Atenas, um bom jeito de começar na Europa

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Chegamos na Grécia! Saímos do Egito mas o Egito não saiu de nós, nossos intestinos ainda lembravam do país ainda no aeroporto de Atenas. Logo de cara a boa sinalização de tudo, bilíngue, limpo e com preços e dizeres claros já nos aliviou pelo menos, boa mudança de ares.

Pra ficar melhor, só pegando o metrô e parando na segunda estação principal de Atenas (Monastiraki) pra descobrir que nosso couchsurfer na cidade morava do lado dela. Perfeito! Dava pra ver a Acrópole da casa dele, não exatamente da janela, mas saindo na rua e olhando pra qualquer lado se via algo importante. O centro de Atenas ainda é muito pequeno, e não só se enxerga tudo mas como se alcança tudo facilmente à pé em minutos.

Quase qualquer rua no centro tem essa vista...

Quase qualquer rua no centro tem essa vista…

A casa dele mesmo fica num bairro revitalizado chamado Psiri, bastante descolado e cheio de bares, vendinhas e restaurantes bacanas pra locais e turistas perdidos nas vielas da região. Recomendadíssima mesmo se não estiver por perto na cidade, à noite Psiri fica incrível, até tarde. É tão boa quanto Plaka, outra região famosa, mas bem menos turística. Se quiser ver alguma região mais turística mas ainda com cara de centro, qualquer área em volta das praças Omoia e Syntagma são pontos lotados de pessoas o tempo todo.

No nosso primeiro dia, um domingo, demos uma boa volta pelas ruas do centro com nosso couchsurfer (também nerd, programador), passeamos pelo mercado local ainda cheio de turistas no fim do dia, e fomos andando até umas ruínas. Essas ruínas marcam o fim da fronteira de Atenas na antiguidade, onde ficavam os muros da cidade. Muito legal historicamente, e no meio do bairro, assim “jogada” no meio do nada.

Pegamos um trem tipo bonde e fomos mais pro sul da cidade, até a costa, e ficamos até tarde num bar com vários amigos do couchsurfer que faziam aulas de dança swing, estilo anos 50. Galera ficou dançando até cansar, incluindo a Dani, na calçada mesmo. Quem passava se animava também, como uma mãe com filho de colo e duas menininhas que brincavam perto! Na volta rachamos um táxi com uma colega do couchsurfer que era louca pelo Brasil e queria porque queria dançar forró, mas dessa vez não ia ser com a gente… :-)

A nossa impressão ao ver todo esse pessoal dançando na calçada é de que as pessoas em Atenas são mais alegres. Com a crise, 50% da população jovem está desempregada, então eles tentam ocupar o tempo deles de alguma forma ao invés de ficar depressivos, palavras do nosso couchsurfer. Nos pareceu um bom jeito de passar o tempo!

Como se o domingo não terminasse, ainda fomos perto da meia-noite numa praça mais afastada do bairro onde um grupo enorme de estudantes montou um palquinho simples e tavam tocando música típica mediterrânea, todos sujos com cinzas por causa de alguma comemoração. Diferente, e a música era boa!

Nossa segunda-feira em Atenas foi dia de visitas turísticas. Fomos em toda a Acrópole e alguns arredores. Visitar a Acrópole é foda, e ver as maquetes depois de como era em cada período da história, desde a vila de Atenas até hoje, é muito legal. Infelizmente tudo fecha às 3 da tarde, então perdemos algumas coisas como ir na Agora antiga e na Romana, que ficaram faltando.

É nóis!

É nóis!

Toda a região turística de Atenas, não só a Acróple, se visita andando. Nem se estresse ou faça diferente. Cansa um pouco, mas se desenhar um raio a partir das ruínas, duvido que dê mais que 5km pra qualquer direção. Atenas antigamente era minúscula, alívio pros turistas modernos. Como às 3 da tarde os pontos, incluindo museus, fecham, melhor se preparar pra acordar bem cedo e dividir as visitas aos lugares em 2 dias ou até 3, na minha opinião.

Toma, um wallpaper pra você

Toma, um wallpaper pra você

Com nosso couchsurfer fomos outro dia conhecer o equivalente ao mercado municipal de Atenas, com aquela loucura de vendas de frutos do mar de tamanhos e tipos que não se vê no Brasil. Acabamos, é óbvio, passando um monte de vontade. Foi tenso ir na venda de azeitonas e azeites e só provar um pouco, pelo intestino e estômagos ainda ruins e por não ter como carregar nada nas mochilas…

Segunda-feira foi uma segunda bastante bizarra. Quando achamos que todos iam descansar pra gente aproveitar, todo mundo estava numa outra praça do bairro dançando tango com uma caixa de som improvisada. Velhos, jovens, casais maduros, todo mundo, se alternando. Numa praça. Até quase às 4 da manhã! Dani aproveitou pra dançar também, e ficamos por lá com outros mochileiros e couchsurfers amigos em comum que encontramos no caminho até lá. Normalmente eu, Caio, estaria morto de cansaço lá pelas 1 da manhã, mas se não fosse pelo frio acho que ficávamos todos lá ainda mais.

Monte Lykavittos, de longe

Monte Lykavittos, de longe

Uma de nossas missões em Atenas era subir um monte, ou colina, famoso da cidade. Fomos de manhã ver qual é a vista do Monte Lykavittos, que do alto se vê toda Atenas, até o mar e a Acrópole e outras ruínas. Simplesmente animal, vale cada degrau que subimos da escadaria do lugar! Dali, ainda com as pernas doídas, fomos passear nos Jardins Nacionais, bastante bonito e bom pra dar um tempo da correria de turismo, e emendamos as ruínas das colunas de Hadrian e umas boas horas curtindo o Olympiakos, o estádio olímpico das primeiras olimpíadas modernas, construído quase 2.500 anos atrás. Emocionante, e o mini museu que tem dentro dele vale o tempo. A sala de piras olímpicas é muito bem feita e, claro, saindo do túnel dela que dá acesso a pista eu, Caio, tive que dar uma volta correndo descalço ali :-)

Ah, resolvemos cozinhar pro nosso couchsurfer! Fazia tempo que não cozinhávamos e resolvemos fazer arroz com abobrinha, frango xadrez e pra arrematar uma sobremesa brasileira que fez o cara repetir de manhã até, arroz doce com canela. Nos entupimos comendo, sobrou bastante de todos os pratos. Gordos na cabeça não sabem cozinhar pouco mesmo.

Foi uma noite muito boa, não só porque descansamos ficando em casa, mas porque pudemos conversar bastante sobre a vida hoje na Grécia (ele é filho de uma americana com pai grego, então o inglês dele era fluente e dava pra entender perfeitamente). Discutimos como a Grécia se dá com países em volta, como Turquia, como é Creta e o que é ser grego pra ele e a história da família dele que é bem legal, além da nossa própria é claro. Foi uma noite excelente, típica de couchsurfing.

No nosso último dia em Atenas decidimos que, por termos perdido o planetário de Alexandria no Egito, tínhamos que ir no planetário de Atenas, e então fomos andando… e andamos… até o Piraeus, a região do porto. Quase morrendo, deu pra curtir o show em computação gráfica sobre colonização do espaço. Infelizmente todo em grego e a dublagem em inglês era bem ruim, mas vale o ingresso acho. Se o programa fosse com cenas reais valeria o ingresso de novo, já que o planetário da Fundação Eugenides supostamente é o maior planetário do mundo, com tela estilo IMAX e tudo.

Como era muito longe, decidimos voltar de ônibus local mesmo e aproveitar pra ver qualé do sistema deles. Não que seja extremamente necessário pra usar transporte lá, mas entender como o alfabeto deles se converte no nosso ajuda a não se perder e andar melhor pela cidade. É relativamente fácil e se pega a manha bem rápido, vai acabar lendo em grego os nomes das placas, acredite, é até divertido :-)

Pra variar, a última noite em Atenas também não acabou cedo. Nosso couchsurfer nos levou pra comer algo num restaurante estilo boteco que fica nos fundos de uma casa, na qual se entra por uma viela. Mesas improvisadas, mas lotadas de locais e comida fantástica embora simples. Preços bons, então é lógico que pela combinação era um lugar cheio de jovens duros de dinheiro. Perfeito pra matar um tempo conversando.

Rua atrás da casa do couchsurfer, com abajures pendurados

Rua atrás da casa do couchsurfer, com abajures pendurados

Na volta meio que por acaso passamos em frente um bar tocando jazz quase na rua da casa onde estávamos e resolvemos entrar. Ficamos até 1 da manhã mas dava pra ficar até mais. A banda improvisada com frequentadores do bar (mudando de tempos em tempos) fazia uma jam session legal e resolveu tocar músicas brasileiras em nossa homenagem quando perguntaram da onde os turistas eram. Foi muito bom, e isso porque nem gosto de jazz.

Horas depois, lá pelas 5, acordamos e fomos correndo pegar o primeiro metrô até Piraeus pra pegar o navio que nos levaria pras ilhas gregas… mas isso contamos melhor em outro post.

Passamos 4 dias em Atenas e achamos muito pouco. Quando planejamos os dias que ficaríamos em cada lugar, escolhemos ficar somente 11 dias na Grécia por ser um país teoricamente caro, mas nos enganamos. Com a crise, os preços por lá estão bem abaixo do que estávamos esperando e acabou sendo o melhor jeito de começar o continente Europeu. Adoramos os ares da cidade e com certeza vale a pena vir e ficar mais tempo!