Por que dar a volta ao mundo?

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Quando eu, Caio, virei pra Dani e falei sobre dar uma volta ao mundo, nós já havíamos viajado pros EUA duas vezes, uma vez pra Europa e outra pro Peru. Não é muito, mas é bem mais que a maioria das pessoas. Lembro que estávamos cogitando mesmo morar fora do país, mas a Dani tinha exigências altas demais pra isso e necessidades que eu não tinha… e acabei chutando o balde e falando “se é pra continuar aqui vamos pelo menos dar uma volta ao mundo pra gastar esse dinheiro” e ela topou :-)

Isso já seria uma resposta: gastar o dinheiro que guardou durante um bom tempo. Dinheiro envelhece, não foi feito pra ficar acumulando e você punhetando os números aumentando na sua conta sem ter onde gastá-lo. E pra mim gastar dinheiro é basicamente fazer e conhecer coisas que jamais poderia.

O que mais tem hoje em redes sociais é gente frustrada com a vida, emprego etc que fica postando imagens e pensamentos bonitos sobre como a vida é legal, mas está num cotidiano medíocre e tem medo de fazer algo diferente, quando muito vivem através dos outros, ou com inveja ou dando curtidas em links. Eu quis fazer diferente, nem que pudesse me dar mal por isso.

Tem gente que mal sai de casa, que acha viajar um porre ou que não serve pra nada, e tem os que acham que sem viajar você não é nada. Vou tentar ficar no meio termo, não pretendo virar hippie mas acredito realmente que sem ver natureza ou paisagens você não é absolutamente nada. Você é só um monte de poeira que acha que vive. Se você assistiu Na Natureza Selvagem, leu On The Road, curtiu Walt Whitman e Thoreau e gosta de ver timelapses de paisagens no Youtube, então acho que talvez devesse considerar dar uma volta ao mundo. Se você é nacionalista, acha que dinheiro bom é dinheiro rendendo, tem ritual ao acordar e dormir pra ficar bem penteado, é melhor ficar em casa mesmo.

Eu não sei justificar direito porque eu quero dar uma volta ao mundo. Minha recordação mais antiga sobre “lugar longe” era quando eu tinha unas 12 anos e um amigo de um tio voltou da Austrália estudando, trabalhando, sei lá, algo assim. Porra, no mapa é do outro lado, isolado! Sério, olha o mapa mundi aí, veja onde é sua cidade, olha no Google Maps. Dê zoom pra longe, mais, mais. Mais um pouco. Mais, mais, mais. Provavelmente você ainda nem consegue ver seu continente todo… tem muita coisa pra ser vista por aí!

Enfim… não gosto de pessoas, sou ranzinza, e irritável, mas ao mesmo tempo não aguento rotina longa demais, topo qualquer coisa e simplesmente adoro esse planeta, preciso aproveitar ele antes que o pouco que sobrou desapareça, vamos ver no que vai dar :-)


Quando o Caio diz que propôs uma volta ao mundo e eu aceitei, até parece que foi assim, pergunta e resposta na mesma hora. Na verdade, foi preciso muita paciência da parte dele até que eu entendesse o que uma viagem como essa significava.

Eu, certinha como sou, dando uma volta ao mundo? Não conseguia visualizar. A única imagem de vida que eu conhecia era aquela em que você acorda de manhã, vai trabalhar, vai pra faculdade, volta pra casa, dorme e no dia seguinte faz tudo isso de novo. Passar 8 meses viajando pra mim não se chamava vida, se chamava “insanidade” :-P

O fato é que eu era como a maioria das pessoas, e a maioria das pessoas se adapta muito bem à rotina que lhes é imposta, sem perceber ou sem se importar muito com o mundo à sua volta. E aí a gente fica ali, vivendo no nosso mundo particular, com nossos preconceitos, frustrações e egoísmos. Não acho que exista problema em ter uma rotina definida, trabalhar pra caramba e se esforçar para fazer as coisas bem feitas. O problema é quando essa rotina suga suas forças ou suga você pra dentro de uma redoma onde só existe trabalho, faculdade, compromissos, gerentes e deadlines.

É mais ou menos como fala a propaganda do supermercado: “o que faz você feliz?”. Conquistei muito do que queria nesses anos de esforço e trabalho levado a sério, não posso falar que não. Fiz bons amigos, cresci profissionalmente, me formei com boas notas, guardei uma grana… mas é isso que me faz feliz? Definitivamente, não. Me faz feliz o que eu faço depois das 18 horas e nos finais de semana… me faz feliz conhecer lugares novos, estar com o Caio, brincar com o meu sobrinho, poder receber quem eu gosto na minha casa pra comer pizza brotinho </inside joke>, chegar em casa antes do pôr-do-sol pra dar uma corrida. Em resumo, me faz feliz curtir a minha juventude, coisa que eu não tenho feito muito nos últimos dois anos. É hora de correr atras do prejuízo!

Mas Dani, por que ir tão longe pra se curar disso? Por que é a forma mais bonita :-)

O mundo é muito, muito, muito maior e mais interessante do que percebemos. Há muito mais lugares, culturas, pessoas, conflitos e diferenças do que conseguimos imaginar. Viajar e estar em contato com tudo isso faz com que você exercite o respeito e a curiosidade de uma forma única. Uma blogueira, dentre os vários blogs de viagem que eu acompanho, disse uma coisa muito interessante: “imagine que você, lá do universo, está olhando para a Terra e vendo todos os lugares por onde você anda, agora perceba como a gente aproveita uma parte muito pequena da Terra!”. E não é verdade? Há tanto para ser visto, para ser sentido, e está a nossa disposição… e a gente prefere a nossa redoma!

Eu não sou uma mochileira experiente, não sou desapegada e muito menos despreocupada. Que fique claro que isso não é pré-requisito para uma volta ao mundo. Pré-requisito para uma volta ao mundo é a curiosidade e a vontade. O dinheiro é uma questão de planejamento e do tipo de viagem que você espera. A coragem, vem com o tempo, enquanto você dedica horas e horas planejando, pesquisando e sonhando com a viagem que quer fazer.

Termino o post sobre motivação com uma música que eu adoro e que se encaixa perfeitamente neste momento de decisão.

Let it shine on us :-)

Lar é onde o bumbum descansa

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