Parada em Lauterbrunnen nos Alpes Suíços

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Finalmente chegamos em Lauterbrunnen!

Vista do quarto no albergue, cachoeira Staubbach na lateral

Vista do quarto no albergue, cachoeira Staubbach na lateral

Estávamos esperando muito pra conhecer a região dos alpes e porque também ali comeceríamos nosso giro de ônibus pela Europa continental, já que Grécia, Itália e Suíça havíamos conhecido na raça conforme queríamos. Foram 3 trens desde Zurique, total de 150 francos para o casal. O que no Brasil deixaria qualquer um em pânico (oi? viajar 3h de trem fazendo 3 baldeações?) aqui foi tudo nos conformes. Trens impecáveis, rápidos e ridiculamente no horário, claro. Fizemos parada em Berne e depois em Interlaken. A região em volta de Interlaken pareceu muito bonita, com lagos de cor claríssima pela água que desce das montanhas aparentemente. Tem bem cara e cor de água de geleira. Numa próxima vez vale passar um dia em Interlaken.

Chegamos em Lauterbrunnen após o horário do almoço, com o tempo bom mas ameaçando nublar logo. Mas mesmo nublada a região do vale por ali é indescritível. Sério, Lauterbrunnen é famosa por ter 72 cachoeiras, e fica no fundo de um vale cujos picos estão na faixa dos 3.000 e 4.000 metros, imagine! Se tem uma coisa que se ouve e vê em todo o momento em qualquer ponto da vila são as cachoeiras e o barulho que fazem.

Como havia chovido e nevado recentemente, embora seja verão, todas as cachoeiras estavam bem fortes, lindo demais. Por causa delas o Tolkien, do Senhor dos Anéis, quando visitou a região quando era jovem decidiu inventar a Valfenda, ou Rivendell, então se conhece a história consegue ter uma idéia do absurdo que é a beleza do lugar.

Ficamos no albergue Valley Hostel, que elegemos facilmente como o melhor de todos os tempos. Na nossa viagem ficar em um albergue tão bom é como tirar férias das férias. Cozinha industrial incrível pra cozinhar o que quiser, sala de café e jantar com varanda pras montanhas e resto do vale, quartos inacreditavelmente limpos e bem cuidados, tudo de madeira clara bem estilosa, banheiros e chuveiros estilo vestiários excelentes. A política de não usar calçados lá dentro ajuda um monte, já que a região é de trilhas e lama, então a limpeza se mantém. O preço não é dos melhores mas pra região, e pelo que oferecem lá, vale cada centavo de franco suíço dos 30 por pessoa por noite! Minha cama ficava no alto do quarto, isolada tipo casa na árvore, com uma janela com vista exatamente pro fim do vale e pra cachoeira que cai sobre a cidade. Sem mais comentários, um achado ;-)

E o tempo estava horrível! Nenhuma foto faz jus ao lugar

E o tempo estava horrível! Nenhuma foto faz jus ao lugar

A vila de Lauterbrunnen é minúscula, e uma caminhada é suficiente pra conhecer todas as ruas em pouco tempo. Andando pro fim da vila se chega a tal cachoeira que cai sobre Lauterbrunnen. Ela é gigante de alta, mas tão alta que a água vira um vapor antes de encostar nas casas, e acaba só molhando umas árvores perto, e dá pra entrar num túnel dentro dela!

Em um fim de tarde mais tranquilo fomos andando pela estradinha que passa pela cachoeira até mais pra fora da vila, foi bem bonito ver a luz do pôr-do-sol (lá pelas 22h) refletir nas montanhas com neve no topo trocentos mil metros acima da gente. De infra no lugar também existe um mercadinho que quebrou um galho e vários pubs lotados de britânicos, mas é possível encontrar algo mais simples e barato, como um vendedor de pão com salsicha local que achamos e não resistimos na volta pro albergue. Salsichão estilo alemão com pão FTW!

Lanchinho

Lanchinho

No albergue acabamos conhecendo um rapaz de Singapura (chinês mas morando lá há anos) bastante gente boa, ele parecia bem perdido no lugar e convidamos ele a fazer uma trilha com a gente. Nosso plano original era subir as trilhas até o topo da montanha Schilthorn de 3.000 metros, plenamente possível no verão. Só que como nevou e choveu nas semanas anteriores, as trilhas acima dos 2.000 metros estavam fechadas :-( o jeito foi subir até a vila de Mürren mesmo e usar o teleférico até o topo da Schilthorn… na brincadeira morreu 11 francos pra ir da vila até a base da montanha, e outros 46 francos por pessoa até o topo.

Foto clássica de trilha, a água tava deliciosa

Foto clássica de trilha, a água tava deliciosa

A trilha foi bem tranquila, mas um pouquinho puxada no começo porque fazia tempo que não íamos em uma montanha.

Vista constante do paredão durante o caminho

Vista constante do paredão durante o caminho

O caminho é bonito demais, as fotos não fazem jus também pelo tempo que foi fechando, mas o cheiro das flores, dos pinheiros, o ar fresco e a água gelada e pura que tomamos das cachoeiras foi foda demais. Em um certo momento encontramos um casal descendo a trilha que nos alertou sobre um trecho perigoso.

Aqui tinha uma trilha, mas o deslizamento cobriu quando a passamos

Aqui tinha uma trilha, mas o deslizamento cobriu quando a passamos

Demos uma risada entre a gente porque a trilha era fantástica e segura, e seguimos. Um pouco à frente havia um penhasco, de verdade, porque parte da montanha tinha deslizado horas antes pelo jeito. Tudo fresco, galhos recém quebrados e tudo, e de repente vejo água começando a descer se acumular numa lama. Passamos correndo bem preocupados e ficamos do outro lado olhando a montanha ficando encharcada. Foi legal pela aventura, mas um pouquinho assustador porque ela começou a deslizar assim que passamos por aquele ponto! Quase no final da trilha tivemos outra surpresa, ainda mais bizarra.

Segundos antes de sair correndo atrás da gente...

Segundos antes de sair correndo atrás da gente…

Chegamos numa encosta bem verde onde vacas leiteiras, bem típicas de comercial de chocolate suíço, estavam pastando. Um delas ficou bem nervosa com a gente passar perto dela tirando fotos (ela estava em cima da trilha, a “culpa” era dela né) e começou a vir atrás da gente. Porra, vacas pastando no alto da montanha tocando seus sinos e ainda tem a moral de nos expulsar da trilha. Moral pra elas :-)

Vista do fim da trilha :-)

Vista do fim da trilha :-)

A brincadeira toda durou 3h pra subir 1.000 metros, e quando chegamos em Mürren o tempo já estava bem nublado e a câmera ao vivo do topo da Schilthorn mostrava tudo coberto e com névoa pesada. Abortamos nosso plano do dia e voltamos pro albergue exaustos mas felizes pelas paisagens incríveis, especialmente em Mürren que fica numa posição absurda do vale, totalmente isolada no alto dos alpes. Dali vimos uns loucos passeando de parapentes também, a vista deve ser alucinante…

Chegando em Mürren

Chegando em Mürren

Ainda tentamos voltar ao topo da Schilthorn em outro dia já que na primeira tentativa foi só voltarmos pro albergue que o tempo melhorou. Fomos de teleférico mesmo, mas o dia que escolhemos pra arriscar mais uma vez estava ainda pior. Ficamos das 8 da manhã até as 4 da tarde sentados lá no topo esperando o tempo melhorar. Tivemos uma janela de 10 minutos com algum sol e céu minimamente azul, o resto foi frio, ventos fortíssimos, um gelo caindo e depois chuva gelada. Foi bem triste, mas ainda nos vingaremos dessa maldita montanha: nos aguarde Schilthorn!

Do alto da Schilthorn, num dos 5 minutos de céu aberto, mas lindo

Do alto da Schilthorn, num dos 5 minutos de céu aberto, mas lindo

Eu, Caio, fiquei completamente apaixonado pela região de Interlaken e Lauterbrunnen, é tudo o que eu esperava e mais um pouco, e isso porque o tempo estava bem feio comparado com fotos do verão de céu azul perfeito. Qualquer pessoa que gosta de boas paisagens e natureza preservada e linda adoraria passar uns dias ali também. Na realidade amamos tanto a vilazinha que já mudamos nossos planos do fim da Europa pra voltar ali antes de ir embora!

Bitoca da vitória!

Bitoca da vitória!

Como ato de despedida saí no domingo 11:30 da noite com uma garoa chata pra tirar fotos dali. De noite ela fica toda escura e você consegue ver o céu bem claro e só a cachoeira da vila fica iluminada (artificialmente, é óbvio) :-)

Lauterbrunnen à noite

Lauterbrunnen à noite

De manhã super cedo pegamos o Busabout, que explicamos melhor em outro post mas que é um tipo de circuito de ônibus para mochileiros viajando dentro da Europa. É cerca de metade do preço de um passe de trem equivalente e bem mais flexível, passando por cidades bacanas. Nosso passe era válido a partir de Lauterbrunnen, e dali começamos nossa correria pelo continente que contaremos depois!