Roma, cazzo!
Jun 24 2013
Nosso tempo em Roma foi um pouco diferente. Não ficamos na cidade de forma contínua. Primeiro usamos ela por metade de um dia e noite como base só pra ir pro sul da Itália, e depois quando voltamos pra lá pra visitar de verdade.
Foi nesse primeiro espaço de 6 horas na chegada em Roma que fez a gente aproveitar tanto a cidade. Finalmente estávamos em Roma, cazzo! Como esperamos pra visitar a cidade que a cada esquina e parede tem milênios de história…
Pra essa noite tínhamos couchsurfer pra conhecer. Coincidentemente ele morava em Curitiba também, meio que lá e meio que em Roma ainda. Falava português praticamente fluente e só não falamos o nome dele aqui por privacidade, mas foi uma das pessoas mais gentis e “elétricas” na viagem, extremamente gente boa. Como o tempo era curto, após o trabalho ele nos levou pra conhecer Roma. E quando dizemos conhecer dizemos conhecer mesmo. Andamos ininterruptamente das 6 da tarde até meia-noite! Fomos dormir, acho, por 01:30.
Qual o pulo do gato? O passeio era com um italiano de verdade, couchsurfer, fomos direto pra onde era legal. Visitamos o Coliseu, ou Colosseo com o sotaque engraçado da anunciante nos metrôs, o Arco de Constantino que é do lado, as ruínas do fórum romano vimos de fora pelo horário ser tarde, demos uma espiada na Coluna de Trajano e no palácio Vittoriano, passamos pela Fontana di Trevi, Praça da Espanha, subimos a escadaria ali até a entrada pra Villa Borghese com um panorama e pôr-do-sol incrível do alto da cidade. Voltamos já quase morrendo pelo centro, repassando alguns lugares agora de noite, com iluminação de monumento mesmo.
Fica tudo mais incrível, o fórum romano de noite (com direito a entrar pelos fundos, sem ninguém, pulando uma cerca pros turistas) é alucinante. Jantamos perto da Praça Navona por 10 euros (2 pratos e vinho), combo comum em Roma e preço camarada. Dali ainda passamos no Pantheon, algo emocionante pelo gigantismo do lugar e significância! Ufa! A noite foi foda, e seremos eternamente gratos ao nosso couchsurfer por isso :-)
Entendem agora a diferença de ter couchsurfing? Conversas excelentes com pessoas locais, aprendemos mas muita, muita coisa sobre a Itália nessa noite. E sobre o Brasil também já que nosso couchsurfer tá praticamente indo morar lá em breve. É uma forma absolutamente diferente e oposta ao jeito brasileiro de fazer turismo, e isso ainda vai render post específico hein!
Enfim, acabamos voltando para Roma novamente só uma semana depois, mais ou menos. Após passar por Napoli e Sorrento na região da Campania, ficamos uns dias mais calmos na capital… ou não tão calmos assim.
Chegamos de trem às 21h, cansados, andamos meia hora com mochilas carregadas até o endereço do hostel. Não tinha placa na entrada, nada, nem um pedaço de papel no interfone. Conseguimos entrar com ajuda de um morador do prédio (o lugar é tipo um conjunto habitacional) e começamos a olhar porta por porta, andar por andar (12 no total)… dos dois prédios do condomínio. Nada de achar o albergue. Aí uma hóspede do lugar chega e fala “ah é ali, mas eu nem sei o nome também” e lá dentro, além de vazio e sem recepção, tinha uma placa “em caso de ajuda ligue pra tal número”… ligamos, e um sujeito do leste europeu apareceu falando que nosso albergue era outro, 5min andando dali, ficou bravo e ligou pro chefe dele quando reclamamos da bizarrice toda, falando que só podíamos ficar uma noite e não todas as reservadas, quis cobrar a mais da gente… puta zona absurda. Resumindo: pegamos nossas coisas e saímos pela região da ferroviária de Roma, lixeira total, às 23h procurando onde dormir!
Caímos no primeiro decente que achamos perto da praça Vittorio Emanuele, caro mas pelo menos seria nosso resgate. E que resgate! Descobrimos que quase do lado ficava a sorveteria Palazzo del Freddo, supostamente a mais antiga de Roma e uma das mais antigas da Itália! E que sorveteria é aquela rapaz… isso deveria ganhar prêmio! A noite foi amarga na cabeça e no bolso, mas pelo menos aliviamos com o sorvete maravilhoso dali, 2 euros que valeriam 2 milhões :-)
Na manhã seguinte caçamos online um albergue pra ficar e achamos com disponibilidade parcial o Casa Rosa, lugar dos sonhos total. Se soubéssemos que eles existiam antes, teríamos ido direto pra lá. Mesmo com disponibilidade parcial mexeram na reserva duns americanos e conseguimos os três dias restantes no mesmo cômodo. O gerente do lugar é um amor de pessoa, ligado nos 220v e quando percebemos estávamos tomando um café por conta dele numa cafeteria na esquina e falando sobre onde iríamos e sobre nossa viagem. Ele ria e falava que nos odiava por ela. Praticamente tratamos ele como nosso couchsurfer, pra terem idéia. O lugar era excelente, bem cuidado, super limpo e o melhor: pequeno, ou seja, só três quartos então era quase cuidado diário pra gente. A região é super local, cheia de comércio pequeno e ruas de movimento típico de bairro, demos uma baita sorte de não cair num canto turístico.
Fizemos por conta, assim, parte do trajeto em Roma lá da nossa primeira visita. Dessa vez, porém, de dia, pra ver e sentir a diferença. As luzes nos lugares muda bastante, vale a pena fazer os passeios de dia e de noite. Particularmente prefiro de noite, as iluminações deixam tudo mais imponente. Como dessa vez tínhamos mais tempo por conta própria, fizemos tudo andando desde o albergue até o centro histórico, fórum romano e ruínas tudo por dentro delas. Um dos nosso lanches foi na subida do Monte Palatino, por exemplo, chique. Matamos o dia voltando na sorveteria Della Palma, que disseram ser bastante conhecida, e fomos pro céu com o sorvete muito bom deles por 3 euros a casquinha normal. Queríamos pegar de novo e de novo, mas a grana não deixou… gelato na Itália é fonte de despesa feroz.
Já tínhamos notado isso antes, mas pegando metrôs nesses dias reparamos na quantidade de gente que não paga transporte em Roma. À noite, pelo que vimos e nosso primeiro couchsurfer confirmou, ninguém liga e entra sem pagar mesmo e o motorista nem esquenta. Depois que a passagem subiu 50% (50 centavos) a galera parou de pagar e foda-se, algo assim. Nos metrôs vários pegavam carona no bilhete da frente pra passar na catraca larga. Quem diria… solução interessante.
No sábado eu, Caio, fiquei no albergue fazendo coisas digamos… hmm, mais mundanas, enquanto a Dani ia visitar o Vaticano. Cortar cabelo, ir no mercado, ver TV, essas coisas. Ela foi e voltou sozinha, sem se perder; e olha que o endereço do albergue era meio difícil, numa área bem legal mas com ruas não muito simétricas num mapa! Desafio de orientação e tanto pra ela, mandou bem.
Eu, Dani, recomendo fortemente a visita ao Vaticano, mesmo não para quem não é religioso. Uma vez que você chega lá, encontrar os pontos importantes não é tarefa difícil, pois desde a saída do metrô uma onda de turistas te carrega para a Basílica de São Pedro e para o museu do Vaticano (16 euros pra igreja vezes milhões de turistas por mês). A única dica, portanto, é ir preparado para ser bastante esmagado e para filas e mais filas.
O museu do Vaticano é enorme e composto por vários museus e pela Capela Sistina, que é a última atração do lugar. Eu demorei uma hora e meia visitando os museus antes de chegar até a Capela Sistina e preciso falar que fiquei impressionada com a perfeição de cada um deles. As coleções são bem grandes (…de repente você tromba com O Pensador!) e a arquitetura é incrível, eu saí de lá com torcicolo de tanto ficar admirando e fotografando tetos! :-P
A Capela Sistina é um espetáculo a parte, é realmente bonita como eu esperava, mas preciso dizer que é um pé no saco entrar e sair dela. Primeiro porque todo mundo diminui o ritmo quando chega perto de lá e demora-se uns 20 minutos pra conseguir entrar. Depois porque, uma vez lá, a cada 10 segundos você escuta o guarda gritando “no photos, no videos” ou “silence, please” no meio de uma muvuca de gente tentando tirar fotos escondido. Difícil de se concentrar, relaxar e curtitr o lugar.
No nosso último dia, domingão, fomos no parque. Programa típico também para os italianos ao que parece! Fomos novamente na Vila Borghese, um dos maiores, senão o maior, parque de Roma. Gigantesco. Estava praticamente lotado, cheio de gente fazendo pic-nic, crianças brincando, várias famílias naquelas bicicletas pra grupos e calor e sol forte. Não tinha como ficar melhor pra descansar ali, deu até pra tirar uma soneca depois de comer frutas e um sanduíche com cenouras, passamos o dia todo lá :-)
Roma mesmo só decepcionou na noite pra sair. Haveria um jogo de futebol da Itália e quase marcamos de ir ver com nosso couchsurfer e amigos dele, mas abortamos pra ir no bairro de Pigneto que era relativamente perto de onte estávamos. Pigneto é uma região restaurada que parece estar super cool e trendy etc e tal. Cheia de jovens e botecos e restaurantes novos. Fomos lá pra ter um jantar de despedida, mas acabamos comendo um sanduíche de porco assado ridiculamente seco e duro, onde serviam um vinho “da casa” que cheirava álcool de cozinha. E isso porque era sugestão de Lonely Planet… enfim, Pigneto é superestimado total, é meio feio e sujo ainda, não se desenvolveu totalmente, e não é porque é cheio de jovens alternativos que os restaurantes podem cobrar preços absurdos por comida simples que se encontra por metade do valor no centro. Pena…
Se fosse pra dizer alguns pontos inesquecíveis na cidade, seja porque adoramos cultura greco-romana ou seja porque é muito bonito mesmo, diríamos pra visitar: Fontana di Trevi, uma pornografia de escultura sem precedentes; palácio Vittoriano, meio clichê mas é tão único na paisagem e gigante que não tem como não babar; Villa Borghese, paraíso esquecido por muitos turistas; Praça Navona e dali emendando o Pantheon, vá lá e depois me diga se não valeu a pena. Tudo isso é inútil ver em fotos, por isso nem botamos muitas aqui. A dimensão das coisas ao vivo é indescritível.