Dia 4: Jagat → Chamche → Tal, 1702 metros

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Saímos meio tarde pra andar, 9h. Preguiça. Dia tava abrindo da chuva do dia anterior todo. Caminho até Chamche foi fácil, meio estradinha até. Depois da ponte fodeu geral porém. Subidas de pedra meio paisagem Mordor. Coxas estão moídas, dor no abdômen pelo esforço de subir tanto forçando. Às vezes levantava o joelho até a cintura pra subir. Pelo menos a dor no ombro do primeiro dia (pela viagem longa apertado na van) já passou. Entramos no distrito de Manang, um vale bonito, nem parece que estamos altos, até praia sem onda tem na beira do rio. O portal de boas vindas é bem legal, o corpo até relaxa após a subida pesada quando se vê o vale e a vila dentro do portal. Nossa katadyn tem se provado MUITO útil! Podemos pegar a água de qualquer lugar, quando tem cachoeirazinhas aproveitamos. Já minha bota voltou a descolar a sola na frente e àtras e tá entrando água sempre, não aguento mais os pés cozidos. Maldita superbonder francesa que não funcionou. Chuveiro da pousada horrível, pior banho de toda RTW pra mim até agora. Comi e repeti dal bhat, tava bom demais, com uma erva local no meio que lembra gengibre. Roupas estão todas molhadas, pensando em como secá-las nesse tempo húmido. Acho que o pior de cansaço já passou na trilha, em breve será 2.000 metros e começa a pegar altitude, o corpo já estará acostumado a andar. Cada vez mais orgulhoso da Dani. Ela reclama muito, mas sempre dá conta. Melhores comidas do Nepal foram aqui em Tal, nham! — Caio

Começamos mais tarde hoje, decidimos que merecíamos dormir um pouco mais depois do cansaço de ontem. Comemos cereal com leite no café da manhã e saímos às 9h em direção à Chamche. Essa primeira parte do caminho teve bastante subidas e é no meio da floresta, muita vegetação, muita umidade e alguns trechos tensos passando por cachoeiras super escorregadias. Chegamos em Chamche após 1 hora e meia de trilha, descansamos um pouco e logo seguimos viagem, pois o clima estava perfeito pra trilha: nubladinho e com vento, não podíamos perder! A segunda parte da trilha de hoje foi marcada por duas coisas desagradáveis. A primeira delas foi cocô, muito cocô. Logo antes de nós acho que passou uma caravana de burros que minou o caminho todo, e assim foi de Chamche a Tal, o que deixou o caminho minado, fedido e com muitas moscas. A segunda coisa foram as pedras! O caminho é uma subida íngreme em pedras, quase uma escadaria! A paisagem realmente compensa, conforme você vai subindo a vista dos vales vai melhorando e vai dando pra ver várias cachoeiras e lá em baixo o rio. O problema é que com tanta subida e cansaço comecei a sentir muito enjôo, acho que o cereal com leite do café da manhã não foi uma boa opção (o Caio parou o dele na metade, eu mandei ver até o final), tivemos que fazer várias pausas pra respirar melhor e passar a vontade de vomitar. Depois de muito subir veio a chuva para baixar nosso ânimo… É incrível como começa tudo a doer quando a chuva vem! No trecho final nosso joelho não aguentava mais subir, até que finalmente chegamos! Tal fica à 1600m de altitude, mas nem parece, já que fica na borda de um rio (o mesmo que alimenta as dezenas de cachoeiras que enfrentamos no caminho). O vilarejo é bem bonito e encontramos um lugar limpinho e com quarto de graça! Aqui conhecemos uma brasileira casada com um israelense (ela mora em Israel) e conversamos bastante em português, foi bom pra matar as saudades! O único problema aqui de Tal é a umidade, pra nosso desespero. Já é o segundo dia que molhamos todas as nossas roupas e não vamos conseguir secar, até o quarto está cheirando cachorro molhado… Ah! O achievement do dia foi os dois terem pegados sanguessugas por causa das cachoeiras que tivemos que atravessar. O Caio viu a dele e tirou na hora e eu não cheguei a ver a minha, mas a minha meia estava completamente cheia de sangue quando tirei a bota e tinha um machucadinho do meu pé! Ui! — Dani