Conhecendo Bangkok mas não conhecendo

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A Tailândia foi o ponto inicial e final da nossa passagem pelo sudeste asiático. Nosso vôo chegava e saía de Bangkok, dando liberdade pra viajarmos o quanto quiséssemos entre uma coisa e outra. Quando chegamos na cidade não a aproveitamos porque queríamos ir logo para as ilhas para pegar o tempo bom pra mergulhar, e no final acabamos enrolando nossa volta devido às manifestações contra a primeira ministra da Tailândia, que estavam pegando fogo por lá e já haviam matado pelo menos 5 pessoas. Acabamos tendo somente dois dias de verdade na cidade, e eles foram um misto de despedida com zica.

formigueiro da Khao San Road à noite

formigueiro da Khao San Road à noite

Compramos bilhete do ônibus de Siem Reap, no Cambodia, pra Bangkok por 11 dólares por pessoa e a viagem foi longa, 10 horas no total. A passagem pela fronteira foi feita sem problemas, mas foi super cansativo. As filas para saída do Cambodia e entrada na Tailândia ficam à uns 250m uma da outra, mas a distância pareceu multiplicada por 10 com o calor, mochilas e filas intermináveis. Sobrevivemos a isso e ainda tivemos que enfrentar as últimas 4 horas de viagem na primeira fileira de uma van, do lado do motorista. Chegamos na Khao San Road moídos!

Respiramos fundo e encontramos o último resquício de energia que nos restava para ir até o centro de Bangkok para o encontro semanal de couchsurfers da cidade. Não queríamos perder ele pois fazia tempo que não víamos pessoas do CS. Só que foi zica do começo ao fim… foi bem difícil negociar preço de tuk tuk porque a cidade estava parada com os preparativos do aniversário do rei no dia seguinte, ninguém queria nos levar pelos preços normais. No final encontramos um que topou desde que a gente aceitasse visitar a loja de um amigo dele, no meio do caminho, só olhar e sair, pra garantir uma comissão pra ele. Jogada clássica.

Agora imagine a situação: dois mochileiros suados, cansados depois de viajar o dia todo, sem banho, entrando em uma loja de alfaiataria fina e olhando o preço de cintos, que foi a única coisa que achamos ali que seria admissível um casal nessas condições estar comprando em uma loja desse naipe. Sério, situação constrangedora, ficamos os 5 minutos que o motorista pediu e saímos. É ridículo isso mas tem por toda a cidade, os lojistas pagam alguns motoristas de tuk tuk uma comissão para eles levarem as pessoas ali mas não faz o menor sentido. O mais bizarro é que se eles fazem isso é porque tem gente que compra…

A zica continuou quando o tuk tuk nos deixou na estação errada de trem (uma após a cerca) e andamos por 1 hora até descobrir isso, porque a pessoa que passou o endereço do encontro deu nomes de loja como referência, em vez de nomes de rua.

Caio diz... não só isso, mas as referências dela TAMBÉM batiam com as do lugar errado! zica absurda

Chegamos no encontro 1 hora atrasados e com todo mundo enturmado já, mesas todas cheias sem espaço, acabamos ficando deslocados. A única parte legal foi conhecer um canadense filho de uma chinesa e depois de um tempo de conversa descobrir que ele fala português, pois a mãe dele nasceu na China mas foi criada do Brasil! Ficamos um tempinho lá mas acabando indo pra casa cedo, não foi nosso dia de sorte.

Muito viscoso, mas muito gostoso!

Muito viscoso, mas muito gostoso!

No dia seguinte era o aniversário do rei e a cidade inteira estava em clima festivo. Filmes na TV rodavam em torno da imagem dele. As ruas todas decoradas todas de dourado. Todo mundo vestindo alguma peça de roupa amarela, e à noite todos os locais na Khao San Road pararam para cantar para o rei, todos os vendedores com uma vela amarela na mão e no final um show de fogos de artifício impressionante digno de festas de Ano Novo. Foi bem bonito, e nosso jeito de entrar na festa foi finalmente comer insetos pra experimentar! O potinho com três tipos diferentes custa 3.5 dólares, exceto barata d’água e escorpião que são bem mais caros e à parte. Escolhemos grilos, gafanhotos e larvas fritas.

Eu, Caio, sou suspeito pra comentar porque adorei. Tínhamos comido formigas no Cambodia e achei elas deliciosas, dão um sabor de tempero na carne e são crocantezinhas. Os grilos são normais, nada muito legal, meio sem gosto por serem pequenos mas salgadinhos. Gafanhotos são super crocantes, gostei muito, mas evitamos comer a parte final das pernas abaixo das juntas dos “joelhos” porque tem muitos pêlos duros tipo espinhos que espetavam. Agora, as larvas fritas, malandro… são MUITO boas! Bem crocantes, claras, com sabor suave e até lembram aqueles Salgadinhos Torcida, manja? Viscoso, mas gostoso! Recomendadíssimos :-)

É nóis pagando de turista

É nóis pagando de turista

Decidimos, mesmo com pouco tempo, visitar o mercado flutuante de Damnoen Saduak que fica uns 100kms de Bangkok parece, mas pela primeira vez nos arrependemos. Pacote turístico tinha que ter algo ruim no meio, senão não seria pacote turístico. Pagamos 10 dólares por pessoa pela viagem mais 5 dólares por pessoa pelo barco a remo para andar pelo mercado, saindo às 7h da manhã e voltando às 13h. Vieram nos buscar em uma moto e fomos eu, Dani, o Caio e a menina piloto na mesma scooter até o local onde a van estava esperando. Mais de duas pessoas na moto é bem normal por lá, mas não achei que íamos experimentar isso! Depois de 2 horas de van, pegamos o barco a motor pra chegar lá, mas estava muito estranho, tudo vazio. Passamos por um portal que dizia “welcome to the floating market” mas estava tudo fechado. Provavelmente por ser no dia seguinte ao aniversário do rei, o mercado estava acontecendo somente em uma rua. Foi o que chutamos.

Vendedor local

Vendedor local

Trocamos de barco para fazer o passeio e pegamos um barco a remo que iria andar com a gente por lá por 30 minutos. Só que foram 10 minutos andando e outros 20 parados no congestionamento com a borda dos outros barcos batendo nas nossas cabeças ou costelas. A gente não tinha ido ali pra comprar, mas se tivéssemos ido com essa intenção teria sido ainda pior, porque com toda essa muvuca era impossível acessar qualquer barco vendendo coisas.

Vendedores puxam turistas com ganchos lá

Vendedores puxam turistas com ganchos lá

Não acredite se disserem que o mercado flutuante é um passeio local, pois de local não tem nada. Não vimos absolutamente nenhum local comprando nada por lá, apenas vendendo bobagens. Todas as bugigangas e comidas que encontramos lá tinha na Khao San Road por menos da metade do preço, e é bem esse o esquema deles. Nessa muvuca, se você se interessar por alguma coisa não dá tempo nenhum de negociar preço, é pegar e soltar o dinheiro. Só que infelizmente o lugar é cheio de turistas asiáticos (chineses especialmente) que infelizmente não se importam de pagar o preço de for por 30 minutos de glamour estúpido.

No começo do passeio o pessoal do barco tirou uma foto de cada um no barco (ou casal, no nosso caso), e na saída de lá jogaram mais uma super estratégia de vendas: eles imprimem a foto de TODO MUNDO em pratinhos de louça decorados para a pessoa comprar, um por pessoa! Eles ficam observando quem está saindo do mercado e, num passe de mágica, aparecem com o pratinho com a sua foto na mão. Dá até um tilt no cérebro “no, thank… oi? eu?” que dura uns segundos até entender a jogada. Obviamente nós não quisemos, mas nos 10 minutos que ficamos esperando na hora de ir embora vimos umas 3 pessoas comprando, mais pela surpresa de ver uma foto sua do que qualquer outra coisa. Apostamos que duas chinesas caíriam no esquema e pagariam o preço sem nem negociar. Ficamos olhando elas chegarem e foi tiro e queda. Turistas chineses são todos iguais.

Embora caras demais as comidas que vendem lá parecem ótimas

Embora caras demais as comidas que vendem lá parecem ótimas

Fomos embora de lá super arrependidos. Não apenas pelo dinheiro, mas também porque disperdiçamos um tempo que já não tínhamos! O passeio é fotográfico, as fotos que tiramos de lá ficaram ótimas, mas é só isso. E na realidade pras fotos ficarem boas você tem que ser insistente e tentar sempre uma posa diferente até que os turistas sumam da frente da lente, porque é tanta gente no lugar que as fotos quase não ficam boas. Triste. Nada local, preços ruim, congestionamento de barcos, só turistas sem noção… não recomendamos :-(

Olhando assim nem parece que é uma zona de gringos né

Olhando assim nem parece que é uma zona de gringos né

Como nosso tempo foi bem corrido, acabamos não saindo muito da região da Khao San Road, a avenida dos mochileiros de Bangkok. Por um lado lá é muito bom: se tem tudo à mão, comidas são muito boas e relativamente baratas, preços sempre negociáveis e tudo funciona até de madrugada. Por outro lado: é uma rua absurdamente baladeira com músicas altas se misturando o tempo todo a ponto de à noite não ser possível nem conversar na rua, e por isso os hotéis ali são barulhentos (além de caros). Tendo conhecido as ilhas de duas regiões da Tailândia, é impossível não notar a diferença no jeito das pessoas, o pessoal de Bangkok não tem aquela simpatia e receptividade que encontramos nas ilhas, parece que não aguentam mais turistas. São todos os mais curtos e grossos quanto possível, pra não dizer mal educados mesmo. Se tivéssemos passado apenas por ali a impressão do país teria sido totalmente diferente, mas sabemos que os tailandeses de forma geral, fora da capital, são receptivos e simpáticos.

Outra coisa que nos deixou com uma impressão meio ruim da cidade foi a quantidade de mulheres locais “acompanhando” os gringos e pessoas oferecendo drogas pra gente em cada esquina, descaradamente mesmo. No hotel em que estávamos, todos os dias vinha uma tailandesa com cara de viciada que acabou de sair de uma rehabilitação com braços marcados e pele toda manchada, que acompanhava um turista até o quarto e depois descia sozinha, muito foda. Se tem isso ali na Khao San Road é porque tem turista filho da puta que quer. Se você acha isso bonitinho e bacaninha pra aura de “país da fantasia” da Tailândia, você é outro filho da puta, porque é um baita país que não precisa dessas coisas. O mesmo vale, infelizmente, pro Brasil.

Para completar nosso adeus à Ásia acabamos ficando em um hotel bem ruim porque não encontramos lugar em outros que conhecíamos. Era meio sujo até pros padrões asiáticos, com chuveiro gelado (um dos piores da viagem toda, pior que no Nepal) e a internet não funcionando direito com a gente precisando ver várias coisas pra nossa chegada na Nova Zelândia. Não foi fácil manter o bom humor, mas já era fim da Ásia e de passeios bem legais, tava valendo…

Sobre as manifestações que fizeram a gente adiar a nossa chegada, vimos assim que pousamos na Nova Zelândia que dissolveram o parlamento e convocaram eleições assim que saímos do país, mas nao vimos nada nas ruas antes disso. Pode ser que eles esconderam bem e blindaram as áreas com turistas, ou pode ser que foi tudo meio nos bastidores por causa do aniversário do rei, não sabemos. A região dos protestos e brigas com polícia e exercíto não era tão perto da Khao San Road, era mais próxima da área universitária, mas como trocentos prédios do governo já haviam sido tomados pela cidade, talvez pudesse chegar algo ali, mas não chegou. A imagem do rei, o com maior tempo de coroa no mundo, é venerada quase como deus por todo o país. Os manifestantes ainda não estão contentes e pedem pra ele intervir na bagunça com a primeira ministra, mas ele é tão velhinho que quase dá dó.

É uma pena que depois de um longo período viajando pela Ásia a gente tenha terminado o continente com esses dias meio azedos. Não sabemos se foi por falta de sorte, falta de tempo, passeio mal escolhido ou se a cidade simplesmente não agradou a gente. Sabíamos que havia lugares diferentes pra visitar, mas já estávamos cansados de templos, ruínas e parques. Considerando que foram só 2 dias no total de 106 que passamos na Ásia, achamos que fechamos com um saldo bastante positivo :-)

Aniversário especial em Koh Phi Phi

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As ilhas Phi Phi são, sem dúvida, as ilhas mais famosas da Tailândia. Muito por conta do filme A Praia com o Leonardo Di Caprio ainda jovem. Nenhuma das ilhas é grande, na verdade são minúsculas se comparadas com Koh Lanta, e a concentração de pessoas, restaurantes e hotéis fica mesmo em Koh Phi Phi Don, a única ilha habitada do arquipélago. As demais ilhas são visitadas somente durante o dia.

Koh Phi Phi Don, a ilha principal vista do mirante

Koh Phi Phi Don, a ilha principal vista do mirante

A viagem de barco de Koh Lanta a Koh Phi Phi Don demora perto de 2 horas, e não reservamos hospedagem com antecedência. Os preços de hospedagem no Hostel World estavam altíssimos e as notas dos locais terríveis, então resolvemos arriscar e chegar lá no susto, pois desde que chegamos na Tailândia as abordagens dos agentes nos portos, terminais de ônibus, etc têm funcionado muito bem e garantido boas negociações justas. E assim foi!

Pisamos no píer e já veio um agente oferecer um lugar bacana, mas que estava acima da nossa expectativa de preço. Ele então nos levou até o tourism office na entrada da ilha e apontou para uma parede onde estavam colados cartazes com fotos e preços de literalmente mais de uma centena de opções de hospedagem, começando em 600 bahts e indo ao infinito e além. Apontávamos para a que queríamos, o moço ligava e confirmava a disponibilidade, quando encontramos o que queríamos ele ligou para o hotel e 5 minutos depois veio uma pessoa para nos acompanhar até lá e levar nossa bagagem em um carrinho. Simples assim!

Encontramos um quarto por 700 bahts (22 dólares) com café da manhã incluso e desconto de 10% em massagens no spa deles. Um achado se for comparar com o que dizem no Wikitravel e Hostel World, ponto pra nossa insistência! Se tivéssemos passado reto e ido procurar um lugar para ficar por nossa conta talvez até encontrássemos uma oferta um pouco mais baixa, mas considerando que a ilha estava cheia e o calor que estava fazendo tava demais, achamos que 700 bahts estavam super bem pagos, afinal a ida até lá foi um presente pro meu aniversário :-)

Vista de dentro d'água (ultra rasa) pra praia em que ficamos

Vista de dentro d’água (ultra rasa) pra praia em que ficamos

Koh Phi Phi Don é bem mais movimentada que Koh Tao e Koh Lanta. Muita, muita gente nas ruas estreitas, restaurantes de todas as culinárias imagináveis, centenas de agências de turismo, casas de massagem, barraquinhas de presentes, artesanatos, etc. Bem o que a gente imaginou encontrar por lá por ser turística. A ilha não tem transporte motorizado (só os barcos) e é preciso dividir espaço com as bicicletas dos locais que buzinam insistentemente tentando se locomover em meio à galera. A regra é simples: está à pé é turista, está de bike é local.

Os preços de alimentação não são tão exorbitantes, tomada a devida dose de cuidado pra não entrar em um local muito ocidental e cheio de gringos, que é óbvio que vai ser caro. É possível achar restaurantes bons com preços pagáveis, e foi ali que finalmente matamos nossa vontade de comer peixe! Por 5 dólares um peixão bonito que alimentava tranquilamente uma pessoa, coisa que não encontramos em nenhuma das outras ilhas!

Chegamos já no final da tarde e fomos direto conhecer a praia de Loh Dalum Bay. Era final do dia e a maré estava alta, achamos uma praia bonita mas nada de excepcional. No dia seguinte fomos para a mesma praia de manhã e levamos um susto! A paisagem havia mudado completamente, pela manhã a maré fica bem baixa, o mar recua e vira uma piscininha de água cristalina e morna, uma paisagem linda de se ver e uma delícia pra curtir! É bem calminho e dá pra ficar horas boiando lá.

Um barco afundado na praia olhando pra Loh Dalum Bay

Um barco afundado na praia olhando pra Loh Dalum Bay

A praia de Tonsai Bay, onde fica o píer, é bonita e tem uma vista legal das rocas da ilha, mas achamos meio suja pela quantidade de barcos chegando e saindo. Pra nadar não é a mais legal, mas dá pra passar um bom tempinho por ali. Ah, e se quiser ter uma visão bem legal das duas praias e da ilha, vale a pena pagar os 20 bahts e subir nos dois mirantes a caminho de Rantee Beach, a vista é linda! Falar de Koh Phi Phi e não usar a palavra “paraíso” não pode né!

Caio diz... objeção! Paraíso mesmo é Koh Lanta, Koh Phi Phi é o nordeste brasileiro na Tailândia e só

No dia do meu aniversário fizemos uma coisa que não fazemos quase nunca, compramos um passeio turístico para conhecer e fazer snorkeling em Koh Phi Phi Lee, onde fica Maya Bay, a tal praia famosa do filme. Passamos pela Viking Cave, uma caverna enorme em uma das encostas da ilha, e logo depois paramos em Pileh Bay para fazer snorkeling. O cenário sem si já é um paraíso, a cor da água é um azul inexplicável e cristalino, e já da superfície já dá pra ver os corais e alguns peixes coloridos lá em baixo. Quando eu e o Caio afundamos a cabeça pela primeira vez a gente voltou rápido pra fora da água e soltamos uma risada, foi até engraçado! São muitos cardumes, muitos peixes coloridos, alguns que já tínhamos visto em Koh Tao e outros totalmente novos! Corais lindos! Foi muito legal, pena que não tínhamos mais dinheiro para fazer mergulhos de tanque, pois pela concentração de peixes ali as vistas devem ser animais. O Caio até achou um kit de máscara e snorkel preso num dos corais e mergulhou pra pegar, tava novinho, e além de fazer uma boa ação agora temos um kit de snorkeling.

Passando pelas cavernas à caminho de Maya Bay

Passando pelas cavernas à caminho de Maya Bay

Infelizmente essa foi a única parada para snorkeling durante o passeio, achamos que íamos descer novamente em Loh Samah Bay, mas o barco acabou só entrando na baía para visitarmos e tirarmos umas fotos, sem mais snorkeling naquele dia. Depois de Loh Samah Bay chegou a hora de conhecer Maya Bay, e vamos falar a verdade: o lugar é maravilhoso, realmente um paraíso, mas é preciso imaginação pra conseguir visualizar o local vazio e paciência pra conseguir tirar uma boa foto.

:-D

:-D

Poucas pessoas visitam Phi Phi e não vão até lá, o local é bastante famoso e totalmente lotado de turistas! Na minha opinião, Dani, vale totalmente a visita, mas já tem que ir esperando isso pra não se estressar!

Caio diz... já dá pra imaginar que na minha opinião NÃO vale a visita né?
Bronze tailandês

Bronze tailandês

Terminamos nosso passeio passando pela Monkey Beach, que é isolada e habitada apenas por dezenas de macaquinhos. Fomos avisados para tomar cuidado porque eles são agressivos, tem bastante incidência de pessoas procurando atendimento médico devido a mordida deles. Nos disseram que eles mudaram o comportamento e passaram a atacar as pessoas depois da tsunami de 2004, pois ficaram chocados ou coisa assim. Triste! E triste também foi a nossa saída da praia dos macacos, quando o nosso barco ficou enroscado em um dos enormes corais que tem próximo à praia e o capitão, nervoso e sem paciência, ficou indo para frente e pra trás com o barco, batendo no coral, até o barco se soltar… isso aconteceu mais de uma vez durante o nosso passeio, fora as jogadas de âncora nos corais, imagine isso ao longo de anos com as centenas de barcos que fazem o mesmo trajeto diáriamente… foda!

Barcos em Maya Bay (o nosso é o da direita)

Barcos em Maya Bay (o nosso é o da direita)

O passeio custou 400 bahts (12.6 dólares) por pessoa, e durou perto de 4 horas. Para descer em Maya Bay é preciso pagar mais 100 bahts (3.3 dólares), mas se quiser pode esperar no barco pra economizar.

Cor absurda da água (as sombras são corais)

Cor absurda da água (as sombras são corais)

Depois de tudo isso, não podia faltar experimentarmos a famosa massagem tailandesa! Pagamos 150 bahts (menos de 5 dólares) por meia hora e sem happy ending pro Caio, hehe. Eles oferecem todo tipo de massagem por lá, mas escolhemos a técnica local, que é uma mistura de massagem pressionadora e alongamentos, tudo faz crec e crac o tempo inteiro. Nós gostamos tanto que no final estávamos considerando pular uma refeição pra poder fazer de novo, de tão bom que foi! :-P

Nunca estávamos sozinhos, todo mundo quer um pouco do paraíso

Nunca estávamos sozinhos, todo mundo quer um pouco do paraíso

Depois desses três dias maravilhosos, encerramos nossa temporada de praias pela Tailândia! Foram 25 dias que passaram voando, foi difícil dizer tchau mas o resto da Ásia ainda nos espera.

Tchau, Tailândia!

Tchau, Tailândia!

Paraíso de Koh Lanta (e paradinha em Krabi)

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Depois de tirarmos nossa certificação de mergulhadores e passarmos 10 dias descansando na ilha de Koh Tao, era hora de… mais praia! Em vez de seguirmos para a turística ilha de Koh Samui, vizinha de Koh Tao, preferimos diversificar e conhecer outra parte do país, e a escolhida foi a ilha de Koh Lanta.

Praia exatamente em frente onde estávamos em Koh Lanta, dia típico sem nuvens e sol bom!

Praia em frente onde estávamos em Koh Lanta, dia típico sem nuvens e sol bom!

O único probleminha é que para isso precisaríamos cruzar a Tailândia de costa a costa, saindo do Golfo da Tailândia para a região do mar de Adaman, no sudoeste. Fizemos muita pesquisa online e tínhamos já esquematizado na nossa cabeça um caminho lógico e quanto mais ou menos isso custaria. A nossa surpresa foi descobrir que o nosso hotel vendia um bilhete combinado de Koh Tao direto para Koh Lanta pela empresa Songserm (que opera no país todo pelo jeito), por um preço que surpreendentemente batia com nossa expectativa de custo para os trechos isolados. Parecia bom demais pra ser verdade, mas resolvemos arriscar.

Não poderíamos ter feito escolha melhor. O bilhete combinado deles incluía tudo, tudo mesmo! Táxi até o porto de Koh Tao, barco até o porto de Surat Thani (com 3 paradas), ônibus até Krabi, táxi até o hotel para dormir em Krabi, no dia seguinte táxi até o porto de Krabi, van até o porto da balsa pra Koh Lanta, e a mesma van nos deixou na porta da nossa pousada na ilha sul de Koh Lanta. Pagamos 36 dólares por pessoa para um serviço de porta à porta impecável!

Pra fazer toda essa maratona tivemos que passar uma noite em Krabi, e foi um ótimo lugar para um pit stop. A cidade é grande, parece menos turística que Bangkok ou as ilhas, e o centro, onde ficamos, é repleto de lojinhas, restaurantes locais e barraquinhas de comida de rua. Não sabemos explicar o porquê, mas achamos que a cidade lembra muito cidades brasileiras. Bangkok já nos lembrou muito São Paulo, e Krabi lembrou muito algumas cidades litorâneas. Sei lá porque, talvez pelo desenho das ruas, os tipos de construções, o tipo dos camelôs e calçadas, a aparência geral. O “look and feel” é muito de cidade brasileira, mas com asiáticos nela. E um templo branco enorme e bem bonito, mas isso é um detalhe…

O detalhe...

O detalhe…

No centro de Krabi, próximo aos semáfaros decorados com estátuas dos homens das cavernas, acontece todos os dias uma feira de comidas baratíssimas e saborosas. Tem desde pratos prontos de arroz com porco, pad thai, arroz frito, friturinhas como rolinhos primavera, espetinhos de tudo quanto é tipo (o Caio provou um que era uma lula inteira), panquecas, pães, frutas e sucos fresquinhos. Foi lá que eu finalmente pude provar a popular dragon fruit, ou pitaia em português, que depois eu descobri que apesar de popular no sudeste asiático é originária da América Latina e é uma fruta de cacto que tem no Brasil!

Feirinha de Krabi

Feirinha de Krabi

Conhecemos um casal de brasileiros no barco saindo de Koh Tao, e eles nos acompanharam até Krabi e ficaram na mesma pousada que a gente. Eles também estão viajando por aí depois de terem ficado uns meses estudando em Londres e foi muito bacana passar a noite conversando e trocando impressões sobre os lugares comuns por onde passamos. No dia seguinte tivemos que nos despedir, pois nós iríamos pra Koh Lanta e eles para a turística Koh Phi Phi, que até então não estava nos nossos planos. Mais sobre isso adiante!

A chegada em Koh Lanta veio com um alivio muito bom. Estávamos querendo uma ilha não muito movimentada para passar uns dias tranquilos já que a Tailândia é uma grande balada festeira disfarçada de país, mas estávamos com medo que isso implicasse em poucas opções de lugares para ficar ou comer e consequentemente preços mais altos. Que nada! Sem fazer muito esforço, encontramos um lugar com bangalôs de bambu completos alguns metros da areia à 10 dólares! Não tinha luxo, mas tinha uma cama confortável com mosquiteiro, internet grátis, um chuveiro quente e uma varandinha massa com cadeiras pra passarmos o tempo como desejássemos :-)

Vista do bangalô no fim do dia

Vista do bangalô no fim do dia

Caio diz... à propósito, wifi na Tailândia é um absurdo de rápido e funciona bem em qualquer buraco, tá louco, banda larga na beira duma ilha baixando torrents o dia todo

Ficamos em Long Beach (junto de Phra Ae), a maior praia da ilha sul. Uma praia longa com bastante areia branca e um mar azul, calmo e quase sem ondas (que quando aparecem às vezes quebram até pra trás, veja aqui), e foi onde passamos a maioria dos nossos dias. Graças a esse mar calmo o Caio pode me dar umas aulas de natação. Eu sempre gostei do mar, mas tinha pânico de colocar a cabeça embaixo d’água e, com um pouquinho de aulas por dia eu fui acostumando e aprendendo a nadar. No último dia eu, Dani, já tava até plantando bananeira. Que evolução! :-)

Mãe, olha eu!

Mãe, olha eu!

O mar de Long Beach é bom porque é fundo e gostoso de ficar nadando, o único problema são as águas-vivas no final do dia. Deu quatro da tarde é começar a sentir queimadas na pele, mas dá pra aguentar, são minúsculas e o paraíso do lugar compensa. Passeamos pouco pela ilha, pois ela é grande e queríamos fazer apenas trechos em que pudéssemos ir à pé, nosso objetivo era relaxar e não fazer turismo desenfreado.

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Finalzinho da Long Beach

Em um dos dias andamos até a praia Hat Khlong Dao, mais ou menos 1 hora andando, pois parecia ser uma praia legal pra passar o dia, mas não gostamos muito porque a água é super rasinha, não chega nem nos joelhos e é cheia de pedras com milhares de filhotes de caranguejos na beira. Íamos matá-los sem querer até, não pareceu um bom lugar pra ficar. A parte boa foi que no caminho pra ela acabamos encontrando uma feira de comidas locais repleta de frutas, frutos do mar, verduras e comidinhas frescas e baratíssimas! Comemos um milho cozido que entrou pra nossa lista de melhores comidas da viagem! Ficamos empolgadíssimos com essa opção e voltamos lá no dia seguinte (e olha que era longe), só que descobrimos que ela só funciona na segunda-feira, foi sorte de termos ido lá justo no dia, mas só uma vez, pena…

Falando em comida, comparando com Koh Tao estivemos muito bem servidos em Koh Lanta! Os preços são bem mais baixos e, se estiver a fim de andar, dá pra achar boas barganhas. Perto da nossa pousada tinha um restaurante super simples, tocado por mãe e filha, que faziam uma comida bem preparadinha e os pratos custavam 1 dólar e meio, e um copão de batida de fruta natural por outro 1 dólar. Viramos clientes desde o primeiro dia!

Caio diz... puta merda, ah aquele frango sweet & sour, e o suco de maça!
Caminho diário

Caminho diário, tuk-tuk de guarda

Conhecemos também a praia Klong Khong, uma prainha pequena mais isoladinha onde passamos uma tarde bem gostosa, mas decidimos não voltar nos outros dias porque a nossa é de longe a melhor praia. Que sorte :-)

Caio diz... sorte é um restaurante duns suecos inaugurar na nossa chegada e termos um jantar chique de graça, com luz de vela e música ao vivo na areia :-D

Foi um total de 12 dias maravilhosos em Koh Lanta. A gente fica pensando no que fez dessa ilha tão especial pra gente, e por que 12 dias passam tão rápido que nem percebemos. Estando longe de casa por tanto tempo, rotina começa a fazer falta, e levei um susto como percebi o quão rigidamente seguimos a rotina que, sem querer, criamos naquela ilha. Parece louco dizer isso, que rotina faz falta, mas acompanhe comigo… acordávamos todos os dias no mesmo horário (o Caio lá pelas 8 já tava de pé); eu saía parar caminhar enquanto o Caio nerdeava no computador; depois íamos para o mar até perto do meio dia; almoçávamos quase sempre no mesmo lugar da mãe e filha; à tarde tinha a hora de comer uma fruta; depois mais praia com o sol já mais baixo; depois a hora do banho e o jantar; à noite assistíamos um filme e íamos dormir. Querendo ou não isso traz um conforto, o corpo relaxa, é só seguir o fluxo! Tem rotina mais doce que essa? :-)

Caio diz... tudo bem que nossa rotina era basicamente comer muito, ir no mar e se bronzear, comer mais e dormir
Agora a coisa ficou séria: ISSO sim é um pôr-do-sol!

Agora a coisa ficou séria: ISSO sim é um pôr-do-sol!

Quando já estávamos nos preparando para deixar essa vida de praia e seguir viagem, minha mãe me deu um presente de aniversário direto na minha conta bancária pra eu escolher aí sim o presente que quisesse. Não pensei duas vezes e tratei de convencer o Caio a visitar a famosa e badalada Koh Phi Phi. A gente já tinha pensado em dar uma passada por lá para conhecer as praias paradisíacas que a cercam, mas quando começamos a consultar os preços de hospedagem e alimentação por lá acabamos desistindo, não teríamos dinheiro para isso. Mas os planos mudaram de novo!

Ciência na praia: ondas que quebram pra trás

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Atenção hein, esse não é um post normal pra esse blog. Mas eu não pude resistir em anotar essas coisas e como aconteceu durante a volta ao mundo… paciência! Se não gostar, pule pra outros posts que garanto serem mais interessantes :-)

Eu acabei de ler o livro “Surely You’re Joking, Mr. Feynman! Adventures of a Curious Character” — uma espécie de auto-biografia do Richard Feynman, um dos físicos do Projeto Manhattan que criou a bomba atômica (entre outras coisas, um fodalhudo clássico entre nerds e ganhador de um Nobel) — e devo ter ficado empolgado com o tom das histórias dele. Acho que andei prestando atenção em algumas bobagens do dia-a-dia, sem pensar muito, mas fiquei tão curioso que uns dias depois fui pesquisar e encontrei o que escrevi abaixo. De uma observação banal que não ficaria mais que cinco minutos na minha cabeça eu relembrei coisas de anos atrás da época da escola, ou aprendi coisas novas simplesmente pela minha vida toda ter sido um aluno de exatas absolutamente péssimo. Foi divertido até!

Estava lá eu e a Dani no mar em Koh Lanta, Tailândia, boiando felizes da vida pensando em como somos sortudos e de repente meu cérebro apitou. Ei! Mas que porra é essa? As ondas estavam quebrando ao contrário?! Ondas mesmo, não marolas, vindo pra trás, pro mar, quebrando com espuma e tudo!?

Passei boa parte da minha vida morando há uns quarteirões da praia e nunca havia visto ondas quebrando ao contrário. Que tipo de bruxaria nova era essa eu não entendi. Mas pelos risos da Dani vendo eu ficar encantado sorrindo pras ondas deve ter sido uma bruxaria muito boa. Fiquei observando as ondas quebrando ao contrário até elas desaparecerem, uns 10 ou 15 minutos depois. Vi várias, umas quebrando só fazendo um pouco de espuma, outras que quebravam e continuavam a correr pro fundo por vários e longos segundos. Incrível pra mim.

Cara… ONDAS AO CONTRÁRIO! Se isso não dispara um alarme na sua cabeça quando você está na praia eu não sei o que mais pode te assustar. Ainda mais quando isso se dá numa praia que não tem ondas normalmente, tá tudo calmo e de repente a paisagem fica terrivelmente alienígena :-)

https://open.abc.net.au/projects/snapped-action-47dq0na/contributions/hopkins-mouth-meet-ocean-with-backward-breaking-waves-05hf2ze

Essa é MUITO diferente em natureza e tamanho, mas já dá uma idéia…

Se não acredita em mim, dê um pulo nas coordenadas 7.61599 e 99.02911 de latitude e longitude e venha fazer uns experimentos aqui. A praia onde estávamos, como mais tarde fui aprender, era perfeita pra esse fenômeno que, de novo, como alguém que sempre morou em praia eu simplesmente não conseguia entender porque era novidade.

O leito do mar aqui é super plano, sem depressões ou objetos, só areia branca e reta no fundo. O contorno da praia é extremamente reto também. De vez em quando barcos passam em alta velocidade paralelamente à orla, então acho que eles que causaram toda a brincadeira.

Eu sou tão enferrujado (ou inepto) em física que nem lembrava se hidrodinâmica era o equivalente a aerodinâmica na água ou se havia um termo mais… err, correto. Até isso discuti com a Dani antes de pesquisar sobre as ondas que quebram ao contrário. Mas enfim, ao básico!

Como falei, o leito dessa praia é totalmente liso, e aqui venta muito, muito pouco. Além disso, não existe nada no formato da costa que poderia causar ondas, o que faz a área um ótimo exemplo de uma superfície lisa. Todas superfície lisa de líquidos como a água são horizontais a não ser que exista algo pra estragar o equilibrío dela, quase exatamente onde estávamos boiando tomando sol. Aprendi que em um mundo imaginário sem vento ou interferências geográficas, a gravidade faria os oceanos serem perfeitamente lisos, o que é até bastante óbvio, e isso afeta como as ondas que quebram pra trás atravessavam as ondas de sentido normal que eu tava vendo, sem serem destruídas.

A praia das ondas que quebram pra trá

A praia das ondas que quebram pra trás (em um dia sem rampa de areia)

Pesquisando sobre porque isso seria importante, aprendi sobre o John Russel, um engenheiro naval que desenvolveu o conceito de ondas de translação quando observava um barco passando pela orla elevando uma massa de água que do ponto de vista de quem estivesse dentro da água pareceria provavelmente como uma tsunami com o nível da água acima de você, em uma praia normalmente sem ondas. Essas ondas também são conhecidas como ondas solitárias, pelo que descobri.

Achei que isso tivesse a ver com solitões, um tipo de onda solitária ou pulso de água que aprendi que mantém a sua forma enquanto viaja em velocidade constante durante um bom tempo na superfície da água. Hmm mas aparentemente solitões são mais especiais. E o que isso tem a ver com as ondas que quebram ao contrário? Parece que esse tipo de onda aparece somente quando não se tem efeitos dispersivos no meio pelo qual correm (como a água é, nesse caso), gerados por, por exemplo, objetos na água ou desenho geográfico e leito do oceano que não seja liso. Exatamente como tem aqui. Legal! Palavras novas pra algo que vi acontecer!

Procurando sobre dispersão de ondas achei uma nota sobre o que acontece em águas rasas, como no mar onde estávamos. Notei que quando as ondas quebravam ao contrário, por causa do princípio físico de superposição que também aprendi, elas não se destruíam. Um princípio básico de ondas, mas quando várias ondas quebravam no sentido normal e uma quebrava ao contrário, era simplesmente lindo ver como esse princípio ocorria na prática.

No meu caso, as ondas se anulavam só um pouquinho. E isso era por causa da amplitude da onda quebrando ao contrário estar diminuindo. Ela quebrava ao contrário sempre na frente de umas duas ou três marolas vindo ao contrário após ela, e embora a frequência delas não parecesse diminuir, a amplitude era visivelmente menor após colidir com as ondas no sentido normal. Tanto que era nessa hora que a onda parava de quebrar e virava só uma marola com espuma. Isso batia com o conceito de meio dispersivo. A água é um meio dispersivo, então fazia sentido a onda que quebra ao contrário mudar seu formato (amplitude, no caso). Legal de novo!

http://www.acs.psu.edu/drussell/demos/superposition/superposition.html

Exemplo de duas ondas, uma ao contrário, se colidindo em meio não dispersivo

Mas então… afinal, como diabos essas ondas quebravam ao contrário, pra trás e não pra frente da praia, e por quê? Bom, aí que a coisa complica porque até agora não precisei pensar em cálculo algum. Porém achei um artigo bastante interessante sobre isso que demonstra precisamente como e quando as ondas quebram ao contrário. Me esforcei pra entender ele.

Já falei sobre como é o mar e o leito do oceano onde estamos, mas não falei da praia em si. A faixa de areia é notadamente mais alta que o “normal” pra mim. Se você ficar na divisa da água com a areia e olhar pra areia, percebe o quão inclinada ela está (ou é, pode ser algo de temporada). A rampa de areia que a onda precisa subir quando quebra na beira é bastante inclinada portanto, e bastante lisa porque a areia é nem muito fina nem muito grossa, mantendo bem a lisura sem se desgastar demais. Se alguém fica na beira da água e outra pessoa no topo da rampa, parece que a pessoa no alto está na altura do pescoço da outra, e isso em coisa de cinco metros entre elas.

Quando o tal pseudo-solitão, a tal onda solitária, vinha vindo, ela vinha na mesma velocidade por todo o mar desde a linha dos barcos que passavam no fundo. Por algum motivo na divisa da água com a areia existia uma depressão, um buraco que afundava até a altura da coxa. Como não entendo lhufas de sedimentos e depressões, dei um grande foda-se pra esse problema e segui em frente. Por isso, a onda vinha como uma massa única sem quebrar até o último instante quase pra encostar na rampa. E ela não quebrava nem antes nem no contato com a rampa, ela quebrava com muita força imediatamente quando encontrava o buraco. Afinal, é assim que ondas quebram.

Assim, a onda subia a rampa sempre com o máximo de energia que tinha na hora que quebrou e, na volta da água pro mar, graças a inclinação anormal dessa rampa (maior que um valor limite incompreensível pra mim no tal artigo), ela devia ter energia suficiente pra quebrar pra trás por causa da dispersão que ocorreu. No caso da onda antes dela quebrar na praia, a altura dela (variável H nas fórmulas mágicas pra ondas do mar, não pra ondas comuns) precisa estar num intervalo 2.0 e 3.0 pra ela quebrar pra trás. Se tá abaixo disso, ela é só uma onda solitária que quebrará abaixo da superfície se houver um objeto afundado. Se for igual ao limite do intervalo, ela até quebra pra trás, mas também pra frente quase ao mesmo tempo, lembrando do princípio de superposição que descobri. Se for maior que o intervalo, qualquer coisa acima de 0.30, a onda quebra somente pra frente. De umas 8 configurações que a onda pode ter pra quebrar na praia, pra trás é só uma delas em um intervalo específico de altura da onda. Algo assim, ainda não tenho certeza. O tal artigo menciona como tudo isso funciona e explica em detalhes que alguém versado em física e cálculo deve conseguir entender. Como não é meu caso, fiquei com a melhor aproximação que pude inventar traduzindo pra língua normal.

Se quiser saber melhor os detalhes recomendo ler o artigo “Characteristics of Solitary Wave Breaking Induced by Breakwaters” que explica a pornografia das ondas. Especialmente a seção “Free Surface Evolution and Breaking Types” e as menções a “backward” e “BB” nele. Esses artigos parecem sempre lidar com a dinâmica das ondas batendo em objetos na beira da praia, como quebra-mares, possivelmente porque as pessoas estão mais interessadas em se proteger de tsunamis e coisas parecidas do que simplesmente perder tempo entendendo como diabos fenômenos ondulatórios funcionam.

O mais curioso mesmo foi pesquisar online e não ter visto descrição de ondas quebrando pra trás a não ser na beira da água e todas bem pequenas. As que eu vi eram DENTRO do mar já, após o quebra mar, e tinham pelo menos três palmos de altura acima da superfície! Não achei vídeo ou foto que fosse minimamente semelhante na internet…

E essa foi a história de quando vi uma onda quebrar pra trás pela primeira vez! Aparentemente não é algo comum, mas não sei quão raro é, só sei que é bem difícil de se observar. Acho que dei sorte de ter todas as variáveis num só lugar e momento! Quanta coisa legal se pode aprender fazendo observações tão bobas, fico imaginando a empolgação e sentimento de realização das primeiras pessoas que notaram esses fenômenos e conseguiram criar explicações realmente científicas com fórmulas etc pra isso tudo. E eu aqui, pesquisando isso tudo na beira de uma praia paradisíaca!

Viramos mergulhadores em Koh Tao!

2 comentários

Chegamos em Bangkok pra mais uma vez sair rápido, só pra dormir uma noite em Khao San Road mesmo, a rua turística onde mochileiros ficam no oeste da cidade. Na pousada mesmo já compramos um pacote de ônibus e barco pra irmos pras praias no sul, mais espeficiamente pra Koh Tao, onde faríamos nosso curso pra certificação PADI de mergulho. Deu uns 800 bhat por pessoa, cerca de 26 dólares. Até queríamos experimentar o trem que dizem ser bom, e relativamente barato, mas não tinha mais porque era fim de semana.

Nosso plano era passar um bom tempo aqui... e passamos!

Parece pintura ou de mentira, horizonte em frente a um dos bangalôs que ficamos

É muito fácil encontrar esses pacotes, em todos os lugares, pra tudo que é canto. É virtualmente impossível não se locomover na Tailândia, e vale pena, não se economiza muito fazendo por conta própria e se estressa bem mais pela zona que é pra entender e negociar coisas onde não se fala inglês. Recomendamos, vai na fé que pra não ser tratado como turistão é bem difícil aqui mesmo.

Uma pessoa passou na pousada para nos levar até o ônibus com ar condicionado, cobertor e até filme (Star Trek!). Saímos 20h de Bangkok e chegamos umas 3h da manhã em Chumphon. Pegamos um pau de arara com outras pessoas até o porto, onde depois de umas 2 horas de espera pegamos um barco bastante decente que após 3h de viagem chegou em Koh Tao.

Pesquisamos cursos de mergulho antecipadamente, mas não reservamos nada pois pretendíamos fazer nosso curso na Scuba Junction após vermos recomendações online. Acontece que tinha um agente do Davy Jones Locker que nos abordou logo no barco e ficamos de dar uma olhada lá caso Scuba Junction não agradasse, vai vendo.

Scuba Junction tinha um instrutor brasileiro até, e a escola parecia boa mas não pareciam querer nosso dinheiro, muita má vontade pra atender e cortavam a gente sempre que tentávamos negociar desconto ou algum pacote. Extremamente irritante quem depende de dinheiro alheio e fica de cú doce. A hospedagem era um lixo pelo que pediam, e como sabíamos o naipe das hospedagens na região nem pensamos duas vezes em negar. E ainda tinha que pagar o quarto e o material do curso, algo incomum na ilha nessa época do ano.

Fomos enfim pro DJL meio decepcionados por esse mal atendimento mas ao menos lá eles não cobravam material, a hospedagem seria de graça durante 5 dias (o curso dura só 3, 2 seriam na faixa), dariam uma refeição por dia de graça, o bangalô tinha varanda com rede, ventilador de teto, geladeira, TV a cabo e água quente à uns passos da praia… e ah, o curso deles tinha 4 mergulhos e mais outros 2 além, pra quando quiséssemos! Tudo isso por 300 dólares por pessoa, com mergulhos extras após o curso por 25 dólares. Porra, sério, não tinha como recusar. Isso é pelo menos… o quê? Umas 3 ou 4 vezes menos que no Brasil? Algo assim? Escolhemos eles ainda com um certo receio por essas escolas de mergulho onde você é um número, já que a atmosfera do lugar parece ser assim em alta temporada.

Revisando plano de mergulho com as instrutoras e vendo fotos dos peixes da região

Revisando plano de mergulho com as instrutoras

Não nos arrependemos em nada, logo de cara vimos que as instrutoras eram super atenciosas, uma por pessoa. Uma instrutora e uma aprendiz de instrutora, ambas australianas. A que tava em treinamento, a Heather, apavorava. Gente finíssima e manjona de mergulho, melhor até que a Lizzy, a instrutora oficial. A Dani estava com medo de não conseguir mergulhar por não saber como controlar a respiração, mas elas foram bem pacientes desde as aulinhas na piscina.

Descendo, descendo...

Descendo, descendo…

Foram 3 dias de curso efetivamente com 2 mergulhos por dia. Em 2 dias o tempo tava meio nublado, sendo que em um deles pegamos uma baita tempestade assim que fomos pro fundo. Divertido pela aventura! Conhecemos em Koh Tao os pontos Twins (que visitamos duas vezes), White Rock, Buoyancy World, Chumphon e Japanese Gardens. Foi animal, curtimos muito! A visibilidade tava bem boa pra uma época de tantas monsões até.

Oie!

Oie!

Primeiro mergulho foi só passeio pra nos acostumarmos, nenhuma atividade debaixo d’água pro curso. No segundo aí sim fizemos várias coisas, e meu ouvido entupiu e não pude demonstrar CESA pra instrutora (a tal subida livre de emergência). Dani conseguiu e deixei a minha vez pra outro mergulho. Nos dois mergulhos seguintes fizemos exercícios de flutuação, máscara, orientação com bússola, salvamento etc, a coisa toda da PADI. Teve até uma instrutora perdendo o tanque de oxigênio que se soltou, foi legal pra treinar o “pânico” até. Acho que foi porque tinha corrente e tava mal preso, quando subimos pra superfície entendemos o motivo da visibilidade ter diminuído rápido e a correnteza estar forte. De ensolarado o dia virou uma puta tempestade, com ondas enormes, deu trabalho pra sair da água. Eu quase vomitei enjoando no banheiro pelo balanço tenso do barco… enfim.

Foto demais ver isso ao vivo, não tem foto que bata...

Foda demais ver isso ao vivo, não tem foto que bata…

Os mergulhos duravam em média 45 minutos lá embaixo, 1h em média fora do barco. A profundidade máxima que chegamos numa hora com as instrutoras foi 22m, mas ficamos em várias horas em 18m, 12m, 8m e até 6m (que incrivelmente foram os momentos mais legais, mais vida marinha perto da superfície).

OK!

OK!

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Em um dos mergulhos estávamos sentados no fundo do mar fazendo exercícios enquanto uns peixes que reviram o fundo pra procurar comida vinham e deitavam na nossa frente, deu até pra fazer “carinho” neles de tão seguros eles são de si, e de quebra comiam o que revirávamos no fundo. Os mergulhos extras que nos deram no DJL foram com um dive master gente boa que nos levous pelos melhores pontos debaixo d’água. Como a visibilidade tava ótima, acho que foram nossos melhores mergulhos e pude até ir sem traje de mergulho pois a água tava bem quente. Pena não ter grana pra fotógrafa nesse dia, que tava bem melhor que esse aí das fotos do post! Com o dive master fomos procurar uma raias que ele sabia onde “moravam” mas não encontramos elas. No caminho passamos por 3 cavernas, umas delas bem apertada, eu e a Dani batemos os tanques no topo tentando nos equilibrar horizontalmente, foi super foda de animalesco e divertido :-)

Peixes que vimos? Trocentos! Peixes papagaio em várias cores, garoupas não muito grandes e acinzentadas, peixes borboleta e zanclus (igual o Gill do filme Procurando Nemo), barracudas, peixes palhaço entre anêmonas vermelhas e rosas e laranjas, scads de rabo e faixa amarela, uma moréia de olho branco linda, uns peixes cofres e bodiões fêmeas (amarelo quase incandescente), vimos um peixe porco médio sem muita cor e um outro enorme incrivelmente colorido e fugimos deles, águas vivas tão pequenas que eram praticamente invisíveis mas que sentíamos na pele, peixes anjos, uns peixes marfim azuis quase transparentes e uns peixinhos minúsculos em azul quase neon brilhando, sempre em grupos como se fossem vagalumes na água!

Uma das moréias de olho branco que tinham nos mergulhos

Uma das moréias de olho branco que tinham nos mergulhos

Os outros, que eram muitos, é praticamente impossível lembrar. Muitos são pequenos e fogem rápido, ou são parecidos uns com os outros e não reconheci eles em fotos pra aprender os nomes. Infelizmente nada do tubarão baleia, que apareceu só um dia antes de começarmos os mergulhos, e as tartarugas acho que não vem pra cá há anos. Como o tempo fechou enquanto estávamos em Koh Tao, acho que demos azar.

Fuck yeah!

Fuck yeah!

Corais de tudo quanto é tipo e tamanho, cara… alucinante. Os mais bonitos eram cheios de anêmonas e plantas que se retraíam se chegávamos muito perto, lotados de algumas lesminhas e pepinos do mar brancos e pretos entre 30 e 60 centímetros! Alguns tomados de ouriços, geralmente pretos e com longos espinhos, dava medo nadar tão próximo deles, principalmente quando entramos em umas passagens subterrâneas! Algumas esponjas do mar tinham o tamanho de um adulto sentado, dava pra nadar por cima delas e ver o fundo delas cheio de coisas que acumularam, e por fora abarrotadas de lesminhas brancas :-)

Tinham corais mais coloridos e maiores, juro :-)

Tinham corais mais coloridos e maiores, juro :-)

Cardumes vimos só nos últimos mergulhos, principalmente em Japanese Gardens. Passamos em frente a um de barracudas, simplesmente enorme, e outros peixes em cardume nos rodearam até ficarmos no meio do cardume! A fotógrafa tava perseguindo eles e acho que o movimento do grupo fez isso naturalmente, foi muito legal.

Agora sim, mergulhadores PADI!

Agora sim, mergulhadores PADI!

Não nos arrependemos da escolha com o DJL: uma instrutora por pessoa, hospedagem imbatível, bons mergulhos e tudo excelente. Foi impecável. Dado o mal atendimento na Scuba Junction, me pergunto se vale a pena ser mal tratador num lugar só pela reputação de serem profissionais etc. Do que adianta serem bons mas serem uns babacas? Não entendo como falam tão bem da Scuba Junction nas interwebs.

Nossa quase primeira semana em Koh Tao, por causa dos mergulhos, foi só em Sairee Beach, a parte pop da ilha. Decepcionou um pouco por preços inflados pros gringos encherem a cara nos bares, mas a praia é bonitinha e tranquila até. Só que queríamos ficar um pouco mais isolados do mundo, então fomos pra Chalok Bay pra conhecer outra praia na ilha e ficamos uma semana lá.

Bangalôs da pousada em Chalok Bay, praia no fim do corredor, obrigado, volte sempre :-)

Bangalô em Chalok Bay, praia no fim do corredor, obrigado, volte sempre :-)

As pessoas pareciam meio antipáticas no começo mas depois ficou tudo bem quando viram que estávamos lá pra um bom tempo. Deu pra descansar até demais! Fizemos um passeio em Freedom Beach e fomos pelas pedras até a Shark Bay do outro lado das colinas. Chalok Bay vale muito mais a pena, pena que as opções de curso de mergulho lá são fracas, embora o custo geral e clima seja bem mais “Tailândia” digamos.

Chalok Bay vista do altinho indo pra Freedom Beach

Chalok Bay vista do altinho indo pra Freedom Beach

Um quarto perto da praia custa metade do que em Sairee Beach, por exemplo… nos entupimos comendo frutas, tomando sucos naturais, lanchinhos e comida local bem feita. Nossa rotina era praticamente praia sem ondas e engordar :-D

Chegando na Shark Bay

Chegando na Shark Bay

Koh Tao foi tão boa pra gente que extendemos a estadia e nem fomos pra Koh Samui como era o planejado no final das contas. O tempo lá não era muito diferente do de Koh Tao e por ser bem mais turístico, passamos. Em Chalok Bay tava ótimo e não queríamos sair do bem bom, até internet de alta velocidade tínhamos. Tailândia está nos mimando demais, demais mesmo. Quer dizer, tava tudo bem até decidirmos ir pra Koh Lanta, que é onde estamos agora e parece que fomos pro céu porque tá conseguindo ser AINDA MELHOR, mas disso falamos depois!