Aventuras pela Garden Route: P.E.

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Chegamos em P.E. na esquina da casa dos nossos couchsurfers, graças a Nono e sua prima, e pra dar tempo de chegarem em casa fomos pro Oceanário e museu do mar. O museu em si é velharia, mal feito mesmo, mas o oceanário tava fechado e só deu pra ver um “show” com pinguins e eles sendo alimentados. Foi muito legal e valeu a entrada!

Nosso couchsurfer trabalha em uma universidade e mora com duas estudantes, uma holandesa e uma alemã. Já esperávamos que nem todas as experiências com CS seriam magníficas, mas podemos dizer que em P.E. tivemos nossa primeira experiência não tão legal! O cara era muito estranho, introvertido a ponto de ser constrangedor ficar sozinho com ele. Não ofereceu nada, não deu dicas sobre a cidade, não tinha assunto… Foi bem chato, a ponto de adiarmos a hora de ir pra casa para não encarar o climão. Ainda bem que a alemã que mora com ele, um amor de pessoa, pareceu ter percebido isso e no final acabou sendo a nossa couchsurfer, pois deu boas dicas, nos fez companhia e além de chamar o táxi ficou conosco na portaria esperando até a hora de ir embora. O dono da casa deu um tchauzinho e ficou lá em cima mesmo, acho que depois que fomos embora voltou a dormir. Bom, acontece :-/

No nosso primeiro dia lá fomos ao Greenacres, uma espécie de shopping center gigante, tentar conseguir reembolso dos bilhetes do ônibus que perdemos devido a greve, mas nah… não rolou. Acabamos indo no cinema pra descansar e voltamos a pé pra casa, algo como 10km, pra espanto de todos eles. Parece que ninguém na África do Sul caminha a não ser entre o carro e o estacionamento. No máximo uns vagam por aí meio vagabundos. Os brancos mesmo andam de carro e os negros de lotação, mas nunca à pé. Todo mundo ficava espantado com as distâncias que caminhávamos. Mal sabem eles que é o jeito mais fácil de conhecer uma cidade :-)

À noite, depois de insistirmos com nosso couchsurfer para fazermos alguma coisa juntos, fomos jantar nos fundos de uma mercearia etíope, com ele e uma amiga (bem doidinha por sinal). A comida era típica e bem humilde, como se fosse panquecas servidas com vários molhos diferentes, mas o café… asdfgasdfg! Que café delicioso! Dizem que é um ponto forte de estudantes porque lá é tudo bom e barato, se um dia for em P.E. pergunte sobre o lugar que aposto que saberão o nome, é no centrão mesmo.

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Vista da praia em Humewood

Na noite do nosso penúltimo dia em Port Elizabeth, já tínhamos desistido de conhecer o Addo, o parque de Elefantes que fica há uns 70 km de Port Elizabeth e queríamos muito conhecer, mas o dinheiro não ia dar. Eis que a couchsurfer alemã, que já tinha trabalhado no albergue Siyabona onde um guia ainda trabalhava, conseguiu uma pechincha forte pra gente! O tour normalmente sai por 900, ela conseguiu por 700, e disso pra 600 porque não quis cobrar da gente a comissão de 100 (que cobrou de outra guria que acabou indo junto). Dos 600 ainda caiu pra 550 porque deram voucher de 50 pra almoçarmos, valor de um combo de sanduíche no parque. Que saibamos é difícil ir pro Addo por menos de 1000, algo como 100 dólares. Cara, que lugar lindo e incrível!

Grupo de elefantes no Addo, há alguns metros do nosso carro

Grupo de elefantes no Addo, há alguns metros do nosso carro

O guia, Kevin Foster (telefone +27 (0)82 767 2443 ou +27 (0)41 367 5081 e e-mail pessoal cdekevin ARROBA gmail PONTO com, recomendadíssimo!), é um amor de pessoa, batemos altos papos e o cara manja tudo do parque e da região, a história de vida dele é insana. Foi treinado na Líbia, lutou na guerra civil de Angola nos anos 80, foi exilado da África do Sul, tá há anos no ANC e virou vereador duma região da periferia. Ah, mencionamos que o cara é branco de olho claro, de família irlandesa? Ele nos levou depois por uma passeio pela township onde ele tem amigos e fomos num tipo de boteco deles, foi interessante, aparentemente é reduto do ANC.

No final do dia ele tava todo feliz e passava rádio pros outros guias pra se gabar. Diz que o recorde de animais que ele já viu num dia foi 23 espécies sendo que a média diária é de 12. Nós vimos 21, incluindo uma espécie não catalogada no folder dos turistas (um tipo de porco do mato, parecido com javali) e 2 leões que tinham matado um kudu horas antes :-)

Linda e formosa, parece posando para a foto :-)

Linda e formosa, parece posando para a foto :-)

Nossa lista final ficou: muitos elefantes, dois leões, alguns hartebeest vermelhos, trocentas zebras, um grupo de rooikat difíceis de ver, alguns chacais black-backed, vários avestruzes, milhões de javalis igual o Pumba, um ou dois mongooses amarelos, dois bandos de suricatos Timões, um bokmakierie, um búfalo fujão, vários elands, milhões de kudus (inclusive um morto pelos leões), alguns macacos velvet, dezenas de besouros rola-bosta, uma ave secretary, uns herons black-headed, um sunbird de colarinha duplo e uma tartaruga, além do tal porco do mato que foi novidade.

Acredite, o Addo é foda. Podíamos botar fotos aqui até cansar e não seria suficiente, então acredite na gente e vá lá. Vá com guia pra te dizer como ver as coisas e ir em rotas malandras ou sozinho, e faça churrasco numa área reservada lá que liberam. O museu é legal, e o restaurante do parque tem sanduíches de kudu, uma delícia.

O resto de Port Elizabeth em si não tem nada de excepcional na nossa opinião. Embora dê pra andar à pé sem problemas, o máximo que parece legal de ver são as praias com águas menos geladas que o resto da Garden Route e a região movimentadinha perto da plataforma marítima onde ficamos, em Humewood, com uma vista bem humilde.

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Janela do nosso couchsurfer

Partimos do litoral da África do Sul de volta pra Johannesburgo pra sair do país no dia seguinte. Descansamos no Shoestring, um albergue fofinho meio caindo aos pedaços mas que tem o dono mais camarada que puder imaginar. Um clone do Sam Rockwell com Dustin Hoffman.

Na noite do outro dia, avião pro Egito. Detalhes em breve!

Aventuras pela Garden Route: Stormsriver

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Depois de 3 dias em Plettenberg, chegou o dia de irmos para Stormsriver, e adivinhem… nada da greve dos ônibus acabar! A ida pra Stormsriver foi frustrante. Não rolava carona na estrada porque era longe do centro (fomos andando um dia antes até lá pra ver se era ok, mas tinha placa falando ser proibido hitchhiking). Acabamos chorando pro dono do albergue nos levar já que ele iria levar um casal britânico pra ponte de bungy jump. Saiu caríssimo pros preços locais, algo como 30 dólares. Mas pelo menos pudermos acompanhar o casal até o salto deles, tirar algumas fotos e ver como era a ponte pra uma próxima visita. No fim das contas Stormsriver era longe e isolada mesmo, os 30 dólares estavam caros porque estávamos pobres, só isso.

Dani diz... A visita à ponte do bungy jump foi bem legal! no final das contas acabamos não tendo dinheiro para fazer o pulo, só que não tenho certeza se isso foi bom ou ruim :P

Logo que chegamos no albergue Tube ‘n Axe achamos muito tosco. Extremamente sujo, cozinha imunda e dormitório zoneado total, parecia que não arrumam o lugar há dias. Lembramos que vimos barracas lá e arriscamos, dava 2 ou 3 dólares mais caro na diária (preço de um almoço) mas tava valendo, teríamos privacidade e a barraca era maior que camas do dormitório. E não é que foi foda mesmo? O banheiro era quase nosso, privado praticamente, e a vista da barraca pro Stormsriver Peak é de cair o queixo!

Dani diz... O albergue no geral é um lugar bem bonito, o que estraga é a cozinha deles, totalmente imunda, nem detergente tinha! e nós não tínhamos dinheiro pra comer fora, então tivemos que fechar os olhos e encarar ela todos os dias!
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Andando pela Darnell Street

Stormsriver, ou Storms River, ou ainda Stormsrivier (nunca sabemos qual o certo) é uma vila minúscula. Tem 3 ruas principais e 4 travessas. Possivelmente é a menor “cidade” que conhecemos nas nossas vidas, acho. A vida é bem pacata, tudo em slow motion, e é quase impossível fazer algo legal lá sem carro. A não ser que você seja do casal alfanumérico, que em tudo anda! Porra, como cansamos andando até a ponte do rio que dá nome pro lugar, ou pelas trilhas Goesa, do picnic do parque Tsitsikamma e a Yellow perto da Big Tree, uma árvore quase milenar deles que nem é tão grande assim… enfim, um dia faremos tudo que dá na região, mas de carro pra aproveitar bem.

Em uma de nossas trilhas, avistamos de longe alguns macacos. Quando fomos chegando perto, começamos a ver mais ainda… Era um grupo de mais ou menos 20 babuínos, inclusive alguns filhotes, gelamos! No fim eles estavam com mais medo da gente do que a gente deles, e quando íamos chegando perto eles iam fugindo, não deu pra tirar fotos de muitos. Mas valeu ter visto eles, ganhamos o dia :)

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Grupo de macacos no meio da estrada para a trilha

Um dos dias mais legais foi quando alugamos mountain bikes (15 dólares por pessoa pro dia todo). Fomos na raça até o litoral, onde o parque Tsitsikamma e o rio da cidade faz fronteira com o mar em uns rochedos fantásticos. Deu 30km, divididos em 5km de rodovia, 6km de retão com sobe-e-desce entrando no parque e 4km de ladeiras em zigue-zague com vistas fodas.

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Stormsriver Mouth

Lá embaixo tem umas praiazinhas, 3 pontes suspensas de metal e madeira e um mirante no meio duma trilha. O problema é voltar pra vila depois de tudo isso. Se não fosse um ranger do parque nos dar carona nos 4km de ladeira, morreríamos subindo tudo na volta. Mal sobrou bunda pra aguentar os kilômetros finais.

Dani diz... Eu carinhosamente chamo essa pessoa que nos deu carona de Anjo do Tsitsikamma, porque cara… se não fosse a carona dele pra subir os 4km iniciais não sei como teríamos aguentado!
A recompensa por pedalar 15 km!

A recompensa por pedalar 15 km!

Dica: a vila de Stormsriver só tem uma mercearia, nada mais, os preços não são abusivos, mas programe-se caso decida ir pra lá e não queira passar necessidades. Tem lanchonetes e tal, mas espere preços caros e horários bizarros de atendimento baseados no movimento na vila. Em um dos dias lá passamos no Elvis, uma lanchonete toda decorada com estilo anos 60, pra comer alguma coisa, pois a placa dizia que fecha às 20h. Era 18h e eles tavam fechando pois não tinha movimento! Bom estar preparado com sua própria comida!

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Vista da nossa barraca :-)

Saímos caçando uma forma de ir pra Port Elizabeth já que a greve ainda tava rolando. Nada, e nada, e nada. Ouvimos dizer que uma moça que estava hospedada no nosso hostel estava indo pra lá, mas até o último dia ninguém nos disse quem. E aí, em volta da fogueira durante nossa última noite lá (sem brincadeira) encontramos a Nono, e ela disse que sim tava indo na manhã seguinte pra P.E. :-)

Fizemos o esquema com ela pagando 10 dólares de combustível e partimos com ela e a prima, que também estava de férias em Stormsriver. Tivemos que fazer uma parada quase de emergência no meio quando o indicador de falta de gasolina começou a piscar. Os tais 10 dólares que demos dava só pra 1/5 do tanque, e elas tiveram que pagar o resto mas nem reclamaram, tavam no lucro já. Quando percebemos vimos que a parada era Jeffrey’s Bay, o paraíso de surfistas que era uma das paradas que pensamos antes de sair do Brasil :-)

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Aventuras pela Garden Route: Plettenberg Bay

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Plettenberg Bay foi o cenário do que eu, Dani, diria que foi o ponto alto da Garden Route: nosso salto de paraquedas. Marcamos ele assim que chegamos no hostel para a manhã seguinte, deu 180 doletas por pessoa e, cara… não temos palavras para descrever a coisa toda. A sensação de subir a 10.000 pés em um aviãozinho, admirar a linda vista da baía de Plettenberg e saber que dentro de alguns minutos você vai saltar dali já dá um frio na barriga só de lembrar.

Os caras do Skydive Plett são pro. Pegaram a gente no albergue, levaram, deram instruções rápidas, saltaram nos passando segurança o tempo todo e nos levaram de volta pra um mirante da cidade que pedimos. Saltamos com dois macacos velhos que pareciam bastante experientes e foi bem engraçado, faziam piadas o tempo todo :-)

O vôo por si só já valia a pena, mas o salto foi simplesmente fantástico! Volta e meia eu, Dani, e o Caio nos pegamos lembrando da sensação de pular, imediatamente antes de tirar o pé do apoio do avião, principalmente quando vemos algum avião do mesmo tipo no céu. Da praia do estuário teve um dia que ficamos vendo o trajeto todo do avião até as pessoas saltarem e pousarem, dava pra ver tudo do chão :-)

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Vista do avião um pouquinho antes da gente pular!

Em Plett, ficamos no Amakaya Backbackers, um hostel com nada de especial mas que conquistou nosso coração pela hospitalidade. Fomos muito bem rececpcionados pelo gerente Gerhardt, que nos mostrou o que fazer na cidade inteira, deu dicas, e foi o nosso companheiro de fogueiras à noite junto com o Sky, o cachorro dele!

Ficamos papeando por horas, e em uma das noites ele preparou um braai pra gente e na outra tivemos uma aula de como fazer Malva Pudding, uma sobremesa tipicamente sulafricana feita com leite e geléia de pêssego que certamente vamos tentar reproduzir em casa. É um meio termo entre bolo e queijadinha que se come com creme gelado. Foda.

Isso, claro, porque somos gordos na cabeça porque opções pra comer e beber lá não faltava. O centro de Plett é cheio de supermercados, lanchonetes e cafeterias. Alguns clubes noturnos também, mas só abrem mesmo no verão. Dá pra aproveitar o lugar só dando um passeio pela rua principal, e de lá vendo a baía.

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Vista do alto do centrinho de Plett

Dois pontos legais pra conhecer são os Lookout Point, que dá vista pro estuário, e o mirante perto da rua Jackson, no topo da colina do centro. Dali dá pra ver o lado bem residencial (e milionário) de Plett, bem como a praia longa e a península que se vê antes de pular de paraquedas. O único detalhe é estar preparado pra subir muitas ladeiras, a cidade é toda numas encostas, então as pernas cansam bem.

Plett, como passamos a chamar o lugar bem rápido, já que todo mundo fala assim lá, é bem bonita mas parece uma cidade tipo balneário de férias. Segundo pessoal de lá bomba em dezembro mesmo, com muitos estudantes. Fora dessa época até tem bastante pra fazer, mas tudo acaba custando um preço médio ou alto. Com dinheiro ali é o paraíso de esportes. Tem tudo que puder imaginar pra fazer.

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Vista pra península do alto do mirante

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Aventuras pela Garden Route: Knysna

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Desde que estávamos planejando nosso mês na África do Sul, tínhamos o plano de conhecer algumas cidades ao longo da Garden Route, a estrada da costa sudoeste sulafricana. Trocando idéias com pessoas que conhecemos ao longo da nossa viagem por Johannesburgo e Cape Town decidimos que a nossa rota, meio que no impulso, ficaria Cape Town > Knysna > Plettenberg Bay > Stormsriver > Port Elizabeth.

A nossa idéia inicial era comprar um ticket hop-on hop-off do Baz Bus, principal transporte turístico na região que te dá direito a descer em quantas cidades desejar de Cape Town a Port Elizabeth e pega e deixa você na porta do albergue. Porém, colocando na ponta do lápis, acabamos escolhendo viajar de transporte local, pois o número de cidades que queríamos conhecer não valia a pena o preço do Baz Bus. Todos os nossos tickets de ônibus, estilo interestadual que tem no Brasil, custaram 45 dólares por pessoa, contra 150 do Baz Buz! Mais pra frente vamos ter um exemplo prático de que o barato sai caro mas, seguindo na ordem cronológica, naquele momento estávamos contentes com a nossa economia de 105 dólares por pessoa.

O ônibus do City to City (empresa local da rede Translux) é bem decente, mas não tem banheiros e é um pouco mais apertado que os ônibus no Brasil. As poltronas deles não são marcadas, então é bom chegar cedo para conseguir uma poltrona boa. O que me incomodou bastante nele é que eles deixam música tocando a viagem inteira, e não é um sonzinho ambiente não, é música alta mesmo! A playlist era dos anos 80 e breguices aleatórias. Tinha até umas músicas bacanas de vez em quando, mas 8h de viagem com isso nos ouvidos sem poder dormir foi bem cansativo.

Se mesmo assim isso não for problema, vá até a estação de trem de Cape Town e, vendo ela na sua frente, ande pra direita perto do KFC, aí verá um corredor que leva pra trás da estação. Ali vai achar os guichês de empresas de ônibus, é tranquilo. Vai na fé.

Chegamos em Knysna com 1 hora de atraso, às 23h, e como já havíamos avisado que chegaríamos tarde, a Mandy (dona do hostel) foi nos buscar na parada do ônibus, pura gentileza! Como na cidade haviam poucos couchsurfers, acabamos reservando duas camas em um dormitório compartilhado no Jembjo’s Lodge, e não nos arrependemos! O lugar é bem limpo, os donos são muito queridos e eles oferecem um café da manhã maravilhoso que sustentou esses dois viajantes por muitas horas.

Knysna é uma cidade super pequena, mas muito fofinha. Conseguimos conhecer ela toda só andando, as ruas são bem calmas e é um ótimo lugar para relaxar, valeu a parada. Dizem até que é recanto de aposentado, de tão quieto que é o lugar.

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Ruazinha calma em Knysna

Em um de nossos dias lá, saímos da pousada que fica bem próxima à lagoa e fomos caminhando até a entrada da baía de Knysna, para ver os costões (que eles chamam de The Heads), e a vista é sensacional! Tem vários mirantes em cima das montanhas, uma vista mais linda que a outra. No final da tarde, encontramos um bom ponto na beira da lagoa para ver o pôr-so-sol, sem movimento nenhum na cidade e quase sem barulho ao fundo… impagável :-)

Dá pra ir andando do Waterfront até as The Heads, mas tem que ter algum preparo, deu 15km tudo além de ter que subir umas ladeiras, mas vale a pena. Aí na volta pode seguir pela lagoa onde sempre tem alguém fazendo passeio em barcos a vela ou caiaques, que infelizmente não tínhamos dinheiro pra bancar. O Waterfront em si é bem legal de visitar e ver vários catamarans, um mais bonito que o outro, e se for andando pela ponte até a ilha Thesens pode experimentar ostra na manteiga e alho. Deliciosas! Pena que eram poucas. Se quiser um lance mais de natureza, tem a reserva de Knysna que fica minutos à pé do centro e todo mundo online diz valer a pena. É um tipo de jardim botânico com trilhas deles, mas que não visitamos por falta de tempo.

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The Heads

Pôr-do-sol em Knysna

Pôr-do-sol em Knysna

Toda a paz que Knysna nos trouxe perdurou até a manhã da nossa partida para Plettenberg Bay, e é nessa hora que vamos explicar por que o barato sai caro. De manhã, enquanto montávamos nossas mochilas, a dona da pousada nos chamou dizendo que nosso ônibus talvez não chegasse porque viu que os motoristas haviam entrado em greve na noite anterior. Com a maior gentileza do mundo, nos levou de carro até a parada do ônibus para checar a situação, mas na porta do escritório do City to City estava um aviso escrito em caneta de que os ônibus não estavam rodando. A solução, segundo ela, era ir até o Taxi Rank da cidade e pegar uma daquelas lotações que pegamos em Johannesburgo, e com a gentileza habitual nos levou até lá.

O Taxi Rank de Knysna é um local trocentas vezes melhor do que o de Johannesburgo, são várias fileiras de vans, cada um com um indicativo de uma cidade. Achamos a fileira certa, o motorista da primeira van da fila nos informou que o preço seria de mais ou menos um dólar por pessoa, só era preciso esperar a van encher e sairíamos em direção a Plett… parece perfeito, não? É, nem tanto! A van tem espaço para 14 pessoas, eles só saem quando ela está cheia e tudo isso aconteceu em um domingo. Esperamos uns 30 minutos e não apareceu NENHUMA viva alma querendo ir para Plettenberg naquela van!

Depois de um dos motoristas nos oferecer para nos levar na van dele por 25 dólares (o que é caríssimo pelo trajeto), um dos caras que estavam lá nos chamou em um cantinho e disse, com a maior sinceridade “não é por nada, mas essa espera de vocês vai durar o dia inteiro… o melhor jeito de chegar a Plett é ir para a rodovia com uma nota de 20 rands na mão e pedir carona” :-X

Diante da nossa cara de espanto, o moço garantiu que isso era muito normal e seguro. Malandragem, ficou tenso o negócio! Não sabíamos direito o que fazer, mas depois de muito ponderar decidimos que não tinha muito como ficar pior…

Andamos um bocado com as nossas mochilas nas costas até encontrar o ponto certo para pedir carona. Acho que ficamos lá quase 1 hora, com a nota de 20 na mão e super com o pé atrás… as vans passavam e não paravam, olhavam pra gente com cara de WTF. Dois malucos estavam ali com dinheiro na mão e fomos lá pedir informação, a encarada que eles deram na gente, dos pés a cabeça, quando dissemos que estávamos pedindo carona, deveria ter sido filmada. Eles tentaram nos botar numa carona com eles correndo até um posto de gasolina, quando íamos subir pedimos pra confirmar o destino e vieram com um “não, vamos até lugar X, lá você salta e pega outra carona, entra aí” mas com cara de coletor de orgãos, manja?

Quando estávamos quase desistindo, parou uma moça naquele local que também estava pedindo carona para Plett, e ela pelo menos parecia decente! Não deu nem 5 minutos e um carro parou (algo me diz que para ela, não para a gente) e conseguimos seguir viagem em um carro comum com outras 4 pessoas além do motorista e a gente. Ficou em 1,80 dólares por pessoa. Total já incluindo uma música psicodélica nos altos falantes.

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Cape Town, e a viagem mal começou!

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cidade

Chegamos em Cape Town de trem, vindos de Johannesburgo, e o choque foi inevitável logo no desembarque, com a estação grande, limpa, segura e bem sinalizada. Mesmo assim, acostumados com os olhares tortos e pouco amigáveis do povo de Johannesburgo, andávamos pela estação praticamente agarrados com nossas mochilas e procurando não chamar muita atenção (é horrível essa sensação de “desculpa por estar aqui” que sentíamos lá em JNB). Saindo da estação, uma menina simpática apontou para as tatuagens na perna do Caio e fez algum comentário sorrindo… o que chamou a atenção dela foram as tatuagens, e não o casal branco com cara de turista. É, não estávamos mais em Johannesburgo!

A nossa recepção e estadia em Cape Town não poderia ter sido melhor! Preciso dizer que tiramos a sorte grande com o casal que nos hospedou via couchsurfing. Os conhecemos rapidamente em um jantar há alguns anos atrás, em uma visita deles ao Brasil através do nosso amigo Felipe, e quando comentamos que estavamos indo a Cape Town eles gentilmente nos convidaram para ficar na casa deles.

E que dias bons passamos com Kapil, Pravanya, Diego (o cão) e Cooper (o gato)! No sábado da nossa chegada, fomos com eles à um Braai (o churrasco deles) com os amigos, que também nos acompanharam no dia seguinte em um wine tour pelas vinículas da região para fazer degustação de vinhos. No final de semana seguinte, fomos assistir a um jogo de Rugby entre dois times grandes da África do Sul, Stormers x Sharks. Eles nos trataram como gente da família e tornaram a nossa experiência em Cape Town ainda mais inesquecível. Thank you guys! :-)

Caio diz... além de termos altas experiências na cozinha, a gente cozinhou pra eles e eles pra gente, jantares round-the-world de todo tipo!
kapil e pravanya

A cidade é linda em tudo: paisagens naturais, pessoas simpáticas, preço das coisas e estrutura turística. Ficamos 12 dias lá e tínhamos o que fazer em todos eles! Além do hiking nas montanhas, que falamos melhor em outro post, vale a visita no planetário (onde inclusive vimos uma apresentação sobre a Table Mountain), o South African Museum e o Two Oceans Aquarium. Vale um passeio pela Long Street, a rua descolada deles, onde fomos numa sexta num pub que teria encontro de couchsurfers (acho que era o Neighbourhood).

Caio diz... o ministério das finanças e turismo adverte: 12 dias em Cape Town ainda é muito pouco e você deve ficar mais e fazer mais :-)

Para quem quiser dar um rolê geral pelas atrações da cidade, existe o ônibus turístico com duas opções de trajetos: o vermelho, que passa principamente pelo centro da cidade e leva ao cable car da Table Mountain e o azul, que faz o caminho pela península, passando por trás das montanhas e pela costa toda. Como o centro da cidade é facilmente acessível por transporte público e não tínhamos dinheiro para os dois, optamos por fazer o passeio azul. Grata surpresa! A paisagem deste caminho é sensacional.

Sensacional é pouco, o Caio ficou apaixonado pela Hout Bay, um cantinho isolado atrás da cidade com praia de areia fina, montanhas lindas, clima super calmo de praia e uma vila de pescadores perto. Parece um lugar de gente rica, mas…

O caminho do ônibus em si é bem por fora da cidade, começa no Waterfront, passa meio batido pelo centro sem dar muitas voltas (o que é prático) e vai por trás das montanhas numa área super verde, pau-a-pau com matas do Brasil. Tem o Jardim Botânico ali, mas não fomos nele, e a cada curva pela volta ao longo da costa é um “uau!” mais alto que o outro. O caminho é bem em S pelas estradas, bem legal, vale mais a pena que a linha vermelha.

Caio diz... eu já mencionou que ali comi a lula mais fresca e deliciosa da minha vida?
Hout Bay

Hout Bay

Mesmo sem gastar muito dinheiro dá pra aproveitar bastante. Além das montanhas (ahhh as montanhas), tem outros passeios que realmente valem a pena fazer e são de graça: uma ida ao Waterfront, uma caminhada pelo Company’s Garden que é lindo e cheio de esquilos, uma visita ao Bo-Kaap com suas casas coloridas e da onde dá pra ouvir o canhão disparar ao meio-dia, o passeio pelo centro (a feirinha da Greenmarket Square é maravilhosa) ou as praias perto de Table View com vista para a Table Mountain. Uma caminhada pelas ruas de Cape Town nunca é uma caminhada perdida! Em uma de nossas andanças, por exemplo, acabamos encontrando a Charly’s Bakery, uma confeitaria fofinha que é super famosa… tem até reality show sobre ela, aparentemente. Vale a visita, um chocolate quente e um cupcake colorido : -)

Caio diz... à propósito, as ruas de Cape Town até o escurecer são bastante seguras, ande sem medo algum que é quase outro planeta comparando com outras cidades daqui
Bo-Kaap

Bo-Kaap

Barraquinhas na Greenmarket Square

Barraquinhas na Greenmarket Square

Charly's, a confeitaria mais fofa do mundo!

Charly’s, a confeitaria mais fofa do mundo!

O transporte público foi outro fator que nos surpreendeu positivamente. O modelo deles é baseado no transporte público de Bogotá e Curitiba e foi implementado inicialmente para preparar a cidade para receber os jogos da copa de 2010, mas com o tempo novas linhas foram sendo implementadas. A linha principal corta a cidade ligando a Table View, região bem residencial onde estávamos hospedados, ao Civic Centre, bem no centrão, máximo de 15 minutos andando pra qualquer lugar. Destas duas estações principais saem os ônibus alimentadores que levam a alguns bairros, aeroporto e ao Waterfront.

O mais legal é que o sistema está crescendo de um jeito que é lindo de ver! Pela cidade inteira é possível encontrar estações ou pontos em construção em locais muito úteis (perto da Table Mountain, por exemplo, ou em Hout Bay, e em outros bairros mais distantes). Sensacional!

Uma coisa que tem em toda cidade na África do Sul ainda se mantém aqui mesmo com os ônibus, as vans, então no pior caso dá pra pegá-las pra outros lugares, ou mesmo os trens locais como o que pegamos pra ir no jogo de Rugby, num estádio que fica atrás do Devil’s Peak.

Em um ônibus articulado a caminho do Centro Cívico!

Em um ônibus articulado a caminho do Centro Cívico!

Apesar de ainda pequeno, o que mais nos impressionou foi a eficiência do transporte público, impossível não comparar com Curitiba. Os horários de chegada dos ônibus são divulgados (e respeitados!) em todos os pontos já que tudo tem GPS, as paradas são muito bem sinalizadas e os ônibus são seguros o suficiente para as pessoas usarem notebooks sem medo dentro do ônibus ou das estações.

A parte mais curiosa disso tudo é que, depois de um comentário elogiando o sistema no Facebook deles, o pessoal de marketing entrou em contato conosco para fazer uma entrevista com a gente! Eles acharam interessante um comentário vindo de um casal de Curitiba e queriam saber mais sobre as nossas impressões. Estamos famosos, gente! Hehehe. A gente espera que o sistema deles seja sustentável a longo prazo e que consigam manter esta qualidade e o preço (mais ou menos 1 dólar por viagem). Prometemos voltar futuramente para checar se está indo tudo bem :-P

Mesmo com a beleza, as atrações turísticas e toda essa estrutura, Cape Town conseguiu manter o padrão de preço de Johannesburgo. Uma refeição popular (de dia) saía em média 5 dólares por pessoa e com 7 dólares no mercado dá pra comprar pão, patê, ovos, água e bananas pra uns 3 dias (coisas básicas que compramos para nossos lanches). Uma saída pra comer e beber à noite custou uns 12 dólares por pessoa.

Caio diz... …e  dá pra economizar bebendo água da torneira, que é bem boa lá ;-)

As atrações variam bastante, mas exceto pelo ônibus turístico que custou 15 dólares, o resto ficou abaixo de 10 dólares por pessoa!

Dito tudo isso, fica difícil encontrar uma coisa em que a cidade não seja boa! O Caio diz que até mesmo os engarrafamentos deles são bonitos, pois mesmo uma fila de carros parados fica incrivelmente linda com a vista das montanhas ao fundo com o sol nascendo de manhã cedo, e é verdade.

Caio diz... eu teria carro em Cape Town só pra aproveitar mais a vista no engarrafamento!

Acho que a única coisa meio ruim é o clima que pegamos… o sol colaborou conosco na maioria dos dias mas, gente, QUE VENTO FRIO DO CARAMBA!!! Nunca vi um lugar com vento tão frequente e tão gelado! A temperatura chegava a variar de 8 a 28 graus por causa do maldito. Até parece uma cidade que eu conheço…

Caio diz... na real eu achei mais frio que Curitiba, mesmo com sol forte e calor de dia, pela sensação térmica de noite… o vento é de tremer o joelho

Deixamos a cidade com aquele apertozinho no coração de vontade de aproveitar mais, mas já era hora de seguir em frente! Não conseguimos visitar o Cabo da Boa Esperança e a Robben Island, parte por causa do clima que não contribuiu muito nos últimos dias, parte por grana. Mas que belo pretexto teremos para voltar lá, hein!

Tudo que foi falado neste post pode ser resumido em uma frase: compre uma passagem e vá para lá, vale a pena!  E, se já estivermos voltado para o Brasil, nos chame para ir junto :-) se só tivéssemos botado outras fotos e não escrito nada, já seria prova que vale a pena visitar Cape Town!

Caio diz... eu tive uns dos melhores dias da minha vida lá, vai ser difícil outra cidade cativar por tanto tempo mesmo nessa viagem longa!

Subindo as montanhas de Cape Town

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Lindonas! Da direita pra esquerda, na ordem que subimos: Lion’s Head (669m), Table Mountain (1086m) e Devil’s Peak (1000m). Essa foto delas tiramos da praia perto de Table View, uma região residencial de Cape Town. Parece que a Devil’s Peak é mais alta que a Table Mountain, mas isso é pelo ângulo da foto e porque ela tá mais na frente mesmo.

Mas vamos lá! Queríamos no mínimo subir de bondinho a Table Mountain pois sabíamos que dava e que lá no topo haviam mais trilhas pra fazer, até um reservatório de água que foi surpresa de ouvir dizer. Os amigos que fizemos na cidade disseram como eram as trilhas pra subir não uma, mas todas as montanhas, quando perguntamos se era possível.

Subimos as três no espaço de uma semana, e isso porque eu fiquei doente, gripado forte, senão daria até pra fazer uma montanha num dia e o seguinte de descanço e ainda assim não sentiria dores nem nada.

Lion’s Head

Como era a primeira pra subir, decidimos fazer tudo andando desde o nível do mar, onde fica o centro da cidade. Subimos a Long Street toda e depois a Kloof Nek, lá no alto ela se divide e pra direita se vai até a Lion’s Head, a trilha começa mesmo depois de uns metros ali. As outras montanhas não tiveram o mesmo mimo, fomos até a base delas com condução mesmo.

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Metade da trilha é moleza, tem ponto de salto de paragliding no meio e a vista é pela rota espiral, ou seja, 360° na montanha, dá pra ver o mar até perder de vista, cidade, outras montanhas, o sul do cabo etc. Animal. O trecho final de granito é meio tenso, tava ventando forte e tem trechos de subir segurando em ganchos, escadinha de metal e passagens estreitas que precisavam de mão pra se segurar. E nos falaram que era a trilha mais fácil e rápida!

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Sempre tinha alguém descendo ou subindo. Vimos até um velhinho e uma velhinha, em momentos diferentes, subindo CORRENDO aquela porra. Passaram pela gente e depois voltaram correndo também. Se foder! Fizemos ela em 2h lá do centro, 1h da base e depois 1h30m pra voltar pro centro.

A vista da Lion’s Head do alto pode não ser tão foda, mas a subida é incrível porque se vê de tudo. Medo de altura não combina com o trecho final dela.

Table Mountain

A belezoca da cidade. Tínhamos ido antes (ou depois?) no planetário e pudemos aprender um pouco sobre como ela foi formada, foi muito divertido. Além disso, aprendemos que ela é a única formação natural que tem sua própria constelação: Mons Mensae :-)

Eu poderia ficar horas falando sobre como essa montanha é incrivelmente linda de se ver de perto. E de longe. De qualquer lugar! O casal que nos hospedou em Cape Town havia subido ela pela rota por trás dela, bastante verde e não tão cheia de gente. Decidimos ir na humildade pela rota padrão, a garganta Platteklip. Só continuar andando além da estação do bondinho e chegará na trilha. Ela fica exatamente no meio horizontal da montanha.

O começo é íngreme mas dá pra ir sem problemas, seguindo um riacho e com sombra. Depois você sai da face da montanha e começa a subir a garganta em quase zigue-zague. Aí dói. Já estávamos na cidade há tempo suficiente pra saber que na sombra o frio é foda, então fomos subir a trilha com sol. Meio-dia. Tivemos que parar umas 2 ou 3 vezes pra água e descansar do sol forte.

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Lá do alto, olhar pra baixo pela garganta, é muito animal. Por causa da posição dela você sobe a montanha meio que “de lado” pra quem a vê, não sei explicar. Vimos crianças e muitos cachorros subindo. Dá pra subir sem problemas, ela só é terrivelmente longa sob sol, mas é ridiculamente fácil. Quase uma escadaria em alguns momentos. Subi ela descalço o tempo todo e não tive problemas nem nos trechos de rochas ou terra, nem pra andar lá no topo.

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Lá no alto encontramos um cara tocando um xilofone de madeira cuja melodia ouvíamos pela trilha. Eu ficaria um tempo ouvindo ele, mas tínhamos ainda que ir até o Maclear’s Beacon, o ponto mais alto da Table Mountain, pra dizer que subimos ela mesmo… fizemos a trilha em 2h com pausas e mais 30m até o ponto mais alto da montanha.

Devil’s Peak

Quase sairíamos de Cape Town sem “zerar” as montanhas. No fim de semana eu fiquei bem doente, com uma gripe forte, e a previsão do tempo (100% confiável e certeira) indicava chuva e nuvens pelo resto do nosso tempo lá. Obviamente subir a montanha doente não tava nos planos. Além disso, Devil’s Peak muda de tempo muito rápido, fecha geral com nuvens pesadas.

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Mas eu melhorei bem no último dia, e o dia em si por acaso melhorou também! O tempo abriu forte no final da noite e planejamos subir o Devil’s Peak logo cedo, pois pegaríamos o ônibus pra Garden Route após o almoço. Deixamos as mochilas no carro de uma amiga e fomos, pegaríamos elas na volta.

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O tempo abriu cedo mas como o sol ainda tava subindo, fizemos tudo pela sombra, congelando. Pode começar a subir ela pela Platteklip, lá no meio ela desvia pra esquerda pra Devil’s Peak, mas decidimos andar mais e subir mais íngrime mas mais perto pra não perder tempo. Siga pela rua da estação do bonde e ande. Ande muito. Bem depois da entrada pra Platteklip vai ver um recuo pra carro e uma plaquinha. É ali, a trilha começa meio que “pra trás”, então não é visível.

Achei a mais técnica de todas. A vista não é das melhores na subida. Se subiu a Table Mountain sabe que o Devil’s Peak é um ladeirão pra dentro da montanha, não pra fora. Mas… tem que subir. O trecho inicial é de degraus de pedra, que viram logo pra mato, aí vem uma série de riachos (até pelo meio da trilha) que podem estar fortes, como estavam pra gente devido as chuvas das noites anteriores. A temperatura da água é congelante, não pise nela pro seu próprio bem :-)

Lá no alto, quando chega numa ravina e acha que tá terminando, começa um trecho cheio de pedras e espinhos, foi um saco, bem desafiador eu diria. Dali dá pra ter uma vista quase didática da Platteklip, ela fica toda exposta e dá pra ver pessoas subindo ela, lá longe. A vista do alto é fenomenal. O casal que nos hospedou não tinha subido ela ainda, e garantimos que pela vista vale cada segundo! Tirando a imensidão da Table Mountain, claro, a vista da Devil’s Peak… malandro… malandro!

Se fosse botar em ordem, faria assim: por cansaço Devil’s Peak, Table Mountain e Lion’s Head; por vista de subida Lion’s Head, Table Mountain e Devil’s Peak; por topo Table Mountain e Devil’s Peak empatadas, e Lion’s Head; pela sensação de isolamento Devil’s Peak, Table Mountain e Lion’s head; pra fotos Lion’s Head, Table Mountain e Devil’s Peak.

Se (quando?) voltarmos pra Cape Town, precisamos agora fazer a trilha pra Chapman’s Peak que tem em Hout Bay, o lugar onde comi a melhor lula da minha vida, um paraíso escondido da região que dizem ser bem legal de subir.

Fim, melhor que isso acho que só no Nepal agora :-)

Shosholoza Meyl, de trem na África do Sul

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Desde antes de sabermos o que faríamos nas cidades por onde passaríamos na África do Sul, já tínhamos visto na internet e ficado na vontade de fazer uma viagem de trem por aqui. Achamos o Shosholoza Meyl, que aparentemente nem mesmos sulafricanos conhecem direito. É bem barato pelo que entrega, vale a pena, deu cerca de 70 reais por pessoa.

O trajeto que ele faz é cortando o país na diagonal em pouco mais de 24h, de Johannesburgo até Cape Town, no sudoeste do país. Na verdade eles tem várias rotas, mas essa é a mais comum aparentemente. Talvez na volta façamos Port Elizabeth para Johannesburgo.

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Dica: não faça como nós, compre o bilhete online se possível ou com pelo menos 10 dias de antecedência. Fomos comprar na terça pra viajar na sexta, saindo 12:30 pra chegar no outro dia 15:30. Tudo perfeito, só que não tinha mais lugares… em nenhum trem, pra até as duas semanas seguintes! Suamos na hora, acabamos arrumando dois assentos simples, tipo ônibus, no meio do povão. Paciência.

No dia da viagem o animal aqui joga o bilhete no lixo e só descobre isso na estação, com 2h pro embarque. Imagine um cara branco, de camiseta vermelha, correndo que nem louco com botas pelo centro de Johannesburgo atrás de lotação pra voltar até onde estávamos dormindo e caçar o bilhete. Na volta, deu tudo certo, cheguei 30 minutos pro embarque e convencemos o “train manager” de que tava foda com mochilas, sem dormir e que pagaríamos um extra por uma cabine pra duas pessoas. Tinha uminha livre. Deu certo. E nem precisamos pagar o extra!

O trem é animal, coloridão, corre bem entre cidades distantes, é limpo e a cabine tem tamanho bom. Tô digitando isso após 10 horas de viagem e nem sentimos nada, muito melhor que avião (se aproveita mais) e ônibus (não cansa nada). Pra quem não quiser levar comida de mercado como a gente, tem um vagão cozinha e outro restaurante onde servem de tudo um pouco. Preço de fast food no Brasil. Ou pode levar sua comida, pra economizar, como fizemos…

Daqui algum tempo chegamos em Kimberley, metade da viagem, e poderemos dormir um pouco na cabine. Ela tem 2 espelhos grandes, assentos tipo beliche, compartimento pra mochilas, um aquecedor, 4 ganchos pra pendurar coisas, uma tomada 110/220 supostamente só pra barbeadores, uma pia simples com água quente/fria e uma mesa dobrável. Além de uma janela bem legal: de noite não dava pra ver onde terminava o chão e onde começava o céu de tão escuro, lotado de estrelas :-)

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O trecho final, que sai da área deserta pra montanhosa, é inacreditável. A paisagem muda absurdamente e as montanhas de rocha e nada de vegetação são gigantescas e bonitas. O trem atrasou um pouco. Foram 29h ao invés das 27h esperadas, eu que achei que fossem só 24h e me enganei. Nem teve problema, com essas montanhas quem é que iria se importar :-)

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Curso rápido de Johannesburgo

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Os bairros distantes são distantes, muito distantes. Aí você acredita quando dizem que o transporte público aqui é horrível. Diz que é por causa do apartheid que tudo é longe e isolado. Brancos só andam de carro, os negros que andam à pé. Bom, os negros e a gente já que não vimos um branco sequer nas calçadas, mas evitamos andar sozinhos longe de centros porque é perigoso no fim do dia.

Continuando a saga do transporte, por favor, imploramos, não pegue táxi do aeroporto. Mesmo com taxímetro fica absurdamente caro. Como estávamos offline e sem instruções pro couchsurfing… pegamos, deu 600 rands: 60 doletas, 120 reais. Tudo bem que onde estamos é ridiculamente longe de tudo, mas porra, esse é o mesmo preço pra 2 pessoas irem de trem atravessando o país até Cape Town!

O jeito que acaba valendo a pena é o tal Gautrain, onde puder pegar já que a malha dele é curta e quase não existem ônibus nas ruas. Tem os tais “black taxis” que de black tem só as pessoas. Não são táxis, são vans tipo lotação. Não são ilegais, existe até terminal delas. Não são pretas, são brancas com uma faixa amarela na maioria das vezes. O custo é 10 rands por trecho, arredonde pra 1 dólar por pessoa. É até legal sermos os únicos branquelos numa van lotada de sulafricanos falando nas línguas deles :-D

Dani diz... falam zulu entre eles em outros lugares, na van mesmo não se escuta uma palavra. Curitiba é uma cidade de antipáticos se comparada com o resto do Brasil, pois em Joburgo as pessoas mal se cumprimentam

2013-04-03 06.51.07

Comida é barata até, não dá pra reclamar, mesmo convertendo pra dólar e depois pra real você não se assusta, mas é bom gostar de frango frito. KFC pra tudo que é lado, muita fritura, muito frango. Um combo fica entre 3,50 e 5 dólares dependendo da fome (batata, frango e refrigerante é básico). Tem o Wimpy também, é o McDonald’s deles, mais comum que o próprio McDonald’s.

Comida saudável não temos muita noção porque só achamos um supermercado até agora e ele parecia meio chiquezinho, ou seja, caro. Mercados parecem ser raridade e pequenos, além de só pra brancos. Compramos 6 ovos, pão de forma, patê de queijo, pasta de dente, sabonete, 4 papéis higiênicos, pé de alface, tomates cereja, 4 pimentões, lata de tomate pelado e 2 pacotes de macarrão borboleta que preparei pra colegas que fizemos. Deu 22 dólares. Macarrão, papel higiêncio e patê de queijo. Por enquanto temos gastado menos que o esperado. Se não fosse o táxi do aeroporto estaríamos 40%, e não só atuais 20%, melhores que o orçamento.

joburgo

Até agora Johannesburgo tem sido só legalzinha, pra mim pelo menos. O centrão é caos total, sujeira e fedor em todo canto, trocentas pessoas nas calçadas e muita buzina. Me lembrou muito Manaus.

downtown

As áreas em volta do centro são melhores e, tirando a falta de bueiros que faz qualquer chuva ser um inferno, as ruas no geral até que são bem planas, retas e quase impecáveis. Um carro alugado barato com GPS aqui seria perfeito. Aí poderíamos estacionar após os robôs, que é como eles chamam os semáforos.

hillbrow

Fomos no Museum Africa, razoável, mas é mais museu de coisas relacionadas à cidade do que ao continente. Pelo menos é grátis e tinha uma exposição sobre identidade sexual bem interessante. O Apartheid Museum é bem legal, mas estávamos molhados e sem tempo, vale fácil uma manhã toda. Visitamos o campus da Wits, que além de absurdamente foda em infraestrutura é onde fica o Planetário e o Origins Center. Planetário só iniciava a temporada um dia depois de irmos embora. Origins Center é fantástico, vale cada segundo lá!

Ah, não espere que lugares públicos tenham internet. É incrivelmente difícil achar conexão em Johannesburgo, e quando acha não funciona. Até agora perguntamos em todos os lugares que passamos, só um McDonald’s tinha internet funcionando na cidade toda.

Não sei se é a falta de paisagem que não me chamou atenção na cidade, sei lá, e as pessoas parecem meio alienadas a você, do tipo não parecer ter saco pra falar contigo ou fazer cara de WTF quando você puxa papo pra pedir informação. Mas isso pode ser porque somos brancos. É pra se pensar.

Em breve falamos do Shosholoza Meyl, quase 30h de trem saindo de Johannesburgo!

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