Dia 19: Ledar → Thorung Phedi → High Camp, 4800 metros

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Finalmente chegamos no ponto mais alto antes da passagem, 4.800 metros! Ou 4.900 metros se contar o mirante que tem perto e pelo que os GPS estavam falando. Vista espetacular! High Campo tava lotado, é o único lugar com cama lá, todo mundo fica junto e sai a partir das 4:30 da madrugada. Fomos os últimos a sair de Ledar. Fui fazer backup das fotos e vídeos e o disco externo deu trocentos erros de I/O… pânico de gelar a espinha. Uma hora depois, uns fscks e depois de cópias manuais de segundos backups que tenho por paranóia, saímos. Até chegar em Thorung Phedi foi tudo bem, dali voltou a dor no abdômen igual nos outros dias, tirei a barrigueira e carreguei a mochila nos ombros só. Melhorou um pouco, mas os ombros não aguentaram muito tempo e tive que carregar a mochila com as mãos mesmo no final, foi sofrido. Medo pra amanhã por causa dessa dor. Comida aqui em cima é ótima, alto surpreendente mesmo pela altitude e isolamento. Qualquer lugar que se olha é foda, 24h por dia. Não sabemos que horas (nem se) sairemos amanhã. Minha mente diz pa ir, meu corpo quer ficar, mas quem dirá se estarei bem é a Deuter nas minhas costas. — Caio

Cansada e com muito frio! Mas finalmente chegamos ao High Camp, última parada antes da passagem. Saímos às 9h, mais tarde do que o esperado, porque ficamos resolvendo uns problemas com nosso backup pro HD externo, e comemos muito bem pela manhã (com a passagem chegando não queremos correr o risco de ter fraqueza, precisamos estar fortes!). A primeira parte do caminho, até Thorung Phedi, não foi difícil, demoramos menos de 2h, e chegamos lá nos reencontramos com o resto do grupo que saiu antes de nós, exceto o casal de franceses que não estava se sentindo bem e ficou em Ledar mais um dia. Em Phedi, tiramos um longo descanso, pois de lá deu pra ver que a colina que nos aguardava ia judiar da gente! E realmente, ali o bicho pegou! O caminho de Phedi até o High Camp é inclinadíssimo e conforme íamos avançando o ar ia ficando mais gelado e cada vez mais difícil de respirar. Eu sofri mas aguentei, só que o Caio está tendo bastante dificuldade com isso desde o Tilicho, ele tem sentido dor de estômago por causa da barrigueira da mochila e com isso não consegue puxar o ar direito, aí vem fraqueza e o corpo inteiro sofre! Saímos todos juntos mas chegamos por último no High Camp por causa disso, e chegamos até a considerar não fazer a passagem amanhã pra ele descansar melhor, o que seria uma pena porque nos separaríamos do restante do grupo com o qual nos identificamos muito bem. Vamos pensar nisso ainda dependendo de como nos sentirmos até a noite. O High Camp é super frio, não tem luz e ninguém nem sequer citou banho de balde, então ficaremos mais um dia sem banho (not nice), mas aqui tem uma atmosfera bem bacana. O dinning hall está cheio, todo mundo empolgadíssimo com amanhã, o ponto alto do trekking. Isso é muito legal na trilha, você acaba conhecendo um monte de outros trekkers e no fim todo mundo acaba se conhecendo! Um dia você ultrapassa o “casal de americanos” e quando decide descansar um dia mais em algum vilarejo lá estão eles de novo. Ou vai falar com alguém sobre uma pessoa que conheceu e ele diz “ah sim, eu encontrei esse cara também”. Hoje ficamos a tarde inteira jogando cartas e conversando em volta da mesa de acho que umas 10 pessoas que se conheceram em Ledar e foram juntas pro High Camp. Demos muita sorte com esse grupo, tomara que dê pra irmos amanhã com eles! :-) A vista daqui é animal, dá pra ver muitas montanhas, entre elas o Chulu e 2 dos Annapurnas. Estou me preparando psicologicamente para o frio que enfrentaremos à noite e amanhã. Está quase na hora de irmos dormir e no momento estou sentindo uma dorzinha de cabeça bem fraquinha, não sei se da altitude ou do fato de não estar dormindo direito nos últimos dias por causa do frio, cansaço ou falta de banho! — Dani