Parque Nacional Tongariro: invadimos Mordor!
Dec 21 2013
novazelandia, oceania, rtw No Comments
Meio que não sabiamos como passear pela Nova Zelândia direito quando chegamos em Auckland, mas sabíamos que queríamos visitar uma das regiões em que filmaram Senhor dos Anéis! Afinal, aqui é a Terra Média como os locais tem orgulho em dizer, todo o país foi cenário pros filmes. O problema é que é tudo tão remoto e caro pra ir que sem carro, como nós estamos, fica complicado demais…
Um couchsurfer nos recomendou ir pro Tongariro, o parque nacional onde ficam vulcões ativos que foram usados pra filmar Mordor e a Montanha da Perdição na trilogia, e lá fomos nós! Achávamos que lá só havia trilhas de 3 a 5 dias e com reserva de cabanas, as chamadas Great Walks que são super populares aqui no verão. Mas não, tem uma trilha clássica chamada Passagem Alpina que dura 8h e muita gente faz em um bate-e-volta, convenientemente perto da parada do nosso ônibus. Perfeito!
O único vacilo nosso foi achar que a parada National Park era a do parque mesmo, mas não é. Ela é uma vila de algumas casas e um posto de gasolina que dista 20km das montanhas. Era onde nosso ônibus parava e tinha albergue disponível, então beleza, mas as opções de trilhas em volta são quase inexistentes. Se quiser ficar vários dias no parque pra fazer várias trilhas o melhor é ir de carona ou à pé ou de carro pra Whakapapa, a vila realmente na base das montanhas.
Nosso albergue parecia o mais vazio entre os três da vila que estavam funcionando, e eles tinham um esquema padrão da região pra quem faz a Passagem Alpina. Paga-se 25 dólares, te pegam às 7AM pra começar a trilha efetivamente às 8AM e esperam do outro lado do parque pra te levar de volta pontualmente às 4PM. Não terminou a trilha na hora? Azar, vai ficar na montanha esperando a boa vontade de caronas ou pagará um extra pra te recolherem, não tem choro. Isso é meio ruim porque te botam um limite bem pesado de tempo pra fazer um passeio incrível na natureza que poderia durar até o dobro do tempo se você gosta de paisagens diferentes. Mas dá pra aproveitar bem mesmo assim! Andamos em ritmo relativamente puxado e percebemos que nossas parciais batiam com os tempos de trilhas que haviam indicado em panfletos, então é só não embaçar muito pra fotos demais que todos se divertem :-)
Pros perdidos de plantão, essa região na Nova Zelândia é uma das mais legais pra nerds por vários motivos. Primeiro que o Peter Jackson quando adaptou pro cinema o Senhor dos Anéis ele não virou Sir da realeza inglesa por nada, a grana que ele trouxe pro país com turistas visitando os lugares naturais dos filmes é absurda e ele ganhou o título por isso. Segundo porque as principais cenas do desfecho dos filmes acontece aqui.
O parque Tongariro é Mordor na trilogia, a terra devastada que é onde o mal mora na história original. O vulcão por onde fizemos a trilha é simplesmente onde o um anel do Senhor dos Anéis foi forjado, e posteriormente também destruído. É ali que o senhor dos anéis, do Senhor dos Anéis, fica. Que passeio :-)
O caminho até lá passa por uma estradinha de terra preta vulcânica e pelo chatô onde ficou hospedada a equipe dos filmes, que era cinco estrelas quando construíram ele no pé do vulcão e hoje é três e meia parece. Vai saber o motivo da queda… :-)
A trilha começa apontando pra entre as montanhas vulcões Ruapehu e Ngauruhoe mas acaba começando no noroeste do vulcão que no Senhor dos Anéis é Mount Doom, a Montanha da Perdição. Sobe-se uma escadaria de rochas vulcânicas porosas e ultra duras enorme e cansativa, a Devil’s Staircase, depois passa-se por um vale (ou seria uma ravina ali?) entre o vulcão e a cratera de outras explosões antigas.
Pelo tempo e nosso ritmo dava pra subir o Monte Tongariro, que fica a quase 2.000 metros, então fomos lá ver a paisagem do altão, a vista pro vulcão seria boa já que não pudemos subir ele porque chegamos atrasados. Se tivéssemos chegado 1h antes teria dado tempo de subir o vulcão até a boca dele e ser pego exatamente às 4PM, pena!
A volta do topo do Tongariro até a Cratera Vermelha é bem absurda, paisagem quase alienígena com o tempo fechando lá em cima já após o horário equivalente de almoço.
A descida pela borda superior da Cratera Vermelha é incrível, demais mesmo. Eu descia pulando com os calcanhares e afundando a bota na areia preta fofa em uma ladeira longa em zigue-zague, foi bem divertido. Eu, Caio, me sentia na lua :-D
Passamos também pelos Lagos Esmeralda com cor e cheiro bem peculiar de região vulcânica, fediam apesar da beleza.
Como tava nublado nessa hora, as fotos no Blue Lake não ficaram muito boas, mas é um lagão bem bonito de se ver do alto antes de começar a descida pra base do parque, que parece que não terminará nunca.
Nossos joelhos sofreram um bocado, talvez por pensarmos demais neles na descida. Como a paisagem não muda muito, acaba sendo monótono e se pensa demais no cansaço. O engraçado é dizer que a paisagem fica monótona em um lugar desse. Em questão de horas perto de vulcões ativos soltando fumaça por onde pisávamos nós acabamos ficando mimados, isso sim!
Uma das lendas maori pra existência do Tongariro e dos vulcões e montanhas do parque é que um chefe de uma tribo uma vez decidiu subir a montanha dali pra tomar posse de toda terra que ele conseguisse enxergar lá do alto. Morrendo de frio no topo, implorou pros ancestrais que lhe aquecessem. Eles ouviram o chamado e mandaram explodir tudo com lava. Acho que deu certo se ele queria se aquecer :-)
Chegamos no albergue totalmente cansados no fim do dia, após quase 7h de trilhas com quase nenhum descanso. Após tanto tempo depois do Nepal, nossos corpos vadiaram demais e foi duro encontrar músculo pro dia todo de trilha. Foram 10km subindo até 2.000 metros e outros 10km em descidas íngrimes, mas foi demais. Lindo e cansativo, realmente demais!