“Queria saber o que estão pensando agora”

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Resposta simples: dá uma olhada e ouça as músicas que botamos numa espécie de rádio da nossa viagem, talvez ajude a entender o que estávamos, estamos, e o que estaremos sentindo muito em breve. Cada música tem um motivo pra estar ali, na lateral do site, são todas nossas favoritas por algum motivo bem especial.

Thunder Road, Bruce Springsteen
Dog Days Are Over, Florence and The Machine
Roll Away Your Stone, Mumford & Sons
Absolute Beginners, David Bowie
Dancing in the Street, Bowie David
Sea Of Love, Cat Power
Tree Hugger, Antsy Pants
Upside Down from Here, Atom and His Package
Falling in Love, NOFX
Champs Elysees, NOFX
Don’t Worry Be Happy, Bobby McFerrin
Sunday Morning Coming Down, Me First and the Gimme Gimmes
You’re Wrong, NOFX
No Ceiling, Eddie Vedder
Rise, Eddie Vedder
Society, Eddie Vedder
Guaranteed, Eddie Vedder
O Vento, Los Hermanos
La Mer, Charles Trenet
Freedom, Yothu Yindi
Adagio, Albinoni
Autobahn, Kraftwerk
Around The World, Daft Punk
Rebels of the Sacred Heart, Flogging Molly
The Son Never Shines, Flogging Molly
If I Ever Leave This World Alive, Flogging Molly
Expressway to Your Heart, Blues Brothers
No Particular Place to Go, Chuck Berry
Walk Like An Egyptian, Bangles
Leaving on a Jet Plane, Frank Sinatra
I’m Gonna Be (500 Miles), The Proclaimers
Living La Vida Loca, The Toy Dolls
Hakuna Matata, Lion King
Make Your Own Kind of Music, The Mamas & the Papas
Shine, Laura Izibor
Vienna, Billy Joel
Homeward Bound, Simon & Garfunkel
Forever Young, Bob Dylan
Crazy, Me First and the Gimme Gimmes
Much Too Young (to Feel This Damn Old), Me First and the Gimme Gimmes
The Cave, Mumford & Sons
Highway 101, Social Distortion
Stars, Les Miserables
Live Before You Die, Social Distortion
One More Hill, Greg Graffin
Hay un amigo en mi, Gipsy Kings
Everybody’s Changing, Keane
Sin ella, Gipsy Kings
Luzeiro, Almir Sater
Flowers Are Pretty, The Vandals
Alright, Super Grass
The Final Countdown, The Toy Dolls
So Long, Farewell, The Vandals
A Walk, Bad Religion
Better Things, Marky Ramone
Blind, Face to Face
Because You’re Young, Cock Sparrer
We’re Coming Back, Cock Sparrer
I’m On My Way, The Proclaimers
Cool Kids, Screeching Weasel
O pastor, Madredeus
Bicho De 7 Cabeças, André Abujamra
Ouro De Tolo, Raul Seixas
Wake Up, Arcade Fire
As ilhas dos Açores, Madredeus
Always Look On The Bright Side Of Life, Monty Python
Viva la Vida, Coldplay
O Trenzinho Caipira, Kraunus Sang & Maestro Pletzkaya
Velha e Louca, Mallu Magalhaes
Shake It Out, Florence and the Machine
O Conforto dos teus Braços, Rita Ribeiro
Eat the Meek, NOFX
On the Road Again, Willie Nelson
Perhaps Love, John Denver
The Galaxy Song, Monty Python
Trans Europe Express, Kraftwerk
Rubber Biscuit, Blues Brothers
Festival, Sigur Rós
Bring Him Home, Les Misérables
After You’re Gone, The Proclaimers

Um nerd no mundo: infraestrutura da viagem

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Antes de começar a ler esse post (terrivelmente longo!), saiba que muito do que vou falar pode parecer outra língua ou bizarrices que nunca ouviu falar. Sabe como é. Afinal, se você clicou pra ler o post é porque se interessa minimamente pela parte técnica de uma viagem RTW: como diabos farão com eletrônicos, dados, mídias etc em todo canto do mundo?

Senta aí e leia o retorno do investimento da Dani em casar com um nerd.

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Setup RTW

Abaixo segue anotações do que eu fazia questão de fazer pra viagem, e o que acabei utilizando, como, onde e tal. Claro, algumas coisas eram dispensáveis, outras poderiam ser mais simples, mas…

Notebook: vamos usar o netbook HP Mini da Dani, ele é velhinho (2 anos) mas quebrará um galho porque não é grande como um notebook, tem 10 polegadas e pesa só 1.5 kilos. Não é muito poderoso, mas desde que a bateria ou recarregador não peça água durante a viagem estaremos bem.

Linux: matei o Windows que tinha na máquina e botei um Debian versão Wheezy (explicitamente configurada, porque acho que sairá oficialmente durante a viagem e posso querer alguma atualização de segurança quando tiver banda disponível). Testei o Gnome, Cinnamon e o Mate como desktops. XFCE eu já dava ok prévio então ficou como fallback deles. Gnome infelizmente fica inviável, a Dani não ia se acostumar e tem firulas demais (i.e. fica lento). O mesmo serve pro Cinnamon, que é mais enxuto mas ainda tem firulas e efeitos que não precisamos. Sobrou o Mate, que é um Gnome mais antigo mas mantido direito. Tem cara de Windows pra Dani e é estável. Plin plin! Salvei o get-selections do dpkg pro caso de algum desastre.

Backups: minha maior preocupação desde o primeiro dia de planejamento. Sou paranóico desde que perdi arquivos anos atrás com um disco que morreu. Parte da minha paranóia eu resolvi me desapegando mesmo, a outra parte resolvi com múltiplas cópias de coisas importantes. Entre todas as idéias que tive acabei ficando com usar o Unison, um programa bem legal, com linha de comando e interface, pra sincronizar arquivos entre pontas (remotas ou não). Basicamente usa rsync por baixo, e é bem espertinho, a criação de profiles é bastante simples e a documentação decente. Por baixo usarei EXT4 com sync e outros ajustes de tune2fs e montagem. Uma regra de udev detecta se algum disco foi plugado e abre o Unison pro sync manual (pra evitar merdas), além de um cronjob me lembrando pra rodar ele de tempos em tempos. Um outro comando, manual, dá um start com nohup em um upload pro Glacier da Amazon, sempre que eu sentir necessário.

Hosting: nenhuma novidade aqui, continuo com o Dreamhost desde 2004, acho, ou 2005. Disco e banda ilimitados, sem muitas perguntas e com histórico de suporte bom. É onde o site e tudo o que eu tenho está hospedado e onde botarei uma das cópias dos backups.

Storage: fazendo uma conta de padaria rápida, cheguei ao número de mil fotos por mês na viagem. Parece muito ou pouco? Acho muito até. Minha teoria é que em viagens curtas você abusa mais, bate mais fotos, leva mais roupas. Aproveita de forma mais intensa. Na RTW é o contrário, não queremos tirar foto de qualquer merda, vamos aproveitar, sem ficar carregando tralhas em qualquer caminhada. Mesmo assim, pensei em usar um storage em nuvem, Amazon Glacier, pra ser mais uma cópia do que estiver no Dreamhost: backup do backup. Por enquanto estou investigando os preços e fazendo testes. O que é certo é que usarei o Unison pra sincronizar o netbook com um WD My Passport de 1 tera (mais proteção rugged, o WD Nomad) e esporadicamente com o Dreamhost um pendrive de 64GB bem pequeno que comprei já na viagem e sempre tá dentro do meu passaporte.

Eu ficaria puto se perdesse imagens da viagem. Mas eventualmente isso vai acontecer.

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Plugins: tentei ao máximo não carregar o WordPress do site com muitos plugins, mas ficou difícil usar menos que esses. AddThis Social Bookmarking Widget: poderia usar os códigos e botar manualmente, mas acho que não faria muita diferença, é pros botões de compartilhamento dos posts basicamente. Advanced Browser Check: pra dar um aviso pros que tão com IE não reclamarem de estar tudo feio no site. Disable WordPress [Core|Plugin|Theme] Updates: que habilito somente quando sai atualizações de segurança, pra evitar algo quebrar no site enquanto estamos sem internet e longe. Disqus Comment System: pra não me preocupar com spammers ou moderação nem login das pessoas, podem comentar a vontade por redes sociais que tá beleza. Header Slideshow: que pretendo integrar com código meu depois direto no tema do site, pra ter os slides de imagens no topo das páginas, atrás do título do site. Leaflet Maps Marker: pra gerenciar os mapas da viagem e criar camadas de sobreposição deles aqui. Online Backup for WordPress: o mais simples e funcional que achei, tem limitações (envio de backups por e-mail é tudo ou nada, blé) mas parece ok, espero não precisar usar. Q and A: pra manutenção do FAQ do site, o mais simples que achei. Shortcodes Pro: só pra poder ter aquelas caixinhas com nossos ícones no meio do texto um do outro, como comentários. Twitter Widget Pro: pra listar nossos posts no Twitter ali na lateral. WP Quadratum: pra ter um mapinha com os últimos checkins da Dani no Foursquare. Youtube Feeder: pra embutir os vídeos que acabarmos fazendo na viagem ali na lateral. Widgetize Pages Light: pra poder usar os widgets do Twitter, YoutTube e Foursquare dentro de páginas e posts, não só na lateral do site.

Temas: queríamos um tema que parecesse algo de bloco de anotações, guia de viagem, diário sei lá, algo assim. O melhorzinho foi o Notepad do Nick La, que até que é pequeno, sem muita coisa afrescalhada e fácil de editar. Em algumas páginas eu botei manualmente códigos pra redes sociais ou pra carregar a rádio do Grooveshark.

Controle de versão: todos nossos arquivos importantes ficarão em múltiplos backups, mas a estrutura do site, documentos nossos, nossas planilhas de controle de custos e planejamentos, bem como scripts que acabei fazendo pra X coisas, fica em um repositório Subversion também no Dreamhost, tudo versionado. Inclusive acabei até versionando os documentos do Pages com nossas propostas de patrocínio que fizemos. Sem isso acho que seria meio tenso e bagunçado organizar tudo, principalmente o site com tanta modificação que fiz manual em estilos e imagens. Isso junto com o get-selections do dpkg permitiria recuperar tudo caso precisássemos de um netbook novo no meio da viagem porque o nosso morreu.

Apps de celular: o fantástico Theodolite, um app qualquer de lanterna e outro de conversão de unidades, um app pra Twitter, Facebook e Google Plus, Skype e o app do WordPress pra emergências. Tô levando o 1SE que parece bem legal pra aproveitar na viagem, app do CouchSurfing e Hostel World, além do My World Weather (que falaremos melhor em outro post sobre previsão do tempo na viagem). Embora não pretendemos ficar online muito tempo, vou usar o Wi-Fi Finder da JiWire que tem banco de dados offline e o Free Zone pra, cof cof, bem emergências. Star Alliance Navigator e Star Alliance FareFinder por ser o consórcio que usaremos pra procurar passagens e ter milhagem. Também o AutoStitch, e claro, os básicos do Google pra sobreviver por aí, menos o Google Maps que além de ser online hoje em dia é super lento. No lugar tenho usado e gostado muito do Galileo que usa o OpenStreetMap por baixo.

Truques gerais: aliases de shell pra fazer sync com iPhone e Android de forma simples, aliases de shell pra atualizações do site, sistema e afins, chaves SSH, aplicativo pra editar vídeo, áudio e imagens, alertas pra backups de tempos em tempos etc. Parafernalia mesmo.

Firulas

Aqui vão algumas coisas que pesquisei e queria ter preparado a tempo, mas que não deu ou ainda estou investigando se vale a pena e como fazer direito num contexto com redes ruins em lugares com pouca infraestrutura ou simplesmente falta de saco :-)

Animoto: a idéia do Animoto ainda tô vendo se vale a pena, ele é um serviço de criação de vídeos online a partir de fotografias ou clipes curtos de vídeo que você já tenha em algum serviço a parte ou no computador. Pareceu uma forma bastante prática de criar vídeos no YouTube a partir de um punhado de fotos. Famílias e amigos iriam gostar e teríamos trabalho quase zero. Mas custa né… e acabamos desistindo e nem usando.

GPS (tracking): tentei comprar fora do país o Spot Satellite GPS Messenger, um tipo de tracker. A idéia inicial era eu ter feito um mini-app web que checaria um lock no servidor semanalmente, se eu não pingasse esse mini-app no tempo ele removeria o lock e dispararia um envio de e-mail, SMS e mensagens pra pessoas determinadas com nossa última localização etc etc etc. Comecei a fazer e fiquei com preguiça quando vi o Spot, que é um GPS pequeno, com alta duração de bateria (o que dura mais que eu vi na pesquisa toda), super simples, com integração com Google Maps num portal dele e com o mesmo suporte a “modo de emergência” que eu havia pensado. Pô, legal né? Seria muito, se tivesse conseguido comprar… no fim das contas fiquei sem as duas soluções, e que se dane se tivermos um acidente né… podem chorar a vontade porque fui pouco paranóico :-)

Segurança: dei uma pesquisada pra ver se não valeria a pena ter uma VPN sempre disponível no netbook, pra dar um senso maior de “liberdade” e poder sempre sair pra Internet como de um país só, não tendo problemas de coisas não abrindo ou funcionando. Inicialmente iríamos pra China, por isso a idéia, mas no fim não ia ser tão necessário e abortei, deixando somente um Tor com Privoxy no netbook pra quando fosse fazer algo além de simples navegação pra matar o tempo (já que via Tor tudo fica mais lento e nem sempre terei banda disponível).

Ufa! É isso. Meio exagero mas é isso. Acredito cegamente que metade disso é paranóia nerd, mas não pude evitar. Não pretendo transformar minha viagem na viagem dos outros, não tirarei tantas fotos ou ficarei no celular assim, mas quis pelo menos poder fazer isso, caso desejasse.

Coisas que ficam para trás…

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arvore

Muita coisas ficam para trás em uma viagem RTW, afinal não tem como dar uma volta no planeta todo sem simplesmente esquecer da sua vida anterior. A lista de coisas pode ser material, emocional, grande, longa, enfim. Varia de pessoa pra pessoa, naturalmente.

Para mim, Caio, tentei deixar para trás o mínimo de segurança para quando voltássemos; sim, embora muitos duvidem, nós voltaremos, eventualmente. Procurações para tomarem conta de nosso apartamento, nos ajudarem com bancos e até com burocracia das faculdades já que saímos do Brasil pouco tempo antes de recebermos nossos diplomas. Até nossas plantas, que simplesmente adoramos, vão ficar bem cuidadas por alguém. Nossas contas de condomínio etc, idem. Nossos móveis que compramos pensando a longo prazo vão ficar. Nossos livros vão ser abandonados. Nossas roupas, doadas. Tudo fica para trás, menos o que cabe em uma mochila.

Sair do trabalho foi mais complicado que eu esperava, me senti mal em deixar pra trás um pessoal tão bom e um ambiente tão legal e estimulante (após algum tempo me fodendo por aí). Eu jurava que não sentiria falta do trabalho, mas me enganei, gostaria de um dia até voltar pra lá. Coleguinhas, vocês sabem quem vocês são :-)

As nossas coisas materiais mesmo não foram problema. Fizemos bazares, doamos muitos itens pros porteiros daqui do prédio etc, foi fácil. Nossos pais toparam dividir as caixas de coisas pra guardar inclusive, facilitou um monte as nossas novas vidas, e que bom que eles tinham espaço pra acumular tanta caixa de papelão. No início pensamos em alugar um contâiner para deixar tudo lá, mas não sentimos segurança nas empresas que fazem isso aqui. Infelizmente a cultura do “self storage” americana não colou ainda no Brasil. No fim das contas, pais são sempre mais confiáveis.

Pelo lado emocional, e até psicológico, ficam nós mesmos. Uma RTW não é algo ao qual sua personalidade sobrevive, sinto muito. Sabemos que o Caio e a Dani que irão voltar não são os mesmos que saíram. A enorme quantidade de despedidas que tivemos foi maior do que as de conhecidos que foram morar fora do país até, mas faz sentido, eles continuarão os mesmos, nós não. De certa forma aproveitamos pra nos despedirmos da gente mesmo, até cansar.

Na realidade, tudo pode dar tão errado que precisaremos voltar dentro de alguns poucos meses, sei lá, e aí sim voltamos nós mesmos, mas absolutamente frustrados. É uma possibilidade real… mas à princípio seremos completamente diferentes em questão de valores depois de quase um ano mochilando. Meu medo não é voltar diferente desse jeito, meu medo é voltar antes da hora, só isso.

Minha natureza mais ou menos estóica facilitou um bocado pra mim, acho. Não sei pra Dani. Ter na sua cabeça a certeza que tudo um dia perderá seu valor, tudo um dia vira pó e que é mais uma questão de como você aproveita as coisas e não como se recorda delas, às vezes triste em um quarto. Isso ajuda bastante dentro de você. Dito isso, se parar para pensar bem, praticamente nada fica para trás, afinal esse medo todo está só na sua cabeça. O mundo não se importa.

O que fica enfim são as nossas famílias, fantásticas, e amigos, que nos apoiaram em tudo, absolutamente. Todos esses nós vemos em breve :-)

Tic, tac, tic, tac

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nepal

Nossas experiências com couchsurfing

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Antes de falarmos dos nossos colegas couchsurfers e porque vamos viajar assim, se liga nesse vídeo muito animal que fizeram. Ilustra bem o que é couchsurfing!

Entramos em 2008 no CouchSurfing.Org por comentários de amigos que participavam e logo pareceu uma idéia legal: receber pessoas do mundo todo viajando querendo conhecer culturas, e também ser recebido igualmente. Muita gente desconfia e tem medo, mas os viajantes do site precisam de um mínimo de informações públicas no perfil, além de dar mecanismos de segurança. Não é como encontrar um estranho na rua e convidá-lo para entrar na sua casa. Você vê o perfil da pessoa antes e decide se as informações que ela forneceu são suficientes pra te deixar tranquilo. Se sim, libera o sofá!

Basicamente você entra no site, se cadastra, cria um perfil, confirma seu endereço através de uma taxa única no cartão de crédito e espera alguém pedir seu sofá emprestado pra uns dias. Se a experiência for legal, rola recomendações públicas, se for muito legal, rola uma espécie de voucher dizendo em outras palavras “essa pessoa é muito legal e confiável”. Tudo de graça, pra conhecer lugares através dos locais. Sem abuso, na camaradagem.

Não recebemos muitas pessoas até hoje, mas foram todas marcantes por algum motivo: um paulista simplesmente querendo um hotel barato sem muito papo, um francês ligado em 220v, um casal polonês dando uma volta ao mundo ainda mais animal, dois parceiros viajando o brasil numa moto velha (um argentino e outro australiano), e uma sueca de família iraniana.

Nossa primeira experiência, o tal paulista, nos marcou simplesmente por ser uma demonstração de como não fazer couchsurfing. Couchsurfing não é hotel, não é pousada barata. Tem que conversar, conhecer, se enturmar de alguma forma, qualquer forma. Pra quem quer surfar um sofá sem ser um mala, fica a dica: pesquise no perfil ou nas fotos da pessoa que vai te hospedar informações sobre o que ela gosta de fazer, puxe assunto, converse, pergunte, seja curioso. Nenhum host é obrigado a ficar olhando pra sua cara em silêncio enquanto assiste TV. Seja um surfer gente boa!

Esse perfil de surfer agradável era exatamente o perfil do Lou Alundra, o tal francês ligado no 220v. Ele ficou pouco tempo na nossa casa mas era um cara alto astral, super gente boa, engraçadíssimo. Fomos escalar com ele, levamos ele na feirinha do bairro onde nos divertimos com ele berrando “merda” em francês, achando que ninguém entenderia e mijamos de rir vendo Charlie The Unicorn, que ele nos mostrou pela primeira vez. Esses dias, porém, foram meio tristes. Só agora, quando fomos atrás dele pra nos hospedar em Paris, ficamos sabendo que ele morreu, um ano após ter ficado na nossa casa, e de um jeito bizarro demais pra falar aqui… ficamos bem chocados. Ele era um cara que sem dúvidas iríamos curtir encontrar de novo, uma pena :-(

Esse é o Lou com a mãe dele, que se tudo der certo visitaremos.

lou-alundra-couchsurfer
Já os poloneses Mateusz e Ania são talvez a outra força por trás da nossa vontade em viajar. Eles fizeram uma RTW ainda mais alucinante que a nossa, acampando mesmo, coisa de amor pra toda vida o cara levar a menina pra dormir sobre rochas pontiagudas numa montanha da Nova Zelândia no frio absurdo, onde filmaram Mordor nos filmes do Senhor dos Anéis! Os dias com eles foram bem tranquilos, eles estavam bem cansados e foi divertido fazer coisas banais como jogar video game, comer pastel e conversar. A idéia de montarmos um site, ir atrás de patrocínio e fazer a viagem como mochileiros veio deles :-)

mateusz-ania-cs
O Exequiel e o Tom, argentino e australiano, também foram uma forma de inspiração para viajar, mas nos deixaram com a sensação de que a nossa viagem é a mais segura e bem planejada possível: eles estavam viajando juntos pelo Brasil, indo do sul ao norte numa Honda CG dos anos 80 (sério). Chegaram em casa encharcados de chuva, tremendo de frio, tinham sido quase atropelados na estrada, foram assaltados por policiais, ambos meio que fugindo de problemas em casa. Dois pivetes. Triste e alegre ao mesmo tempo.

exequiel-tom-cs
Nossa última experiência foi a Sima, sueca de família iraniana que tava estudando Curitiba e queria vir pra cá entrevistar pessoas pra faculdade de planejamento urbano dela e experimentar a região sem romantismo e markenting da TV. Se virou bem andando sozinha de ônibus, teve algumas noites movimentadas (cof cof) e aprendeu até a cantar funk e dançar tango no meio da rua. Bem louquinha e engraçada, fomos seus primeiros hosts no esquema de couchsurfing!

sima
Se você um dia pensa em fazer uma viagem com couchsurfing, disponibilize seu sofá antes. Muitas pessoas pensam em couchsurfing como uma maneira de economizar dinheiro e acham que basta entrar no site, pedir um sofá e a noite de sono tá garantida, mas não é bem assim… vale a pena receber as pessoas antes pra entender o esquema e pegar o jeito.

Já falamos, mas não custa repetir: couchsurfing não é hotel! Nós escolhemos viajar com couchsurfing pra conhecer pessoas legais, trocar experiências e, principalmente, dicas do lugar onde você está, pois isso vale ouro. Só um local vai saber te dizer onde realmente é barato comer, como é a forma mais rápida de chegar em determinado lugar e mostrar pra você aqueles lugares fantásticos que não aparecem em guia turístico.

Nós tentamos ser hosts legais para nossos surfers, mas agora é a nossa vez. Esperamos que dê tudo certo :-)

O que é e como comprar um bilhete RTW

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Quando a notícia de que iríamos dar a volta ao mundo começou a se espalhar, algumas pessoas se espantavam quando eu dizia que estava tudo pronto e que os bilhetes estavam emitidos. “Nossa, mas vocês já emitiram os bilhetes para todos os trechos?”. Sim, e isso só foi possível graças ao bilhete RTW.

Basicamente, existem duas formas de panejar sua viagem de volta ao mundo: comprando os trechos separadamente ou optando por um bilhete RTW, que é um tipo de bilhete emitido por alianças de companhias aéreas que possibilita a compra de todos os trechos da viagem em um só ticket, respeitando algumas regras com relação ao número de países, milhas, direção da viagem etc. As três principais alianças que emitem este tipo de bilhetes são a One World, a SkyTeam e a Star Alliance.

As duas opções têm seus benefícios, mas financeiramente e dor-de-cabeça-mente falando o bilhete RTW da Star Alliance foi a melhor opção pra gente. Ao longo ano, vamos passar por no mínimo 25 cidades em 11 países, e o nosso transporte não vai ser exclusivamente aéreo (pela Europa vamos viajar principalmente de busão, como falaremos em um próximo post). Conciliar tudo isso é uma logística e tanto, por isso optamos por ter o esqueleto da viagem bem engessado e as regras do bilhete não nos incomodaram nem um pouco. A flexibilidade que você quer ter na viagem, o número de países que gostaria de conhecer e quais companhias aéreas voam para estes países são somente alguns dos inúmeros pontos que devem ser levados em consideração na escolha da sua opção. Esperamos que este post possa dar uma ajudinha :-)

Regras

Para se enquadrar na categoria RTW, a sua viagem precisa durar de 10 dias a 1 ano, cruzar o Atlântico e também o Pacífico ao menos uma vez, viajar sempre em um único sentido no globo, leste-oeste ou oeste-leste (a SkyTeam é a única das três alianças que não tem esta exigência) e começar e terminar na mesma cidade (no nosso caso, São Paulo). O limite máximo é de 15 destinos além da sua cidade de origem, mas existem regras específicas de cada aliança que devem ser observadas, como por exemplo o limite de 4 paradas por continente da One World e um número limite de conexões no caso da Star Alliance (à princípio metade do número de destinos).

As escalas contam como dois vôos, por isso vale muito a pena observar se as companhias aéreas que fazem parte da aliança escolhida possuem vôos diretos para os destinos escolhidos, pra não correr o risco de ver o seu limite de destinos cortado pela metade devido a vôos “pinga-pinga” que também contam na distância total da viagem.

Companhias Aéreas

A escolha da aliança pra emitir o bilhete RTW é importante porque, obviamente, nem todas as empresas tem operação em todos os continentes. Logo, se sua RTW vai focar em um continente em particular talvez uma aliança com muitas empresas daquela região sejam uma boa. Pra nós, vôos intercontinentais confortáveis eram prioridade, já que dentro dos continentes daríamos um jeito com vôos menores ou ônibus mesmo. Aparentemente a Star Alliance é a que tem mais companhias primeiro nível com vôos longos e boa reputação. Nela estão, por exemplo, a TAM (até ano que vem, provavelmente), Lufthansa, United e outras menores de países por onde passaremos (como África do Sul, Tailândia e Nova Zelândia).

Quanto custa?

A não ser que você seja um viajante muito experiente, com disposição para buscar sempre os melhores preços de passagem e suficientemente bem planejado e sortudo para conseguir comprar com o timing perfeito, o bilhete RTW será a melhor opção custo/benefício.

No geral, as três alianças têm preços muito parecidos e o que determina quanto vai custar a sua viagem é o número de milhas percorridas. O preço varia de acordo com faixas de milhas (até 26, até 29, até 34 e até 39 mil milhas), e vai de USD 4.000 a USD 6.000 na classe econômica. As alianças não cobram taxas para remarcações de dias e horários, mas alterações no itinerário tem um custo de USD 125. Isso é uma boa notícia caso esteja gostando ou odiando um lugar e querendo ficar mais ou menos tempo, decidindo na última hora, desde que não queira mudar de cidade.

Bom, muito melhor do que ficar imaginando quanto a sua viagem dos sonhos custaria é botar a mão na massa e utilizar os simuladores de cada aliança. Nós usamos e abusamos do simulador da Star Alliance, e na hora de emitir o preço ficou idêntico, então pode confiar. Mas atenção, esses simuladores são uma ameaça à sua produtividade, prepare-se para perder horas e horas neles… você foi avisado :-)

A nossa passagem fechou em 9 países, ficou dentro do limite de 34 mil milhas e custou USD 5.625 por pessoa + taxas de embarque. Nada mal pra uma volta ao mundo, né?

Caio diz... Aliás, a nossa ficou até cara porque estamos passando por todos os continentes, mas experimente simular uma menor por menos lugares, é mais barato que você imagina! Sério :-)

Como comprar?

Definido o seu roteiro, a emissão do seu bilhete pode ser feita diretamente pelo site das alianças ou através de alguma agência de viagens. No nosso caso o coeficiente de cagaço falou mais alto e nós optamos por emitir a passagem através de uma agência, pois pra quem vai passar longos meses fora de casa ter um contato aqui no Brasil para o caso de algum problema, emergência ou alteração de última hora pareceu mais seguro.

Nós recebemos a indicação da agência através de um blog e iniciamos o contato bem cedo, quando ainda nem tínhamos fechado o roteiro, o que foi muito bom para tirarmos dúvidas e esclarecermos como funcionava o bilhete. Numa dessas idas à agência, por exemplo, descobrimos que existe uma classe de vôo que é só para bilhetes RTW, e todos os vôos das alianças tem um número de assentos destinados a este tipo de viagem (se não estou enganada, 2 assentos por vôo, parece que ou classe M ou H). Isso significa que é praticamente impossível não conseguir assento disponível no vôo que você quer! Nós emitimos a nossa passagem em dezembro, com data de embarque prevista para abril, mas graças a estes assentos o bilhete pode ser emitido alguns dias antes, sem nenhum problema, pelo menos segundo as agências. Só que eu duvido que você aguente esperar :-P

Aqui em Curitiba nós indicamos o Bruno, da RKBC Turismo, que manja pra caramba. Ele nos recebeu muito bem desde nosso primeiro contato, meses antes da emissão, tirou todas as nossas dúvidas e nos passou muita segurança. Cansamos de checar detalhes com ele, sempre atencioso. Contato de ouro:

Bruno Canalli

RKBC Turismo
Av. João Gualberto 1673 – Sala 23
Curitiba – PR – Brasil – Cep: 80.030-001
Tel: 55 41 3019 8696 – Tel/Fax: 3022 4184

Em resumo, indicamos fortemente a utilização do bilhete. Acho que deu pra ver que embora cheio de regras ele é uma opção segura e confiável, basta analisar bem certinho qual é a aliança que se encaixa melhor no seu roteiro. Por isso, mãos à obra: use e abuse dos simuladores e, se preferir, converse com alguma agência desde já.

Viu como dar uma volta ao mundo já começa mais fácil que pensava?