May 21 2013
caio1982africa, egito, rtw
Depois de Cairo e Giza, sabíamos que o que viria até o fim do Egito seria realmente aventura, mas não tínhamos noção do parto que seria passar por algumas coisas :-)
Primeiro que deixamos a capital já nos sentindo roubados, de novo. Nosso couchsurfer falou que compraria nossos bilhetes de trem pra pagar preço pra egípcios e voltou com eles em um preço diferente. Tínhamos visto no site que egípcios compram o bilhete por metade do valor, mas ele voltou falando que não dava e com preço de turista mas que não batia o online. Deve ter embolsado algum… enfim.
Pegamos o trem na estação de Giza, rumo Aswan no sul do país, desertão. O trem é excelente, serviço de bordo que te deixa até envergonhado. Foi algo como 410 pounds, ou 60 dólares, por pessoa. Caro pra cacete pros padrões do Egito, mas incluia jantar e café-da-manhã caprichados e era nossa única opção pra atravessar o país com mínimo de conforto e descansar. Foi bem melhor que o trem na África do Sul, embora a viagem tenha durado só metade do tempo. De qualquer forma, recomendamos!
Aswan parece uma vilazinha ao longo do Nilo absolutamente lotada de navios de cruzeiro e barcos de passeio pra turistas. Diz a lenda que foi uma das cidades mais afetadas pela crise e pela revolução. A julgar pela ferocidade dos locais em conseguir que topássemos fazer algo, eu acredito que foi mesmo. Na maioria das vezes eles mais irritavam que outra coisa, andar pela Corniche vendo o Nilo é um inferno de gente tentando conseguir um trocado seu. Ah, ali tem um McDonald’s se bater o pânico.
Pelo menos a vista do hotel (mais pra albergue, pela qualidade) era foda. Dava pra ver o Nilo e o pôr-do-sol da janela, e as ruínas das Tumbas dos Nobres que de noite ficavam iluminadas.
Vista do “albergue”
Fizemos um esquema com o pessoal do lugar pra ir no tour pra Abu Simbel, deu 80 libras por pessoa. Abu Simbel fica ainda mais ao sul do país, quase na fronteira com o Sudão. Foi hardcore…
Templos e ruínas de Abu Simbel, lado de fora
Estando em Aswan é totalmente esperado que se vá pra Abu Simbel, uns 300km dentro do deserto. Ver o sol nascer na planície de areia é muito legal. Lá é onde ficam os últimos templos de Ramsés II e Nerfertari, cabulosamente isolados do resto do planeta no meio do nada com estátuas gigantes. Pra chegar lá antes do sol forte, e pela distância, saímos 3AM numa van apertada que era parte de um comboio policial com outras vans e ônibus que fazem o tour ao mesmo tempo, por segurança. Lá pelas 9AM já tínhamos visitado tudo, e não preciso falar que é fantástico e muito bonito. Infelizmente não deixavam entrar com câmera nos templos, mas consegui tirar fotos com o celular e não estão acessíveis agora.
Na volta pra Aswan paramos na represa antiga e dividimos (20 libras por pessoa) um barquinho com outro brasileiro e uma sul-coreana pra visitarmos o templo de Philae que fica numa ilha no lago da represa. Philae é fora de série, por ser tão perto de Aswan e ser tão grande, eu diria que é melhor que Abu Simbel se não fosse pela importância história do Ramsés II e da Nefertari. Dali saímos e demos uma parada rápida e bem tosca no obelisco inacabado da cidade, que não vale a pena nem de graça.
Entrada do complexo em Philae
Assim, valeu a pena, com certeza. Mas cara, falando como é bonito e tal é uma coisa, mas ficamos das 3AM até as 3PM do dia seguinte sem comer praticamente nada. Sem café da manhã ou almoço, a não ser água, uns amendoins e algumas bolachas que tavam na mochila. E o calor que é farto e sem custo. É muito, muito cansativo. Eu acho que não vale a pena ir pra Abu Simbel, tem que tá empolgado… vale mais a pena ir pra Philae e curtir o lugar e voltar.
Dani curtindo os relevos das paredes de Philae
Aswan mesmo não tem muito o que ver, é o centrinho, umas ruas com vendas e a Corniche, que é uma rua paralela ao Nilo que praticamente toda cidade aqui tem com o mesmo nome. Aproveitamos uma noite mais calma e fomos jantar no Farahat perto do hotel, um lugarzinho bem modesto mas limpo e com o dono super atencioso. Você percebia que era um turista que ele não via há muito tempo. De prato em prato nos convenceu a gastar a, cof cof, fortuna do Tio Patinhas no lugar e comemos quase até explodir. Deu algo como 20 reais pro casal, com bebidas e gorjeta ;-)
Pra sair de Aswan estávamos pensando em pegar o trem local mesmo, mas aí pensamos em ir de felucca até Luxor! Feluccas são um tipo de barco pequeno com uma única vela, quase uma jangada porque não tem exatamente um convés. O convés é uma superfície plana com colchões onde todo mundo viaja deitado e é isso aí, acabou. Ficamos sabendo na última hora que nossa felucca teria outro grupo de 6 meninas da Alemanha, e no último segundo ainda apareceu uma sul-coreana também. Meu harém por 2 dias num barco!
Viagem de felucca com umas meninas alemãs
No segundo dia pegamos no meio do caminho um rapaz francês e então ficou assim: eu e o francês de homens, a Dani e a sul-coreana mais as 6 alemãs, e o capitão e o ajudante. Sim, 12 pessoas num barquinho a vela. Como tudo no Egito, a viagem de felucca também teve pegadinha. Normalmente uma viagem entre Luxor e Aswan demora 6 horas na época de ventos fortes, sem vento demora 7 dias. Mesmo assim, não iríamos pra Luxor direto e sim pararíamos em Kom Ombo, uma vila lá pelo um terço do caminho e com um templo famoso, de lá iríamos de van pra Edfu, onde tem outro templo, pra finalmente chegar em Luxor. Ou seja, a felucca é de Aswan até Kom Ombo, mas isso já sabíamos. O que não sabíamos era que eles enrolavam um monte porque o trajeto é muito curto! Dá pra fazer em uma tarde, tranquilamente. Independente do vento, que era a desculpa padrão pra enrolarem.
O passeio em si pelo menos foi bem legal, a comida que o capitão fazia era excelente e quando ele decidia finalmente velejar e não enrolar na margem do rio, ou zigue-zaguear demais, a festa era geral. Barco inclinado, brisa forte, sol não muito quente. Nem o fato de ficarmos sem banho ou banheiro por 2 dias desanimou. Se fosse pra fazer a viagem de felucca de novo eu faria em 1 noite e não 2 como pagamos. Aproveita-se mais e se aborrece de menos. Deu 300 libras egípcias pro casal as 2 noites e quase 3 dias, uns 45 dólares na conversão de cabeça. Mais barato que albergue e alimentação pelo mesmo tempo.
Na proa da felucca
O único porém mesmo foi que o ajudante do capitão era meio escroto e as meninas alemãs, na casa dos vinte anos e sozinhas, foram roubadas numa noite em que só ele ficou no barco enquanto fazíamos fogueira e a janta na beira do Nilo. Pra todo mundo, foi ele que as roubou. Depois de muito discutir no trajeto final da viagem, chegamos em Luxor seguros e foda-se, ficou pra trás o problema. O nosso dinheiro pelo menos tava intacto.
Sobre os templos mesmo não sei falar. Ficamos esperando na van mesmo porque não tínhamos muita grana e já tínhamos visto fotos online. Kom Ombo e Edfu são, separados, o que Philae é num lugar só, mas claro que se tivesse dinheiro eu visitaria todos, só que tinha que escolher… :-)
Nossos dias seguintes ficamos em Luxor, a cidade pra quem realmente quer ver ruínas, a antiga Tebas que falamos depois.
May 15 2013
caio1982planejamento, rtw
Um dos maiores problemas quando se trata de dar a volta ao mundo, por incrível que pareça, é o fato de você ser brasileiro. Claro, usar uma camiseta da seleção de futebol ajuda, todo mundo adora brasileiros. Mas todo mundo do povo, não os funcionários dos governos que ficam na área de imigração dos aeroportos.
Infelizmente brasileiros tem muitas restrições quanto a entrada em países interessantes (e.g. Estados Unidos, Austrália, China, Japão). Alguns lugares dão visto de entrada pra brasileiros no aeroporto mas, como sabemos, com frequência estragam a viagem de muita gente, vide problemas na Inglaterra e Espanha. No fim das contas só tem uma verdade para nós: de 30 a 90 dias no máximo no mesmo lugar, ou então precisa de visto mesmo e acabou.
Quando pensamos na RTW pela primeira vez fiz um esquema com Google Maps pra ter uma noção de onde poderíamos ir sem esse stress, pra sobrepor ao roteiro que gostaríamos e ajustar pra somente visitar lugares livres de visto para brasileiros. Deu nisso aqui:
O problema é que não atualizei mais, e também não tinha fontes muito completas e atualizadas já naquela época. Caso procure algo mantido por quem trabalha com isso, logo tem interesse em ter isso bem perfeito, tente em
http://www.vistos.com.br e nos diga se ajudou depois.
Tem também um PDF do Itamaraty (ministério das relações exteriores) que dá detalhes sobre todos os países com os quais o Brasil tem alguma relação diplomática e regime de vistos ou não para entrada, vale como referência mor: www.itamaraty.gov.br/o-ministerio/conheca-o-ministerio/comunidades-brasileiras/divisao-de-documentos-de-viagem-ddv/nota-verbal/regime-de-vistos. O problema é que não é atualizado com frequência, mas…
Uma outra fonte interessante (e eu diria até indispensável hoje em dia) é o http://www.fco.gov.uk/en/travel-and-living-abroad/travel-advice-by-country/, um serviço do governo britânico com informações de geopolítica bastante atualizado e recheado de informações sobre qualquer lugar do planeta. A sacada é servir como pacote de conselhos pra viajantes, bem prático. Como é um serviço britânico, o nível de paranóia é alto, ficando talvez atrás só do norte-americano, então use o bom senso também. Caso precise de algo mais rápido e prático, dê uma olhada no http://www.doineedavisafor.com
De todos os países que gostaríamos de visitar, os únicos que faltariam vistos, antes de aterrisar neles, seriam China e Austrália. China desistimos pela burocracia, Austrália pelo custo do país. Decidimos nos preparar financeiramente e decidir lá na Nova Zelândia, já que existe a possibilidade de tirar visto pra Austrália estando lá. No Brasil isso levaria no máximo uma semana, lá deve ser mais rápido até, visto que tem serviço para brasileiros em trânsito.
É isso. Embora esperamos ter muitos carimbos nos passaportes, as chances de você conseguir dar uma volta ao mundo como brasileiro sem ter problemas com vistos é alta até (mesmo pros que não tem sorte de ter dupla cidadania), basta se organizar!
Em tempo, depois do post ir pro ar o Thiago “Tabgal” deu ótimas dicas sobre confirmação da necessidade de visto! Vou copiar pra não perder o comentário no futuro:
A “autoridade máxima” usada pelas companias aéreas pra saber se precisa ou não de visto chama-se TIMATIC e pode ser acessado aqui http://www.staralliance.com/en/services/visa-and-health/. Esse site também é bem prático http://www.visahq.com/citizens/.
May 12 2013
caio1982africa, egito, rtw
Chegamos em Cairo vindo de Johannesburgo e fomos recepcionados pela sempre presente névoa de areia e poluição. Lá do alto só víamos uma nuvem bege, e duas pontinhas de pirâmides :-)
Como descobriríamos em breve, couchsurfing no Egito na real é uma forma fácil dos locais ganharem algum dinheiro em cima de turistas, mesmo mochileiros. Isso pra não dizer “especialmente em cima dos mochileiros” claro. Logo de cara nos ligamos que quem nos hospedaria em Cairo (mais especificamente em Giza) sempre cobrava alguma coisa meio mascarada. Comida e bebida? Na faixa, mesmo insistindo muito pra pagarmos. Hospitalidade árabe e tal. Carona pra casa dele? De graça, claro, mas no último dia tem uma continha com tudo acumulado pra pagar a gasolina e afins. No fim percebemos que couchsurfing por aqui é: você tem onde dormir, qualquer saída pela cidade vai custar alguma coisa porque “na minha mão é mais barato”, se é que me entende. De repente até é, mas aí soma o valor de um almoço “cortesia”, uma água “grátis” e já viu. Acabamos estourando o orçamento em Cairo e Giza. Cuidado pra não confundir cortesia e hospitalidade com pagamento a posteriori.
Enfim, de qualquer forma, a região é impressionante. Do lado leste do Nilo é Cairo, do lado oeste é Giza, mas tudo é uma coisa só. Se fosse resumir a cidade numa palavra: lixo. Em duas: lixo e bagunça. Em três: lixo, bagunça e muito pó (de areia com poeira e escombros). É triste de ver mas Cairo, e principalmente Giza, parecem cenários de guerra. Tudo bem, teve revolução ano retrasado, mas você percebe que aquilo ali é assim há décadas e não há um ou outro ano. É prédio desabando com escombros pra tudo que é lado, favelas verticais, córregos de sacolas e restos onde não se vê nada da água a não ser lixo boiando, e o caos total no trânsito que sobrevivemos com gente dirigindo na contra-mão e sem cintos mesmo em alta velocidade e superlotação nos carros.
Al Labeini Drain, uma das avenidas (!) de Giza
Foi já em Cairo e Giza que notamos a capacidade excepcional dos egípcios de fazer tramóias. Sempre tem alguém tentando te passar a perna. Me lembrou muito um certo país que conheço, mas conseguem ser ainda pior aqui. Nada tem placa, e quando tem só em árabe. Nada tem preço, é tudo na base do “deixa ver se vou com a sua cara”. Ninguém dá recibo ou comprovante de nada. Telefone pega até no deserto e 3G é uma beleza, mas não existe máquinas de cartão em lugar nenhum! Aí todo mundo se perde em montanhas de notas em árabe que acabam gerando problemas. Principalmente quando absolutamente qualquer coisa precisa de barganha, até oxigênio aqui precisa de barganha. Cansa barganhar por qualquer coisinha a todo instante, às vezes por centavos.
Parece que tudo no Egito foi feito e é mantido pensando em dificultar pros estrangeiros visitando o país. Tudo, e tudo mesmo, gera algum troco pra eles. Isso é bonitinho, engraçadinho e tal nos primeiros dias. Você simpatiza até: país pobre, povo sofrido, muito pra se ver, saindo de crise e guerra civil… mas no fim da primeira semana você (eu, Caio, pelo menos) sente vontade de tacar fogo no país inteiro e fugir de tão cansativo que é mentalmente e fisicamente.
Acho que a Danielle pode falar melhor isso que eu, mas realmente aquela coisa de mulher não andar sem homem do lado ou sem cobrir os braços ou cabeça não é de se ignorar. Ela se comportou como uma egípcia por vários dias e nada de engraçadinhos mexendo com ela. Foi andar “normal” uma dia e putz, choveu piadinhas na rua, olhares estranhos e gente querendo que eu trocasse ela por objetos.
Ainda assim, se botar na balança as surpresas boas e ruins daqui, eu diria que vale uma visita pelo menos uma vez na vida, mas a lista de cuidados e condições seria bastante grande pra esse post, eu não recomendaria a qualquer um mochilar por aqui. Embora esses problemas sejam um saco, o Egito como um todo é fantástico porque você tá todo tempo lembrando que ergueram uma civilização fodida no meio do deserto há 5 mil anos. Qualquer ruínazinha tem uma história incrível por trás. O que sobrou hoje, mesmo que sejam escombros, ainda é lucro! O que se tem pra ver e fazer ainda é muito bonito e impressionante se conseguir aguentar os lados negativos do país hoje.
Nosso couchsurfer pelo menos tinha contatos e sempre estávamos fazendo algo diferente dos turistas (e sempre pagando um por fora também, óbvio). Se não fosse por esse esquema não teríamos entrado em ruínas e tumbas de Saqqara que turistas não entram, nem conhecido Dashour como quiséssemos. Ou andado de camelos sozinhos por trás do deserto até as três grandes pirâmides em Giza, ou entrado em tumbas do complexo que mesmo lotado de turistas do lado de fora só a gente entrou. Tudo custa uma gorjeta, ou baksheesh, mas tá valendo pela experiência. Até quando o baksheesh tá muito próximo da propina e não da gorjeta, se é que me entende…
Pirâmide em escada de Saqqara
Falando em camelos, camelos! Camelos! São muito legais, sério. A sensação de andar neles é melhor que a de andar em cavalos. Os bichos são gigantes e muito ágeis. O meu era o último na caravana e pedi numa parada pra ficar solto e poder andar por conta. Prenderam a Danielle em mim e pro azar dela eu queria dar uma galopada, o bicho saiu voando por uns metros e ela entrou em pânico heheh. Depois ela foi presa na caravana pra eu poder brincar sozinho, foi animal aprender a fazer ele sentar e subir sem ajuda de ninguém :-D
A foto nossa com as pirâmides e os camelos ficou bonita, mas ninguém sente o cheiro do vômito de um deles na minha roupa. Quando se sobe neles as rédeas machucam e eles reclamam e gemem um monte. O barulho que fazem é tipo gargarejo com o pasto que fica na garganta, e às vezes eles vomitam… sabe como é, vida de beduíno.
Fuck yeah, Egito!
Outra surpresa legal foi que nosso couchsurfer na cidade é dono de uma cafeteria, então pudemos tomar na faixa um café egípcio (que achei ruim, muito espesso), um chá com ervas muito bom e o espetacular sahlab com leite, coco, amêndoas e canela. Vimos outro couchsurfer que divida o apartamento com a gente, um americano, pintar um olho de Horus enorme na parede da cafeteria também. Hippie, mas diferente. Quando ele foi embora pra Turquia dividimos a casa depois com um americano e uma canadense que dão aulas de inglês na Hungria. A cara do moleque subindo de elevador sem portas e com vão pro fosso ainda é impagável.
Tivemos uma noite especial também que nem todo turista parece aproveitar. Todas as noites por volta das 7:30 tem um show de luzes nas pirâmides em Giza e na esfinge. Como nosso couchsurfer morava em Giza, era pertinho e ele conhecia um cara que morava de frente pro sítio e pudemos ver o show de graça no terraço do prédio dele :-) foi ali que antes de escurecer vi as pirâmides pela primeira vez dias antes, e confesso que uma gota de suor masculino quase desceu o rosto. O show em si, à noite, é palha… mas a projeção das cores originais da esfinge é muito legal.
Vista de Giza (e Cairo no horizonte), das pirâmides
Infraestrutura pra turistas nas pirâmides praticamente é inexistente, pra não dizer que é uma puta falta de sacanagem. Primeiro que é longe do centro de Cairo, afinal não se chamam pirâmides de Giza à toa, mas é muito complicado chegar lá sem um local ajudando. Muitas vielas, passagens por becos e ruas bizarras. Na entrada não tem sinalização falando que é ali o lugar, mas pelo número de turistas e estrume de camelo você imagina. Onde compra as entradas e tal é meio favela e sempre tem alguém se dizendo policial ou guia mas sem crachá ou uniforme, se prepare pra ter que confiar no sistema dos caras ou pagar um local pra ser o seu guia.
Bom, foi mais ou menos isso nos primeiros dias. Depois de andar de barco pelo Nilo no meio de Cairo, e dar um bom rolê de carro pelo centro, ou o que seria centro numa cidade normal, deu pra ter uma baita idéia do que é Cairo e Giza. Saímos satisfeitos mas um pouco mais pobres pro sul do Egito, rumo a Aswan e Luxor e talvez ao deserto ou mar vermelho.
Voltaremos pro Cairo e Giza em breve antes de saírmos do país, pra podermos ver algumas múmias no clássico Museu Egípcio e ir no planetário e tal. Aguardem :-)
May 07 2013
dani e caioafrica, rtw, sa
Clique aqui pra ler a parte anterior em Stormsriver, se quiser.
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Chegamos em P.E. na esquina da casa dos nossos couchsurfers, graças a Nono e sua prima, e pra dar tempo de chegarem em casa fomos pro Oceanário e museu do mar. O museu em si é velharia, mal feito mesmo, mas o oceanário tava fechado e só deu pra ver um “show” com pinguins e eles sendo alimentados. Foi muito legal e valeu a entrada!
Nosso couchsurfer trabalha em uma universidade e mora com duas estudantes, uma holandesa e uma alemã. Já esperávamos que nem todas as experiências com CS seriam magníficas, mas podemos dizer que em P.E. tivemos nossa primeira experiência não tão legal! O cara era muito estranho, introvertido a ponto de ser constrangedor ficar sozinho com ele. Não ofereceu nada, não deu dicas sobre a cidade, não tinha assunto… Foi bem chato, a ponto de adiarmos a hora de ir pra casa para não encarar o climão. Ainda bem que a alemã que mora com ele, um amor de pessoa, pareceu ter percebido isso e no final acabou sendo a nossa couchsurfer, pois deu boas dicas, nos fez companhia e além de chamar o táxi ficou conosco na portaria esperando até a hora de ir embora. O dono da casa deu um tchauzinho e ficou lá em cima mesmo, acho que depois que fomos embora voltou a dormir. Bom, acontece :-/
No nosso primeiro dia lá fomos ao Greenacres, uma espécie de shopping center gigante, tentar conseguir reembolso dos bilhetes do ônibus que perdemos devido a greve, mas nah… não rolou. Acabamos indo no cinema pra descansar e voltamos a pé pra casa, algo como 10km, pra espanto de todos eles. Parece que ninguém na África do Sul caminha a não ser entre o carro e o estacionamento. No máximo uns vagam por aí meio vagabundos. Os brancos mesmo andam de carro e os negros de lotação, mas nunca à pé. Todo mundo ficava espantado com as distâncias que caminhávamos. Mal sabem eles que é o jeito mais fácil de conhecer uma cidade :-)
À noite, depois de insistirmos com nosso couchsurfer para fazermos alguma coisa juntos, fomos jantar nos fundos de uma mercearia etíope, com ele e uma amiga (bem doidinha por sinal). A comida era típica e bem humilde, como se fosse panquecas servidas com vários molhos diferentes, mas o café… asdfgasdfg! Que café delicioso! Dizem que é um ponto forte de estudantes porque lá é tudo bom e barato, se um dia for em P.E. pergunte sobre o lugar que aposto que saberão o nome, é no centrão mesmo.
Vista da praia em Humewood
Na noite do nosso penúltimo dia em Port Elizabeth, já tínhamos desistido de conhecer o Addo, o parque de Elefantes que fica há uns 70 km de Port Elizabeth e queríamos muito conhecer, mas o dinheiro não ia dar. Eis que a couchsurfer alemã, que já tinha trabalhado no albergue Siyabona onde um guia ainda trabalhava, conseguiu uma pechincha forte pra gente! O tour normalmente sai por 900, ela conseguiu por 700, e disso pra 600 porque não quis cobrar da gente a comissão de 100 (que cobrou de outra guria que acabou indo junto). Dos 600 ainda caiu pra 550 porque deram voucher de 50 pra almoçarmos, valor de um combo de sanduíche no parque. Que saibamos é difícil ir pro Addo por menos de 1000, algo como 100 dólares. Cara, que lugar lindo e incrível!
Grupo de elefantes no Addo, há alguns metros do nosso carro
O guia, Kevin Foster (telefone +27 (0)82 767 2443 ou +27 (0)41 367 5081 e e-mail pessoal cdekevin ARROBA gmail PONTO com, recomendadíssimo!), é um amor de pessoa, batemos altos papos e o cara manja tudo do parque e da região, a história de vida dele é insana. Foi treinado na Líbia, lutou na guerra civil de Angola nos anos 80, foi exilado da África do Sul, tá há anos no ANC e virou vereador duma região da periferia. Ah, mencionamos que o cara é branco de olho claro, de família irlandesa? Ele nos levou depois por uma passeio pela township onde ele tem amigos e fomos num tipo de boteco deles, foi interessante, aparentemente é reduto do ANC.
No final do dia ele tava todo feliz e passava rádio pros outros guias pra se gabar. Diz que o recorde de animais que ele já viu num dia foi 23 espécies sendo que a média diária é de 12. Nós vimos 21, incluindo uma espécie não catalogada no folder dos turistas (um tipo de porco do mato, parecido com javali) e 2 leões que tinham matado um kudu horas antes :-)
Linda e formosa, parece posando para a foto :-)
Nossa lista final ficou: muitos elefantes, dois leões, alguns hartebeest vermelhos, trocentas zebras, um grupo de rooikat difíceis de ver, alguns chacais black-backed, vários avestruzes, milhões de javalis igual o Pumba, um ou dois mongooses amarelos, dois bandos de suricatos Timões, um bokmakierie, um búfalo fujão, vários elands, milhões de kudus (inclusive um morto pelos leões), alguns macacos velvet, dezenas de besouros rola-bosta, uma ave secretary, uns herons black-headed, um sunbird de colarinha duplo e uma tartaruga, além do tal porco do mato que foi novidade.
Acredite, o Addo é foda. Podíamos botar fotos aqui até cansar e não seria suficiente, então acredite na gente e vá lá. Vá com guia pra te dizer como ver as coisas e ir em rotas malandras ou sozinho, e faça churrasco numa área reservada lá que liberam. O museu é legal, e o restaurante do parque tem sanduíches de kudu, uma delícia.
O resto de Port Elizabeth em si não tem nada de excepcional na nossa opinião. Embora dê pra andar à pé sem problemas, o máximo que parece legal de ver são as praias com águas menos geladas que o resto da Garden Route e a região movimentadinha perto da plataforma marítima onde ficamos, em Humewood, com uma vista bem humilde.
Janela do nosso couchsurfer
Partimos do litoral da África do Sul de volta pra Johannesburgo pra sair do país no dia seguinte. Descansamos no Shoestring, um albergue fofinho meio caindo aos pedaços mas que tem o dono mais camarada que puder imaginar. Um clone do Sam Rockwell com Dustin Hoffman.
Na noite do outro dia, avião pro Egito. Detalhes em breve!
May 07 2013
caio1982africa, rtw, sa
Clique aqui pra ler a parte anterior em Plettenberg Bay, se quiser.
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Depois de 3 dias em Plettenberg, chegou o dia de irmos para Stormsriver, e adivinhem… nada da greve dos ônibus acabar! A ida pra Stormsriver foi frustrante. Não rolava carona na estrada porque era longe do centro (fomos andando um dia antes até lá pra ver se era ok, mas tinha placa falando ser proibido hitchhiking). Acabamos chorando pro dono do albergue nos levar já que ele iria levar um casal britânico pra ponte de bungy jump. Saiu caríssimo pros preços locais, algo como 30 dólares. Mas pelo menos pudermos acompanhar o casal até o salto deles, tirar algumas fotos e ver como era a ponte pra uma próxima visita. No fim das contas Stormsriver era longe e isolada mesmo, os 30 dólares estavam caros porque estávamos pobres, só isso.
Dani diz... A visita à ponte do bungy jump foi bem legal! no final das contas acabamos não tendo dinheiro para fazer o pulo, só que não tenho certeza se isso foi bom ou ruim :P
Logo que chegamos no albergue Tube ‘n Axe achamos muito tosco. Extremamente sujo, cozinha imunda e dormitório zoneado total, parecia que não arrumam o lugar há dias. Lembramos que vimos barracas lá e arriscamos, dava 2 ou 3 dólares mais caro na diária (preço de um almoço) mas tava valendo, teríamos privacidade e a barraca era maior que camas do dormitório. E não é que foi foda mesmo? O banheiro era quase nosso, privado praticamente, e a vista da barraca pro Stormsriver Peak é de cair o queixo!
Dani diz... O albergue no geral é um lugar bem bonito, o que estraga é a cozinha deles, totalmente imunda, nem detergente tinha! e nós não tínhamos dinheiro pra comer fora, então tivemos que fechar os olhos e encarar ela todos os dias!
Andando pela Darnell Street
Stormsriver, ou Storms River, ou ainda Stormsrivier (nunca sabemos qual o certo) é uma vila minúscula. Tem 3 ruas principais e 4 travessas. Possivelmente é a menor “cidade” que conhecemos nas nossas vidas, acho. A vida é bem pacata, tudo em slow motion, e é quase impossível fazer algo legal lá sem carro. A não ser que você seja do casal alfanumérico, que em tudo anda! Porra, como cansamos andando até a ponte do rio que dá nome pro lugar, ou pelas trilhas Goesa, do picnic do parque Tsitsikamma e a Yellow perto da Big Tree, uma árvore quase milenar deles que nem é tão grande assim… enfim, um dia faremos tudo que dá na região, mas de carro pra aproveitar bem.
Em uma de nossas trilhas, avistamos de longe alguns macacos. Quando fomos chegando perto, começamos a ver mais ainda… Era um grupo de mais ou menos 20 babuínos, inclusive alguns filhotes, gelamos! No fim eles estavam com mais medo da gente do que a gente deles, e quando íamos chegando perto eles iam fugindo, não deu pra tirar fotos de muitos. Mas valeu ter visto eles, ganhamos o dia :)
Grupo de macacos no meio da estrada para a trilha
Um dos dias mais legais foi quando alugamos mountain bikes (15 dólares por pessoa pro dia todo). Fomos na raça até o litoral, onde o parque Tsitsikamma e o rio da cidade faz fronteira com o mar em uns rochedos fantásticos. Deu 30km, divididos em 5km de rodovia, 6km de retão com sobe-e-desce entrando no parque e 4km de ladeiras em zigue-zague com vistas fodas.
Stormsriver Mouth
Lá embaixo tem umas praiazinhas, 3 pontes suspensas de metal e madeira e um mirante no meio duma trilha. O problema é voltar pra vila depois de tudo isso. Se não fosse um ranger do parque nos dar carona nos 4km de ladeira, morreríamos subindo tudo na volta. Mal sobrou bunda pra aguentar os kilômetros finais.
Dani diz... Eu carinhosamente chamo essa pessoa que nos deu carona de Anjo do Tsitsikamma, porque cara… se não fosse a carona dele pra subir os 4km iniciais não sei como teríamos aguentado!
A recompensa por pedalar 15 km!
Dica: a vila de Stormsriver só tem uma mercearia, nada mais, os preços não são abusivos, mas programe-se caso decida ir pra lá e não queira passar necessidades. Tem lanchonetes e tal, mas espere preços caros e horários bizarros de atendimento baseados no movimento na vila. Em um dos dias lá passamos no Elvis, uma lanchonete toda decorada com estilo anos 60, pra comer alguma coisa, pois a placa dizia que fecha às 20h. Era 18h e eles tavam fechando pois não tinha movimento! Bom estar preparado com sua própria comida!
Vista da nossa barraca :-)
Saímos caçando uma forma de ir pra Port Elizabeth já que a greve ainda tava rolando. Nada, e nada, e nada. Ouvimos dizer que uma moça que estava hospedada no nosso hostel estava indo pra lá, mas até o último dia ninguém nos disse quem. E aí, em volta da fogueira durante nossa última noite lá (sem brincadeira) encontramos a Nono, e ela disse que sim tava indo na manhã seguinte pra P.E. :-)
Fizemos o esquema com ela pagando 10 dólares de combustível e partimos com ela e a prima, que também estava de férias em Stormsriver. Tivemos que fazer uma parada quase de emergência no meio quando o indicador de falta de gasolina começou a piscar. Os tais 10 dólares que demos dava só pra 1/5 do tanque, e elas tiveram que pagar o resto mas nem reclamaram, tavam no lucro já. Quando percebemos vimos que a parada era Jeffrey’s Bay, o paraíso de surfistas que era uma das paradas que pensamos antes de sair do Brasil :-)
Clique aqui pra ler a próxima parte, em Port Elizabeth!
May 07 2013
dani e caioafrica, rtw, sa
Clique aqui pra ler a parte anterior em Knysna, se quiser.
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Plettenberg Bay foi o cenário do que eu, Dani, diria que foi o ponto alto da Garden Route: nosso salto de paraquedas. Marcamos ele assim que chegamos no hostel para a manhã seguinte, deu 180 doletas por pessoa e, cara… não temos palavras para descrever a coisa toda. A sensação de subir a 10.000 pés em um aviãozinho, admirar a linda vista da baía de Plettenberg e saber que dentro de alguns minutos você vai saltar dali já dá um frio na barriga só de lembrar.
Os caras do Skydive Plett são pro. Pegaram a gente no albergue, levaram, deram instruções rápidas, saltaram nos passando segurança o tempo todo e nos levaram de volta pra um mirante da cidade que pedimos. Saltamos com dois macacos velhos que pareciam bastante experientes e foi bem engraçado, faziam piadas o tempo todo :-)
O vôo por si só já valia a pena, mas o salto foi simplesmente fantástico! Volta e meia eu, Dani, e o Caio nos pegamos lembrando da sensação de pular, imediatamente antes de tirar o pé do apoio do avião, principalmente quando vemos algum avião do mesmo tipo no céu. Da praia do estuário teve um dia que ficamos vendo o trajeto todo do avião até as pessoas saltarem e pousarem, dava pra ver tudo do chão :-)
Vista do avião um pouquinho antes da gente pular!
Em Plett, ficamos no Amakaya Backbackers, um hostel com nada de especial mas que conquistou nosso coração pela hospitalidade. Fomos muito bem rececpcionados pelo gerente Gerhardt, que nos mostrou o que fazer na cidade inteira, deu dicas, e foi o nosso companheiro de fogueiras à noite junto com o Sky, o cachorro dele!
Ficamos papeando por horas, e em uma das noites ele preparou um braai pra gente e na outra tivemos uma aula de como fazer Malva Pudding, uma sobremesa tipicamente sulafricana feita com leite e geléia de pêssego que certamente vamos tentar reproduzir em casa. É um meio termo entre bolo e queijadinha que se come com creme gelado. Foda.
Isso, claro, porque somos gordos na cabeça porque opções pra comer e beber lá não faltava. O centro de Plett é cheio de supermercados, lanchonetes e cafeterias. Alguns clubes noturnos também, mas só abrem mesmo no verão. Dá pra aproveitar o lugar só dando um passeio pela rua principal, e de lá vendo a baía.
Vista do alto do centrinho de Plett
Dois pontos legais pra conhecer são os Lookout Point, que dá vista pro estuário, e o mirante perto da rua Jackson, no topo da colina do centro. Dali dá pra ver o lado bem residencial (e milionário) de Plett, bem como a praia longa e a península que se vê antes de pular de paraquedas. O único detalhe é estar preparado pra subir muitas ladeiras, a cidade é toda numas encostas, então as pernas cansam bem.
Plett, como passamos a chamar o lugar bem rápido, já que todo mundo fala assim lá, é bem bonita mas parece uma cidade tipo balneário de férias. Segundo pessoal de lá bomba em dezembro mesmo, com muitos estudantes. Fora dessa época até tem bastante pra fazer, mas tudo acaba custando um preço médio ou alto. Com dinheiro ali é o paraíso de esportes. Tem tudo que puder imaginar pra fazer.
Vista pra península do alto do mirante
Clique aqui pra ler a próxima parte, em Stormsriver!
May 07 2013
dani e caioafrica, rtw, sa
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Desde que estávamos planejando nosso mês na África do Sul, tínhamos o plano de conhecer algumas cidades ao longo da Garden Route, a estrada da costa sudoeste sulafricana. Trocando idéias com pessoas que conhecemos ao longo da nossa viagem por Johannesburgo e Cape Town decidimos que a nossa rota, meio que no impulso, ficaria Cape Town > Knysna > Plettenberg Bay > Stormsriver > Port Elizabeth.
A nossa idéia inicial era comprar um ticket hop-on hop-off do Baz Bus, principal transporte turístico na região que te dá direito a descer em quantas cidades desejar de Cape Town a Port Elizabeth e pega e deixa você na porta do albergue. Porém, colocando na ponta do lápis, acabamos escolhendo viajar de transporte local, pois o número de cidades que queríamos conhecer não valia a pena o preço do Baz Bus. Todos os nossos tickets de ônibus, estilo interestadual que tem no Brasil, custaram 45 dólares por pessoa, contra 150 do Baz Buz! Mais pra frente vamos ter um exemplo prático de que o barato sai caro mas, seguindo na ordem cronológica, naquele momento estávamos contentes com a nossa economia de 105 dólares por pessoa.
O ônibus do City to City (empresa local da rede Translux) é bem decente, mas não tem banheiros e é um pouco mais apertado que os ônibus no Brasil. As poltronas deles não são marcadas, então é bom chegar cedo para conseguir uma poltrona boa. O que me incomodou bastante nele é que eles deixam música tocando a viagem inteira, e não é um sonzinho ambiente não, é música alta mesmo! A playlist era dos anos 80 e breguices aleatórias. Tinha até umas músicas bacanas de vez em quando, mas 8h de viagem com isso nos ouvidos sem poder dormir foi bem cansativo.
Se mesmo assim isso não for problema, vá até a estação de trem de Cape Town e, vendo ela na sua frente, ande pra direita perto do KFC, aí verá um corredor que leva pra trás da estação. Ali vai achar os guichês de empresas de ônibus, é tranquilo. Vai na fé.
Chegamos em Knysna com 1 hora de atraso, às 23h, e como já havíamos avisado que chegaríamos tarde, a Mandy (dona do hostel) foi nos buscar na parada do ônibus, pura gentileza! Como na cidade haviam poucos couchsurfers, acabamos reservando duas camas em um dormitório compartilhado no Jembjo’s Lodge, e não nos arrependemos! O lugar é bem limpo, os donos são muito queridos e eles oferecem um café da manhã maravilhoso que sustentou esses dois viajantes por muitas horas.
Knysna é uma cidade super pequena, mas muito fofinha. Conseguimos conhecer ela toda só andando, as ruas são bem calmas e é um ótimo lugar para relaxar, valeu a parada. Dizem até que é recanto de aposentado, de tão quieto que é o lugar.
Ruazinha calma em Knysna
Em um de nossos dias lá, saímos da pousada que fica bem próxima à lagoa e fomos caminhando até a entrada da baía de Knysna, para ver os costões (que eles chamam de The Heads), e a vista é sensacional! Tem vários mirantes em cima das montanhas, uma vista mais linda que a outra. No final da tarde, encontramos um bom ponto na beira da lagoa para ver o pôr-so-sol, sem movimento nenhum na cidade e quase sem barulho ao fundo… impagável :-)
Dá pra ir andando do Waterfront até as The Heads, mas tem que ter algum preparo, deu 15km tudo além de ter que subir umas ladeiras, mas vale a pena. Aí na volta pode seguir pela lagoa onde sempre tem alguém fazendo passeio em barcos a vela ou caiaques, que infelizmente não tínhamos dinheiro pra bancar. O Waterfront em si é bem legal de visitar e ver vários catamarans, um mais bonito que o outro, e se for andando pela ponte até a ilha Thesens pode experimentar ostra na manteiga e alho. Deliciosas! Pena que eram poucas. Se quiser um lance mais de natureza, tem a reserva de Knysna que fica minutos à pé do centro e todo mundo online diz valer a pena. É um tipo de jardim botânico com trilhas deles, mas que não visitamos por falta de tempo.
The Heads
Pôr-do-sol em Knysna
Toda a paz que Knysna nos trouxe perdurou até a manhã da nossa partida para Plettenberg Bay, e é nessa hora que vamos explicar por que o barato sai caro. De manhã, enquanto montávamos nossas mochilas, a dona da pousada nos chamou dizendo que nosso ônibus talvez não chegasse porque viu que os motoristas haviam entrado em greve na noite anterior. Com a maior gentileza do mundo, nos levou de carro até a parada do ônibus para checar a situação, mas na porta do escritório do City to City estava um aviso escrito em caneta de que os ônibus não estavam rodando. A solução, segundo ela, era ir até o Taxi Rank da cidade e pegar uma daquelas lotações que pegamos em Johannesburgo, e com a gentileza habitual nos levou até lá.
O Taxi Rank de Knysna é um local trocentas vezes melhor do que o de Johannesburgo, são várias fileiras de vans, cada um com um indicativo de uma cidade. Achamos a fileira certa, o motorista da primeira van da fila nos informou que o preço seria de mais ou menos um dólar por pessoa, só era preciso esperar a van encher e sairíamos em direção a Plett… parece perfeito, não? É, nem tanto! A van tem espaço para 14 pessoas, eles só saem quando ela está cheia e tudo isso aconteceu em um domingo. Esperamos uns 30 minutos e não apareceu NENHUMA viva alma querendo ir para Plettenberg naquela van!
Depois de um dos motoristas nos oferecer para nos levar na van dele por 25 dólares (o que é caríssimo pelo trajeto), um dos caras que estavam lá nos chamou em um cantinho e disse, com a maior sinceridade “não é por nada, mas essa espera de vocês vai durar o dia inteiro… o melhor jeito de chegar a Plett é ir para a rodovia com uma nota de 20 rands na mão e pedir carona” :-X
Diante da nossa cara de espanto, o moço garantiu que isso era muito normal e seguro. Malandragem, ficou tenso o negócio! Não sabíamos direito o que fazer, mas depois de muito ponderar decidimos que não tinha muito como ficar pior…
Andamos um bocado com as nossas mochilas nas costas até encontrar o ponto certo para pedir carona. Acho que ficamos lá quase 1 hora, com a nota de 20 na mão e super com o pé atrás… as vans passavam e não paravam, olhavam pra gente com cara de WTF. Dois malucos estavam ali com dinheiro na mão e fomos lá pedir informação, a encarada que eles deram na gente, dos pés a cabeça, quando dissemos que estávamos pedindo carona, deveria ter sido filmada. Eles tentaram nos botar numa carona com eles correndo até um posto de gasolina, quando íamos subir pedimos pra confirmar o destino e vieram com um “não, vamos até lugar X, lá você salta e pega outra carona, entra aí” mas com cara de coletor de orgãos, manja?
Quando estávamos quase desistindo, parou uma moça naquele local que também estava pedindo carona para Plett, e ela pelo menos parecia decente! Não deu nem 5 minutos e um carro parou (algo me diz que para ela, não para a gente) e conseguimos seguir viagem em um carro comum com outras 4 pessoas além do motorista e a gente. Ficou em 1,80 dólares por pessoa. Total já incluindo uma música psicodélica nos altos falantes.
Clique aqui pra ler a próxima parte, em Plettenberg Bay!
Apr 25 2013
caio1982planejamento, rtw
Além da clássica “que roupas vocês vão levar?”, sempre ouvimos algo como “mas e chuva?”, ou “vai dar pra ir pra praia?” :-) assim, uma das nossas primeiras decisões em relação a onde ir foi quando ir.
Bilhetes de viagem RTW em geral obrigam que você viaje somente em um sentido, contra ou no sentido da rotação do planeta, pra baratear custos. Se isso já faz parte da viagem, falta pouco pra se chegar a conclusão de que você consegue, com algum plajemento de datas e geografia, acompanhar as estações do ano que quiser sem se preocupar, por exemplo, com temporais ou frio. Isso impactará mais pra frente na sua decisão sobre tamanho de mochila e o que levar, naturalmente. Quanto menor a variação climática, menos necessidades de tranqueiras pra carregar.
Nossa RTW vai seguir o calor basicamente, mas não no pico do verão. Se fôssemos no meio do verão dos lugares acabaríamos gastando demais por todo mundo que vai em um lugar turístico querer ir no verão. A idéia é ir antes do verão, no final da primavera: manhãs frescas, meio-dia com sol e calor, noites com vento. Claro, isso na teoria.
Sugestão: faça como nós e pesquisa a lista de todas as cidades por onde pretende passar e faça um levantamento das temperaturas máximas, mínimas, médias, índice pluviométrico e quantidade média de dias com chuva no período em que ficará neles. Usamos como base de dados o http://worldweather.wmo.int. Vale. Muito. A. Pena. Acredite.
Com as informações do site a Dani montou uma planilha dinâmica na qual botávamos datas e, segundo limites que pedíamos entre clima bom e ruim, ela dava temperaturas mínimas e máximas pro período, bem como quantidade de dias no mês em que choveria e a quantidade de chuva média. Melhor que isso impossível!
Se não tivéssemos feito isso, provavelmente pegaríamos as monções no Nepal, e ficaríamos ilhados numa trilha, ou o pico do verão europeu, e ficaríamos bem descapitalizados se posso dizer assim, veríamos praias com chuva todo dia na Tailândia, perdendo parte do tesão da viagem.
Enfim, acho que deu pra sacar a idéia geral :-)
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