É nóis no réveillon em São Francisco!
Jan 07 2014
americas, eua, rtw No Comments
Chegamos na última etapa da nossa viagem, América do Norte! Apenas dois dias pro ano novo, resolvemos ficar em um quarto do Airbnb em São Francisco, pela primeira vez testamos algo diferente de couchsurfing ou simplesmente caçar um albergue barato. Ficamos inicialmente em Presidio Heights, um bairro bacana bem perto de tudo. A primeira impressão por ser Airbnb foi meio ruim pela atmosfera estranha no lugar, uma casa de meninas russas noveleiras mas que serviu pra irmos andando pros lugares mesmo e foi bom pra treinar as pernas nas ladeironas da cidade.
Já viemos pros EUA no inverno e no verão anteriormente, e agora novamente no inverno serviu pra confirmar que comprar roupa no frio é muito mais negócio aqui. A qualidade delas no inverno é bem melhor, panos bons e duráveis, aproveitamos as queimas de estoque de natal pra trocar as peças de dry fit que usávamos e tal, surradas já. O centro de São Francisco, falando nisso, lembra muito andar nas ruas em NYC. Com a diferença que São Francisco tem só a Market Street assim, enquanto NYC tem centenas de ruas como essa em todas as direções. Achávamos inclusive que São Francisco era bem maior no centro…
Pra ceia do nosso primeiro ano novo longe das nossas famílias resolvemos radicalizar. Fomos no Utopia, um restaurante e cafeteria em Chinatown que foi recomendado pra gente. Nem foi tão caro por ser em Chinatown, comemos até explodir e deu só 30 doletas pro casal. Valeu os centavos, é muito bom! Encravado em Chinatown mesmo, com um chá de gengibre e pratos baratos de nível que só comemos na Ásia mesmo! Excelente, embora tenhamos levado uma baita bronca em público por não dar muita gorjeta hahah :-)
Passamos a vira de ano no Píer 14, junto com aparentemente outras cem mil pessoas. Os curitibanos Faw e Carol que agora moram na região trocaram algumas mensagens e nos encontramos pra ver a queima de fogos ali juntos. Foi muito bonito, até tem um vídeo de um cara atrás da gente filmando tudo, e aparecemos na frente dele! Passamos um frio lascado, levamos até saco de dormir que usamos no Nepal pra aliviar um pouco. Depois de um show de fogos impressionante fomos procurar um lanche rápido na madrugada pra segurar o estômago e combinamos de nos ver de novo :-)
Acabou que pegamos outro Airbnb em São Francisco, já que ficamos mais dias no centro pra conhecer tudo antes de ir pros subúrbios. Sunset District é um bairro onde bem rapidinho se entende o nome dele, o pôr-do-sol é absurdamente bonito, e todas as casas tem algum ângulo pro mar pelas ladeiras que tem ali. A vizinhança é excelente, pra morar ali seria um paraíso de silêncio e segurança, com mercados perto e tudo. Até fizemos um cartão de fidelidade pra pegar descontos melhores pela semana que ficamos ali. Não é todo dia que se gasta só 30 dólares pra um casal comer por 3 dias, tem que aproveitar.
Um dos passeios mais esperados nos EUA era pegar bicicletas pra pedalar pela ponte Golden Gate até Sausalito, uma cidadezinha bem bonita e cheia de turistas do outro lado da ponte. Perto da ponte alugamos bicicletas híbridas, como chamam, por 25 dólares o dia todo. Elas são mistas de bicicletas de passeio e mountain bikes, ben boas. A travessia pela ponte é muito foda, deu um frio por ser de manhã ainda mas o sol logo chegou. Sausalito realmente é pequena e fofinha, lembrou muito as cidades que vimos pela Garden Route na África do Sul aliás.
A volta pra São Francisco começou meio tensa pelas subidas dos morros, e acabamos pegando um túnel junto com carros pra cruzar a estrada por baixo já que queríamos ir até um mirante acima da ponte. Fizemos, meio perdidos, meio incertos, o trecho final da The Coastal Trail na região.
Subimos ela até o mirante no Battery Spencer, da onde se tem as vistas mais fantásticas de São Francisco e da Golden Gate, aquela que aparece nas fotos de… bem, quase todo mundo.
Foi por ali que encontramos uma velha americana meio maluca que reconheceu que falávamos português e ficou nos abraçando, toda feliz, querendo saber da nossa viagem e tal, deu até endereço dela, telefone, e-mail do marido etc pra se um dia voltarmos pros EUA pra passear. Encontro insólito. Enfim, ali no Battery Spencer já tinha menos neblina no horizonte e menos luz direta do sol, então as fotos ficaram impecáveis. Por ser quase fim do dia já, a ponte fica incrível com o sol batendo no vermelho alaranjado dela. Antes de devolver a bicicleta ainda deu pra conhecermos rapidinho o Chrissy Field na base da ponte, batemos ponto rapidinho ali!
Pra encher a barriga de comida pesada americana resolvemos ir no Slider Bar, que recomendamos fortemente inclusive. É um lugar com hamburguers pequenos que cabem na palma da mão, mas vem tipo 3 ou 6 ou 10 no prato, com molhos e carnes diferentes e tudo na faixa entre 7 e 10 dólares prato. Tivemos uma overdose de batata frita lá, porque depois de pedir a nossa grande fizemos check-in no lugar e ganhamos uma outra porção com alho por cima, foi tenso comer tudo. Um passeio no bairro do Castro, que é onde o Slider Bar fica, nos decepcionou um pouco. Esperávamos um bairro mais gay chique talvez, meio histórico, mas o lugar é muito mais hipster que “visualmente” extravagante, se é que nos entendem. A estação de metrô pelo menos tem homenagens ao Harvey Milk.
Andamos também bastante pela região das marinas e a Fisherman’s Warf, com bandinha de família na rua e baterista molequinho de 7 anos tocando um funk muito louco. Foi ali que a Dani comprou a última pulseirinha que faltava na coleção dela da viagem. Demos também uma conferida no Musée Mécanique, um museu de arcades e máquinas estilo fliperama e de entretenimento desde trocentas décadas e até séculos passados. Deu pra jogar o Pong original, com direito a interferência na frequência do tubo da TV, e também o Star Wars clássico! O melhor de tudo é que era de graça pra entrar e só se paga o que joga, e tudo lá é em moedas de 25 centavos! Na volta passamos naquela rua famosa que é em curvas bem fechadas, um zigue-zague, a Lombard. Tinha muitos turistas em filas lá e passamos batido, antes de fechar o dia comendo panquecas num IHOP que finalmente conhecemos depois de ter visto tantos nas nossas visitas aos EUA :-D
Sim, deu pra ver que ficamos um bom tempo em São Francisco. Deu uma semana, então pudemos visitar tudo com calma. Deu pra por exemplo reservar um dia inteirinho só pra andar pelo Golden Gate Park. Não, ele não fica perto da Golden Gate, vai entender. É uma puta caminhada atravessar ele todo por todos os cantos, e descansamos umas horas almoçando vendo um pessoal brincando de roller disco, foi muito engraçado. Um funk dos anos 70 tocando alto, menina fantasiada de unicórnio patinando, várias senhoras dançando sincronizadas e bem em forma com patins antigos por lá. Até um cara com perna amputada vimos andando de patins no lugar…
A maioria das ruas do parque ainda tinham o trânsito aberto pra carros, não é como o Central Park nisso. Subimos a Strawberry Hill lá dentro pra ver se teríamos uma vista legal mas nem valeu muito a pena. Até tentamos comer algo típico de dia de parque mas era tudo caro, na faixa dos fintchy reais por um cachorro quente se fizer a conversão do dólar. Só deu pra tomar um sorvete vendido diretamente pelo senhor sorveteiro naquelas vans de sorvete de filme. Num lago mais perto do mar tinha um grupo nerd de pais com vários modelos, de aviões, quadricópteros, barcos e até submarinos. Tentei comprar um cookie de um garotinho vendendo cookies e limonada ali mas acho que ele tava distraído com os modelos :-)
Como ficamos no Sunset District queríamos andar pela praia no fim do dia há tempos mas só conseguimos ir lá nos últimos dias na cidade. Andando por toda orla da Ocean Beach de perto da famosa Cliff House, meio sem gracinha, até a rua da casa onde estávamos. A praia tava lotada mesmo sendo inverno e fim de dia com ventos fortes que vem pra costa. Muitos, muitos surfistas nas ondas, quase sempre aparecendo nas nossas fotos. O pôr-do-sol, claro, foi espetacular, laranja, amarelo, vermelho, azul, azul esverdeado, cinza… menos branco, como ficamos quando tivemos que subir uma ladeira de volta pra casa, que segundo nossas contas rendeu 25 quarteirões!
Em relação aos outros pontos famosos da cidade, acho que só a Alamo Square não gostamos. Foi meio nhé ir lá, sei lá, fomos mais pela vista famosa das casas vitorianas coloridas. Os bondinhos antigos que são famosos em São Francisco não pegamos por pura preguiça, ao contrário. Preferimos andar as ladeiras mesmo, os bondinhos estavam em todos os lugares então deu pra matar a vontade de vê-los, porque pra andar neles havia sempre filas enormes de turistas esperando pra andar um trecho de, sei lá, 5 minutos pela cidade. Nem compensa. Alcatraz a Dani queria muito visitar mas eu, Caio, botava na conta de turismo mórbido assim como visitar campos de extermínio no Cambodia, então passei e ela não quis ir visitar sozinha, paciência.
Falando nisso! Com ajuda do Google Maps, pra entender os nomes e códigos dos trams e ônibus, transporte público funciona muito melhor que haviam nos falado em São Francisco. Estávamos esperando algo bem mais complicado, e até andamos bastante mesmo, mas era porque gostávamos não porque precisávamos. Por causa disso que nem pegamos aquele ônibus turístico pra conhecer os pontos principais da cidade, nem foi preciso. Vimos tudo e muito mais sem gastar, e andar em São Francisco é muito divertido pra ver os tipos bizarros nas calçadas, não queríamos perder a chance na nossa primeira visita à cidade :-)