no mar por pura preguiça de nos lavar e trocar de roupa, mas ficamos na areia abaixo de bancos enormes dela, estilo as que se vê em filmes de invasão na Normandia. O oceano Atlântico ali é bem bonito… enfim, poderia escrever longos parágrafos sobre um único dia ali (saímos às 11 e voltamos às 10 da noite, uns 150km rodados). Outros parágrafos seriam pra comida de lá. Caralho, sério: queijos, baguetes, patês (os patês!) e até vinho pra Dani. Ela até virou viciada em queijo azul, algo impensável até então.

Esculturas do jardim público com árvores nascendo de dentro delas, foda

Esculturas do jardim público com árvores nascendo de dentro delas, foda

O centro de Bordeaux é o tradicional francês: muita pedra, edifícios baixos e ruas de paralelepípedos. A cidade é gigantesca em área, mas o centro turístico é pequeno e ficamos batendo perna por ele até ver tudo, incluindo os clássicos teatro, espelho d’água, jardim público e a praça gigantesca, que dizem ser a maior da Europa. Cruzamos também toda a rua Sainte-Catherine, longuíssima, só lojas, até chegar num tipo de arco do triunfo deles. Um mar de gente fazendo compras em lojas caras, não gostamos muito dessa parte.

Criançada brincando no espelho d'água, mesmo com tempo fechado

Criançada brincando no espelho d’água, mesmo com tempo fechado

Duas coisas ajudaram a gente a conhecer melhor ainda Bordeaux e arredores. Apesar do nosso couchsurfer morar numa cidadezinha mais afastada, o ponto de ônibus e trem eram centrais e dava pra ver a cidade lá longe enquanto ficávamos quietinhos numa casa charmosa e aconchegante perto do bosque que falei. Isso deu uma perspectiva legal da região, mais francesinha eu gosto de pensar. Até andar de bicicleta emprestada pelo nosso couchsurfer nós andamos.

Dani diz... por “casa charmosa e aconchegante” leia-se: uma casa muito fofinha, com horta, lareira e até rede :-)

Além disso um amigo dele deu um tour grátis pra visitantes na cidade que passava à pé por lugares histórico nada convencionais. Lugares que contavam parte da história da região e ficamos bem felizes em fazer um tour turístico pouco turístico mas instrutivo. Mais um ponto pros muitos que Bordeaux ganhou com a gente, uma baita surpresa de cidade. Se um dia quiser conhecer a região, faça melhor ainda: alugue um carro e rode, mas rode muito, vão ser os melhores dias nas suas férias!

Tchau, Bordeaux!

Tchau, Bordeaux!

Busabout: rolê de busão pela Europa

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No post sobre quanto custa dar uma volta ao mundo nós mencionamos que na Europa usaríamos um esquema pra mochileiros pegar ônibus e num post específico falaríamos quanto custa mochilar de ônibus pelo continente. Então, este é o post prometido :-)

Pegando nossas mochilas na última parada, afinal

Pegando nossas mochilas na última parada, afinal

O que é o Busabout?

Surgiu um problema quando procuramos como nos deslocar pelo maior número de países europeus possíveis com nosso orçamento restrito. Transporte entre países na Europa é uma droga, é caro demais. Achávamos que por ser tudo pequeno e perto seria fácil. Bom, de carro é, mas o custo pra alugar um é ridículo. Achamos o Busabout, um esquema próprio pra mochileiros rodando a Europa, de ônibus.

A idéia é você fazer loops pelas regiões do continente (ou mesmo ir 100% custom mas pagando mais). É como um circuito: horários e rotas fixas passando por umas 35 cidades no total, você marca um assento pro dia que quiser, aparece no local e vai junto. Uma beleza, e nada de terminais de ônibus velhos ou sujos. Pra quem é mochileiro ou sabe viajar de forma independente, na Europa não tem coisa melhor na minha opinião.

As cidades por onde o circuito passa são sempre famosas e não famosas, então é sempre uma boa usá-las como bases pra visitas mais longas em vilarejos ou cidades menores ao redor. Pela logística complicada compensa bem.

O custo da brincadeira

Antes de sair do Brasil compramos um loop do circuito deles no estilo hop-on hop-off (passando por 12 cidades) e custou R$ 1.100 por pessoa. Havia uma promoção pra “early birds” começando e ganhamos uns 20% de desconto. Se você dividir o preço do Busabout pelo número de lugares que você passa, no nosso caso, dá uns 37 euros por trecho, o que é um baita negócio pela qualidade do serviço que oferecem e pelas possibilidades de viagem que você ganha na Europa.

Por que ir de ônibus e não trem ou avião?

Simples: dinheiro. Mochileiros não tem o luxo de andar de trem com frequência. Na Europa um passe de trem equivalente em número de locais ao Busabout custaria por volta do dobro segundo nossas contas. Além disso trens dependem de estações, e cidades pequenas nem sempre tem uma internacional. Ou seja, vai fazer um milhão de conexões e ainda ter que ir “à pé” pro seu albergue de regiões nem sempre boa, problema frequente com trem.

Contra ir de avião dinheiro não convence muito, já que hoje em dia com promoções você voa por menos. A questão aqui é a organização de 3 meses por vários países como é o nosso caso. Você fica louco, sério. Além disso, mochileiros tão sempre com bagagem caindo pelas pernas e penduradas com fios como as minhas botas. Companhias de baixo custo na Europa cobram por bagagem, e geralmente só permitem algo do tamanho de mochila escolar… é isso ou paga-se um absurdo! Hmm não, eu passo.

Por tudo isso escolhemos o Busabout. Claro, o serviço tem vários problemas, mas não vamos focar neles nesse post porque achamos que eles são tão bobos perto do nível geral do que oferecem que ia ser exagerado da nossa parte. Só não recomendamos o Busabout com mais vontade porque muitos que usam ele são gringos playboys pagando de mochileiros, e ainda não é algo tão barato quanto viajar 100% por conta própria, ir comprando bilhetes conforme viaja, mas isso inviabiliza a Europa pra brasileiros com limite de 3 meses lá, então…

As coisas boas

  • Fazem bastante paradas e em lugares bons, uma a cada 2 ou 3 horas em média. Assim nem se sente uma viagem de 10 horas, fica muito tranquilo e suportável.
  • Preocupação beirando zero com a logística de por onde ir e como chegar, só dar a mochila pro motorista e relaxar assistindo filmes no ônibus.
  • Organização e horários do esquema é toda britânica, pontual e funcional. Dá pra confiar de olhos fechados.
  • Se estiver em pânico sem lugar pra dormir e estiver dentro do ônibus, dá pra pagar um wifi lá dentro pra procurar uma cama. Ou agendar e pagar com cartão direto com o guia um lugar no albergue deles. Ganha karma de segurança por isso.
  • Não importa onde esteja, todos do Busabout falam em inglês na Europa toda. E possuem infos valiosas de cada lugar, sobre história e o que fazer etc. É um ponto precioso pra quem tá perdido por aí.

As coisas mais ou menos ruins

  • Só tem australianos! Alguns são neozelandeses e uns poucos britânicos e americanos. Não vimos absolutamente ninguém de outra nacionalidade, até ficavam impressionados ao ver que éramos brasileiros. Falta diversidade de mochileiros.
  • Os albergues com quem eles tem parceria são todos chiques, estilosos e caros. Bom pra pagar em dólar australiano e libra, se é que me entende. Precisa sempre andar além com as mochilas, até um lugar mais barato ou couchsurfar.
  • O tipo dos guias é tão diferente um do outro que vira roleta russa. A chance de pegar um babacão ou alguém mala é de 50% sempre.
  • Muitas paradas obrigatórias. Totalmente compreensível pela dificuldade deles em viajar de noite, mas incomoda se você não quer parar em cidades menos conhecidas (não era nosso caso, mas fica o comentário).
  • O site é um pouco confuso em algumas áreas (como infos básicas de horário e pontos de encontro), mas o sistema pra agendamento de lugares, atividades e assentos funciona bem.

Micro-review do review

Os ônibus são todos muito limpos, mais do que esperávamos. É só chegar com seu passaporte na hora de embarcar, confirmar seu nome, sentar e viajar. Passam filmes e séries em 2 televisões do ônibus o tempo todo. Não tem banheiro dentro, mas param com frequência em estações com restaurantes, mercados e toaletes. Os motoristas são gente boa, vários são de portugal (e pelo menos 2 guias gringos dos ônibus aprenderam português). Não se viaja depois que está escuro, bom ponto positivo pra segurança e cansaço. Os assentos são confortáveis, mas não muito espaçosos pra quem tem mais que 1 metro e 80, como eu. A maioria esmagadora dos viajantes é mulher na casa dos 20 e poucos anos. Não fazem overbooking, nunca vimos os ônibus lotar completamente.

Veredicto

Achamos que vale muito a pena usar o Busabout. Pra nós valeu bastante! Tem seus problemas, claro, mas os benefícios compensam bastante pra quem tá mochilando pelo continente mais caro que tem pela primeira vez. Transporte na Europa é mais complicado que você imagina, mesmo os países sendo tão próximos, então o Busabout te tira essa responsabilidade da cabeça… o único problema é ter que gastar uma grana considerável com isso. Às vezes grana é exatamente o que mochileiros não possuem :-)

Pelo País Basco: Pamplona, Bilbao e Donostia

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Esse post vai ser meio dividido porque passamos por regiões muito distintas no País Basco. Inicialmente iríamos somente para Pamplona e Donostia (que todos alternam para San Sebastián de vez em quando), mas decidimos ir pra Bilbao também, fazendo um triângulo no mapa com as três cidades, e não nos arrependemos nem um pouco!

Pamplona

Só tivemos dois dias pra visitar Pamplona, e era bem fora de época. O San Fermin, festival de corrida com touros, aconteceu na semana anterior a nossa chegada, então a cidade estava bem calma e vazia. Ficamos num albergue muito bonito e organizadinho, dividindo o quarto com uma família de holandeses reclamões :-)

Invasão de nuvem em Pamplona

Invasão de nuvem em Pamplona

Durante esses dias ficou bem friozinho até, mas ainda com sol, então foi bom pra andar e conhecer tudo. Comparado com o calor de Madrid, Pamplona era o paraíso, o clima no País Basco é bem mais fresco e úmido.

Clima pesou no centro

Clima pesou no centro

Ah, aliás, é meio polêmico isso mas quem é do País Basco acha que os de Pamplona não são, mas em todo lugar de Pamplona se lê Euskera e todo mundo se identifica. Como acredito que se você se indentifica de uma forma você pertence a essa coisa, então consideramos Pamplona parte do País Basco mesmo :-)

Onde se corre com os touros

Onde se corre com os touros

O centro histórico é bonito, mas bem pequeno, coisa pra ver numa tarde, junto com a citadela. Andamos parte do Caminho de Santiago que corta a cidade, desde a Ponte de Madalena até a borda sul do mapa da cidade que nos deram. E só, já que eu ainda estava muito doente da garganta e a secura do clima ainda era notável… enfim. Pamplona é bem mais modernosa que pensávamos, tem cara de um grande condomínio fechado se você sai do centro histórico. Pena que era fim de semana, então a cidade tava meio fantasma!

Dani diz... no caminho pra Pamplona assistimos The Way, um filme bem bacana sobre o Caminho de Santiago, por isso ficamos com vontade de caminhar um pouco na rota e sentir a “vibe” :-)

Bilbao

Bilbao começou pra gente, como esperado, no Guggenheim, o museu modernoso. Como não gostamos de arte muito moderna acabamos nem entrando, mas o passeio na margem do rio que vai zanzando pela cidade vale a pena, e na lateral do museu tem umas entradas pro Parque dos Patos como os locais chamam.

Parque dos Patos

Parque dos Patos

É bem bonito, embora pequeno. Acabamos matando a nossa vontade de museu indo no Museu de Belas Artes, que é o segundo museu mais importante na Espanha, ficando atrás do Prado, de Madrid.

Vista do bonde

Vista do bonde

Antes de passear mais pela cidade decidimos visitar o tal bonde que tem lá. Na internet e conhecidos já haviam recomendado, então fomos ver qualé. Nosso couchsurfer morava praticamente do lado da estação do teleférico, mais prático impossível. Lá do alto a vista é incrível, dá pra ver até o mar no horizonte! E de fato Bilbao é uma cidadezinha pequena, mais que podíamos imaginar. Dali vimos do alto por onde andaríamos e fomos caminhar no centro, ver alguns prédios históricos e passear com nosso couchsurfer.

Ótima luz na esquina

Ótima luz na esquina

Um dos prédios mais legais era uma antiga cervejaria, parece. Demoliram o miolo do prédio (mais ou menos do tamanho de um quarteirão) e mantiveram somente a fachada que é um tipo de patrimônio histórico. No meio fizeram três prédios com biblioteca, academia pública, auditório etc, e no topo disso tudo, suspensa sobre o vão entre os três prédios, uma piscina com fundo transparente. Alucinante! Dizem que foi o Philippe Starck que bolou tudo, e pagamos um sapo fenomenal. Os prédios internos são suspensos por dezenas de colunas, e cada coluna tem um estilo e desenho e pintura único. Só vendo mesmo… sério, muito foda.

Você pode vê-los, eles não podem te ver

Você pode vê-los, eles não podem te ver

Fomos com amigos do nosso couchsurfer ver o que afinal era potear, o “bar hopping” deles. Acho que bati com folga meu recorde anterior de saída em bares em Madrid. Em Bilbao nos levaram para 8 bares diferentes na mesma noite. Voltamos às 03:30AM depois de ir no último, um bar com apresentação de travestis pelo que ouvi falarem (que estava de folga naquela noite, ufa). Dizem que brasileiros festejam bem, mas os bascos… nos entupimos de pintxos naquela noite e cansamos bastante!

Dani diz... hmm, essa frase fora de contexto ficou estranha. Pintxos são como as tapas do País Basco, uma comidinha de bar pra acompanhar uma bebida. Dizer que nos entupimos de pintxos não tem nada a ver com o bar travesti :-P

Os amigos do nosso coushsurfer eram todos muito legais, e fomos todos juntos em 2 carros até o Castillo de Butrón, um castelo antigo inspirado em modelos alemães, fora de Bilbao mesmo. Dali emendamos um churrascão enorme no alto duma montanha entre Armintza e Bakio.

Fazendo churrasco acima de Bakio

Fazendo churrasco acima de Bakio

Fizemos uma parada pra descansar e beber algo em Mundaka, na estrada de um tipo de estuário da região que tem competições de surfe em algumas épocas. Mas o mais legal mesmo, mesmo que muito rapidamente, foi visitar Gernika no fim do dia. Ver a vilazinha do quadro do Picasso foi muito especial :-)

Filho antigo de Gernika

Filho antigo de Gernika

Adoramos o dia, foi super cansativo mas no ótimo sentido. Pudemos conversar horrores da cultura basca e vimos paisagens que mochileiros normais sem couchsurfing teriam dificuldades pra ver. Foram 12h passeando por vilarejos e florestas verdes.

Dani diz... sem contar o intensivão de espanhol, já que eles não falavam inglês. Deu pra treinar bastante!

Donostia, San Sebastián

Tentamos evitar ficar muito tempo em Donostia, ou San Sebastián, porque a cidade é muito chique, muito pra turistas endinheirados. Antigamente era cidade pra nobreza e corte, então imagine o naipe. É tudo muito bonito e elegante na beira do Atlântico, mas nosso plano era mesmo descansar um pouco e planejar as semanas seguintes no fim da Europa e nossas trilhas no Nepal.

Nada mal hein ;-)

Nada mal hein ;-)

Ficamos um bom dia na praia da cidade, lotada de gente mas com água muito boa. Mesmo sendo o Atlântico a água não era tão absurdamente fria, deu pra aproveitar nosso último mergulho no mar pelos próximos 3 meses :-)

Centrinho de Donostia, San Sebastián no fim do dia

Centrinho de Donostia, San Sebastián no fim do dia

Visitamos a cidade de noitinha no último dia, pra conhecer um pouco o centro, que como de costume na Europa era minúsculo. Ter ficado pouco tempo na cidade valeu a pena e foi acertado, especialmente porque nosso albergue foi até agora o pior em custo e benefício da viagem, uma casa cuja garagem virou sala de estar com pranchas e caixas empilhadas. A recepção era uma mesa na cozinha, com três moleques sem camisa como funcionários e os quartos sem ventilação. Tudo isso por módicos 55 euros por dia em quarto compartilhado, preço de hotel 3 estrelas em lugares menos caros da Europa… paciência. O resto do País Basco compensou e muito, mas muito mesmo, então tá valendo!

Longos dias na estufa que é Madrid

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Passamos dias demais em Madrid, foi uma estadia longa até mesmo para o nosso padrão de viagem lenta. Antes de chegarmos lá, as pessoas que conhecemos em Barcelona e Valência nos deram dois avisos: mais que uns 4 dias era muito tempo para a cidade e passaríamos muito calor. Acertaram nas duas coisas.

Rua entre Callao e Plaza Mayor

Rua entre Callao e Plaza Mayor

Chegamos em Madrid no finalzinho da tarde e emendamos, de mochila e tudo, uma parada com nosso couchsurfer no El Tigre, um bar bem local que fica no centro de Madrid perto da estação Gran Via. Como é de costume, pedindo uma bebida eles te presenteiam com um prato de tapas caprichado. Apesar de bem lotado, o lugar é muito bom, se pegar as tapas frescas e tiver sorte (já que as servem aleatoriamente) vai se dar bem. O garçom velhote do lugar era estúpido demais por causa das nossas mochilas no caminho, mas aproveitamos bem. Duas cervejas, uma coca e 3 pratos de tapas por 7 euros é bom o suficiente :-)

Nosso couchsurfer mesmo era um amor de pessoa, muito simpático e atencioso. Pra quem está começando com couchsurfing tá de parabéns, duvido que terá problemas pra arrumar lugar na grande viagem que ele vai começar agora pelas três américas! Ele estava aprendendo português (de portugal) também, o que era divertido, porque podíamos falar em qualquer idioma que sabíamos e todos se entendiam. Ele tinha uma prova oral uns dias após sairmos, então talvez nossas gírias e sotaque tenham atrapalhado um pouco…

Conhecemos também os dois amigos de apartamento dele, um doutorando e outro músico contratado de uma banda aparentemente famosa na Espanha. Super engraçados, o doutorando tinha ouvido muito bom pra entender nosso português. Ele era das Astúrias, do lado da Galícia, então isso ajudava um bocado. O músico era de Zaragoza, entre a Catalunã e o País Basco. Nosso couchsurfer mesmo era de León, então o apartamento era super espanhol e bem diverso pra vermos opiniões diferentes da vida em Madrid e do país. Foi perfeito :-)

Palácio de vidro do El Retiro

Palácio de vidro do El Retiro

Em Madrid se tem uma coisa que se precisa conhecer, além dos museus, é o Parque del Retiro. Não que já estejamos enjoados de visitar parques, mas esse é bonito mesmo. É um dos poucos lugares na cidade que se acha brisa e sombra com lugar pra sentar. Aparentemente espanhóis odeiam essas três coisas, então aproveite. Lá é enorme, passamos uma tarde fazendo picnic, e pra fugir do calor pode-se ir ao Museo del Prado que é grátis a partir das 6 da tarde. Como dizem, o museu é enorme realmente, e com muita diversidade de estilos de várias épocas, com algumas esculturas. Vimos só o primeiro andar na visita, tivemos que voltar outro dia pra ver o segundo. As descrições das obras são bem boas, então leva tempo, e você não vai passar correndo pela sala com os quadros do Goya né…

Goya malvadão em frente ao Prado

Goya malvadão em frente ao Prado

Perto da Praça da Espanha, onde ficamos alguns dias depois, tem o Dabod, um museu egípcio construído num parque no centro da cidade. Esse é legal de ver porque é real. Quando fomos pro Egito, na fronteira com o Sudão em Abu Simbel, vimos o complexo de templos que remontaram lá, e o Egito doou pela ajuda que a Espanha deu na eṕoca uma câmara do complexo. É essa câmara que virou museu em Madrid. A organização é impecável, como deveria ser no Egito, então vale a visita já que é 100% grátis. Ali perto tem o Palácio Real e a Praça da Espanha com uma estátua legal do Dom Quixote. Não gastamos muito tempo em nenhum dos dois lugares, mas são bonitos de se ver e como é tudo tão perto no centro… aproveitamos.

Dabod, pedaço do Egito no meio de Madrid

Dabod, pedaço do Egito no meio de Madrid

Madrid foi bom pra descansarmos um pouco também. Espanha tem sido bastante intensa e precisávamos esfriar um pouco, e pudemos papear bastante com couchsurfers. A vista da casa deles pra cidade é ignorante, dá pra ver o Palácio Real e a catedral logo de frente. Fomos dormir bem cansados e tarde naquele dia, mas aprendemos bastante sobre o país e as pessoas conversando e rindo!

Dani diz... e ainda saímos pra tomar sangria antes disso, tomei uma jarra inteira sozinha!
Tem coisas - tum! - que só couchsurfing faz pra você

Tem coisas – tum! – que só couchsurfing faz pra você

Agora, se você faz o gênero cultural, como de vez em quando encarnamos, vai gostar de saber que ainda tem museu pra ver além dos que já falamos. Fomos no Thyssen-Bornemisza, mas foi decepcionante. Quase nada de informações das obras, muita arte moderna ruim, e embora seja um museu famoso não vale os 8 euros que cobram por pessoa. O museu Reina Sofía perdemos de ver porque chegamos em cima da hora de fechar a entrada, confundimos o horário do portão com o de fechamento do museu, e tivemos que nos contentar com uma exposição de obras do Salvador Dalí que tava temporária lá e fechava quase meia-noite. Nada mal como compensação. Ela é bem bonita e com os quadros mais famosos pra não fazer feio, além de muita obra inicial dele e filmes que ajudou a fazer. Valeu a pena esperar uma hora na fila, é coisa de uma vez na vida só, ainda mais de graça :-)

Até em museu de presunto fomos. O Museo Del Jamon está espalhado pela cidade toda, com milhões de pernas inteiras de presunto ibérico penduradas no teto, servindo gente o tempo todo. Porém não é um museu como te dizem, é mais uma lanchonete estilosa pra turistas. Se andar pela cidade verá um monte deles… e ah, falando em andar, acho que dos 12 quadrantes de Madrid no mapa nós só conhecemos um! A cidade é enorme, mas é tudo subúrbio, o centro visitável é bem pequeno e dá pra ver andando (ou de metrô se bater o cansaço, 10 passes por 13 euros, mas as estações nem sempre são bem localizadas).

Fim do dia batendo perna por aí

Fim do dia batendo perna por aí

Pra fechar o único fim de semana na cidade, fomos no mercado El Rastro, bem de rua e enorme, mas nada muito diferente do que se tem no Brasil, além dos turistas europeus é claro. De noite fomos na Plaza Mayor ver um concerto de música clássica grátis durante o verão, dirigido pelo Plácido Domingo (que eu nem sabia se tava vivo ainda!). Eu fiquei bem doente nessa noite porque esfriou rápido, mas deu pra aproveitar bem… foi bem bonito :-)

A lua se escondeu pro concerto na Plaza Mayor

A lua se escondeu pro concerto na Plaza Mayor

Nos últimos dias na cidade o Leandro, amigo nosso, visitou a cidade vindo de Barcelona e a caminho da Holanda, e andamos feitos zumbis pela cidade por causa do calor absurdo que fez, mais que todos os outros dias. Quase não deu pra fazer nada, mas conseguimos um “bar hopping” em 3 lugares com os couchsurfers e ele, além de conhecer um pouco da região, mesmo que andando, como quando fomos ver a tal estátua de Lúcifer no El Retiro, a famosa que dizem estar à 666m do nível do mar.

Nos dias finais, acabamos ficando muito tempo no albergue, dormimos muito pra aliviar o calor infernal que beirava os 40 graus até tarde da noite. A única hora que pensamos sair foi pra matar a vontade da Dani de coxinha num bar brasileiro, mas estavam sem bem naquela noite hahah.

Dani diz... eu até sonhei com essa coxinha, imagine a minha cara quando descobrimos que justo naquele dia não tinha! A mulher até ficou com dó e disse que no outro dia ia ter, pena que era nossa última noite na cidade
Lago do parque El Retiro

Lago do parque El Retiro

Um dos objetivos de passar tanto tempo no centro da Espanha era a nossa intenção de viajar pra outras cidades perto, ou até mesmo ir pra Portugal. Vimos como era pra ir pra Toledo, e parecia tranquilo de Madrid, e pra Portugal poderíamos pegar carona mesmo que é bem comum por aqui. Infelizmente eu, Caio, fiquei muito doente antes de irmos pro albergue e não rolou nenhuma das coisas… decepção grande pra Dani que queria muito, fica na minha conta pra compensar na viagem depois. Às vezes planos não encaixam mesmo, fiquei com dó de não ter dado certo :-(

Parada rápida em Valência

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Pra ser bem sincero não estávamos esperando muita coisa da nossa visita em Valência. A cidade é reconhecidamente pequena, e era uma parada rápida (nos nossos termos) de quatro dias até Madrid vindo de Barcelona. Era pra ser mais um pit-stop mesmo. Mas ficamos extremamente surpresos porque a cidade é pequena mesmo, mas bem bonita. Foram quatro dias bem aproveitados, apesar do calor do último andar do inferno com humidade no máximo :-)

Praia de Malvarrosa de noitinha

Praia de Malvarrosa de noitinha

Sentimos esse calor assim que chegamos, porque nosso couchsurfer estava fora da cidade e chegaria à noite. Como era domingo, achamos que dava pra ficar morgando no parque da cidade (spoiler alert! spoiler alert! esse parque é foda, mais sobre ele em breve!). Deu tempo até de assistir um filme no computador, quando não estávamos espantando as moscas que tem ali. E ali. E ali também. Em todos os lugares tem moscas acumulando em você. Nisso Valência nos lembrou o Egito, algo não muito lisonjeiro.

Tudo melhorou quando nosso couchsurfer chegou e descobrimos que (além de ser um pouco tímido por não falar inglês, mas bastante simpático) ele morava apenas 2 quarteirões da beira da praia, na região de Malvarrosa! Rá! Ele nos levou pra conhecer toda a marina de noite, que é realmente bonita, porém em número de turistas só dá pra comparar com Barcelona. Os preços das coisas eram visivelmente para britânicos pagarem em libras e não pra locais. No caminho vimos muitos artistas de rua e uns 3 construindo esculturas enormes de areia. Na real a praia toda é tão boa que passávamos parte do dia ali, não só porque tinha wifi grátis, e depois íamos pro centro etc. Olhando de longe o mar é idêntico ao de qualquer praia brasileira, mas com poucas ondas. O que muda mesmo é quão quentinha a água é, parece uma piscina levemente aquecida, é perfeito demais! Não parece nada de surpreendente num primeiro momento, mas com o calor que faz lá, não dava vontade de sair do mar, super raso por pelo menos uns 50 metros pra dentro d’água, incrível.

Outra surpresa valenciana foi a comida. Já tínhamos provado churros espanhóis (ou as porras calientes, como chamam) em Viladecans e Castelldefels, mas por insistência do couchsurfer provamos o que tinha perto da casa dele, na lanchonete de uma francesa. El Mundo de Katy, algo assim. Rapaz… aquele conseguiu ser o melhor mesmo. O churros na Espanha (ou porras, que é maior que o churros mas é a mesma coisa no fim) sempre é servido com chocolate quente cremoso, e diabéticos podem morrer só de olhar pra ele, mas é uma delícia de manhã cedo. Dani ficou louca e apaixonada por horchata, uma bebida feita de amêndoas, leite e canela, uma cópia descarada do sahlab árabe que tomamos no Egito mas bem mais leve e servida bem gelada. O sahlab é bebida de inverno, horchata é pro verão, digamos.

Dani diz... a horchata em Valência é servida com fartóns, umas mini baguetezinhas doces bem leves que você molha na horchata pra comer e… ops, desculpa, babei!

Não dava pra ir pra cidade onde a paella foi inventada e não provar a paella valenciana também né: a variação deles é feita com frango, coelho, um tipo de caracol, vagens, feijão branco e alcachofra. Escolhemos um lugar bacana perto da praia (meio caro, mas bem recomendado por fazer a paella na hora), e gostamos muito da qualidade, mas a variação de frutos do mar ainda vence! Pro azar da Dani não deu pra provar a tal Água de Valência, o drink deles feito com suco de laranja e outras coisas.

Atrás da catedral

Atrás da catedral

Reservamos um dia inteirinho para visitar a cidade velha porque ela é toda grudada nuns quarteirões distantes de onde estávamos, mas essa foi a parte decepcionante da cidade. Olhando no mapa parece tudo grande e cheio de atrações, mas na verdade é um ovo e dá pra conhecer tudo em 2 horas.

Centro de Valência

Centro de Valência

O Mercat Central é a parte que mais vale a pena, em alguns aspectos consegue sem esforço ser melhor do que o La Boqueria de Barcelona, principalmente por ter muito menos turistas. Não ouvimos inglês nenhuma vez lá, se serve de baliza. A parte de frutos do mar do mercado é impressionante, se gosta :-)

Mercat Central

Mercat Central

A melhor coisa de Valência, que é o que mais compensa a visita, é o parque do rio Turia e a Cidade de Artes e Ciências.

Essa foto não faz jus ao parque do rio Turia

Essa foto não faz jus ao parque do rio Turia

Várias quadras poliesportivas, skatepark com gente de BMX, parque de diversões, lagos, trocentos jardinzinhos e as pontes originais do rio, uns 29 km de ciclovia e ainda corta a cidade toda, ou seja, qualidade de vida acessível pra todos os pontos da cidade! Sério, foi tacada de gênio desviar um rio que alagava a cidade e no leito antigo fazer um parque super verde pela cidade toda. Eu diria que é da mesma categoria do Central Park.

Roda gigante saindo do meio do parque do rio Turia

Roda gigante saindo do meio do parque do rio Turia

No final do parque, ou seja, quase quando o rio original chega no mar, existe a CAC, que é a Cidade de Artes e Ciências, e motivo de piada pra qualquer um porque custou uma fortuna e ainda não se pagou depois de tantos anos. Fomos só pra entrar no planetário, só pra variar um pouco, mas chegando lá a surpresa foi tamanha que queríamos gastar todo o dinheiro indo nos museus e exposições e aquário e, e… e…

Acesso ao CAC em frente ao museu e espelho d'água

Acesso ao CAC em frente ao museu e espelho d’água

Puta que pariu, que lugar lindo. Absolutamente futurista, tudo. Arquitetura do CAC todo lembra cenários de Star Trek.

Jardim superior do CAC, topo do planetário na direita

Jardim superior do CAC, topo do planetário na direita

Pra compensar que não pudemos ir no Oceanógrafo, fomos pra um show do planetário que era sobre recifes, e não nos arrependemos. Bom, eu Caio preferiria ver um show sobre constelações, mas o The Last Reef sobre fundo do mar foi emocionante, tenho que admitir. O trecho inicial é de dar uma soluçadinha, comparando com cenas grandes cidades humanas e imagens de recifes ultra populosos.

Ágora e o Oceanógrafo no fundo, detalhe na escala da construção

Ágora e o Oceanógrafo no fundo, detalhe na escala da construção

Como não podia deixar de ser, em Valência ainda fomos pra mais uma experiência gastronômica! Nosso couchsurfer tinha um amigo uruguaio e outro brasileiro e fomos todos pra um bar de pintxos, que é meio difícil explicar o que é. Pense em bares que vendem “comidinha” e competem pra ver quem faz a “comidinha” melhor, mas essa “comidinha” é sempre do tamanho de um bocado, e pode ser qualquer coisa feita com ingredientes espanhóis. É extremamente delicioso porque se prova de tudo, e não é tão caro, algo como 1,50 cada. Não é como tapas que geralmente vem junto com a bebida, são um nível acima digamos. Parecem canapés, mas maiores e mais bem feitos. Parecem sanduíches, mas menores. Parecem torradas com algo em cima, mas muito melhor. Parecem chiques, mas nem são, são populares. Foi bem divertido e, claro, delicioso… pra lembrar bem de Valência!

Barcelona, e arredores na Cataluña

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Mal chegamos em Barcelona e já tivemos que sair da cidade! Estávamos loucos pra chegar na Cataluña, todos que já visitaram Barcelona nos recomendavam ela, mas nosso primeiro couchsurfer na região morava em uma cidade perto, Castelldefels. Lá ficamos durante o fim de semana, e a cidade até que é fofinha, pequena mas com uma praia enorme e calçadão cheio de turistas aparentemente endinheirados. Diz a lenda que é uma cidade onde vários jogadores do Barcelona e artistas tem casa…

Nosso couchsurfer foi bem simpático, fã de UFC e lutas com uma boa dose de TOC de limpeza e organização, nos levou pra um tour de meio dia por Barcelona pra estarmos acostumados com a cidade quando ficássemos sozinhos. Inclusive nos levou pra uma barraca de sandubas espanhóis em Castelldefels que rapaz… santas salsichas espanholas! Experimentamos morcilla, é claro, uma linguiça alemã genérica e o tal pincho moruno que é sensacional!

Barcelona!

Barcelona!

Em Barcelona mesmo fomos pra um albergue perto da Zona Universitária, por 4 dias. Foi ótimo pra descansar um pouco, mesmo sendo dormitórios com 8 pessoas e o prédio estando lotado de gente louca pra encher a cara e farrear. É fácil saber quem está na cidade pra gastar dinheiro: levanta às 5PM, sai às 10PM, volta às 7AM. Como conhecem a cidade com esses horários eu nunca vou entender, mas talvez conhecer os bares seja conhecer a cidade e eu não sabia :-)

Sagrada Família somente do lado de fora

Sagrada Família somente do lado de fora

Se bem que temos que admitir que conhecer Barcelona foi mais difícil que pensávamos. Tudo é muito caro, a cidade é abarrotada de turistas em todas as regiões em volta de “atrações” por assim dizer. Em bairros mais distantes, que andamos à pé, parecia uma cidade fantasma, mas um formigueiro no centro turístico. Some isso com os preços ridiculamente abusivos para entrar nos lugares e entende-se como é uma cidade tão rica.

Mar de gente na La Rambla

Mar de gente na La Rambla

Por exemplo, para andar naqueles ônibus turísticos? São 3 linhas, cada uma é 26 euros. Sagrada Família? Outros 14 euros. Estádio do Barça? Mais 23 euros. Pra entrar na Casa Batlló do Gaudí? Pra adultos, 20 euros cada. Teleférico de Montjuïc? Mais 10 euros. E isso são os lugares mais óbvios e clássicos pra visitar. Se quiser conhecer mais ainda a cidade, vai somando e não pare! É ridiculamente caro se comparada a qualquer outra cidade européia turística! É o lugar mais caro pra turistas na nossa viagem, até agora, fácil. O pior é que é tão cheio de gente que não faz sentido cobrarem tanto, a não ser pelo fato que sempre tem algum gringo disposto a pagar o que for, afinal está em Barcelona… uma pena, tivemos que conhecer a cidade do lado de fora dos lugares. Ah, mas dá pra conhecer sem entrar em nada? Claro que dá! E foi bastante divertido :-)

Parc Güell

Parc Güell

Pegamos um dia pra andar pela cidade toda, do leste ao oeste até a frente da Sagrada Família, e ir vendo prédios do Gaudí. Vimos a Casa Vicens que ele construiu, sem turista algum porque é isolada no meio dos bairros e porque a visitação é proibida (é propriedade privada). Fomos andando também até o topo do Parc Güell, da onde se pode ver a cidade inteira lá embaixo, até o mar. Vista muito bonita, que acho que só perde pra vista do alto do bunker, ali perto, mas que acabamos não visitando.

Mercadão La Boqueria

Mercadão La Boqueria

Andar pela La Rambla é fantástico, é muito bonita e ponto de acesso pra outras dezenas de lugares interessantes, como o Bairro Gótico, a catedral e La Boqueria, o mercadão municipal deles. O único problema da La Rambla é o mesmo da cidade como um todo: a quantidade absurda de turistas. Sério, não é implicância, juro. É um mar de gente que não tem fim, acaba perdendo o charme um pouco, mas vale a pena.

Centrão perto das galerias de artes do Bairro Gótico

Centrão perto das galerias de artes do Bairro Gótico

O mesmo vale pro Bairro Gótico, que é bonitoso pelos prédios históricos e bem antigos, mas é mais bairro que gótico se é que me entende. Ah, em dias de semana parece ter um mercado de pulgas em frente a catedral que merece uma visita, fomos no sábado e numa segunda lá, então não sabemos exatamente se tem em outros dias.

Passeio pelo bairro gótico no fim do dia

Passeio pelo bairro gótico no fim do dia

Andar pela orla de Barcelona também é um baita passeio. A cidade é abarrotada de parques, grandes e pequenos. Alguns deles ficam na orla ao leste do porto e marina, onde ficam as praias. Foi longo o passeio ali pelo calor infernal e humidade no limite, mas a praia parecia muito boa. Infelizmente não fomos pra praia lá :-(

Fonte do parque central, Ciudadela

Fonte do parque central, Ciudadela

Falando em parque, o Parc de la Ciutadella é incrível! Acho que fomos lá umas três vezes, pra fazer picnic, passear, e até tirar uma soneca e filar um wifi grátis. O centro do parque tem uma fonte muito bonita que o Gaudí ajudou a fazer aparentemente. O melhor do parque também é que saindo por um lado se tem a praia, por outro o Bairro Gótico, e se bobear sai de frente pra uma passarela longa e muito bonita com o Arco do Triunfo da cidade, lindíssimo. Acho até que é mais bonito que o de Paris…

Arco do Triunfo de Barcelona

Arco do Triunfo de Barcelona

Como estávamos há mais de 1 semana em Barcelona, resolvemos dar uma abusada e nos inscrevemos em um aula “show” de culinária pra aprender a fazer tapas, sangria e paella. Foi 19 euros por pessoa e acho que valeu a brincadeira, embora não ache que foi uma aula propriamente. Foi excelente pela quantidade de bebida e comida de ótima qualidade que tava incluída, e ver o cara fazer uma paella de frutos do mar enorme na minha frente do começo ao fim foi animal! Repetirei em casa, no Brasil, cof cof. As tapas ficaram muito boas, especialmente pelo presunto pata negra que comi até cansar, e a sangria da Dani que tava sempre sendo reposta :-)

Mas pra não parecer reclamões, o transporte em Barcelona e nas cidades em volta é impecável e quase perfeito. Integrado com bonde e ônibus e com trocentas linhas e trocentas estações com trens passando em média a cada 3 minutos. Sério, se não fosse o metrô seria impossível aqueles turistas mais apressados conhecerem a cidade em um fim de semana só. Nos 9 dias ali pegamos alguns passes T10, que são 10 viagens com preço reduzido (10 euros no total), e elas incluem também os trens metropolitanos, bem chiques e com 2 andares que servem cidades dentro da zona metropolitana principal. Vale muito a pena.

Ruazinha de Sitges

Ruazinha de Sitges

Foi nesse esquema inclusive que fomos até Sitges em um passeio de um dia fazer picnic na beira da praia e ver as ruazinhas da cidade. Não resistimos nada e gastamos uma grana comendo torrones espanhóis numa chocolateria lá. A cidade é vista como uma mini Ibiza e parece ser bem solta, leia-se gay friendly. Mas um dia só com muito calor e pouco dinheiro não foi suficiente pra conhecê-la direito eu acho. Enfim, com o mesmo trem fomos pra Viladecans, onde ficamos outros 3 dias com um casal muito simpático e cheio de amigos do couchsurfing.

Viladecans é uma cidade bem pequena, quase vila, mais próxima de Barcelona que as outras que vimos e ficamos, mas é bem pacata. Nossos couchsurfers viviam relativamente no centro e perto de um parque de cachorros muito legal. Todo dia lá pelas 8 íamos pra lá levar os 2 cachorros deles pra passear e encontrar os amigos de focinho deles, um grupo de umas 6 ou 8 pessoas muito gente boa. Foi bem divertido ficar com eles, fomos até num show de mágica numa espécie de cabaré com todos no sexta à noite, fechado com muitas tapas baratas de madrugada, no centro, é claro :-)

Acordar na casa deles era sempre engraçado. Cada dia um cachorro diferente veio fazer graça, quando não era a Aria, a furão fêmea que eles tem e por quem me apaixonei perdidamente! Acho que nos dias que ficamos lá eu tinha praticamente só o cheiro dela nas mãos, de tanto que brincávamos. Eles tinham também uma cobra píton que não gostava muito do cheiro da furão. Inclusive vimos ela ser alimentada com ratinhos, hmm. Além desses bichos eles ainda tinham 2 lagartos dragão amarelos, cucas frescas que não ligavam pra nada.

Se não fosse por esse casal de Viladecans nossa experiência com couchsurfing na Cataluña teria sido meio sem sal. Pena mesmo foi ter ficado tão pouco tempo ali, mas os dias no albergue no centro de Barcelona não foram nada maus também, é que é outro mundo poder cozinhar pra amigos (lasanha de beringelas e abobrinhas parecem horríveis de olhar, mas ficam boas!) e conversar sobre planos em comum. Eles estão indo pro Kenya e adoraram ouvir nossos planos pro Nepal, quem sabe não se animam sobre os tickets RTW que mostramos pra eles ;-)

Visitando Avignon e Arles na Provença

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Chegamos em Avignon num dia de sol forte que prometia derreter a gente. Nosso ônibus parou do outro lado do rio Rhône, na cidade nova, e tivemos que cruzar suando muito duas pontes sobre o rio e o centro de Avignon até chegarmos no nosso couchsurfer. Até lá deu pra ver bem o desenho da cidade, é um antigo feudo com burgo mesmo, com canais ou rios em volta, um muro largo e alto que contorna a cidade toda, e uma colina com castelo no centro. Voltamos pra Idade Média :-)

Fortaleza de Avignon no centro

Fortaleza de Avignon no centro

Uma coisa boa de Avignon e outras cidades francesas turísticas é que existe wifi grátis quase em todo canto por uma parceria da SFR e da Fon, que faz o Fonera. Se tiver como, arrume um usuário e seja feliz conectado em todo canto, e em Avignon não foi diferente.

Logo que escureceu nosso couchsurfer quis dar um rolê pela cidade, que é minúscula, pra vermos como era. Andamos em zigue-zague pelo centro e fomos até o castelo, onde ele mostrou de longe a montanha que tem uma vila onde a mãe dele ainda mora. Fechamos indo no Utopia, um tipo de bar alternativo que tem um cinema independente ou meio hmm… utópico, e só passa coisas regionais parece. E tivemos nosso primeiro nojo: jantamos num boteco chinês tremendamentme imundo, com pratos sujos sendo servidos e tudo…

Região do nosso couchsurfer, a entrada era pelo beco detrás

Região do nosso couchsurfer, a entrada era pelo beco detrás

Nosso couchsurfer vive num quarto e cozinha, mas foi incrível por insistir que dormíssemos no quarto dele e ele ficaria no chão da cozinha. Em troca limpamos o apartamento dele uma tarde e ele ficou todo sorrisos até irmos embora :-)

Quem não tem janelas caça com quadros delas

Quem não tem janelas caça com quadros delas

Avignon é bonita, mas tem cara de destino caro pra gente chique. Andamos por dentro e fora dos muros, pelo centro todo, de dia e de noite, e talvez fôssemos os menos endinheirados. Se bem que faltou mesmo dinheiro pra roda gigante que devia ter uma vista linda, pena. Acabamos nem indo na tal ponte famosa da cidade, a inacabada, é ridícula demais pra tanto! Cobram 13 euros para andar numa ponte pela metade, curtíssima, só porque é medieval. Eu adoraria ter ido nela pra ver, mas acham que temos cara de idiotas.

Uma das passagens pra entrar na cidade pela muralha de pedra do castelo :-)

Uma das passagens pra entrar na cidade pela muralha de pedra do castelo :-)

Já na região central onde fica o castelo tudo é muito bonito. Lá no alto tem um parque bem aconchegante com visão quase completa da cidade, a iluminação dali é bem bonita e de noite sempre tem algum músico perto e lá embaixo na entrada da praça tem um carrosel simplesmente lindo, bem decorado, de contos de criança mesmo. Ali inclusive tivemos nosso jantar romântico na França! Mariscos, batatas e pato au poivre, enquanto um coral de velhinhos cantava na mesa do lado aparentemente comemorando alguma coisa :-)

Owwnnn

Owwnnn

Decidimos fazer um bate e volta em Arles, uma cidade mais ao sul do rio Rhône, coisa de 20 minutos de trem de Avignon (7 euros por pessoa para cada trecho). Se tiver a grana vale a pena, Arles é bem mais jeitosa que Avignon e parece um pouquinho mais turística “para as massas” porém ao mesmo tempo mais autêntica. A cidade tem trilhas de rua pra fazer, e quando soubemos que Van Gogh morou lá e vários dos quadros são locais de Arles… hooray! Batemos perna pela trilha dele vendo os lugares das pinturas o dia todo.

Café que o Van Gogh pintou

Café que o Van Gogh pintou

Não achamos a Casa Amarela, mas pela localização foi destruída e hoje é um comércio. O tal Café à Noite da praça é tão fácil de achar e famoso que hoje tem o nome do Van Gogh, e todos querem tirar uma foto ali é claro. Mas é muito legal! Fomos andando até mais pro subúrbio tentar achar o Antigo Moinho, mas sem sucesso. Jardim Público foi fácil achar mas eu não lembrava ou nem conhecia o quadro e fiquei perdido com o ângulo pra tirar uma foto parecida.

A travessa de pedestres, bem menos futurista que no quadro...

A travessa de pedestres, bem menos futurista que no quadro…

A travessa de pedestres, que no quadro parece futurista, é bem banal hoje em dia. Dá até tristeza ver os carros passando numa ponte tão feia. A orla do rio é bonita mesmo e dá pra ter uma idéia do Noite Estrelada Sobre o Rhône, mas estávamos de dia né, então ficamos com um picnic ali na beira com direito a queijo rústico francês e tudo. Cof cof, chique, cof cof.

Hospital onde o Van Gogh foi internado pelo orelhacídio

Hospital onde o Van Gogh foi internado pelo orelhacídio

Hospital de Arles onde ele ficou internado e pintou o pátio é massa! Bem movimentado com cafés e restaurantes e várias lojas de souvenires, dá pra ver bem como é o original. O que deu trabalho mesmo foi a Ponte Langlois onde Van Gogh pintou as lavadeiras e a própria ponte outras vezes. Tivemos que andar bem além da trilha demarcada já que ele marcava só até uma ponte nada a ver. Dali ainda eram outros 30 minutos andando pra fora da cidade na borda de uma rodovia. Foi bacana pela paisagem diferente, mas morremos de cansaço. A recompensa? Me diz se valeu a pena, eu fiquei emocionado na hora :-)

Ponte Langlois! Um dos melhores quadros do Van Gogh, finalmente!

Ponte Langlois! Um dos melhores quadros do Van Gogh, finalmente!

Arles tem vários monumentos romanos também, incluindo uma arena tipo o Coliseu de Roma mas em escala menor. Por ser no meio do nada (embora antigamente a região fosse importante militarmente), a arena é bem foda, bem localizada e a preservação dela é incrível, mas pra quem entrou no Coliseu fica difícil comparar e não vimos motivos pra pagar a entrada, só vimos em volta por fora. Idem pras outras ruínas romanas da cidade.

Ruazinha de Arles com a arena romana no fundo

Ruazinha de Arles com a arena romana no fundo

A única coisa ruim da região de Avignon e Arles foi termos encontrado, e dividido o sofá do nosso couchsurfer por 2 dias, com 2 freeloaders, ou seja, gente que usa o couchsurfing só pra economizar e não pra ser viajante e interagir. Casal de britânicos na casa dos 20 anos, bem porra louca meio hippies sujos estudantes de teatro, nem nosso couchsurfer foi muito com a cara deles. Mas não precisamos aturar muito já que Avignon e Arles agora eram passado, tempo esgotado e rumo a Espanha!

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