Dia 14: Manang → Sheree Kharka, 4000 metros

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Ultimamente só temos pensado em comidas gordas e gostosas. Desejos! O dia foi meio chato, mas as vistas da vila no fim do dia valeram a pena. Abortamos o Ice Lake da manhã quando acordamos. Choveu à noite, tempo muito frio aqui no alto, não valeria a pena. Fomos pra Tilicho direto mas a Dani sentiu a altitude e cansaço e paramos antes de alcançar o Base Camp, cerca de 3h antes de lá. Primeiro banho de balde e caneca, até que demorou! Não senti nada de altitude até agora, e já estamos à 4.075 metros. O caminho pra cá foi ruim, cheio de bifurcações sem sinalização ou marcas. NATT ignora a região de Tilicho, uma pena. Mas já avistamos pra onde vai a trilha até Yak Kharka do alto. A trilha, pela data, está ficando perceptivelmente lotada. Estamos indo bem lentos. Sinto falta de sorvete com cobertura quente. Mais desejos! Vimos um cara sangrando por pedras terem rolado na trilha acima e machucado ele. Foi no trecho que andaremos amanhã. Se não tem deslizamento não é o Nepal. — Caio

O plano de ir para o Ice Lake hoje não deu muito certo. Acordamos com o dia nubladíssimo, as montanhas de Manang completamente encobertas! A graça do Ice Lake não é o lago em si, pois o Tilicho Lake (para onde vamos em alguns dias) é muito melhor, mas dizem que a vista do caminho é espetacular. Não faz sentido nenhum ir em um dia nublado. Decidimos então seguir caminho para o Tilicho, ou em direção a ele, pois é longe e demora alguns dias. Pretendíamos chegar hoje ao campo base do lago, que fica a 7 horas de Manang, mas a altitude e resquícios daquele querido parasita não deixaram :-( O caminho é bem íngreme, subimos quase 700m hoje, e a altitude pegou forte! Não conseguia respirar, o ar não vinha. Eu nunca senti algo parecido, qualquer subidinha e meu fôlego acabava como se tivesse dado um tiro de 100m sem preparo físico nenhum. Claro que o fato de não ter conseguido comer direito nos últimos dias piorou a situação. Para meu desespero, o Caio ainda não está sentindo nada, então novamente precisamos parar por causa de mim. Ele tá puto, compreensão zero, como se a culpa fosse minha. Eu até agora não entendi o motivo de tanta pressa, pois ainda temos 30 dias no Nepal. Hoje ele mereceu o troféu OGRO DO ANO quando falou “cala a boca e senta” quando eu tava passando mal do meio da montanha… foda. Isso é bom de aparecer no relato, estar na montanha a dois tem dessas coisas, as semelhanças ficam mais acentuadas, mas as diferenças também! Ogro na cidade é ogro na montanha, não tem jeito. Enfim, estamos agora em Shree Kharka, há 3 horas do base camp (o caminho era 7, paramos mais ou menos na metade) e já a 4.100m! Amanhã alcançaremos o base camp, e disseram para irmos preparados porque é bem perigoso. No caminho encontramos um rapaz que machucou a perna com uma pedra e não pôde chegar ao lago, estava mancando e com a perna enfaixada, coitado. Mais uma vez preciso me esforçar para estar 100% amanhã (já que a pressa aparentemente é mais importante que a minha saúde). Ah, para constar, tivemos hoje nosso primeiro banho de canequinha! Parece que daqui pra frente chuveiros vão virar lenda… — Dani