Como e o que vimos cruzando a ilha sul da NZ

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Esse post vai ser mais fotos e paisagens do que texto, mas vale a pena mencionar a trabalheira que foi cruzar a ilha sul da Nova Zelândia. Foi uma correria em 8 dias, sendo que desses 4 foram viajando entre cidades e vilas com ônibus comum e ferry e saindo de avião. Pauleira que só aguentamos porque não tivemos dinheiro pra um carro nosso e o tempo era curto, ônibus dominou geral. Queríamos visitar uma das geleiras do país, e fizemos um ótimo passeio! Conhecemos um pouco de cada lado da ilha, todos os lados mesmo, mas ao mesmo tempo nenhum extremo geográfico delas. Não fomos até Milford Sound, nem até Invercargill ou Nelson, por exemplo. Fomos de Wellington, na ponta da ilha norte, até Picton na ponta oposta da ilha sul. De lá fomos até Christchurch, que não pareceu destruída por terremoto como nos falaram. Então cruzamos as paisagens mais bonitas de estrada que já vimos até Queenstown e de lá subimos até a geleira Fox. No mapa da Nova Zelândia, se desenhar uma linha no formato de um anzol ficará bem parecido com o caminho que fizemos pelo país… e isso aqui foi o que vimos na ilha sul, bem resumidamente :-)

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Sombra bonita na água azul mentira do Lago Wakatipu

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Panorâmica do alto do teleférico em Queenstown

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Geleira Fox! Fomos até o meio, mais próximo do paredão que do terminus

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Monte Cook na panorâmica do Lago Matheson

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Paisagem rural meio típica, sempre há ovelhinhas

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“Corre pra aparecer na foto também, olha o timer!”

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Lagarteando no centro de Queenstown

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Lago Tekapo, absurdamente cristalino e lindo

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Paisagem em volta do Lago Tekapo

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Cachoeira do Thunder Creek

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Possivelmente o Lago Wanaka

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Quando o motorista não parava pra fotos, o jeito era tirar de dentro do ônibus

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Cruzando o mar de Wellington até Picton

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Caminho de Christchurch até Queenstown… após Geraldine?

Jornada pela NZ em busca de uma geleira

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E la fomos nós atravessar a ilha sul toda da Nova Zelândia só pra andar sobre uma geleira! Desde quando conhecemos um rapaz no meio da viagem ficávamos pensando em qual iríamos. Muitos meses atrás ele nos recomendou ir nas duas que há no país, Fox e Franz Josef, mas só teríamos tempo e dinheiro pra uma delas e não sabíamos qual escolher.

Problema resolvido, visitamos a geleira Fox :-)

Problema resolvido, visitamos a geleira Fox :-)

O ruim da Franz Josef é que pra andar no gelo você precisa aterrisar nele de helicóptero, não dá pra ir andando, então ficou proibitivo pra dois mochileiros com fome. Fomos pra Fox mesmo, e a vila que serve de base pra quem vai lá é tão pequena que é só uma “avenida” e por acaso essa “avenida” é a rodovia nacional deles. Mas é bem fofinha :-)

Nossa saída com a única empresa licenciada pra operar na geleira era de manhã bem cedo, mas acordamos com o tempo incrivelmente feio, chovendo, frio etc. Na hora nos deram a opção de remarcar pro dia seguinte, e assim fizemos depois da super Dani checar no celular com o resto de bateria que tinha que a manhã seguinte seria de sol forte. Era isso, prometendo bem até, ou ir na chuva mesmo e com risco de não entrar no gelo. Foi uma correria conciliar todas as mudanças de horários e datas, não tínhamos onde dormir no dia seguinte, o albergue em Queenstown pra volta teve que ser cancelado etc, uma zona, mas deu certo e compensou.

Como a saída pra geleira seria agora à tarde, aproveitamos o novo tempo livre que surgiu e fomos pela manhã fazer uma caminhada até o Lago Matheson, de onde dá pra ver o Monte Cook todo com neve. Foram 12 km de ida-e-volta e quando chegamos não achamos tão espetacular a vista porque tinha brisa e a água do lago se movia muito. Cinco minutos depois parou tudo e fez um espelho na água pra se ver as montanhas que foi demais!

Vista do primeiro mirante no Lago Matheson

Vista do primeiro mirante no Lago Matheson, e Monte Cook no fundo

Engraçado que em nenhum lugar achamos dica pra ir no lago, ninguém se importa muito, é uma caminhada bem tranquila mas todos que até vão lá vão de carro e não se importam muito não. Isso faz pensar no quanto perdemos pela Nova Zelândia por não haver informação decente e acessível sobre como ir e ver e fazer coisas sem automóvel.

Já indo pra gelo gostamos bastante da organização e preparo do pessoal que cuida das trilhas e passeios na geleira Fox. São todos engraçados, emprestam todo tipo de equipamento e roupas, e até mochilas impermeáveis te dão pra levar suas coisas já que ali é onde mais chove no país todo, por isso as geleiras são tão grandes e se movem tanto. Falando nisso, há nas paredes deles fotos da geleira de vários anos, e hoje está bem menor que há 10 anos atrás, mas dizem que no topo ela tá em uma época de crescimento, mas o gelo demora pra descer. Dizem que daqui 10 ou 15 anos ela estará imensa novamente.

Pra eles isso é pouquinho gelo...

Pra eles isso é pouquinho gelo…

Foram só 15 minutos de ônibus até a entrada do parque. Originalmente onde hoje é o estacionamento é onde o gelo terminava, mas agora se tem que andar um pouco até o terminus, como chamam. Na concentração pra começar a caminhada a guia com picareta na mão explicava que ali é uma área de desabamentos e quais cuidados deveríamos ter etc e na mesma hora ouvimos um estrondo altíssimo. Na borda da montanha atrás da gente, do outro lado do rio, começou a desabar e rolar pedras e algumas eram enormes! Resquícios do gelo que sustentava as montanhas antigamente e que não está mais ali! Teve bastante poeira e foi animal de ver, principalmente por não ter sido nas nossas cabeças, e deu pra entender a seriedade do aviso da guia que também ficou impressionada.

Parece pequena né? Ache as pessoas pra ver a escala...

Parece pequena né? Ache as pessoas pra ver a escala…

Leva-se 1 hora andando pela base do vale onde tinha gelo até o terminus atual, e na entrada pra parte congelada te emprestam bastões de caminhada e grampos de metal pras botas. Pra quem andou sozinho no Nepal por lugar bem mais perigosos, é bem estranho alguém segurar sua mão pra atravessar três pedras sobre uma poça d’água :-)

Quando se finalmente pisa no gelo, dentro da geleira mesmo, é que se dá conta do tamanho do lugar. É bem maior que parece. A geleira Fox da NZ, pra terem idéia, tem 13km e é alimentada por outras quatro geleiras até chegar praticamente “na praia” em termos de geleiras. É muito baixa, incrível. O tal Lago Matheson que visitamos antes de ir lá, foi formado no final da última era glacial quando a geleira retrocedeu, e é muito longe dali! A velocidade com que ela se desloca é bem rápida, avançando mais de um metro por semana. Ela e a geleira Franz Josef são umas das geleiras mais rápidas que tem, às vezes 10x mais rápidas que geleiras normais, por isso foi tão incrível andarmos sobre a Fox :-D

Uma rocha monitorada que vem rolando geleira abaixo 9 metros por ano

Rocha enorme monitorada, rola geleira abaixo 9 metros por ano

As bordas do gelo são meio sujas pelo pó resultante do atrito entre pedras e dos desabamentos. É bem legal o padrão de poeira que deixam no gelo, às vezes se amontoam e o sol vai derretendo o gelo em volta do monte de pó cinza de pedra. Como ele não derrete porque o pó protege o gelo abaixo, a geleira tem regiões de “formigueiros” de pó e gelo, bem curioso.

Andamos por cerca de 1h30min no gelo, a guia até reforçava degraus com a picareta dela, já que segundo ela em 2 dias os degraus somem pelo movimento do gelo se não fizerem isso todo dia. Vimos muitos buracos de azul cintilante e profundos demais, com água caindo pra dentro até a base da geleira e por onde escoa até virar o rio que acompanhamos andando na trilha inicial. E ah, até tomamos dessa água! Absurdamente gelada, tanto quanto nas montanhas da Suíça e Nepal quando experimentamos, bem refrescante.

Na borda do gelo com a "trim line" pra fazer um vídeo

Na borda do gelo com a “trim line” pra fazer um vídeo

As pessoas do nosso grupo de trilha pela geleira não pareciam estar se divertindo muito pela falta de perguntas pra guia ou sorrisos ou até empolgação em andar por ali. Todo mundo com cara meio de cú. Nós dois estávamos achando o máximo tudo o que viamos, e eu, Caio, sorria sozinho o tempo todo. Devo ter sido a alegria da guia já que ninguém interagia com a empolgação dela hahah. Dani tava maravilhada, se sentia na muralha de gelo do Game of Thrones até, tirou foto em todos os cantos possíveis e falava “the winter is coming” de tempos em tempos :-)

Dani num dos buracos azuis sem fundo

Dani na entrada de um dos buracos azuis sem fundo

De volta no albergue no fim do dia conhecemos um alemão que tava sem grana e foi até lá só pra fazer uma trilha de graça e ver a geleira de longe. Tentamos explicar o que fizemos e convencer ele a não perder a oportunidade, que gastasse o que pudesse. É muito emocionante andar por cima e por dentro de uma maravilha natural como essa. Compensa com folga os 100 dólares por pessoa que pagamos na trilha de apenas algumas horas, a mais baratinha e simples de todas. Se tivéssemos mais dinheiro pra rasgar certamente faríamos um passeio de mais horas com direito a pousar de helicóptero quase na origem da geleira lá no alto. Foram 3 longos dias seguidos em ônibus até chegar na geleira Fox, mas valeu a pena demais, demais mesmo.

Wellington, capital fantasma porém ainda “cool”

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Na nossa jornada rumo ao sul da Nova Zelândia, seria mais que natural parar em Wellington. No final da ilha norte, capital do país, paisagens bonitas e couchsurfing fácil! Chegamos num começo de sábado à noite, achando que a cidade estaria movimentada mas que nada… fomos andando pela borda da baía e ruas do centro e não vimos ninguém. Wellington tava completamente vazia, como em um filme de apocalipse zumbi, só faltava eles aparecerem pra assustar a gente com o vento uivando pelas ruas.

Na primeira noite ficamos, por comodidade, num albergue de mais de 125 anos, o Cambridge, e no domingo aí sim fomos pra surfar mais um sofá. Fez até um sol, então tinha finalmente gente no que eles chamam de praia. Inclusive um cara 100% peladão deu “as caras” na Oriental Beach, de boa, andando tranquilo pelo calçadão!

Oriental Beach, no verão de água congelante deles

Oriental Beach, no verão de água congelante deles

Aproveitamos estar em Wellington e eu, Caio, me diverti horrores indo na Weta. Mais Senhor dos Anéis. Os escritórios deles ficam relativamente perto do centro, em Miramar. Do lado eles tem a Weta Cave, um museu em formato de caverna com tudo que puder pensar em bugigangas de todos os filmes que eles já produziram. Foram 4 dólares a passagem de ônibus e ele parou em frente, super fácil, vale o passeio ainda mais por ser de graça e incluir um filme sobre a história deles. O que não é de graça, é claro, são os itens animalescos que tem dentro.

Trolls enormes na entrada da Weta

Trolls enormes na entrada da Weta

Weta é foda, são a Industrial Light & Magic dessa geração, incrível visitar eles. Fomos num tour guiado por funcionários por dentro das oficinas deles, vendo processo de criação de peças físicas dos filmes, de espadas do Senhor dos Anéis a armas e robôs e aliens de Distrito 9. Tinha um cara fazendo algo na fresa em umas empunhaduras de espada até, e uma guria fazendo miniaturas pro reboot de Thunderbirds que eles tão produzindo.

Falando em museu, e pra variar é um lugar em que sempre batemos ponto, o nacional de Wellington é fantástico pelo preço super em conta: zero. São 6 andares de coisas sobre a história do país, geografia alienígena que eles tem e cultura maori. Nem demos conta de ver tudo em um dia inclusive! Tinha uma parte de geologia legal, com uma casa dos anos 80 com TV de tubo passando notícias do dia de um terremoto, e de repente a casa, com visitantes do museu dentro, começa a simular um terremoto :-)

Pra justificar estar em Wellington mesmo, só faltava mais um pouquinho de Senhor dos Anéis, de novo, rapidinho, só mais essa vez. Peter Jackson sempre faz as estréias mundiais dele no cinema Embassy, centenário na cidade. Então fomos com os couchsurfers ver Hobbit lá, em HFR e tudo, e nos deram os óculos 3D da sessão de suvenir 8-)

The Embassy

The Embassy

De natureza o que vale com toda certeza em Wellington é subir o Monte Vitória, em nome a rainha inglesa. Esperávamos ser meio sem graça mas do alto é bem bonito, o parque ao longo do caminho é bem fechado, dá sensação da cidade ser bem longe dali com trilhas de terra e raízes de árvores enormes, muitos pinheiros e… de repente, se vê toda a baía da cidade lá embaixo, e um avião cargueiro de guerra passando pelo seu lado rumo ao aeroporto (e arremetendo, baita oportunidade rara de ver!). Lá foi onde também filmaram a cena do primeiro Senhor dos Anéis quando os Nazgûl vão até a saída do condado pegar os hobbits e eles se escondem debaixo de um tronco, lá tem uma placa mostrando onde é o cenário mas nem achamos. E tudo isso do parque em uma área minúscula no meio de dois planos que emergiram de terremotos. Bizarro.

Oriental Bay do alto do Monte Vitória

Oriental Bay do alto do Monte Vitória

Do outro lado da cidade, em outro ponto de mirante, tem o planetário. Esse foi especial porque ter ido lá marcou território pra gente. Agora já fomos em pelo menos um planetário diferente em todos os continentes :-)

Ele é pequeno, muito pequeno, mas extremamente bem feito, e pra ir lá se pega o bondinho da cidade por 5 dólares ida-e-volta. A entrada, com exposição e show, custa mesmo uns 15 dólares. É caro pro lugar, mas como disse é bem feitinho. Tem uma sala imitando a ISS com um manche e telão pra você pilotar uma nave por órbitas até planetas do sistema solar, batendo em satélites e asteróides em primeira pessoa e tudo. Tem um painel com vídeos num telão de lançamentos de foguetes de carga pesada, e o chão do lugar treme com os graves do vídeo pra você sentir a potência, as crianças… e… hmm, eu… se divertiam! Toquei numa pedra trazida da lua que tem lá e fui no show, que foi repeteco do que vimos na Grécia, mas dessa vez em inglês pelo menos. O pós-show era com uma astrônoma do lugar e foi bem legal ela explicar como se navega de noite usando estrelas e como a mitologia de cada constelação se junta numa história só. Diversão pra mais de hora!

Uma coisa ótima em Wellington foi cozinhar de verdade. Nossos couchsurfers tinham um apartamento com cozinha ótima e não se importavam em nada, tranquilos demais. Como eram vegetarianos, inventamos uma madalena de cogumelos e legumes que até deu certo, virou receita nossa. E a clássica torta de banana da Dani, claro. Eles nos fizeram nachos com chili também, não dá pra não gostar de gordices quando se faz couchsurfing. Eles morarem perto do fim do centro com o subúrbio, com um hipermercado do outro lado da rua, ajudou bastante também.

Vista do nosso quarto na casa do CS em Newton, Wellington

Vista do nosso quarto na casa do CS em Newton, Wellington

Inclusive, nosso CS tem bilhetes pra vários jogos na copa ano que vem no Brasil e acabamos fazendo um desserviço pra indústria do turismo nacional. Acho que botamos tanto medo nele por segurança na NZ ser quase de fantasia que ele vai se borrar todo pra cruzar a fronteira da Bolívia pro Brasil, como planeja, mas acho que estará tudo bem…

"It's a matter of perspective" segundo Wellington

“It’s a matter of perspective” segundo Wellington

Wellington comprovou a fama de cidade “cool” da Nova Zelândia, tanto pelas coisas que se pode fazer nela quanto pelo baita vento gelado que nunca para naquele lugar, tá louco. É um cravo minúsculo no cú do mundo. Uma capital que parece mais vila do interior com uns prédios soltos no meio, mas foi super legal, aproveitamos muito bem e a beleza da região foi marcante.

Parque Nacional Tongariro: invadimos Mordor!

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Meio que não sabiamos como passear pela Nova Zelândia direito quando chegamos em Auckland, mas sabíamos que queríamos visitar uma das regiões em que filmaram Senhor dos Anéis! Afinal, aqui é a Terra Média como os locais tem orgulho em dizer, todo o país foi cenário pros filmes. O problema é que é tudo tão remoto e caro pra ir que sem carro, como nós estamos, fica complicado demais…

Um couchsurfer nos recomendou ir pro Tongariro, o parque nacional onde ficam vulcões ativos que foram usados pra filmar Mordor e a Montanha da Perdição na trilogia, e lá fomos nós! Achávamos que lá só havia trilhas de 3 a 5 dias e com reserva de cabanas, as chamadas Great Walks que são super populares aqui no verão. Mas não, tem uma trilha clássica chamada Passagem Alpina que dura 8h e muita gente faz em um bate-e-volta, convenientemente perto da parada do nosso ônibus. Perfeito!

Numa dessas estradas da vida, cara, sabe como é :-P

Numa dessas estradas da vida, cara, sabe como é :-P

O único vacilo nosso foi achar que a parada National Park era a do parque mesmo, mas não é. Ela é uma vila de algumas casas e um posto de gasolina que dista 20km das montanhas. Era onde nosso ônibus parava e tinha albergue disponível, então beleza, mas as opções de trilhas em volta são quase inexistentes. Se quiser ficar vários dias no parque pra fazer várias trilhas o melhor é ir de carona ou à pé ou de carro pra Whakapapa, a vila realmente na base das montanhas.

Nosso albergue parecia o mais vazio entre os três da vila que estavam funcionando, e eles tinham um esquema padrão da região pra quem faz a Passagem Alpina. Paga-se 25 dólares, te pegam às 7AM pra começar a trilha efetivamente às 8AM e esperam do outro lado do parque pra te levar de volta pontualmente às 4PM. Não terminou a trilha na hora? Azar, vai ficar na montanha esperando a boa vontade de caronas ou pagará um extra pra te recolherem, não tem choro. Isso é meio ruim porque te botam um limite bem pesado de tempo pra fazer um passeio incrível na natureza que poderia durar até o dobro do tempo se você gosta de paisagens diferentes. Mas dá pra aproveitar bem mesmo assim! Andamos em ritmo relativamente puxado e percebemos que nossas parciais batiam com os tempos de trilhas que haviam indicado em panfletos, então é só não embaçar muito pra fotos demais que todos se divertem :-)

Deixaram isso no começo da trilha... hmm, veremos!

Deixaram isso no começo da trilha… hmm, veremos!

Pros perdidos de plantão, essa região na Nova Zelândia é uma das mais legais pra nerds por vários motivos. Primeiro que o Peter Jackson quando adaptou pro cinema o Senhor dos Anéis ele não virou Sir da realeza inglesa por nada, a grana que ele trouxe pro país com turistas visitando os lugares naturais dos filmes é absurda e ele ganhou o título por isso. Segundo porque as principais cenas do desfecho dos filmes acontece aqui.

Ngauruhoe, ou Mount Doom, ou Montanha da Perdição

Ngauruhoe, ou Mount Doom, ou Montanha da Perdição

O parque Tongariro é Mordor na trilogia, a terra devastada que é onde o mal mora na história original. O vulcão por onde fizemos a trilha é simplesmente onde o um anel do Senhor dos Anéis foi forjado, e posteriormente também destruído. É ali que o senhor dos anéis, do Senhor dos Anéis, fica. Que passeio :-)

Dá pra ter noção da escala da paisagem?

Dá pra ter noção da escala da paisagem?

O caminho até lá passa por uma estradinha de terra preta vulcânica e pelo chatô onde ficou hospedada a equipe dos filmes, que era cinco estrelas quando construíram ele no pé do vulcão e hoje é três e meia parece. Vai saber o motivo da queda… :-)

Creio que o aviso veio meio tarde :-)

Creio que o aviso veio meio tarde :-)

A trilha começa apontando pra entre as montanhas vulcões Ruapehu e Ngauruhoe mas acaba começando no noroeste do vulcão que no Senhor dos Anéis é Mount Doom, a Montanha da Perdição. Sobe-se uma escadaria de rochas vulcânicas porosas e ultra duras enorme e cansativa, a Devil’s Staircase, depois passa-se por um vale (ou seria uma ravina ali?) entre o vulcão e a cratera de outras explosões antigas.

Dani felizona no topo do Tongariro

Dani felizona no topo do Tongariro

Pelo tempo e nosso ritmo dava pra subir o Monte Tongariro, que fica a quase 2.000 metros, então fomos lá ver a paisagem do altão, a vista pro vulcão seria boa já que não pudemos subir ele porque chegamos atrasados. Se tivéssemos chegado 1h antes teria dado tempo de subir o vulcão até a boca dele e ser pego exatamente às 4PM, pena!

Fato: vulcôes nascem de vagina das montanhas

Não vou descrever o que isso parece, mas é de um vulcão fêmea

A volta do topo do Tongariro até a Cratera Vermelha é bem absurda, paisagem quase alienígena com o tempo fechando lá em cima já após o horário equivalente de almoço.

Sombras no meião entre as montanhas, lá no alto

Sombras no meião entre as montanhas, lá no alto

A descida pela borda superior da Cratera Vermelha é incrível, demais mesmo. Eu descia pulando com os calcanhares e afundando a bota na areia preta fofa em uma ladeira longa em zigue-zague, foi bem divertido. Eu, Caio, me sentia na lua :-D

Trilha de formigas descendo a Cratera Vermelha

Trilha de formigas descendo a Cratera Vermelha

Passamos também pelos Lagos Esmeralda com cor e cheiro bem peculiar de região vulcânica, fediam apesar da beleza.

Bebeu morreu

Bebeu morreu

Como tava nublado nessa hora, as fotos no Blue Lake não ficaram muito boas, mas é um lagão bem bonito de se ver do alto antes de começar a descida pra base do parque, que parece que não terminará nunca.

Pessoas em escala perto dos Lagos Esmeralda

Pessoas em escala perto dos Lagos Esmeralda

Nossos joelhos sofreram um bocado, talvez por pensarmos demais neles na descida. Como a paisagem não muda muito, acaba sendo monótono e se pensa demais no cansaço. O engraçado é dizer que a paisagem fica monótona em um lugar desse. Em questão de horas perto de vulcões ativos soltando fumaça por onde pisávamos nós acabamos ficando mimados, isso sim!

Uma das lendas maori pra existência do Tongariro e dos vulcões e montanhas do parque é que um chefe de uma tribo uma vez decidiu subir a montanha dali pra tomar posse de toda terra que ele conseguisse enxergar lá do alto. Morrendo de frio no topo, implorou pros ancestrais que lhe aquecessem. Eles ouviram o chamado e mandaram explodir tudo com lava. Acho que deu certo se ele queria se aquecer :-)

Descendo pra ir embora, fumaça de vulcão subindo...

Descendo pra ir embora, fumaça de vulcão subindo…

Chegamos no albergue totalmente cansados no fim do dia, após quase 7h de trilhas com quase nenhum descanso. Após tanto tempo depois do Nepal, nossos corpos vadiaram demais e foi duro encontrar músculo pro dia todo de trilha. Foram 10km subindo até 2.000 metros e outros 10km em descidas íngrimes, mas foi demais. Lindo e cansativo, realmente demais!

Auckland, a maior mini cidade da Nova Zelândia

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Mudança grande de clima, finalmente! Chegamos com chuva fina e frio de gelar as pernas na Nova Zelândia, mas estávamos super felizes por finalmente aterrisarmos quase no “fim do mundo” onde o clima muda a cada 5 minutos, como todos gostam de lembrar aqui :-)

Dica de estréia: já deixamos pago o bilhete pra quando formos sair do país semanas depois, que do aeroporto pra cidade e mais a volta dá 23 dólares por pessoa. Chegar na cidade é muito rápido, o aeroporto é bem perto dela, ou ela que é bem pequena mesmo. É a maior cidade do país mas dá pra atravessar ela andando, é muito estranho isso. É quase uma capital mas tem atmosfera mais de interior que Curitiba, o que por si só é impressionante. Todos fazem questão de frisar como é a maior cidade, super movimentada etc mas pra gente, brasileiros, é um ovo sem ninguém nas ruas!

E foi bom voltar a fazer couchsurfing depois de meses, nosso CS em Auckland foi muito simpático. Saímos pra dar uma volta no bairro dele assim que chegamos e o tempo permitiu. No fim das contas andamos pelo centro todo de Auckland por ser tudo tão perto e minúsculo de verdade. Encontramos um tipo de feirinha de comidas e artesanato no Silo Park quando o sol saiu, e foi bom relaxar ali um pouco, cheio de crianças brincando e música legal tocando.

Domingueira ensolarada no Silo Park

Domingueira ensolarada no Silo Park

Estar em Auckland e não tentar subir algum mirante é perder uma grande chance, e não queríamos simplesmente subir uma torre de TV no centro que, embora famosa, é sem gracinha e não vale a grana. Fomos pro Monte Éden que é bem melhor, de graça e tem uma vista muito foda da cidade, além de ser a cratera de um vulcão extinto :-)

Do alto do Monte Éden :-D

Do alto do Monte Éden :-D

Toda segunda-feira no The Comedy Club (ou The Classic, não entendemos qual o nome real) no centro da cidade tem a noite de comediantes amadores fazendo “stand up”,  foi bacana pagar só 4 dólares pra rir um tanto. Um amigo enfermeiro do nosso CS até tava estreando lá e mandou bem. Tinha uns bons mas tão amadores que morriam de vergonha e estragavam tudo no fim, dava dó. Não é todo mundo que sabe fazer piada sobre clamídia hahah.

Rangitoto lááá longe, do alto do Monte Éden

Rangitoto lááá longe, do alto do Monte Éden

Aproveitamos muitas dicas do nosso CS e amigos deles pra passeios pela região, mas como não tínhamos muito tempo ficamos com algo mais próximo e conhecido. Pegamos um barco até Rangitoto, uma ilha pitoresca na baía de Auckland. Ela é uma ilha vulcânica toda “choquito” no solo e com vegetação não mais antiga que 200 anos, ainda crescendo.

Uma ilha vulcânica "choquito" seria assim

Uma ilha vulcânica “choquito” seria assim

Dá pra subir até a borda do vulcão e andar uma trilha de 15 minutos pela borda, muito legal. Dani aproveitou pra fazer check-in lá no topo, tinha sinal de 3G até! Inclusive, um chip local com 1GB de dados, SMS ilimitados e 100 minutos aqui dá 15 dólares pela “2 degrees” e vale a pena. O sinal deles é suficiente pra ver vídeos como se estivéssemos no wifi, que aliás costuma ser ruinzinho por aqui em estabelecimentos. Enfim…

Agora do alto de Rangitoto, pra devolver a vista

Agora do alto de Rangitoto, pra devolver a vista

No topo de Rangitoto encontramos duas excursões de criancinhas com os pais e professores. Uma de uma escola de brancos locais e outra de nativos maori. As crianças maori uma hora se juntaram todas e ficaram cantando no topo do vulcão e todos ficaram olhando, foi muito diferente e bonitinho. Fizeram até um haka meio sem jeito ainda no final.

...e uma ave em uma ilha choquito seria assim...

Qué!

A região em volta de Rangitoto é bem bonita, tem várias praias vulcânicas e trilhas pra se fazer, mas todas demorando entre 3 e 6 horas. Pra gente, que ia pegar o último barco de volta pro continente, não rolou aproveitar essa parte.

Nosso CS apesar de bastante ocupado e com horários bizarros trabalhando na emergência de um hospital ainda arrumava coisas pra fazermos com ele, como ir numa escola de acrobacias que uma amiga também do CS organiza na base de doações. Basicamente, se tiver uns trocados e a noite livre, toda terça-feira no ginásio da Grammar School for Girls da cidade umas 30 pessoas se juntam pra aprender bizarrices e fazer manobras divertidas.

Eles falaram que isso era só o aquecimento

Eles falaram que isso era só o aquecimento

Tem de tudo, mas ficamos no básico mesmo, tentando ficar de cabeça pra baixo nos equilibrando nos joelhos de alguém, erguendo e sendo erguidos, fazendo torre humana e eu, Caio, até consegui fazer uma ponte sem usar as mãos equilibrando com outro cara. Foi da hora! Pena que não dava pra ficar tirando foto e tentando não quebrar o pescoço, mas acreditem que tentamos várias piras malucas. E ainda fechamos a noite indo com um grupo da escola comer um curry muito bom ali perto, e “baratinho” pros padrões deles de 8 dólares por pessoa…

Falando em comida, Auckland é bem estranha. Por serem ingleses, comem peixe, batatas e curry, sem problemas. Esperado. Mas tivemos uma baita surpresa ao descobrir que não se vê muitas frutas kiwis por aí, o que ok até, nem é tão grande coisa comparado com a quantidade de lugares e pessoas vendendo sushi pela cidade. Sério, o que se vê de barracas de cachorro quente e salgados no Brasil se vê de sushi por aqui. Geralmente são bandejas com sushis enormes e bem bons, bem feitos mesmo. Pros padrões de preço dele já são baratos, mas os lugares e quitandinhas com sushi tem até happy hour com 50% de desconto. Dá pra comer uma bandeja de sushi bem boa por tipo sete reais ou coisa assim. E isso virtualmente em toda e qualquer esquina. Aqui é a sushilândia!

Fizemos muita coisa legal nos primeiros dias na Nova Zelândia, porém Auckland foi meio que o início de uma frustração com a qual ainda estamos tentando nos acostumar. Lá no começo planejávamos conhecer a Nova Zelândia de um jeito diferente, trabalhar por um tempo como é tão comum entre mochileiros aqui, alugar um carro para viajar por conta própria e ficar em acampamentos. É assim que a maioria por aqui conhece o país. A gente queria ficar 60 dias no país mas a volatidade do dólar ao longo dos últimos meses e a dificuldade em conseguir trabalho (pois não conseguimos aplicar para o visto pois estávamos na trilha do Nepal quando as vagas abriram e esgotaram em horas), fez a gente mudar para só 20 dias e viajando de ônibus mesmo e tentando couchsurfar o quanto desse.

Dizem que aqui é paraíso pra mochileiros. De fato, é tudo lindo e animal, as paisagens são alucinantes, mas só se você tem dinheiro sobrando e tempo senão não vai aproveitar muito não. Infelizmente é a realidade. Nossa viagem sempre foi mais baseada em observar, e a Nova Zelândia é um país de fazer. Todos os lugares explodem de dicas sobre onde ir e com diversas atividades incríveis pra explorar ao máximo o país, mas todas bem caras. É preciso ter a cabeça bem centrada pra não surtar e ficar triste por bobagem. O fato é que é virtualmente impossível ver tudo mesmo, não tem jeito, e já somos privilegiados demais por termos três semanas em um lugar tão fantástico!

Dani diz... aqui é paraíso de mochileiros mas achar preços e dicas pra fazer coisas independentes tá sendo uma decepção! o que tem é superficial, melhor é chegar no lugar e ver na hora… prepare-se pra sustos!

Em Auckland nosso passeio pelas duas ilhas do fim do mundo começou bem intenso, mas ver como vai ser o resto agora. Vulcões, montanhas, e geleiras nos esperam :-D