Pelo sul da Itália: Nápoles e Sorrento
Jun 21 2013
europa, italia, rtw Sem comentários
Não foi fácil decidir para onde iríamos na Itália além de Roma, nosso ponto de chegada e partida. Gostaríamos muito de poder ir para cidades famosas no norte da Itália, como Florença e Veneza, ou conhecer a região da Toscana, mas nosso orçamento não permitiu. Nossa viagem teria que ficar focada em cidades mais próximas entre si e que coubessem no nosso bolso, e as eleitas foram Napoli e Sorrento.
Napoli
Compramos a passagem para Napoli na classe econômica da Italo (NTV) por 20 euros por pessoa, pareceu quase pechincha pelo que estávamos vendo em outros lugares. O trem é de alta velocidade (variando entre 150 e 300 kilômetros por hora) e a viagem de 230 km dura somente uns 60 minutos! A qualidade impressionou bastante, além de ser confortável e pontual, eles tem wifi grátis dentro do trem. Isso mesmo, wifi dentro de um trem à 300 km/hora. Nada mal, como brasileiros estávamos mal acostumados :-)
Conforme o trem ia se aproximando da estação central de Napoli a vista do Vesúvio ia ficando mais animal e a curiosidade da nova cidade ia aumentando! Chegar em uma cidade nova é sempre uma sensação boa, de curiosidade e expectativa, a gente nunca sabe o que vai encontrar. No caso de Napoli, o que encontramos foi uma realidade muito diferente de Roma: trânsito intenso, lixo pelas ruas, muvuca e uma mistura cultural imensa.
Essa percepção tivemos logo que saímos da estação, mas confirmamos em nosso passeio no primeiro dia lá, quando caminhamos até o porto e voltamos pela Umberto I, uma das avenidas principais. Parecia que estávamos em São Paulo: camelôs por toda parte, vários idiomas sendo falados. Era o fim da Itália romantizada, aquilo era a Itália de verdade além do “pro turista ver”. Pra fechar o primeiro dia, decidimos experimentar a famosa pizza napolitana em uma pizzaria local bem pequena, próxima ao albergue.
A massa deles é fofinha e saborosa, o recheio é gostoso mas modesto, sem exageros (bem diferente do Brasil). Só que achamos ela um pouco aguada. Nós provamos a marguerita, uma das opções mais baratas do menu, pagamos uns 4 euros, preço normal de uma pizza individual na cidade.
Como um dos nossos objetivos pra irmos a Napoli era subir o Vesúvio (falamos sobre isso neste outro post, clique aqui pra ler o relato da trilha subindo o vulcão), acabou sobrando somente o domingo para terminarmos de conhecer Napoli. Saímos para caminhar e a cidade parecia outra: deserta, quase ninguém na rua, comércio todo fechado. O único lugar que encontramos pessoas foi em um centrinho distante, onde paramos para tomar um sorvete muito foda de bom, cheio de locais em família no lugar :-)
Acabamos andando mais pelo centro e chegamos ao museu arqueológico de Napoli, que é sensacional e foi uma boa surpresa pra gente num dia tão parado. Se você pretende visitar Pompéia, ou já a visitou, tem que ir nesse museu pra fechar com chave de ouro. As estátuas e esculturas que eles tem lá são excelentes, em grande quantidade. A coleção de mosaicos de Pompéia é muito bonita, assim como os afrescos que foram resgatados. Alguns bem coloridos ainda!
Antes de sair de Napoli, fomos correndo com mochilas e tudo comer uma última pizza antes que nosso trem saísse pra Sorrento. Achamos a pizzaria Da Michele meio que no acaso vendo o Lonely Planet (acho!). Parece que eles aparecem naquele filme Comer, Rezar e Amar. Enfim, o lugar tá aberto há gerações e faz fila pra entrar. Demos sorte de chegar antes do 12:00 e a italianada pro almoço não tinha entupido o lugar ainda. A pizza deles é a melhor de Napoli, fácil. Massa perfeita, tamanho enorme. Preço padrão de pizza, não tem como errar. Mas tem que gostar de pizza massuda, como todas as napolitanas… o que não é bem nossa preferência, mas hey! A pizza foi inventada em Napoli, então tem que dançar conforme a música :-)
Fim de Napoli e da imagem de novela italiana romantizada na nossa cabeça. Napoli não tem nada de especial. Não gostamos do lugar não, sinto muito. A falta de couchsurfers piorou tudo também, não sentimos a vida local como poderíamos, talvez.
Sorrento
Fomos de trem local até sorrento, contornando toda a baía de Napoli pelo Vesúvio e além, até a pontinha de terra onde começa a Costa Amalfitana. Foi bem tranquilo apesar de lotado, todo mundo da região pega o trem local de boa, desde gente de mini-saia, roupa de praia, chinelão e perna de fora até o tio verdureiro, sem problema. Só os turistas de roupas em tons beges e khaki :-)
No meio do caminho, a partir da estação em Pozzano na real, dá pra ver o naipe das vilas mudando completamente. Da sujeira e bagunça mafiosa de Napoli tudo vira turístico e casa de boneca, impecável. Assim que se chega em Sorrento vê-se que é outro padrão, cidade fofinha e bem relaxante. Cheia de turistas andando na rua, sendo a maioria casais não tão jovens. De tarde fecha tudo, e vão reabrindo a cidade quando escurece. Os jovens do lugar mesmo ficam nos campings fora do centro, e foi onde acabamos achando uma cabine no maior e mais animalesco dos campings de todos os tempos. Ao menos pra gente :-)
Nossa cabine (30 euros pro casal a noite, camping Santa Fortunata) era o meio termo entre uma barraca e uma cama de dormitório, mas decente e a vista abrindo a porta de manhã era o Vesúvio, então tá valendo! Assim, 30 euros por uma cabine num campinha é sacanagem, mas a infraestrutura do lugar é absurda. Além de ser gigantesco e ficar numa encosta pro mar, lá é o paraíso pra ficar no meio da natureza mas perto da cidade. Numa voltinha por lá contamos pouco mais de 40 trailers estacionados. Tem que ser bom pra dar conta de tanto europeu exigente, eles não acampam pra cagar no mato ou tomar banho gelado.
Assim que chegamos fomos até o que eles chamam de praia, que nem areia tem, o que ajuda a entender a paixão dos gringos em ir pra praias no Brasil. Mais tarde fomos dar um passeio no centrinho super fofo e procurar um lugar pra lavar nossas roupas. Como não recuperamos muito do cansaço do Vesúvio ainda, tiramos o segundo dia em Sorrento pra vadiar e descansar mesmo, fomos no mercado e fizemos os maiores sanduíches que nossos estômagos poderiam comer, com café gelado e direito a pôr-do-sol na mesinha em frente a cabine!
Pegamos um dia todo depois pra visitar Pompéia, finalmente. É tão fácil e óbvio chegar lá que não merece muita explicação, a não ser em dizer que Pompéia a partir de Sorrento é bem mais rápido e prático que de Napoli.
Dentro de Pompéia a coisa começa pequena, e você ameaça ficar frustrado, mas aí o negócio desanda… é muito animal! O único porém é que faltou um museuzinho ali dentro, podiam até fazer uma grana extra com os artefatos que ficam empilhados nos cantos de uns armazéns dentro da vila. Dá pra ver uma coleção imensa de artigos e ferramentas que encontram nas cinzas, e alguns corpos “petrificados”. Quando eu, Caio, fui pra NYC na última vez pude ir na exposição sobre Pompéia e os itens que mostraram lá eram incríveis também mas não tinham na vila. Por outro lado ver uma pessoa “petrificada” é mais legal que ver em cast :-)
Destaques legais de Pompéia que não perderíamos se fôssemos você: o teatro piccolo, que é bem legal, e o coliseu deles, que é meio fechado mas é no final do caminho em Pompéia então fica bacana. Matamos o dia indo comemorar o dia dos namorados aí no Brasil em um restaurante bar bem simples, Song’e Napole, mas a comida era deliciosa. E dizemos deliciosa não porque era barata, mas era porque era boa mesmo.
Não cansaríamos das paisagens de Sorrento tão cedo, mas como somos duros e a cidade era alto nível demais, uma hora a coisa tinha que terminar. Voltaríamos pra cidade eterna nos dias seguintes, Roma!