Uma semana em Kathmandu, Nepal

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Finalmente chegamos na Ásia. Depois de uma escala chata dormindo no banco do aeroporto de Bangkok, aterrisamos no moderníssimo terminal aéreo de Kathmandu, no Nepal. Coitados, pobres como são (ou não, há divergências quanto a isso) e eu zoando a escola de ensino fundamental que transformaram em terminal de aviões. Pelo menos no caminho a Thai apavorou no serviço de bordo com o avião todo vazio pra nós… mimos antes da vida dura nos Himalaias :-)

Pra entrar no Nepal você paga pelo visto assim que desembarca, e como aceitam dólares e outras mmooedas fortes (euro, libras, francos etc) recomendo levar o valor já certo nelas. Os espertos aqui cairam no conto do ATM da casa de câmbio local e tiveram que sacar várias vezes pagando várias taxas e depois convertendo moeda local pra dólar pra pagar os 100 dólares por pessoa pelos 90 dias do visto. Normalmente é 40 dólares por 30 dias, mas como estamos sem pressa e com planos de trilhas mil, quem sabe. O processo é tecnicamente simples mas burocrático pra empregar quatro pessoas diferentes pra assinar um papel, carimbar o passaporte, recolher o dinheiro e te liberar. Respire fundo e vai que é fácil. Pegue um táxi e vá pro centro, não deve custar mais que 400 rúpias nepalesas.

Kathmandu dando a boa vinda típica com muita chuva, todo dia

Kathmandu dando a boa vinda típica com muita chuva, todo dia

Como esperado, o caos impera em Kathmandu. Muita pobreza, leprosos e mendigos nas ruas. Muito trânsito insano e merda e lama no chão das ruas estreitas onde geralmente só passa um carro por vez. Eu, Caio, meio que esperava ver exatamente isso pelo que sabia do Nepal, ainda mais por Kathmandu ter uma influência indiana maior que no resto dos lugares que visitaremos, porém o constraste vindo da Suíça foi naturalmente brutal para nós.

Ficamos num albergue do Thamel, o bairro dos mochileiros e trekkers que vem pro Nepal e ficam em Kathmandu. É bem diferente do resto da cidade, com mais lojas por metro quadrado e restaurantes às vezes até visualmente chiques e com menus ocidentais, todavia ruins. Thamel é basicamente umas 5 ruas com tudo o que você pode pensar pra sua vida de mochileiro que vai pra trilhas, é um pequeno paraíso para os turistas aqui que precisam falar em inglês com alguém, e é somente ali que vai ver gringos andando na rua. Mas recomendamos coragem e um passeio à pé pela cidade, é bom pra abrir os horizontes.

O foco da nossa passagem por Kathmandu era de darmos uma desacelerada acertarmos os últimos preparativos pro nosso trekking, com calma, que explicaremos num futuro próximo. Nem precisamos sair do Thamel pra isso, tem de tudo ali.

De lugar turístico mesmo, conhecemos o Garden of Dreams, uma espécie de jardim botânico pequeno mas muito bem cuidado que fica no meio da cidade e constrata violentamente com a região em volta dele. Ele é murado, então lá dentro se tem a impressão, e o silêncio, de que se está em outro lugar mesmo. Pagamos 2 dólares por pessoa e valeu o dinheiro, que na moeda local seria o suficiente pra pagar uma noite de hospedagem ou um almoço. Achamos caro no começo mas depois de ver tudo e ver a exposição de fotos mostrando antes e depois da reforma do lugar, ficamos impressionados. Descobrimos que o local tem uns 100 anos e foi recentemente reformado em parceria com o governo da Áustria. Infelizmente não tivemos tempo bom, por causa do fim das monções, pra ir na tal colina com templos e macacos que dá vista pra cidade, então iremos na volta pra cá.

Garden of Dreams, outro mundo dentro da cidade

Garden of Dreams, outro mundo dentro da cidade

Fomos também até a Durbar Square, uma praça em Kathmandu onde se encontram vários dos mais importantes templos budistas da cidade. O caminho foi trânsito horrível e muita sujeira nas ruas, já que fomos à pé. Chegando lá, entramos pela lateral e conseguimos ver um pouco dos templos por fora, bem rápido, até que um policial veio perguntar se tínhamos tickets. Tickets? Ele apontou para uma guarita onde pudemos ler o preço: 7,5 dólares por pessoa! Para o casal seriam 14 dólares, dinheiro suficiente para quase 3 dias de alimentação comendo em restaurantes. Um assalto, basicamente, se você pensar na moeda local. Decidimos não ficar, e é claro que o policial nos seguiu até uma parte do caminho para assegurar que não tiraríamos fotos nem do lado de fora! Mas no fim não nos sentimos perdendo muita coisa, pois temos a Ásia inteira para nos surpreender com a arquitetura dos templos budistas e ainda pretendemos ver muito disso em outras vilas do Nepal :-)

A comida por aqui é excepcional, mas admitimos estar com expectativas elevadas para o restante da Ásia. A comida nepalesa em si tem muita influência tibetana e indiana, e os restaurantes oferecem também opções chinesas e tailandesas, nham! Só cuidado na hora de escolher restaurantes no Thamel, eles querem agradar tanto os clientes estrangeiros que acabam colocando pizzas e hamburgueres demais e deixando de fora pratos locais deliciosos (como os momos do Tibet, nossa comida preferida até agora).

Em relação a preço das coisas, é fácil imaginar a zona que é negociar tudo num lugar cheio de turistas com moedas caras e onde a rúpia nepalesa vale 100 vezes menos, literalmente. A dica mor do Egito vale aqui também: barganhe pra metade do valor, nada custa o valor que dizem. Dá pra achar camas por 8 dólares, mas elas valem 3. Dá pra pagar 6 dólares num prato que vale 2, ou comer os populares que custam 1 dólar, caso tenha mais resistência a cozinhas sujas. E assim vai… alguns dias aqui nos ensinaram como não cair nas malandragens. Acho que o único lugar com preços justos e visíveis, e que vale sempre a pena, são as padarias e confeitarias. Todas excelentes :-)

Nem parece o Thamel, de tão vazio e limpo e comportado

Nem parece o Thamel, de tão vazio e limpo e comportado

Alguns pontos gerais sobre Kathmandu que valem comentário!

  • Dá pra andar pela cidade, basta ter coragem, pois locais como o Garden of Dreams, Durbar Square e afins não ficam a mais de 20 minutos do Thamel, mas é bem stressante! Os turistas não andam a pé, então você chamará atenção de todos na rua.
  • Para nossa surpresa, vários locais do Thamel oferecem wifi grátis e em uma velocidade bem usável! Todos estão baixando coisas, claro, então os uploads pra fotos e backups são sempre super rápidos.
  • Água quente é um termo relativo quando se trata de hotéis. E hóteis é um termo relativo quando se trata de hospedagem… espere coceiras na cama e lençóis sujos, no mínimo.
  • Tem loja da Adidas, Levi’s e KFC e Pizza Hut aqui. Mas não me envergonhe, coma a comida local que é deliciosa!
  • A mistura de chineses com tibetanos com indianos é bem legal. Os nepaleses e tibetanos são os mais gente fina e sempre sorriem, os indianos são muito esnobes, mesmo estando todos sujos e precisando dos turistas.
  • Os indianos daqui porém são muito ingênuos, lembram muitos os egípcios mas os egípcios são malandros e mais agressivos. Os indianos acham que enganam todo mundo e dá vontade de rir deles por isso.

Eu, Dani, discordo muito do Caio nas nossas percepções das pessoas por aqui. Em comparação aos egípcios, que eram realmente malandros, os indianos fazem de tudo para tentar arrancar dólares de você, mas são muito mais ingênuos. Mas não, não sinto vontade de rir de ninguém por isso…

Caio diz... não é questão de rir simplesmente, é de perceber quando se está sendo enganado de forma mal feita por alguém sem experiência nisso e achar graça da situação!

Infelizmente temos poucas fotos da cidade, é que as ruas são tão cheias que é constrangedor sair tirando foto assim. Talvez na volta criemos mais coragem. Agora é partir pra conhecer o resto do topo do mundo. No nepal, além das trilhas, pretendemos conhecer Pokhara e Bhaktapur também. E ah! Até agora nada da Carmen Sandiego…