Visitando as ilhas gregas: Santorini

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Nossos dias finais na Grécia seriam em Santorini, a tal ilha romântica paradisíaca com suas casinhas brancas (que tem em qualquer ilha por lá) e suas encostas vulcânicas (idem), que costuma ser a única em capas de revistas de viagem.

Santorini, finalmente

Santorini, finalmente

A viagem de Ios até lá não levou mais que 1h, tanto que víamos Ios do navio o tempo todo, até quase desaparecer na névoa no horizonte. Apesar da viagem ser curta, estava lotado de turistas ali, prontos pra tirar fotos na chegada à ilha, da onde se vê a paisagem com fator “uau!” no máximo. Eu diria que a vista subindo em zigue-zague a estradinha do porto até o topo da ilha é mais impressionante e bonita, todos na van estavam em silêncio só olhando :-)

Nosso albergue mereceria um post à parte. Ninguém acreditaria. Se liga:

De dentro da piscina do nosso albergue

De dentro da piscina do nosso albergue

Antes de achar que pagamos uma fortuna por um lugar assim numa ilha grega, veja só como de vez em quando mochileiros quebrados dão uma sorte tremenda…

  • era um daqueles albergues da juventude, o Youth Hostel Anna
  • diferença do dormitório com 10 pessoas pro quarto era só 2 euros
  • quarto com frigobar, penteadeira completa, toalhas, cofre e ar condicionado
  • tinha até uma varanda própria com mesinha, duas cadeiras e mini-varal
  • ah, e tinha essa piscina privativa da foto, naturalmente
  • tudo isso por módicos 8 euros por pessoa! :-)

Sério, se isso não é a mais absoluta sorte, eu não sei o que é. E o melhor, pra gente, era que o albergue ficava no lado menos turístico de Santorini, na região de Perissa.

Mas assim que chegamos, depois de alguns minutos respirando fundo pra passar a emoção e tentar não esboçar muita reação na frente do pessoal do albergue, fomos pra praia. A praia de Perissa é bem diferente pra brasileiros. Areia é preta, ou cinza escuro, e meio grossa com pedrinhas ao invés de areia. O mar eu achei delicioso, fundo e limpo, mas quebrando ondas fortes pela praia ser de tombo. É razoavelmente movimentada, mas possível de ficar isolado se andar um pouco. Enfim, recomendamos!

Perissa

Perissa

Como imaginávamos, alugar novamente um quadriciclo foi uma ótima idéia em Santorini também. Alugamos um mais barato (12 euros o primeiro dia, 10 o seguinte, mais 10 de gasolina pra cada 100km rodados) e fomos pra Oia, ou Ía como pronunciam por lá.

Do lado ultra turístico de Oia, tentamos aproveitar algo menos de revista. Dias antes a Dani achou uma lista de coisas para não se fazer em Santorini, e foi legal ela mostrar a lista depois dos dias lá já que conseguimos fazer tudo que é pouco turístico pela ilha. Sucesso de mochileiro total.

Com o quadriciclo pudemos visitar coisas que à pé seriam absolutamente impossíveis. Mesmo com o transporte público da ilha, ficaria caro demais. Fomos pra praias e pontos nos 4 cantos de Santorini, e aqui vão nossas dicas se um dia acabar por aquelas bandas!

Uma viela num canto acima de Amoudi

Uma viela num canto acima de Amoudi

A baía de Amoudi é coisa de outro planeta, saída de um filme. É linda demais, cheia de restaurantes vendendo frutos do mar frescos que os barcos dali pescam. O cheiro é irresistível, pena sermos mochileiros sem dinheiro nessas horas…

Baía de Amoudi

Baía de Amoudi

Ali é perfeito pra nadar sem praia com areia, dá pra pular de pedras andando numa trilha pra trás da baía. Subindo a trilha e escadaria pro alto da baía você acaba saindo na pontinha de Oia, então até dá pra visitar à pé se estiver hospedado por ali.

Depois fomos pra trás da cratera do vulcão de Santorini, onde os locais vivem mesmo, demos um perdido por ali entre ruas e vielas sozinhos. Foi muito bom. Acabamos passando rápido por praias entre a região de Baxedes e Pori. Ali a areia é cinza mas com pedras grandes e quentes. Ah, a região é bem popular com topless e afins pelo que reparei. Ficamos do lado de duas mulheres completamente peladas, mas a praia não era exclusivamente de nudismo. Ali a água é bem gelada, por toda a costa que é longa (quase uma praia só, contígua), mas pelo menos é fácil se isolar se quiser paz.

Na ponta oposta da ilha fomos até a vila de Akrotiri, que é fofa igual Oia mas bem menos cheia de gente. A região é praticamente um sítio arqueológico gigante com traços de gente morando ali há mais de 5.000 anos, da Idade do Bronze! Dali é fácil chegar até a Red Beach, a praia mais famosa com areia vermelha. No verão é totalmente lotada, mas pegamos ela quase vazia mas cheia de algas e alguns lixos de turistas, o que acabou brochando nossa visita ali… sei lá… desapontamento. Mas pelo menos tinha topless ali também! Emendamos um pôr-do-sol na junção das estradas de Akrotiri pra Perissa e Thira. Local perfeito e sem ninguém!

Jantamos com uma brasileira perdida que encontramos num lugar perto do albergue. Comemos uma moussaka ainda incomparável à do Seu Mario lá de Ios, e umas almôndegas gregas bem boas (peça por soutzoukakia e seja feliz). Ainda ganhamos uma taça de vinho extra pra Dani e uma porção de bolinhos de abobrinha de graça, hooray!

Se tava louco pra saber sobre comida grega, aqui vai um parágrafo informativo e gordo então: um gyro (o kebab deles) custa entre 1 e 3 euros, nunca mais que isso; o iogurte grego é muito mais grosso e denso que imagina, meta frutas e mel e vá pro céu por uns 3 ou 6 euros; o souvlaki não é surpresa alguma pra brasileiros, é um espetinho com alguma coisa assada que custa entre 1 e 3 euros no máximo; o molho tzatziki é a maionese deles, comem com tudo e é iogurte com pepino e temperos, excelente e costuma vir de graça. Veja o post de Ios pra ver o que é uma moussaka e não se arrepender!

Dia seguinte teve mais quadriciclo, até o Farol em Akrotiri, e na volta vadiamos na piscina porque… sabe como é. Decidimos ir pra Monolithos também, uma praia um pouco perto de Perissa mas do outro lado da montanha que as separam, e o aeroporto que fica no caminho também. Monolithos é legal, bem familiar, com crianças e areia cor de grafite mas bem fininha, sem ondas nenhuma, e uma porrada de mulheres de topless. Como já é a terceira vez que falo de nudismo e topless em Santorini, vou tentar me conter a partir de agora.

Dani diz... estava difícil tirar a atenção do Caio para as mulheres de topless, então entrei na festa também. Eu precisava saber como era né! :-P

Em Oia, novamente, ficamos pra ver o tal pôr-do-sol espetacular que atrai tanta gente.

Oia, foto clássica típica do lugar

Oia, foto clássica típica do lugar

Afora a fila de noivas orientais querendo tirar fotos, e a quantidade impressionante de russos em ônibus de tours, achamos uns bons pontos pra foto e ver a ilha. Vale a pena até… e a volta com pouca luz mas sol ainda no horizonte, bem baixo, foi espetacular.

Oowwmm...

Oowwmm…

Passamos um bom frio dirigindo à noite pelas colinas de lá, mas a vista cor de rosa e amarela… que animal. Dormimos mortos de cansaço mas contentes.

Fim da Grécia... mas já?! :-(

Fim da Grécia… mas já?! :-(

Descansamos bem até tarde no outro dia e pegamos o navio de volta pro porto de Piraeus, em Atenas. Como chegamos quase 1AM, não havia mais metrô pra nos levar ao aeroporto. Achamos o ônibus X96 que é 24h e saía dali direto pro terminal. Decidimos dormir lá pra não pagar uma estadia de emergência sendo que o vôo pra sair do país seria muito cedo de qualquer forma. Acabamos dormindo nos bancos de um McDonald’s e fomos pra Itália já com saudades da Grécia :-)

Visitando as ilhas gregas: Ios

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Quando começamos a pesquisar pra onde ir uma vez estando na Grécia, não demorou muitos segundos até que pensássemos em dar um pulo numas ilhas, é óbvio! Porém, sempre vendo capa de revista e reportagens (agora) idiotas na televisão, imaginávamos que era quase impossível e no mínimo caríssimo ir pras ilhas gregas. Só de falar “ilhas gregas” já é meio tenso no bolso, só de imaginar…

Decidimos pesquisar e achamos algumas ilhas perto de Atenas (em termos, claro) que ficavam no grupo das Cíclades, o conjunto de ilhas mais povoado e próximo do continente. Na real é o grupo de ilhas que importa, são mais de 200 só ali na região. Eu, Caio, queria muito ir pra uma ilha mais isolada e com alguma vida local, a Dani queria ir pra uma ilha mais paradisíaca porque essa parte da viagem também serviria como lua-de-mel. No fim das contas descobrimos que Santorini, embora muito cara, a mais famosa e absurdamente turística, seria uma delas. Descobrimos que Ios era um pouco menor e tinha além da suposta tumba do Homero, uma praia que foi usada como locação pra Imensidão Azul. Elas duas ficavam na mesma rota, então seriam elas mesmas!

Reservamos os bilhetes mais baratos da Blue Star Ferries através do Greek Ferries e fomos pro porto de Piraeus em Atenas antes do sol nascer pra pegar nosso navio. O terminal turístico do Piraeus impressionou. Não sei se foi o sono ou o costume com portos sujos do Brasil, mas Piraeus parecia um aeroporto. Letreiros eletrônicos ainda na rua, bem sinalizado, guichês pra venda na hora de bilhete, todos bem arrumados e com uniformes falando inglês, navios impecáveis e tudo no horário. O navio da Blue Star Ferries era bem bom, não era simplesmente um ferry boat como se imaginaria. Pegamos lugares no convés mesmo e foi tudo bem. Os assentos ao ar livre pareciam de uma praça de alimentação, e os nossos ainda eram acolchoados porque fomos uns dos primeiros a embarcar e pegamos eles.

Umas 5 horas depois desembarcamos em Ios, a primeira ilha a ser visitada. No portinho da vila você encontra uma praia calma mas movimentada em volta por causa dos embarques e desembarques. A vila ali é pequena mas tem mercado, padaria etc. Dali, subindo, você chega na Chora, a vila da ilha propriamente. É onde você vê a vida local e tem mais infraestrutura e onde as casas das pessoas ficam mesmo. Acabamos descobrindo por acaso que Ios é uma ilha de baladas e zona no verão, cheia de jovens bêbados, mas a época tava boa e pegamos a ilha ainda vazia na região de Mylopotas, a baía da putaria no alto da temporada. Essas são as partes relevantes de Ios, o resto são praias e regiões afastadas e praticamente ninguém vivendo ali. Mas é incrível que uma ilha fantástica como essa, com restos de uma civilização (a Cicládica) de 5.000 anos atrás, é mais lembrada pelas garotas bêbadas com tetas de fora.

O que tem de civilização em Ios, em branco

O que tem de civilização em Ios, em branco

Ficamos na área de acampamento do Far Out, uma rede de hotel, bar, restaurante, sei lá o que mais da ilha. Devem ser donos de metade dela. Pegamos uma barraca que era mais que suficiente pra dias na praia. Do lado de fora parecia uma cela pra presidiários, camas pequenas e grudadas, com estrado saltando pelo o que eles chamavam de colchão. Era bem simples, tudo pequeno e não muito limpo… mas nosso, e barato :-)

A praia de Mylopotas é realmente a que tem mais gente, mas é bem boa: longa, areia clara e relativamente fina, poucas ondas e mar bonito. É o melhor custo e benefício se não tiver transporte próprio lá. Vimos muitos americanos por ali, demais. Devia ser a pré-temporada deles ou coisa parecida. E ah, na praia tem wifi grátis aparentemente, então tchau tchau idéia de ilha pequena isolada… ou não!

Pelo horário de chegada gastamos só a nossa primeira noite por ali. Fomos andando pra Chora (uns 3km da barraca) e na volta, com pôr-do-sol incrível com sol enorme e laranja, paramos quase por acidente num restaurante pequeno logo na bifurcação do atalho pra voltar pra praia à pé (é tudo ladeira em montanhas, então ajuda). Era de um senhor que era o dono, o garçom e também o cozinheiro. Tudo ao mesmo tempo.

Sério, até hoje lembramos com água na boca. Comemos a melhor moussaka das nossas vidas ali. Eu, Caio, já tinha comido umas antes, e acabamos comendo várias na Grécia, mas a moussaka do “seu mario” como passamos a chamá-lo entrou pra história. Víamos ele fazer ela na hora, vinha borbulhando pra em alguns minutos o creme solidificar e… e… rapaz, coisa de outro planeta! Moussaka idolatrada salve salve. E por módicos 4 euros! Fizemos até questão de botar o lugar no mapa e criar entrada pra lá no Foursquare com fotos e tudo!

Se vir esse lugar, entre e peça uma moussaka

Se vir esse lugar, entre e peça uma moussaka

Caro senhor-faz-tudo do “Sea View Marios” (uma placa meia em grego meia em inglês dizia isso): você deveria ganhar um prêmio gastronômico. Jamais esqueceremos uma das comidas mais alucinantes de todos os tempos!

Turbinados pela moussaka mor, no dia seguinte alugamos por 15 euros (mais outros 15 de gasolina) um daqueles quadriciclos. Fomos até a tal tumba de Homero, que na realidade é um tipo de mirante com umas ruínas de pedras e só recomendo se tiver o mínimo de conhecimento de quem foi o cara pra ter algum sentido ir ali, senão não vai gostar mesmo.

Indo pra suposta tumba do suposto Homero

Indo pra suposta tumba do suposto Homero

Seguimos então pra umas quebradas da estradinha e caímos em Agia Theodotis.

♥ Agia Theodotis ♥

♥ Agia Theodotis ♥

Pausa para Agia Theodotis. Finalmente um pedaço isolado duma ilha grega, sem turistas e com vida local! A praia é simplesmente linda, pra mim Caio a mais bonita de todas que vimos na Grécia. Água totalmente transparente, virtualmente sem ondas, areia meio grossa bem estilo grego e paisagens bucólicas em volta como um barquinho de pesca balançando com a corrente e gaivotas por cima. Acabamos não ficando tanto tempo assim ali porque apareceu um cachorro ou carente ou com problemas mentais que avançava pulando em todo mundo querendo brincar, mas que acabou enchendo o saco :-) enfim, vá pra Agia Theodotis se puder!
A praia em Agia Theodotis é assim

A praia em Agia Theodotis é assim

Seguimos o passeio de quadriciclo atravessando toda a ilha de Ios, uns 30km por causa do desenho da estradinha e o caminho que fizemos contornando picos entre 500m e 700m e poucos. Paisagens que não consigo descrever de tão bonitas e insólitas. Montanhas altíssimas, de pura rocha, com sol escaldante e o mar claro e de azul perfeito lá embaixo. Vento na cara por mais de 1h.
De quadriciclo por aí, pensa...

De quadriciclo por aí, pensa…

No outro extremo de Ios fica a praia de Maganari, onde filmaram partes de Imensidão Azul. Não é o ponto mais isolado de Ios, mas é o que ainda vai ter alguma infraestrutura pra você, se precisar. A praia é bem bonita, mas estava com água muito gelada na hora e acabamos depois de comer uma moussaka (não tão boa como a do Seu Mario!) tirando uma soneca no sol mesmo, sob uns guarda-sóis que haviam ali.

Devolvemos o quadriciclo no dia seguinte, por pura preguiça e clima ruim fora da barraca, com uns 30% de gasolina no tanque ainda. Pena, mas não valeria a pena arriscar em trilhas muito longas pois a ilha só tem um único posto de gasolina, perto do porto.

O limite de velocidade não foi muito respeitado

O limite de velocidade não foi muito respeitado

O dia que aproveitaríamos mais acabou ficando todo nublado, nem tivemos muito o que fazer fora da barraca, então aproveitamos pra adiantar o planejamento do resto da viagem, mandar alguns couch requests e até vimos um filme de terror que ficou ainda mais legal pelo vendaval insano que teve durante a madrugada :-)

Nosso último dia foi de vadiagem na praia antes de fazer checkout do acampamento. Acabamos indo um pouco mais cedo pro lado da ilha com o porto e ficamos enchendo a barriga com sorvete e frutas de um mini Carrefour que tem por ali. A viagem pra Santorini se mostraria até bem rápida depois, algo como 1h, mas se pudéssemos mudar o planejamento pra ficar mais em Ios, certamente faríamos isso com gosto! Dava pra aproveitar muito mais, outras praias ficaram só na vista do alto das montanhas, infelizmente. Quem sabe um dia a gente não volta durante uma parada entre outras ilhas diferentes…

Tchau, Ios...

Tchau, Ios…

Atenas, um bom jeito de começar na Europa

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Chegamos na Grécia! Saímos do Egito mas o Egito não saiu de nós, nossos intestinos ainda lembravam do país ainda no aeroporto de Atenas. Logo de cara a boa sinalização de tudo, bilíngue, limpo e com preços e dizeres claros já nos aliviou pelo menos, boa mudança de ares.

Pra ficar melhor, só pegando o metrô e parando na segunda estação principal de Atenas (Monastiraki) pra descobrir que nosso couchsurfer na cidade morava do lado dela. Perfeito! Dava pra ver a Acrópole da casa dele, não exatamente da janela, mas saindo na rua e olhando pra qualquer lado se via algo importante. O centro de Atenas ainda é muito pequeno, e não só se enxerga tudo mas como se alcança tudo facilmente à pé em minutos.

Quase qualquer rua no centro tem essa vista...

Quase qualquer rua no centro tem essa vista…

A casa dele mesmo fica num bairro revitalizado chamado Psiri, bastante descolado e cheio de bares, vendinhas e restaurantes bacanas pra locais e turistas perdidos nas vielas da região. Recomendadíssima mesmo se não estiver por perto na cidade, à noite Psiri fica incrível, até tarde. É tão boa quanto Plaka, outra região famosa, mas bem menos turística. Se quiser ver alguma região mais turística mas ainda com cara de centro, qualquer área em volta das praças Omoia e Syntagma são pontos lotados de pessoas o tempo todo.

No nosso primeiro dia, um domingo, demos uma boa volta pelas ruas do centro com nosso couchsurfer (também nerd, programador), passeamos pelo mercado local ainda cheio de turistas no fim do dia, e fomos andando até umas ruínas. Essas ruínas marcam o fim da fronteira de Atenas na antiguidade, onde ficavam os muros da cidade. Muito legal historicamente, e no meio do bairro, assim “jogada” no meio do nada.

Pegamos um trem tipo bonde e fomos mais pro sul da cidade, até a costa, e ficamos até tarde num bar com vários amigos do couchsurfer que faziam aulas de dança swing, estilo anos 50. Galera ficou dançando até cansar, incluindo a Dani, na calçada mesmo. Quem passava se animava também, como uma mãe com filho de colo e duas menininhas que brincavam perto! Na volta rachamos um táxi com uma colega do couchsurfer que era louca pelo Brasil e queria porque queria dançar forró, mas dessa vez não ia ser com a gente… :-)

A nossa impressão ao ver todo esse pessoal dançando na calçada é de que as pessoas em Atenas são mais alegres. Com a crise, 50% da população jovem está desempregada, então eles tentam ocupar o tempo deles de alguma forma ao invés de ficar depressivos, palavras do nosso couchsurfer. Nos pareceu um bom jeito de passar o tempo!

Como se o domingo não terminasse, ainda fomos perto da meia-noite numa praça mais afastada do bairro onde um grupo enorme de estudantes montou um palquinho simples e tavam tocando música típica mediterrânea, todos sujos com cinzas por causa de alguma comemoração. Diferente, e a música era boa!

Nossa segunda-feira em Atenas foi dia de visitas turísticas. Fomos em toda a Acrópole e alguns arredores. Visitar a Acrópole é foda, e ver as maquetes depois de como era em cada período da história, desde a vila de Atenas até hoje, é muito legal. Infelizmente tudo fecha às 3 da tarde, então perdemos algumas coisas como ir na Agora antiga e na Romana, que ficaram faltando.

É nóis!

É nóis!

Toda a região turística de Atenas, não só a Acróple, se visita andando. Nem se estresse ou faça diferente. Cansa um pouco, mas se desenhar um raio a partir das ruínas, duvido que dê mais que 5km pra qualquer direção. Atenas antigamente era minúscula, alívio pros turistas modernos. Como às 3 da tarde os pontos, incluindo museus, fecham, melhor se preparar pra acordar bem cedo e dividir as visitas aos lugares em 2 dias ou até 3, na minha opinião.

Toma, um wallpaper pra você

Toma, um wallpaper pra você

Com nosso couchsurfer fomos outro dia conhecer o equivalente ao mercado municipal de Atenas, com aquela loucura de vendas de frutos do mar de tamanhos e tipos que não se vê no Brasil. Acabamos, é óbvio, passando um monte de vontade. Foi tenso ir na venda de azeitonas e azeites e só provar um pouco, pelo intestino e estômagos ainda ruins e por não ter como carregar nada nas mochilas…

Segunda-feira foi uma segunda bastante bizarra. Quando achamos que todos iam descansar pra gente aproveitar, todo mundo estava numa outra praça do bairro dançando tango com uma caixa de som improvisada. Velhos, jovens, casais maduros, todo mundo, se alternando. Numa praça. Até quase às 4 da manhã! Dani aproveitou pra dançar também, e ficamos por lá com outros mochileiros e couchsurfers amigos em comum que encontramos no caminho até lá. Normalmente eu, Caio, estaria morto de cansaço lá pelas 1 da manhã, mas se não fosse pelo frio acho que ficávamos todos lá ainda mais.

Monte Lykavittos, de longe

Monte Lykavittos, de longe

Uma de nossas missões em Atenas era subir um monte, ou colina, famoso da cidade. Fomos de manhã ver qual é a vista do Monte Lykavittos, que do alto se vê toda Atenas, até o mar e a Acrópole e outras ruínas. Simplesmente animal, vale cada degrau que subimos da escadaria do lugar! Dali, ainda com as pernas doídas, fomos passear nos Jardins Nacionais, bastante bonito e bom pra dar um tempo da correria de turismo, e emendamos as ruínas das colunas de Hadrian e umas boas horas curtindo o Olympiakos, o estádio olímpico das primeiras olimpíadas modernas, construído quase 2.500 anos atrás. Emocionante, e o mini museu que tem dentro dele vale o tempo. A sala de piras olímpicas é muito bem feita e, claro, saindo do túnel dela que dá acesso a pista eu, Caio, tive que dar uma volta correndo descalço ali :-)

Ah, resolvemos cozinhar pro nosso couchsurfer! Fazia tempo que não cozinhávamos e resolvemos fazer arroz com abobrinha, frango xadrez e pra arrematar uma sobremesa brasileira que fez o cara repetir de manhã até, arroz doce com canela. Nos entupimos comendo, sobrou bastante de todos os pratos. Gordos na cabeça não sabem cozinhar pouco mesmo.

Foi uma noite muito boa, não só porque descansamos ficando em casa, mas porque pudemos conversar bastante sobre a vida hoje na Grécia (ele é filho de uma americana com pai grego, então o inglês dele era fluente e dava pra entender perfeitamente). Discutimos como a Grécia se dá com países em volta, como Turquia, como é Creta e o que é ser grego pra ele e a história da família dele que é bem legal, além da nossa própria é claro. Foi uma noite excelente, típica de couchsurfing.

No nosso último dia em Atenas decidimos que, por termos perdido o planetário de Alexandria no Egito, tínhamos que ir no planetário de Atenas, e então fomos andando… e andamos… até o Piraeus, a região do porto. Quase morrendo, deu pra curtir o show em computação gráfica sobre colonização do espaço. Infelizmente todo em grego e a dublagem em inglês era bem ruim, mas vale o ingresso acho. Se o programa fosse com cenas reais valeria o ingresso de novo, já que o planetário da Fundação Eugenides supostamente é o maior planetário do mundo, com tela estilo IMAX e tudo.

Como era muito longe, decidimos voltar de ônibus local mesmo e aproveitar pra ver qualé do sistema deles. Não que seja extremamente necessário pra usar transporte lá, mas entender como o alfabeto deles se converte no nosso ajuda a não se perder e andar melhor pela cidade. É relativamente fácil e se pega a manha bem rápido, vai acabar lendo em grego os nomes das placas, acredite, é até divertido :-)

Pra variar, a última noite em Atenas também não acabou cedo. Nosso couchsurfer nos levou pra comer algo num restaurante estilo boteco que fica nos fundos de uma casa, na qual se entra por uma viela. Mesas improvisadas, mas lotadas de locais e comida fantástica embora simples. Preços bons, então é lógico que pela combinação era um lugar cheio de jovens duros de dinheiro. Perfeito pra matar um tempo conversando.

Rua atrás da casa do couchsurfer, com abajures pendurados

Rua atrás da casa do couchsurfer, com abajures pendurados

Na volta meio que por acaso passamos em frente um bar tocando jazz quase na rua da casa onde estávamos e resolvemos entrar. Ficamos até 1 da manhã mas dava pra ficar até mais. A banda improvisada com frequentadores do bar (mudando de tempos em tempos) fazia uma jam session legal e resolveu tocar músicas brasileiras em nossa homenagem quando perguntaram da onde os turistas eram. Foi muito bom, e isso porque nem gosto de jazz.

Horas depois, lá pelas 5, acordamos e fomos correndo pegar o primeiro metrô até Piraeus pra pegar o navio que nos levaria pras ilhas gregas… mas isso contamos melhor em outro post.

Passamos 4 dias em Atenas e achamos muito pouco. Quando planejamos os dias que ficaríamos em cada lugar, escolhemos ficar somente 11 dias na Grécia por ser um país teoricamente caro, mas nos enganamos. Com a crise, os preços por lá estão bem abaixo do que estávamos esperando e acabou sendo o melhor jeito de começar o continente Europeu. Adoramos os ares da cidade e com certeza vale a pena vir e ficar mais tempo!