Dia 18: Sheree Kharka → Yak Kharka → Ledar, 4222 metros

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Quase morri hoje, e não sei porque. O ajuste da coluna da mochila tá ruim, por causa disso a barrigueira fica alta pressionando meio que no diafragma. Junte à isso a Dani enchendo o meu saco pra não gastar muito com comida mas ao mesmo tempo falando que tô magro e perdendo peso. Foram 6h de trilha puxada de sob-e-desce interminável, sem comer nada desde que acordei. Fiquei totalmente exausto, mal dava pra me arrastar. O problema era a dor na boca do estômago, como se tivessem me dando socos ali o tempo todo quando andava. Eventualmente chegamos em Yak Kharka, nossa parada original, mas mudamos os planos pra ir com o grupo do dia anterior até Ledar (e nem pretender mais parar em Thorung Phedi, ir pro High Campo direto). De Yak Kharka pra Ledar foi 1h horrível por meio de pedras enormes, mas deu tudo certo, exceto pelo balde de água quente pro banho, tão caro que pulamos o banho pela primeira vez no Nepal. E pelo vento rachando meus lábios apareceu uma herpes, quem diria. Faltando pouco para o dia da passagem e pras milhares de fotos de comemoração que gostaríamos de tirar. Eu mereço. — Caio

O dia de hoje foi a maior trollagem do Annapurna até agora! Saímos de 4.070m de altitude para 4.200m, então a subida deveria ser mais tranquila… Pegadinha do malandro! Tivemos que subir por quase 1 hora (super inclinado), descer tudo o que tínhamos subido por mais 1 hora, cruzar o rio e depois subir mais 1 hora até chegar em Yak Kharka. Foi mega cansativo, um dos piores dias até agora! O Caio sofreu pra caramba, não sei se não se alimentou direito nos últimos dias ou o quê (ontem ele reclamou que tem comido menos do que o desejável por causa da minha preoupação com o budget… parei), mas achei que ele não ia aguentar chegar até Ledar! Demoramos 5 horas para o trajeto todo e chegamos a Ledar mortos! Saímos com aquele grupo legal que encontramos ontem, passamos eles no caminho mas no final acabamos ficando no mesmo guesthouse, que bom! Ledar tem só uns 3 hotéis e quase não dá pra chamar de vilarejo, está mais para uma rua… O frio está aumentando bastante por aqui e a infra-estrutura diminuindo, aqui não só não tem chuveiro pra tomar banho como o balde é super caro (vamos pular banho hoje), e eletricidade então nem pensar! A noite de hoje foi bem boa, ficamos todos juntos durante a noite jogando cartas e conversando. Faltam só dois dias para a passagem pelo ponto mais alto da trilha, o Thorung La, e estou feliz que não estamos tendo nenhum problema com altitude até agora, parece que a ida ao Tilicho foi uma ótima aclimatação :-) — Dani

Dia 17: Tilicho Base Camp → Sheree Kharka, 4000 metros

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Acordamos cedo e eu ainda estava dolorido. Saímos com a intenção de já parar em Sheree Kharka porque estaríamos previsivelmente muito cansados, e sem joelhos e coxas pra sair do vale do lago Tilicho seria difícil com segurança. O caminho de volta foi mais rápido e fácil, já sabíamos o que esperar, chegamos e fomos para outra pousada dessa vez, pra variar um pouco. Passamos um bom tempo pegando todas as dicas possíveis da Tailândia e Malásia com um cara de lá muito gente fina. À noite um grupo chegou e pela primeira vez na trilha vimos um grupo interessante, todos engraçados, ninguém fútil e sabendo o que queria ali. Um casal francês de professores primários, um casal alemão estudantes de medicina, uma comerciante austríaca, um analista financeiro israelense. Combinamos de ir pra Ledar juntos no dia seguinte, fomos dormir quase às 10 da noite depois de conversar e rir muito. Foi o dia em que fomos dormir mais tarde até agora! — Caio

Ufa, o trecho perigoso passou! Cheguei a sonhar com isso, em passar de novo pelo caminho “fase de videogame”, de tão preocupada que eu estava! Mas no fim foi tranquilo, o caminho para cima dá mais aderência e não ficou tão escorregadio quanto a vinda. Chegando em Shree Kharka, escolhemos ficar em uma guesthouse diferente da primeira vez, onde conseguimos carregar todos os nosso eletrônicos e baterias de câmera de graça! À noite encontramos um grupo de 6 pessoas que se conheceram na trilha, o grupo mais legal que conhecemos até agora, são 2 franceses, 2 alemães, 1 austríaca e 1 israelense. A noite passou super rápido, ficamos conversando desde as 16h até as 21h em volta do fogareiro (hoje está bem frio), e amanhã acho que sairemos com eles pela manhã. — Dani

Dia 16: Tilicho Lake, 4949 metros

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Caralho! Hoje vimos umas das paisagens mais bonitas de todos os tempos. A trilha pra Tilicho é fantástica em imagens, sério, inesquecível. Acordamos meio atrasados e fomos os últimos a sair da pousada. Quase 1.000 metros pra subir chegando à praticamente 5.000 lá no lago Tilicho, o lago mais alto do mundo. Acabou que estávamos ótimos, eu parecia comer o ar mostrando os dentes quando abria a boca, pra dar conta de respirar, mas subimos ultrapassando muita gente. De respeito. A subida final é cheia de picos e montanhas que apenas começam ACIMA das nuvens! Em volta do lago é lindo. Tomamos um chá que vendiam no topo e fomos andar pra tirar fotos em volta dali. No caminho ouvimos barulho de trovões e vimos que a geleira tava desmoronando do outro lado do lago. Alucinante. Poderia ficar um dia todo lá no alto vendo isso, lindo demais. Na volta os joelhos doeram, e contei uns 90 yaks passeando e comendo. A dor passou, deve ser sinal de boa sorte. — Caio

Que dia massa!!! Estamos cansadíssimos, mas a trilha de hoje foi uma das melhores e mais bonitas desde o começo! Saímos do BC às 6:30 da manhã depois de um café da manhã reforçado e deixamos as mochilas no guesthouse, o que facilitou bastante as coisas, pois seriam mais de 3 horas de muita elevação e 2 horas pra descer. A trilha começa subindo a colina onde fica o base camp, subidinha já pesada. Chegando lá no alto já é possível ver o cenário que você vai seguir por grande parte da trilha: um vale enorme, rodeado de montanhas nevadas e glaciers, no fundo do vale o rio fazendo o barulho de fundo, e no lado do vale onde você está dá pra ver a trilha que segue atééé as pessoas desaparecerem no horizonte de tão pequeneninhas. E assim fomos acompanhando as montanhas, até alcançar um longo zigue-zague que leva até o alto. Olhando, o zigue-zague parece coisa de minutos, mas leva muito tempo porque a subida é SUPER íngreme, a parte mais difícil da trilha. Depois de quase morrer com aquilo finalmente alcançamos o alto da montanha. É muito estranho, pois o barulho do rio que ecoa no vale pelo caminho inteiro de repente desaparece e dá lugar a um silêncio absoluto! Lá no alto da montanha, caminhamos por meia hora até que de repente, à quase 5000m ele aparece, azul, lindo, e calmo! Que perfeição!!! Tanto o caminho quanto o lago em si renderam fotos magníficas. Ficamos 1 hora lá em cima curtindo a paisagem e observando as pequenas avalanches que acontecem o tempo todo no glacier. O barulho do gelo quebrando parece um trovão, a sensação de ouvir isso no silêncio absoluto que é aquele lugar é única! A paisagem da decida ficou ainda melhor com a luz, que mudou, mas foi bastante gelada e coitadinho dos nossos joelhinhos! Levamos 2 horas pra descer e quando voltamos ao BC estávamos morrendo de dor nos joelhos e com algumas bolhas nos pés. Me preocupa a volta a Shree Kharka amahã, pois aquele caminho é super perigoso e quero estar com os joelhos 100% para aguentar o tranco. Passamos o resto do dia de hoje descansando (depois do banho de caneca) e agora, 20h, já estamos exaustos e indo dormir. É o que a falta de energia e de carga nos eletrônicos não faz! Acho que amanhã pagaremos para recarregar algumas coisas em Shree Kharka, a gente merece! Hoje é aniversário do Leandro, meu irmão mais novo, e queria muito poder falar com ele. Pena que a próxima previsão de internet está pra daqui a muuuuitos dias! — Dani

Dia 15: Shree Kharka → Tilicho Base Camp, 4150 metros

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Prêmio turistas folgados vai para: israelenses e americanos. Prêmio turistas discretos para alemães e franceses. Totalmente sem noção e mal educados? Coreanos e chineses. Misantropia ajustada no nível máximo. A trilha hoje foi “mais mais” em vários sentidos. A mais perigosa: sem sombra de dúvidas. Trechos de dar medo mesmo, fotos pra não mostrar para os pais. Uma americana caiu do desfiladeiro duas vezes, começou a chorar e voltou pra trás parece. Pedras rolaram sobre a gente, do tamanho de um punho fechado, mas quando pegam velocidade parecem balas! A mais bonita: dia e céu abriram bem. Deu até pra ver os picos mais distantes, neve, tudo, pacote completo, foda! A mais puxada: de ter que ficar com o cérebro ligado o tempo todo, não só andando no automático. Ou não… já que não sinto absolutamente nada de AMS, mas também não dá pra respirar fundo mais. Pulmões não enchem, não importa a força que faça, então cansa subir e descer e subir de novo. A mais autêntica: vila inóspita, isolada. Sem energia elétrica, nem mesmo solar, paredes de barro e troncos com casca. Já dá pra ver a bordinha do lago no topo das montanhas, no fim da trilha saindo daqui. Ela parece bem marcada apesar de pesada. As fotos de hoje prometem. Um local riu ao ver eu penteando a minha barba :-) — Caio

O caminho de Shree Kharka até o campo base do Tilicho não tem muitas elevações e leva só 3 horas, mas cara… foram as 3 horas mais “close to death” desde o começo da trilha! Os alertas dos outros trilheiros e o cara com a perna machucada que encontramos outro dia fizeram muito sentido! A primeira hora de trilha é um sobe-desce até que simples, com alguns trechos mais íngremes mas nada de inesperado. Até que avistamos de longe o vilão, um paredão diagonal, aparentemente bem liso, e uma linhazinha no meio dele. Essa linhazinha é a trilha. Pânico nas colinas!!! Chegando perto, foi dando pra ver melhor do que se tratava: o paredão é formado por pedrinhas bem pequenas, quase uma areia vulcânica, e algumas pedras maiores. A trilha é estreita, inclinada, escorregadia pra caramba, e se você cair o paredão faz um escorregador até lá embaixo, terminando no rio. Legal né? Mas não acaba por aí! Como o paredão é um escorregador, quando bate um ventinho começa a cair umas pedras lá de cima até lá em baixo, e eventualmente caem umas pedras maiores, que se atingirem você, já era. Elas não são pedras enormes, mas acredite, vimos algumas cairem e a velocidade que elas alcançam é suficiente para fazer qualquer um perder o equilíbrio ou no mínimo machucar. Me senti em uma fase de jogo de videogame, na última (ou no caso, única) vida! Foram duas horas cautelosamente andando nesse terreno, mais pra frente a areia vai dando lugar a pedras maiores, o risco de deslizar diminui mas o de ser atingido aumenta, e finalmente entendemos o que aconteceu com o menino do pé machucado de ontem. Quando nos despedimos ele nos disse “cuidado com as cabras!”, e nós pensamos “ué, mas não foi uma pedra?”. Foi os dois! Na parte final encontramos umas cabras lá no alto, que por sorte estavam quietinhas, mas se decidissem andar derrubariam uma chuva de pedras em nós… foi o que houve com ele! Depois dessas horas de tensão finalmente chegamos ao Tilicho Base Camp! O lugar fica à 4.165m de altitude e logicamente não tem muitos lodges. O que ficamos não tem energia elétrica, o quarto é de parede de barro (gelado!) e o banho será de canequinha novamente! A única coisa ruim é que já estamos sem bateria em tudo, então não dá nem pra ver um filminho nesse frio. Daqui do BC dá pra ver parte da trilha que seguiremos amanhã até o lago, que fica a 4.900m. Ansiosa! :-) — Dani

Dia 14: Manang → Sheree Kharka, 4000 metros

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Ultimamente só temos pensado em comidas gordas e gostosas. Desejos! O dia foi meio chato, mas as vistas da vila no fim do dia valeram a pena. Abortamos o Ice Lake da manhã quando acordamos. Choveu à noite, tempo muito frio aqui no alto, não valeria a pena. Fomos pra Tilicho direto mas a Dani sentiu a altitude e cansaço e paramos antes de alcançar o Base Camp, cerca de 3h antes de lá. Primeiro banho de balde e caneca, até que demorou! Não senti nada de altitude até agora, e já estamos à 4.075 metros. O caminho pra cá foi ruim, cheio de bifurcações sem sinalização ou marcas. NATT ignora a região de Tilicho, uma pena. Mas já avistamos pra onde vai a trilha até Yak Kharka do alto. A trilha, pela data, está ficando perceptivelmente lotada. Estamos indo bem lentos. Sinto falta de sorvete com cobertura quente. Mais desejos! Vimos um cara sangrando por pedras terem rolado na trilha acima e machucado ele. Foi no trecho que andaremos amanhã. Se não tem deslizamento não é o Nepal. — Caio

O plano de ir para o Ice Lake hoje não deu muito certo. Acordamos com o dia nubladíssimo, as montanhas de Manang completamente encobertas! A graça do Ice Lake não é o lago em si, pois o Tilicho Lake (para onde vamos em alguns dias) é muito melhor, mas dizem que a vista do caminho é espetacular. Não faz sentido nenhum ir em um dia nublado. Decidimos então seguir caminho para o Tilicho, ou em direção a ele, pois é longe e demora alguns dias. Pretendíamos chegar hoje ao campo base do lago, que fica a 7 horas de Manang, mas a altitude e resquícios daquele querido parasita não deixaram :-( O caminho é bem íngreme, subimos quase 700m hoje, e a altitude pegou forte! Não conseguia respirar, o ar não vinha. Eu nunca senti algo parecido, qualquer subidinha e meu fôlego acabava como se tivesse dado um tiro de 100m sem preparo físico nenhum. Claro que o fato de não ter conseguido comer direito nos últimos dias piorou a situação. Para meu desespero, o Caio ainda não está sentindo nada, então novamente precisamos parar por causa de mim. Ele tá puto, compreensão zero, como se a culpa fosse minha. Eu até agora não entendi o motivo de tanta pressa, pois ainda temos 30 dias no Nepal. Hoje ele mereceu o troféu OGRO DO ANO quando falou “cala a boca e senta” quando eu tava passando mal do meio da montanha… foda. Isso é bom de aparecer no relato, estar na montanha a dois tem dessas coisas, as semelhanças ficam mais acentuadas, mas as diferenças também! Ogro na cidade é ogro na montanha, não tem jeito. Enfim, estamos agora em Shree Kharka, há 3 horas do base camp (o caminho era 7, paramos mais ou menos na metade) e já a 4.100m! Amanhã alcançaremos o base camp, e disseram para irmos preparados porque é bem perigoso. No caminho encontramos um rapaz que machucou a perna com uma pedra e não pôde chegar ao lago, estava mancando e com a perna enfaixada, coitado. Mais uma vez preciso me esforçar para estar 100% amanhã (já que a pressa aparentemente é mais importante que a minha saúde). Ah, para constar, tivemos hoje nosso primeiro banho de canequinha! Parece que daqui pra frente chuveiros vão virar lenda… — Dani

Dia 13: Manang, 3566 metros

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Resolvemos ficar mais um dia. Dani foi no médico local e tem parasitas de água no corpo, está tomando remédio mas já come melhor. Não como os israelenses que são como gafanhotos. Passam em caravanas com seus guias e carregadores cheios de tranqueiras de marca e só sabem comer hamburguer, fritas, pizza e coca-cola. Em uma trilha. No Nepal. São uns imbecis que reclamam da lentidão da internet no alto dos Himalaias e exigem chá orgânico, pra espanto dos donos das pousadas. Babacas nas montanhas. Gastamos todas as baterias dos eletrônicos, teremos que pagar pelas recargas. Amanhã iremos ao Ice Lake e de lá direto pra Tilicho, acho, a Dani melhorando mais ou não. Estamos atrasados. Preocupação. Meninos locais gritaram comigo e mostraram os dentes, como cachorros, quando quis tirar fotos deles sem dar chocolate em troca… — Caio

Ontem depois que escrevi no diário comecei a piorar do estômago. Almocei só batatas de novo, mas mesmo assim passei muito mal, não conseguia ficar em pé de tanta dor e enjôo! Dei “sorte” porque Manang é uma vila maiorzinha e tem um posto de saúde. Decidi arriscar e passar lá pra ver no que dava, sem muita esperança, mas fui atendida super rápido, em inglês, e saí com remédio na mão! O posto é super simples, tinha alguns locais esperando para ser atendidos mas fui chamada logo. Expliquei meus sintomas e o médico disse que é um protozoário transmitido pela água (peguei mesmo com todos os cuidados que estamos tendo, até escovo os dentes com água filtrada). Ele não cobrou a consulta e nos deu 2 cartelas de remédios, 1 dólar cada uma, que comecei a tomar ontem mesmo. A noite de ontem ainda foi bem difícil e eu passei muito mal, mas hoje acordei com uma fome de leão! Consegui comer bem e bastante, estou nova. O único problema foi que tivemos que ficar um dia a mais em Manang, mas isso é o de menos, temos tempo! :-) Amanhã pegaremos a trilha até o Ice Lake, que tem tudo para ser maravilhosa, mas ida e volta somam 6 horas! Espero estar bem recuperada! — Dani

Dia 12: Ngawal → Bryaga → Manang, 3566 metros

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Chegamos na tal capital da trilha. O vale de Manang de fato é muito bonito, e a vila tem meio que de tudo nela realmente. Porém ela em si não tem nada de especial. Talvez vamos no “projection hall” que tem aqui, no fim do dia. Parece que passam Sete Anos no Tibet lá por 3 dólares, haha. A estação de água tava fechada, pânico. A trilha foi fácil, não deu 3h e só foi descida ou plano. Caminho meio enrolado, mas sem problemas. Muita, muita poeira, tudo seco demais aqui. Só arbustos de frutinhas vermelhas cheios de espinhos. O céu ajudou pra algumas fotos. Ah, o chocolate aqui é mais barato, vou aproveitar! Precisaremos pagar por internet também, pra trocar as datas dos nossos vôos e adiar a voltar pra casa após replanejar o tempo na Ásia e Oceania. Acho que faremos a trilha pro Ice Lake na volta de Tilicho, não sabemos com certeza ainda. — Caio

A noite passada foi longa. Motivo? Ratos!!! Não exatamente no nosso quarto, ainda bem, mas logo acima dele, no forro! Pelo jeito é uma ninhada, pois dava para ouvir vários correndo no teto e o barulhinho que eles fazem, argh! Ficamos acordando toda hora com a impressão de que eles iriam cair na nossa cabeça a qualquer momento. Mas sobrevivemos! O caminho de hoje foi muito susse, plano e no fundo do vale, sem montanhas pra subir. Foram só 3 horas e meia até Manang, mas por não estar conseguindo comer direito e pela dificuldade de respirar eu sofri um pouco. Senti muita fraqueza, estou começando a ficar preocupada pois daqui pra frente o caminho começa a ficar mais puxado e eu preciso ficar forte logo! Está sendo bem difícil também lidar com o meu enfermeiro (Caio), pois ele tem um jeito meio briguento de cuidar (briga porque como, porque não como, porque eu não consigo explicar o “tipo” de enjôo que tô sentindo, porque respiro, porque me mexo). É o jeito dele, e aqui nas montanhas somos só nós dois, então eu tenho que me adaptar. Mas é foda a sensação de culpa que isso traz, além de não estar me sentindo bem fisicamente eu tenho a pressão de ficar boa, e logo! Difícil hein… Bom, mas entre trancos e barrancos finalmente chegamos ao “grande” vilarejo de Manang. Aqui não tem nada de especial, esperávamos um lugar maior dada a sua importância, pois é como se fosse a capital do Annapurna Circuit. Estava ansiosíssima pra encher nossas garrafa na estação de água potável daqui, mas estava fechada, ponto negativíssimo. Mas pelo menos Manang tem duas coisas boas: a vista é bem legal, com montanhas com picos de neve para todos os lados, e tem internet! Hoje é aniversário do meu irmão Eduardo, vai ser bom pelo menos mandar um alô pra ele. A saudade dos meus queridos está começando a bater, essa parte é ruim ficar isolado, espero que esteja tudo bem com eles. — Dani

Dia 11: Ngawal, 3662 metros

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Não fizemos muito hoje. Lavei mais roupas com a água mais gelada que toquei na vida. Vimos um filme à noite pra matar tempo. Acabamos não indo na caverna famosa que tem aqui pertoo. Venta muito, desanimamos pra subir até lá passando frio, e a Dani está muito mal do estômago pra sair agora. À noite pedi dal bhat e torci pra ser bom. Os donos da pousada viajaram pra Besisahar e deixaram o filho de 14 anos e a filha da mesma idade tocando tudo, até a cozinha. Tava frio demais, então pedimos pra ficar do lado do fogão à lenha vendo eles fazerem a janta. Demorou quase 2h mas saiu! O menino fez tudo sozinho, do zero. Muito caprichado e limpo, vai pra lista de melhores refeições na trilha. Noite bem local conversando sobre futebol com outros moradores, claro, em volta da lenha queimando :-) — Caio

O dia de hoje foi de descanso absoluto debaixo das cobertas (pois já está friozinho) e comendo purê de batata e arroz, só o que fica no meu estômago. Pretendíamos fazer um hiking até uma caverna que tem aqui, mas a minha condição não deixou… Pelo menos os dois dias que passamos aqui em Ngawal foram proveitosos. Na noite de ontem ficamos conversamos com o monge americano e ele nos contou sobre como decidiu virar monge após a primeira visita dele ao Nepal, como é a vida dele, etc. Na noite de hoje pedimos um dal bhat e nos demos conta que só o filho de 14 anos da família estava tocando o guesthouse! Perguntamos se ele tinha certeza que dava conta de tudo (pois seria arroz, lentinha, curry de vegetais e mais a minha batata cozida) e ele riu e disse que sim. Ficamos na cozinha com ele, nos esquentando no fogão a lenha, e o menino mandou super bem! Demorou umas 2 horas pra fazer tudo, tadinho, mas foi feito no capricho, acompanhamos do começo ao fim. Essa proximidade com a vida local é uma parte muito boa do circuito, estou adorando! — Dani

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