Siem Reap e os templos de Angkor
Dec 06 2013
asia, cambodia, rtw 5 Comments
A idéia toda de ir pro Cambodia girava em torno dos templos que eles tem no noroeste do país, em Siem Reap, e finalmente visitamos tudo por lá! Compramos o bilhete de ônibus de Phnom Penh para Siem Reap por 12 dólares por pessoa no hotel onde estávamos hospedados. A viagem durou 7 horas e foi terrível! Pela primeira vez pegamos um ônibus apertado e desconfortável (até pra mim, Dani, que sou pequena, pro Caio então nem se fale). Pra completar o super evento, um local no banco da nossa frente vomitou a viagem toda. E na parada que o ônibus fez, depois de já ter passado mal, o cidadão foi almoçar ainda. Lógico que deu merda. Foi foda, coloquei meus fones de ouvido com uma música alta, joguei a jaqueta na cabeça e fui meditando a viagem toda pra não ouvir a sinfonia.
Viajando é que deu pra ver como o Cambodia é plano, não tem ladeira nenhuma em parte alguma, nada de colinas. As estradas que ligam uma cidade a outra são uma linha reta só com plantações de arroz em volta, nada mais, e quando você olha pra frente não consegue ver o fim da estrada! É uma paisagem bonita, e em alguns momentos a vegetação se parece muito com o Brasil.
Devido ao Parque Arqueológico de Angkor Wat, Siem Reap é uma cidade muito mais turística do que a capital Phnom Penh. Dá pra ver que é disso que a cidade vive. O fato de ter um aeroporto em uma cidade tão pequena e de ter uma avenida em linha reta que liga o aeroporto ao templo de Angkor Wat mostra que eles pelo menos estão tirando algum proveito disso, o que é bem bacana. O centrinho da cidade tem uma atmosfera legal que lembra muito a Khao San Road de Bangkok, com sua feirinha noturna bem movimentada e cheia de boas opções pra comer comida local barata e repleta de lojinhas e hospedagem camarada. Por ter mais vegetação os insetos incomodam mais e até o clima por lá muda, faz frio de madrugada e de manhã. Até assustamos acordando na madrugada quase congelando sem cobertor.
Quando planejamos nossa ida a Siem Reap, nosso principal interesse era visitar o templo de Angkor Wat, o mais famoso lá, mas não fazíamos ideia da imensidão do parque todo. Não se trata apenas de um templo, mas sim de um parque arqueológico mesmo, de uns 400km quadrados, patrimônio da UNESCO e tudo. Lá é onde estão concentradas as ruínas dos grandes e mais importantes templos do Império Khmer, que dominou a região do Cambodia do século 9 ao século 15.
O bilhete para entrar no local custa 20 dólares por 1 dia, 40 dólares para 3 dias ou 60 dólares para 1 semana. Conhecer os templos andando é um ato de coragem, considerando que o menor circuito, passando somente pelos templos mais importantes, tem 17km (fora a caminhada a ser feita dentro dos templos). E lembrando que o sol que faz na região é de matar. Mas ok, é possível!
Nós escolhemos visitar o parque em 1 dia apenas, com um tuk tuk que cobrou 12 dólares a diária para fazer o circuito pequeno passando pelos templos de Bayon, Royal Palace, Elephants Terrace, Angkor Wat, Ta Prohm, Banteay Kdei e deveria também ter incluído ver o pôr-do-sol em Phnom Bakeng mas o motorista inventou uma história estranha sobre ter número limitado de pessoas e termos perdido a hora, o que nos pareceu uma desculpa esfarrapada, mas como estávamos mega cansados depois do dia inteiro andando sem parar no sol aceitamos terminar o passeio por ali mesmo. Já visitamos muito pôr-do-sol e nascer de outros tantos por aí pra não ficarmos muito tristes com a perda :-)
A estrutura do parque é impressionante, tudo muito organizado, fazem até uma carteirinha impressa com foto que tem que ser mostrada na entrada de todos os templos. Nos templos maiores tem alguns painéis informativos com informações sobre o templo e às vezes fotos de antes e depois de restaurações que eles fizeram. Por todo o parque é possível encontrar lugares para comer, não somente lanche, mas restaurantes a céu aberto vendendo todo o tipo de comida. E o preço é muito normal, o que para um local turístico desse porte é surpreendente! Óbvio que tem os restaurantes com cara de mais chiques vendendo a mesma comida por três vezes o valor normal, mas por esses passamos reto. Ah, e a cada esquina tem gente vendendo frutas fresquinhas! Compramos um abacaxi inteiro descascado por 1 dólar como lanche da tarde!
A visita aos templos é realmente espetacular. Angkor Wat é o templo mais famoso deles, mas nenhum dos outros deixa a desejar. Nosso favorito, inclusive, é o templo de Bayon. Ele tem uma fachada linda e é animal por dentro, achamos o mais bonito de todos. Só não é legal pra quem não gosta de ser observado, pois Bayon é marcado por rostos esculpidos por todo o templo, desde as torres até as paredes! Os muros externos são todos decorados com relevos retratando as guerras do povo Khmer.
Outro local que chama atenção é o Ta Prohm, cujas ruínas foram tomadas pelas grandes raízes de árvores em volta do local, tornando o cenário lindo! Em alguns locais tem uma raiz de árvore saindo pela janela do templo ou atravessando um muro, em outros parece que a árvore está escorrendo por cima da janela. É nesse templo que realmente cai a ficha de quanto tempo faz que essas construções estão ali.
A cereja do bolo, Angkor Wat, tem uma fachada cinematográfica e imponente.
Seguimos uma dica de visitá-lo entre 13h e 14h, quando a luz é a melhor pra fotografia, e o resultado foi bem bacana. Ele é o mais alto de todos os templos, mas para subir lá no alto tem que estar de calça comprida e não pode usar chapéu, pois apesar de ser apenas ruínas ainda é um templo budista respeitado.
Uma curiosidade sobre isso é que ele foi construído originalmente como um templo hindu em homenagem a Vishnu (além de ser um mausoléu para o rei), mas quando o império se converteu para o budismo todas as estátuas de Vishnu foram substituídas pelas de Buda, que estão lá até hoje. O que não está mais lá é o ouro e as pedras preciosas que dizem que ornamentavam os templos há milhares de anos atrás. Hoje eles são só pedras e ainda são magníficos, imagine quando foram construídos!
Angkor Wat foi especial porque finalmente o Caio pode fazer o que ele veio até o Cambodia fazer: brincar de Rayden com chapéu estilo indochina e tudo, em frente ao Angkor Wat, o cenário do filme do Mortal Kombat. Fizemos um videozinho desse momento tão importante e ficou sensacional! :-)
Só uma coisa nos deixou chateados no parque: ao chegar lá, descobrimos que naquele dia estava acontecendo a meia maratona anual de Angkor, uma corrida dentro dos parques que passa pelos templos. E a gente não sabia… não sei se estaríamos preparados para correr 21km, mas participar de uma corrida em um lugar desses teria sido inesquecível. Mais uma vez ficamos com aquela saudade incontrolável de nossas corridinhas!
Após a visita ao parque, ficamos mais uns dias por ali pra aproveitar um pouco mais a cidade. O Caio passou o aniversário na cidade, que rendeu até um café da manhã surpresa com os cookies preferidos dele, frappuccino da Starbucks que eu encontrei em um mercadinho daqui, um Skittles e um cartãozinho. Estando longe de casa é o que eu podia oferecer.
Ah, e pra aliviar o peso da idade, ele aproveitou o preço baixo (3 dólares por meia hora), e experimentou a massagem aqui do Cambodia, que segundo ele é muito diferente da massagem tailandesa que experimentamos em Koh Phi Phi, mas igualmente boa. Eu fiz meia hora de massagem nos pés e saí de lá flutuando!
No nosso último dia na cidade encontramos um restaurante em um shopping, super por acaso, que era um buffet livre daqueles de esteira, tipo alguns que tem no Brasil servindo comida japonesa. Era barato, 6.5 dólares por pessoa, e resolvemos experimentar. Só que é um negócio muito diferente, em vez da comida pronta a esteira traz ingredientes crus (incluindo carnes e frutos do mar)! Cada pessoa escolhe o caldo que quer: normal, agridoce ou apimentado. Na sua frente fica uma panela em um fogãozinho e os ingredientes vão vindo na esteira, pra montar a própria sopa. Genial!
Tinha de tudo, vários tipo de peixe, camarão, lula, porco e carne vermelha, vegetais de todos os tipos, ovos, uns três tipos de cogumelos, macarrão, bolinhas de carne e peixe, sushi, folhas de tempero etc. E refrigerante, frutas e saladas à vontade! O limite de horário é de 80 minutos, mas depois de 1 hora já estávamos redondos de tanta sopa e nem usamos nosso tempo até o final. Uma delícia e diversão garantida! :-)
Em tempo, vale dividir a nossa percepção sobre negociação de preços no Cambodia. De longe aqui é o país que mais reduz o preço quando se negocia. Nos outros países da Ásia a gente jogava o preço pra 50% e no final acabava pagando 80%. Aqui, a gente joga o preço pra 50% e acaba pagando 60%. Em alguns casos a gente joga pra 50% e o cara já vende. Negocie, negocie muito, que dá pra conseguir baixar bastante os preços de tudo no Cambodia!
O Cambodia foi massa! Até o Caio, que não estava muito empolgado de início, disse ter gostado do país e ter ficado positivamente surpreso pela qualidade do turismo e estrutura que eles tem hoje já. Agora era hora de se mexer e voltar pra Bangkok, curtir nossos últimos dias em território asiático.