Pra onde vamos, e como montar o seu roteiro

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Escolher pra onde queríamos ir foi menos complicado do que pensávamos. Claro que todo mochileiro quer ir pra todos os lugares, aí a lista começa com 100 países e termina com 10, é normal, mas meio que sabíamos (por estudar o assunto) caminhos mais ou menos comuns em viagens de volta ao mundo (RTW) ou que seriam fáceis de fazer.

O difícil ao montar o roteiro da sua viagem RTW acho que é fazer tudo encaixar: datas com lugares, com estações do ano, com tempo de permanência, com dinheiro e com disponibilidade de hospedagem. Acho que mudamos pouco a lista abaixo; o segredo é sempre ir validando seu roteiro em ferramentas e simuladores de bilhetes RTW, que vamos falar em outro post como funciona.

Mas tá aí! Nossa criaçãozinha, o roteiro da nossa volta ao mundo.

Confirmados: África do Sul, Egito, Grécia, Itália, Suíça, França, Espanha, Nepal, Tailândia, Nova Zelândia, Estados Unidos. Talvez: Portugal, Inglaterra, Alemanha, Austrália

roteiro

África faremos os extremos, mas sem passar pelo miolo do continente por questão de segurança (uns 50%) e falta de grana (outros 50%, queríamos ir pra Tanzânia). Alguns dizem que a África de verdade é o miolo mas pffft… na Europa faremos uma espécie de circuito sul-oeste (de ônibus), porque estamos limitados no tempo sem visto no continente então a idéia é literalmente fazer a volta nela começando e terminando na Suíça, que tem boas conexões de vôos. Ásia infelizmente não conheceremos muito: Japão e China são chatos demais pra vistos, acredite, nem sei se vale a pena por isso. Nepal e Tailândia tá bom o suficiente, parece ser como conhecer o Acre e a Fernando de Noronha deles. Oceania e América do Norte não tem segredo, vamos nos clássicos, mas se der certo faremos um pit-stop em Fiji pro aniversário da Dani. Torçam pra dar certo ou eu dormirei no sofá nos próximos anos!

Com relação às datas e tempo de permanência em cada lugar, tivemos sempre uma preocupação na cabeça: manter a bagagem leve. Isso significa não precisar carregar roupas e calçados pesados em nenhum dos nossos destinos. Baixamos as temperaturas e volume médio de chuva de cada uma das cidades que pretendíamos visitar (o site www.worldweather.wmo.int é bem simples mas pode ajudar nesta tarefa) e fizemos um trabalho de recorte e colagem no roteiro, tirando uma semana em um lugar e colocando naquele, tudo para visitar o máximo possível de países durante o verão. Como nem tudo são flores, acabaremos visitando o Nepal e Tailândia no finalzinho da época de monções, o que pode trazer certos problemas.

Nosso roteiro é um dos mais RTW que muitos por aí, podemos garantir. Muita gente fala que fez uma viagem RTW e quando vê é um americano indo pro sul da Ásia, ou uma européia que vem pra América do Sul e vai pra Oceania rapidinho. Fizemos questão de passar por todos os continentes… bom, menos Antártida, mas isso é pra férias futuras. Inclusive nosso planejamento já engloba férias mesmo, visto que com a quantidade de milhas que ganharemos poderemos facilmente dar uma outra viajada legal, nem que seja pra gastá-las no decorrer da RTW.

E ah! Falando em férias, se cada um desses destinos fosse um período de férias, isso significa que nossa RTW é praticamente uns 10 anos de férias, nada mal hein!

Claro que um roteiro desse nunca é perfeito. A gente queria ficar mais tempo na Europa pra ver mais lugares, mas não podemos pelo limite de 90 dias pra brasileiros, ou garantir lugares na Ásia e Oceania, mas não deu, paciência :-)

Montando o seu roteiro

Pra montar seu roteiro, sugiro seguir esses mandamentos abaixo. Não são os únicos, mas caso de paute por eles garantimos que não vai dar com os burros n’água :-)

  • Pense como uma transportadora: você tem que ir direto e num fluxo contínuo pelo mapa, nada de voltas e mais voltas ou cruzar o mesmo caminho várias vezes (i.e. vai aumentar muito seu custo).
  • Viaje leve: tente seguir a rotação do planeta (sim!), viajando na velocidade das estações do ano dos lugares, assim evita ter que cobrir muitos cenários diferentes como inverno, verão e sei lá o quê aonde.
  • Faça com tesão: se percebe que cortou demais, ou tá enrolado demais e não é o roteiro dos seus sonhos, pare e comece de novo, uma viagem RTW é pra gastar muita energia e recursos, se o roteiro não estiver minimamente legal pra você…
  • Diversifique: não vá pra lugares onde já foi… se precisa ir por algum motivo, vá pro outro lado do país, passe por lugares bem diferentes entre si, conheça coisas, afinal é essa a graça da viagem.
  • Risque e rabisque: imprima um mapa se você não é familiarizado com geografia (sério!), use Google Maps, rabisque, olhe em um globo, experimente assim. Acredite, desenhar roteiros ajuda bastante a prever problemas na rota, além de usar o Google pra ver se é viável.

Dito isso, eu diria que um roteiro RTW bastante natural é, sem falsa modéstia, o nosso. Ele não é longo, passa por lugares variados, segue um fluxo contínuo no mapa e num sentido só do planeta, ou seja, vamos aproveitar praticamente um ano todo de verãozinho :-)

Num próximo post explicamos melhor como você pode viajar numa RTW, por avião, ônibus, à pé etc, e como fazer pra organizar e comprar um bilhete específicos para mochileiros dando a volta ao mundo, é mais fácil que você imagina.

Por que dar a volta ao mundo?

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Quando eu, Caio, virei pra Dani e falei sobre dar uma volta ao mundo, nós já havíamos viajado pros EUA duas vezes, uma vez pra Europa e outra pro Peru. Não é muito, mas é bem mais que a maioria das pessoas. Lembro que estávamos cogitando mesmo morar fora do país, mas a Dani tinha exigências altas demais pra isso e necessidades que eu não tinha… e acabei chutando o balde e falando “se é pra continuar aqui vamos pelo menos dar uma volta ao mundo pra gastar esse dinheiro” e ela topou :-)

Isso já seria uma resposta: gastar o dinheiro que guardou durante um bom tempo. Dinheiro envelhece, não foi feito pra ficar acumulando e você punhetando os números aumentando na sua conta sem ter onde gastá-lo. E pra mim gastar dinheiro é basicamente fazer e conhecer coisas que jamais poderia.

O que mais tem hoje em redes sociais é gente frustrada com a vida, emprego etc que fica postando imagens e pensamentos bonitos sobre como a vida é legal, mas está num cotidiano medíocre e tem medo de fazer algo diferente, quando muito vivem através dos outros, ou com inveja ou dando curtidas em links. Eu quis fazer diferente, nem que pudesse me dar mal por isso.

Tem gente que mal sai de casa, que acha viajar um porre ou que não serve pra nada, e tem os que acham que sem viajar você não é nada. Vou tentar ficar no meio termo, não pretendo virar hippie mas acredito realmente que sem ver natureza ou paisagens você não é absolutamente nada. Você é só um monte de poeira que acha que vive. Se você assistiu Na Natureza Selvagem, leu On The Road, curtiu Walt Whitman e Thoreau e gosta de ver timelapses de paisagens no Youtube, então acho que talvez devesse considerar dar uma volta ao mundo. Se você é nacionalista, acha que dinheiro bom é dinheiro rendendo, tem ritual ao acordar e dormir pra ficar bem penteado, é melhor ficar em casa mesmo.

Eu não sei justificar direito porque eu quero dar uma volta ao mundo. Minha recordação mais antiga sobre “lugar longe” era quando eu tinha unas 12 anos e um amigo de um tio voltou da Austrália estudando, trabalhando, sei lá, algo assim. Porra, no mapa é do outro lado, isolado! Sério, olha o mapa mundi aí, veja onde é sua cidade, olha no Google Maps. Dê zoom pra longe, mais, mais. Mais um pouco. Mais, mais, mais. Provavelmente você ainda nem consegue ver seu continente todo… tem muita coisa pra ser vista por aí!

Enfim… não gosto de pessoas, sou ranzinza, e irritável, mas ao mesmo tempo não aguento rotina longa demais, topo qualquer coisa e simplesmente adoro esse planeta, preciso aproveitar ele antes que o pouco que sobrou desapareça, vamos ver no que vai dar :-)


Quando o Caio diz que propôs uma volta ao mundo e eu aceitei, até parece que foi assim, pergunta e resposta na mesma hora. Na verdade, foi preciso muita paciência da parte dele até que eu entendesse o que uma viagem como essa significava.

Eu, certinha como sou, dando uma volta ao mundo? Não conseguia visualizar. A única imagem de vida que eu conhecia era aquela em que você acorda de manhã, vai trabalhar, vai pra faculdade, volta pra casa, dorme e no dia seguinte faz tudo isso de novo. Passar 8 meses viajando pra mim não se chamava vida, se chamava “insanidade” :-P

O fato é que eu era como a maioria das pessoas, e a maioria das pessoas se adapta muito bem à rotina que lhes é imposta, sem perceber ou sem se importar muito com o mundo à sua volta. E aí a gente fica ali, vivendo no nosso mundo particular, com nossos preconceitos, frustrações e egoísmos. Não acho que exista problema em ter uma rotina definida, trabalhar pra caramba e se esforçar para fazer as coisas bem feitas. O problema é quando essa rotina suga suas forças ou suga você pra dentro de uma redoma onde só existe trabalho, faculdade, compromissos, gerentes e deadlines.

É mais ou menos como fala a propaganda do supermercado: “o que faz você feliz?”. Conquistei muito do que queria nesses anos de esforço e trabalho levado a sério, não posso falar que não. Fiz bons amigos, cresci profissionalmente, me formei com boas notas, guardei uma grana… mas é isso que me faz feliz? Definitivamente, não. Me faz feliz o que eu faço depois das 18 horas e nos finais de semana… me faz feliz conhecer lugares novos, estar com o Caio, brincar com o meu sobrinho, poder receber quem eu gosto na minha casa pra comer pizza brotinho </inside joke>, chegar em casa antes do pôr-do-sol pra dar uma corrida. Em resumo, me faz feliz curtir a minha juventude, coisa que eu não tenho feito muito nos últimos dois anos. É hora de correr atras do prejuízo!

Mas Dani, por que ir tão longe pra se curar disso? Por que é a forma mais bonita :-)

O mundo é muito, muito, muito maior e mais interessante do que percebemos. Há muito mais lugares, culturas, pessoas, conflitos e diferenças do que conseguimos imaginar. Viajar e estar em contato com tudo isso faz com que você exercite o respeito e a curiosidade de uma forma única. Uma blogueira, dentre os vários blogs de viagem que eu acompanho, disse uma coisa muito interessante: “imagine que você, lá do universo, está olhando para a Terra e vendo todos os lugares por onde você anda, agora perceba como a gente aproveita uma parte muito pequena da Terra!”. E não é verdade? Há tanto para ser visto, para ser sentido, e está a nossa disposição… e a gente prefere a nossa redoma!

Eu não sou uma mochileira experiente, não sou desapegada e muito menos despreocupada. Que fique claro que isso não é pré-requisito para uma volta ao mundo. Pré-requisito para uma volta ao mundo é a curiosidade e a vontade. O dinheiro é uma questão de planejamento e do tipo de viagem que você espera. A coragem, vem com o tempo, enquanto você dedica horas e horas planejando, pesquisando e sonhando com a viagem que quer fazer.

Termino o post sobre motivação com uma música que eu adoro e que se encaixa perfeitamente neste momento de decisão.

Let it shine on us :-)

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