Curso rápido de Johannesburgo
Apr 06 2013
africa, dicas, rtw, sa 4 Comments
Os bairros distantes são distantes, muito distantes. Aí você acredita quando dizem que o transporte público aqui é horrível. Diz que é por causa do apartheid que tudo é longe e isolado. Brancos só andam de carro, os negros que andam à pé. Bom, os negros e a gente já que não vimos um branco sequer nas calçadas, mas evitamos andar sozinhos longe de centros porque é perigoso no fim do dia.
Continuando a saga do transporte, por favor, imploramos, não pegue táxi do aeroporto. Mesmo com taxímetro fica absurdamente caro. Como estávamos offline e sem instruções pro couchsurfing… pegamos, deu 600 rands: 60 doletas, 120 reais. Tudo bem que onde estamos é ridiculamente longe de tudo, mas porra, esse é o mesmo preço pra 2 pessoas irem de trem atravessando o país até Cape Town!
O jeito que acaba valendo a pena é o tal Gautrain, onde puder pegar já que a malha dele é curta e quase não existem ônibus nas ruas. Tem os tais “black taxis” que de black tem só as pessoas. Não são táxis, são vans tipo lotação. Não são ilegais, existe até terminal delas. Não são pretas, são brancas com uma faixa amarela na maioria das vezes. O custo é 10 rands por trecho, arredonde pra 1 dólar por pessoa. É até legal sermos os únicos branquelos numa van lotada de sulafricanos falando nas línguas deles :-D
Comida é barata até, não dá pra reclamar, mesmo convertendo pra dólar e depois pra real você não se assusta, mas é bom gostar de frango frito. KFC pra tudo que é lado, muita fritura, muito frango. Um combo fica entre 3,50 e 5 dólares dependendo da fome (batata, frango e refrigerante é básico). Tem o Wimpy também, é o McDonald’s deles, mais comum que o próprio McDonald’s.
Comida saudável não temos muita noção porque só achamos um supermercado até agora e ele parecia meio chiquezinho, ou seja, caro. Mercados parecem ser raridade e pequenos, além de só pra brancos. Compramos 6 ovos, pão de forma, patê de queijo, pasta de dente, sabonete, 4 papéis higiênicos, pé de alface, tomates cereja, 4 pimentões, lata de tomate pelado e 2 pacotes de macarrão borboleta que preparei pra colegas que fizemos. Deu 22 dólares. Macarrão, papel higiêncio e patê de queijo. Por enquanto temos gastado menos que o esperado. Se não fosse o táxi do aeroporto estaríamos 40%, e não só atuais 20%, melhores que o orçamento.
Até agora Johannesburgo tem sido só legalzinha, pra mim pelo menos. O centrão é caos total, sujeira e fedor em todo canto, trocentas pessoas nas calçadas e muita buzina. Me lembrou muito Manaus.
As áreas em volta do centro são melhores e, tirando a falta de bueiros que faz qualquer chuva ser um inferno, as ruas no geral até que são bem planas, retas e quase impecáveis. Um carro alugado barato com GPS aqui seria perfeito. Aí poderíamos estacionar após os robôs, que é como eles chamam os semáforos.
Fomos no Museum Africa, razoável, mas é mais museu de coisas relacionadas à cidade do que ao continente. Pelo menos é grátis e tinha uma exposição sobre identidade sexual bem interessante. O Apartheid Museum é bem legal, mas estávamos molhados e sem tempo, vale fácil uma manhã toda. Visitamos o campus da Wits, que além de absurdamente foda em infraestrutura é onde fica o Planetário e o Origins Center. Planetário só iniciava a temporada um dia depois de irmos embora. Origins Center é fantástico, vale cada segundo lá!
Ah, não espere que lugares públicos tenham internet. É incrivelmente difícil achar conexão em Johannesburgo, e quando acha não funciona. Até agora perguntamos em todos os lugares que passamos, só um McDonald’s tinha internet funcionando na cidade toda.
Não sei se é a falta de paisagem que não me chamou atenção na cidade, sei lá, e as pessoas parecem meio alienadas a você, do tipo não parecer ter saco pra falar contigo ou fazer cara de WTF quando você puxa papo pra pedir informação. Mas isso pode ser porque somos brancos. É pra se pensar.
Em breve falamos do Shosholoza Meyl, quase 30h de trem saindo de Johannesburgo!