Houston we’ve had no problems

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Originalmente a parada no Texas deveria durar apenas algumas horas em uma conexão de volta pra casa, mas resolvemos ficar uns dias na cidade pra com a mais absoluta certeza TER que visitar a NASA, e no fim das contas fizemos muito mais que esperávamos e nos divertimos muito. Houston é estranha em alguns aspectos, mas não é o “fim do mundo” sem nada pra fazer como muitos pensam. Como já conhecíamos as duas costas dos EUA, o miolinho texano cairia bem agora.

Smurfs em Houston

Smurfs em Houston

Nossos couchsurfers foram até nos pegar no aeroporto, um mimo inestimável numa cidade na qual sem carro você não faz muito por ser tudo ridiculamente distante e separado por auto-estradas largas e ruas sem calçada. Eles são brasileiros e moram há pouco tempo no país então foi legal pra eles matarem saudade de pessoas e pra gente foi uma ótima companhia pra nos acostumarmos ao Brasil novamente, digamos. Conversamos muito juntos, comemos de tudo e brincamos (loucamente) com a cachorra deles. Foram um amor de couchsurfers pra encerrar nossa experiência surfando sofás com chave de ouro.

Uma girafa comportada no zoológico

Uma girafa comportada no zoológico

Com eles fomos no Zoológico da cidade inclusive. Dizem que todas as cidades perto tem um, mas o de Houston é bem bom até. Por 15 USD vale a pena porque se vê de tudo. Até um javali tentando transar sem sucesso com um tronco, mas bombando corajosamente mesmo assim. A couchsurfer era doutora e trabalhava no Instituto Butantan, então foi muito legal ouvir as explicações dela especialmente sobre os répteis! Em algum lugar de Houston tem um restaurante típico que supostamente é de 1800 e tantos, e enchemos o bucho comendo lá e começamos a ver os tipos de chapéu e andam de caminhonetes enormes que tem pela região em um bar local.

A parte final da nossa temporada em Houston foi novamente em um quarto do Airbnb. Como queríamos visitar a NASA, ficaria mais fácil ficar agora próximos do centro onde tem algumas poucas linhas de ônibus. O quarto do Airbnb era tipo hotel luxuoso, impressionante mesmo, perfeito pra dormir até mais tarde e muito bem antes de… hmm desculpem a repetição, voltar pra casa :-)

Pra realizar um sonho de infância e ir na NASA (talvez sonho menor só do que assistir um foguete ou ônibus espacial ser lançado), foi até mais fácil que pensávamos. O centro da NASA em Houston, o famosão dos filmes, fica completamente fora da cidade. No sudeste de Houston quase perto do mar eles tem uma área enorme e pra chegar lá de carro é uma linha reta porém longa, de ônibus pesquisamos e descobrimos que no centro você pode pegar o ônibus 249 que ele irá parar na porta. Pra voltar, pega o mesmo ônibus, mas se for depois das 3PM tem que ser o 246 e trocar de ônibus em um mini terminal antes de entrar na cidade. Não tem erro e custa entre 1.25 e 2 dólares a depender da linha. É a sua melhor alternativa na cidade do carreto. É tanta caminhonete enorme com passageiros únicos que eu acho que eles são especializados em carretos, só pode.

Valeu cada momento de espera na viagem pra ir na NASA. Se soubéssemos que era tão grande e com tanta coisa teríamos ido assim que o sol nasceu pra ver tudo com calma, mas chegamos perto das 11AM e tivemos que ir embora às 4PM, então algumas coisas vimos só superficialmente mesmo aproveitando horrores no que deu tempo.

Entrando no centro de comando histórico da NASA

Entrando no centro de comando histórico da NASA

Pegamos o passeio de trem interno deles que passa pelos prédios oficiais da NASA, não somente pela área de visitantes. Fomos em frente de prédios operacionais deles, pelos de manutenção onde tem tanques de nitrogênio líquido enormes, por onde processam as comidas pra ir pro espaço e até por um memorial com árvores e placas dos astronautas que já morreram em missões. E ah, entramos nos melhores prédios sim!

NASA! PORRA! NASA!

NASA! PORRA! NASA!

A primeira entrada foi já no mais aguardado, no centro de comando histórico da NASA. O original, o clássico! Aquele desde as primeiras missões Gemini, dos pousos na Lua com Apollo, alguns ônibus espaciais etc por cerca de 40 missões. É um lugar preservado com hardware original dos anos 60 até, ninguém pisa na sala, só se pode ficar atrás do vidro onde ficavam os familiares, militares e políticos durante as missões. Foi realmente emocionante ver as mesas e painéis de operações, um cara explicou todos os detalhes e aceitava perguntas inclusive.

No prédio onde mexem em protótipos e astronautas treinam em equipamentos

No prédio onde mexem em protótipos e astronautas treinam em equipamentos

Depois fomos até o prédio onde os módulos de treinamento para astronautas, principalmente os que vão pra estação espacial. O lugar onde fazem mergulhos simulando baixa gravidade é restrito, mas entramos no galpão enorme e alto com uma réplica supostamente funcional e tamanho real da ISS. Vimos cápsulas de pouso também, uma réplica de treinamento do Canadarm e curiosamente em umas três partes do galpão havia coisas jogadas com logotipos da SpaceX. Pelo jeito eles trabalham bem próximos mesmo.

Módulos de treinamento da ISS

Módulos de treinamento da ISS

Havia também uns robôs protótipos e vários hovers em estágios variados de acabamento, que pelo que falaram são apenas experimentos pra eventuais futuras missões. O mais legal mesmo, pra mim Caio, foi ver pessoas de verdade trabalhando ali, conversando perto dos equipamentos, andando pelo lugar arrastando carrinho disso ou aquilo, não era só pra turista ver :-)

Saturn V visto da ponta onde fica a cápsula de pouso

Saturn V visto da ponta onde fica a cápsula de pouso

Pra terminar o passeio de trem descemos no Rocket Park, onde tem vários foguetes no lado de fora na grama e um galpão gigantesco com um foguete Saturn V real dentro. Ele tá posto deitado pra você atravessar o galpão vendo ele inteiro, tirando foto de cada pedacinho. Os estágios dele estão desconectados, então dá pra ver bem onde se juntariam e dá até pra ver os motores de cada um deles. Da pontinha onde ficava a cápsula de pouso, olhar pra trás até os motores principais dá até um arrepio. É muito grande, cara. Muito mesmo, simplesmente absurdo o que fizeram tantas décadas atrás. Um puta feito de engenharia e ciência impressionante de ver ao vivo.

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Ainda meio que na metade do Saturn V!

O centro espacial em si onde turistas podem circular à vontade não é tão grande. Além de uma réplica “real” de um ônibus espacial que estão montando no estacionamento (pra exibir em 2015), o lugar tem poucas salas. Elas, contudo, são muito legais é claro.

Não é o Daft Punk, são os trajes antes e após a Challenger

Não é o Daft Punk, são os trajes antes e após a Challenger

Tem a Starship Gallery onde mostram num telão um filme sobre o ínicio dos programas espaciais com o púlpito real onde o Kennedy fez o famoso discurso pra se ir à lua. Depois você vê vários artefatos de todas as fases dos programas, inclusive russos! Muito bacana, e no fim ainda tem um tipo de caixa forte, aparentemente falsa mas toda de metal etc com pedras e pós lunares. Ali pude encostar na minha segunda, a primeira foi na Nova Zelândia :-D

Réplica do Skylab que dá pra entrar dentro

Réplica do Skylab que dá pra entrar dentro

Uma outra sala muito foda lá é a Blast Off. É uma sala escura com caixas de som e graves altíssimos e lá mostram um filme de lançamento de um ônibus espacial pra você sentir o poder dos motores. Assim que termina aparece um funcionário pra dar uma apresentação dos status das missões em Marte, com filmes e maquetes que mostram pras pessoas. Falando em funcionários, todos eles usam trajes de vôo, é engraçado.

No meio do saguão principal tem uma réplica de cabine de um ônibus espacial onde você podia entrar pra ver o ponto de vista dos astronautas, tanto olhando pra trás no painel e ver o bagageiro da nave quanto pra frente e ver os controles e janelas e assentos!

Cabine de um ônibus espacial

Cabine de um ônibus espacial

Aproveitamos muito mesmo, um dos dias mais felizes do ano pra mim, Caio. Foi só uma pena as mochilas e nosso dinheiro não serem suficientes pro que queríamos levar das lojas da NASA, entulhadas com tudo o que você pode imaginar relacionado ao espaço. Até os trajes de astronautas tem lá e foi duro resistir, pense, eu poderia usar um em casa, completamente aceitável vai :-)

Na noite anterior de viajar pro Brasil ainda encontramos o Diogo que também era de Curitiba e amigo nosso mas mora na cidade há alguns meses. Os pais dele cruzaram o país de carro pra visitá-lo e fomos todos em um churrascão texano tradicional, estilo costelão. Matamos a vontade de carne, com um molho bem diferente, pelo jeito Tex Mex como dizem. Estávamos prontos pra voltar pra casa agora, todas as vontades foram feitas à tempo!

Passeios nerds no Vale do Silício

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Quando nós vimos em São Francisco a Carol e o Faw, também de Curitiba e morando nos EUA, fizeram um convite irrecusável pra gente: visitar a região de Menlo Park e as empresas do Vale do Silício. Trabalhando com computação desde sempre, tentei segurar o sorrisão pela oportunidade! Não só ganharíamos um lugar ótimo pra ficar, como teríamos companhia brasileira pra passeios nerds e começar nossa reabilitação social pra volta pra casa.

De trem via Caltrain até o Vale do Silício, que na verdade é meio que uma definição bem superficial da região, fica por volta de 7 dólares por pessoa naqueles vagões duplo deck igual do filme Source Code, que tem um nome até sugestivo pro que iríamos fazer. Ficamos mesmo em Menlo Park onde eles moram virtualmente do lado do Facebook, de dar pra ir à pé, então começamos a visita pelos prédios deles.

Fizemos o mapa da RTW no The Wall original do Facebook :-)

Fizemos o mapa da RTW no The Wall original do Facebook :-)

Por dentro o Facebook parece uma mini cidade, e embora eu, Caio, use bem menos que a Dani o serviço deles, fiquei bastante impressionado pela parte física do lugar.

Jóia

Jóia

Tudo aberto, se anda à vontade lá dentro pelas ruas e calçadas da mini cidade, até passar em frente a mesa do Zuckerberg dá porque ele senta junto com a galera. Foi muito legal fazer esse tour com o Faw, principalmente por ver o que eles tem de Open Compute, com direito a ver as máquinas e racks abertos de exposição e onde trabalham… e claro, pelo sorvete grátis :-)

Afundou

Afundou

Por fora o Facebook tem um logo que é reaproveitado de um antigo da Sun que ficava ali. Por trás dá pra ver como tá decadente o logo da Sun, e querendo ou não passa uma mensagem até poderosa de que tudo vai a falência eventualmente. Foi interessante ver isso.

Tadã!

Tcharam!

Fomos também com a Carol dar um rolezinho, mas esse sem baderna, pelo Googleplex. O lugar é realmente enorme mas tem muita cara corporativa pela natureza dos prédios, que antigamente eram de empresas mais gravatas e foram sendo comprados e anexados ao campus deles.

As bicicletas do Googleplex são bonitinhas

As bicicletas do Googleplex são bonitinhas

Passamos pelo prédio onde fica o Google Plus, pra balancear a visita dentro do Facebook, sabe como é. Não entramos na lojinha deles porque não estávamos com um funcionário, o que pra mim é bizarro, mas como tem fama de careira não teve problema. A visita ao Googleplex foi bem diferente da visita que fizemos por dentro no Google na Suíça, lá foi mais nerd e por dentro, no Googleplex só foi por fora, mas foi bacana.

Escultura do T-Rex que tem no campus do Google

Escultura do T-Rex que tem no campus do Google

Aproveitamos o embalo que tínhamos pra ir pro Texas visitar a NASA e paramos no Ames, um centro de pesquisa deles no Vale do Silício. Pesquisam de tudo lá hoje em dia, mas só se pode entrar num galpão museu que eles tem. De fora dá pra ver até mais coisas, como o túnel de vento ridiculamente grande que já foi o carro-chefe do centro, e o hangar de balões igualmente enorme. O museu em si é bem pequeno mas muito bem organizado, afinal é da NASA. Tinha uma cabine simulando uma decolagem de um ônibus espacial onde você interagia reagindo a alarmes mexendo no painel! Tinha um simulador de sistemas solares pra você testar órbitas e vimos uma réplica de um módulo da ISS, com partes que já estiveram nela inclusive. Adoramos, é claro :-)

Cabine simulando lançamento de ônibus espacial no Ames

Cabine simulando lançamento de ônibus espacial no Ames

Estando no Vale do Silício e aproveitando ainda a companhia, não tínhamos como não ir no Museu da História da Computação que vale muito a pena. É foda mesmo. Eles tem unidades físicas de tudo o que se pode imaginar, e embora nem todas sejam funcionais e não pudesse encostar nelas, é uma baita sorte poder ver tudo aquilo. Demos sorte mesmo pela visita guiada que tava começando bem quando chegamos, então os 15 dólares de entrada foram bem compensados! O senhor que era guia parece que viveu na região desde quando começou o boom tecnológico ali e manjava bastante até. Vimos no museu altos Cray, antigos e mais recentes, e a parte de supercomputação foi até surpreendente. A parte de jogos é muito legal, mas o Pong não era o original ;-)

Naturalmente, agora tem uma seção só de computação móvel, com os fracassados e os que vingaram, e como fizemos a rota invertida no museu indo da história recente até a mais antiga, eles foram os primeiros visitados e deu uma perspectiva legal de miniaturização ao chegar na parte de cálculo mecânico e maquinário antigo. E que lojinha era aquela que eles tem, cara! Cheia de tranqueiras nerds, antigas e novas, muito foda de resistir. Reserve um bom dinheiro se passar lá :-)

Antes de sairmos da Califórnia, afinal já estávamos ali há 10 dias, tínhamos que bater cartão nos pontos da Gordolândia do Silício também! A região merece tour gastronômico também, ora bolas. Os sanduíches do In & Out são super simples, mas adoramos, muito bons e baratos. Krispy Kreme é ultra gordo mas é complicadíssimo resistir ao cheiro dos donuts deles, assim como é difícil ir na The Cheesecake Factory e não sair de lá rolando. Pra padrões mochilatórios ela é cara, mas vale a pena demais. Numa noite fomos todos lá e não deu mais que 30 dólares por pessoa pra dividir uma entrada, prato, bebida e o cheesecake mais animal que se pode imaginar. Empanturrados, mas felizes, Vale do Silício foi da hora!

É nóis no réveillon em São Francisco!

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Chegamos na última etapa da nossa viagem, América do Norte! Apenas dois dias pro ano novo, resolvemos ficar em um quarto do Airbnb em São Francisco, pela primeira vez testamos algo diferente de couchsurfing ou simplesmente caçar um albergue barato. Ficamos inicialmente em Presidio Heights, um bairro bacana bem perto de tudo. A primeira impressão por ser Airbnb foi meio ruim pela atmosfera estranha no lugar, uma casa de meninas russas noveleiras mas que serviu pra irmos andando pros lugares mesmo e foi bom pra treinar as pernas nas ladeironas da cidade.

Palácio de Belas Artes

Palácio de Belas Artes

Já viemos pros EUA no inverno e no verão anteriormente, e agora novamente no inverno serviu pra confirmar que comprar roupa no frio é muito mais negócio aqui. A qualidade delas no inverno é bem melhor, panos bons e duráveis, aproveitamos as queimas de estoque de natal pra trocar as peças de dry fit que usávamos e tal, surradas já. O centro de São Francisco, falando nisso, lembra muito andar nas ruas em NYC. Com a diferença que São Francisco tem só a Market Street assim, enquanto NYC tem centenas de ruas como essa em todas as direções. Achávamos inclusive que São Francisco era bem maior no centro…

Pra ceia do nosso primeiro ano novo longe das nossas famílias resolvemos radicalizar. Fomos no Utopia, um restaurante e cafeteria em Chinatown que foi recomendado pra gente. Nem foi tão caro por ser em Chinatown, comemos até explodir e deu só 30 doletas pro casal. Valeu os centavos, é muito bom! Encravado em Chinatown mesmo, com um chá de gengibre e pratos baratos de nível que só comemos na Ásia mesmo! Excelente, embora tenhamos levado uma baita bronca em público por não dar muita gorjeta hahah :-)

Passamos a vira de ano no Píer 14, junto com aparentemente outras cem mil pessoas. Os curitibanos Faw e Carol que agora moram na região trocaram algumas mensagens e nos encontramos pra ver a queima de fogos ali juntos. Foi muito bonito, até tem um vídeo de um cara atrás da gente filmando tudo, e aparecemos na frente dele! Passamos um frio lascado, levamos até saco de dormir que usamos no Nepal pra aliviar um pouco. Depois de um show de fogos impressionante fomos procurar um lanche rápido na madrugada pra segurar o estômago e combinamos de nos ver de novo :-)

Acabou que pegamos outro Airbnb em São Francisco, já que ficamos mais dias no centro pra conhecer tudo antes de ir pros subúrbios. Sunset District é um bairro onde bem rapidinho se entende o nome dele, o pôr-do-sol é absurdamente bonito, e todas as casas tem algum ângulo pro mar pelas ladeiras que tem ali. A vizinhança é excelente, pra morar ali seria um paraíso de silêncio e segurança, com mercados perto e tudo. Até fizemos um cartão de fidelidade pra pegar descontos melhores pela semana que ficamos ali. Não é todo dia que se gasta só 30 dólares pra um casal comer por 3 dias, tem que aproveitar.

Sunset District, da rua da praia

Sunset District, da rua da praia

Um dos passeios mais esperados nos EUA era pegar bicicletas pra pedalar pela ponte Golden Gate até Sausalito, uma cidadezinha bem bonita e cheia de turistas do outro lado da ponte. Perto da ponte alugamos bicicletas híbridas, como chamam, por 25 dólares o dia todo. Elas são mistas de bicicletas de passeio e mountain bikes, ben boas. A travessia pela ponte é muito foda, deu um frio por ser de manhã ainda mas o sol logo chegou. Sausalito realmente é pequena e fofinha, lembrou muito as cidades que vimos pela Garden Route na África do Sul aliás.

Numa ruazinha de Sausalito

Numa ruazinha de Sausalito

A volta pra São Francisco começou meio tensa pelas subidas dos morros, e acabamos pegando um túnel junto com carros pra cruzar a estrada por baixo já que queríamos ir até um mirante acima da ponte. Fizemos, meio perdidos, meio incertos, o trecho final da The Coastal Trail na região.

Terminando a trilha, bobões chegando em Battery Spencer

Terminando a trilha, bobões chegando em Battery Spencer

Subimos ela até o mirante no Battery Spencer, da onde se tem as vistas mais fantásticas de São Francisco e da Golden Gate, aquela que aparece nas fotos de… bem, quase todo mundo.

Ok, ela é tudo o que falam, linda demais ao vivo

Ok, ela é tudo o que falam, linda demais ao vivo

Foi por ali que encontramos uma velha americana meio maluca que reconheceu que falávamos português e ficou nos abraçando, toda feliz, querendo saber da nossa viagem e tal, deu até endereço dela, telefone, e-mail do marido etc pra se um dia voltarmos pros EUA pra passear. Encontro insólito. Enfim, ali no Battery Spencer já tinha menos neblina no horizonte e menos luz direta do sol, então as fotos ficaram impecáveis. Por ser quase fim do dia já, a ponte fica incrível com o sol batendo no vermelho alaranjado dela. Antes de devolver a bicicleta ainda deu pra conhecermos rapidinho o Chrissy Field na base da ponte, batemos ponto rapidinho ali!

Não fomos em Alcatraz, mas as gaivotas ficaram boas na vista

Não fomos em Alcatraz, mas as gaivotas ficaram boas na vista

Pra encher a barriga de comida pesada americana resolvemos ir no Slider Bar, que recomendamos fortemente inclusive. É um lugar com hamburguers pequenos que cabem na palma da mão, mas vem tipo 3 ou 6 ou 10 no prato, com molhos e carnes diferentes e tudo na faixa entre 7 e 10 dólares prato. Tivemos uma overdose de batata frita lá, porque depois de pedir a nossa grande fizemos check-in no lugar e ganhamos uma outra porção com alho por cima, foi tenso comer tudo. Um passeio no bairro do Castro, que é onde o Slider Bar fica, nos decepcionou um pouco. Esperávamos um bairro mais gay chique talvez, meio histórico, mas o lugar é muito mais hipster que “visualmente” extravagante, se é que nos entendem. A estação de metrô pelo menos tem homenagens ao Harvey Milk.

The Castro Theater, na rua principal do Castro

The Castro Theater, na rua principal do Castro

Andamos também bastante pela região das marinas e a Fisherman’s Warf, com bandinha de família na rua e baterista molequinho de 7 anos tocando um funk muito louco. Foi ali que a Dani comprou a última pulseirinha que faltava na coleção dela da viagem. Demos também uma conferida no Musée Mécanique, um museu de arcades e máquinas estilo fliperama e de entretenimento desde trocentas décadas e até séculos passados. Deu pra jogar o Pong original, com direito a interferência na frequência do tubo da TV, e também o Star Wars clássico! O melhor de tudo é que era de graça pra entrar e só se paga o que joga, e tudo lá é em moedas de 25 centavos! Na volta passamos naquela rua famosa que é em curvas bem fechadas, um zigue-zague, a Lombard. Tinha muitos turistas em filas lá e passamos batido, antes de fechar o dia comendo panquecas num IHOP que finalmente conhecemos depois de ter visto tantos nas nossas visitas aos EUA :-D

Chegando em Fisherman's Warf ouvindo as focas fazendo zona

Chegando em Fisherman’s Warf ouvindo as focas fazendo zona

Sim, deu pra ver que ficamos um bom tempo em São Francisco. Deu uma semana, então pudemos visitar tudo com calma. Deu pra por exemplo reservar um dia inteirinho só pra andar pelo Golden Gate Park. Não, ele não fica perto da Golden Gate, vai entender. É uma puta caminhada atravessar ele todo por todos os cantos, e descansamos umas horas almoçando vendo um pessoal brincando de roller disco, foi muito engraçado. Um funk dos anos 70 tocando alto, menina fantasiada de unicórnio patinando, várias senhoras dançando sincronizadas e bem em forma com patins antigos por lá. Até um cara com perna amputada vimos andando de patins no lugar…

Roller disco no Golden Gate Park, pessoas ainda chegando

Roller disco no Golden Gate Park, pessoas ainda chegando

A maioria das ruas do parque ainda tinham o trânsito aberto pra carros, não é como o Central Park nisso. Subimos a Strawberry Hill lá dentro pra ver se teríamos uma vista legal mas nem valeu muito a pena. Até tentamos comer algo típico de dia de parque mas era tudo caro, na faixa dos fintchy reais por um cachorro quente se fizer a conversão do dólar. Só deu pra tomar um sorvete vendido diretamente pelo senhor sorveteiro naquelas vans de sorvete de filme. Num lago mais perto do mar tinha um grupo nerd de pais com vários modelos, de aviões, quadricópteros, barcos e até submarinos. Tentei comprar um cookie de um garotinho vendendo cookies e limonada ali mas acho que ele tava distraído com os modelos :-)

Foca no trabalho e pega meu dinheiro, moleque!

Foca no trabalho e pega meu dinheiro, moleque!

Como ficamos no Sunset District queríamos andar pela praia no fim do dia há tempos mas só conseguimos ir lá nos últimos dias na cidade. Andando por toda orla da Ocean Beach de perto da famosa Cliff House, meio sem gracinha, até a rua da casa onde estávamos. A praia tava lotada mesmo sendo inverno e fim de dia com ventos fortes que vem pra costa. Muitos, muitos surfistas nas ondas, quase sempre aparecendo nas nossas fotos. O pôr-do-sol, claro, foi espetacular, laranja, amarelo, vermelho, azul, azul esverdeado, cinza… menos branco, como ficamos quando tivemos que subir uma ladeira de volta pra casa, que segundo nossas contas rendeu 25 quarteirões!

Pôr-do-sol na Ocean Beach, nada mal hein Califórnia!

Pôr-do-sol na Ocean Beach, nada mal hein Califórnia :-)

Em relação aos outros pontos famosos da cidade, acho que só a Alamo Square não gostamos. Foi meio nhé ir lá, sei lá, fomos mais pela vista famosa das casas vitorianas coloridas. Os bondinhos antigos que são famosos em São Francisco não pegamos por pura preguiça, ao contrário. Preferimos andar as ladeiras mesmo, os bondinhos estavam em todos os lugares então deu pra matar a vontade de vê-los, porque pra andar neles havia sempre filas enormes de turistas esperando pra andar um trecho de, sei lá, 5 minutos pela cidade. Nem compensa. Alcatraz a Dani queria muito visitar mas eu, Caio, botava na conta de turismo mórbido assim como visitar campos de extermínio no Cambodia, então passei e ela não quis ir visitar sozinha, paciência.

Falando nisso! Com ajuda do Google Maps, pra entender os nomes e códigos dos trams e ônibus, transporte público funciona muito melhor que haviam nos falado em São Francisco. Estávamos esperando algo bem mais complicado, e até andamos bastante mesmo, mas era porque gostávamos não porque precisávamos. Por causa disso que nem pegamos aquele ônibus turístico pra conhecer os pontos principais da cidade, nem foi preciso. Vimos tudo e muito mais sem gastar, e andar em São Francisco é muito divertido pra ver os tipos bizarros nas calçadas, não queríamos perder a chance na nossa primeira visita à cidade :-)

Meu safári linguístico por aí

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Como havia acabado de me formar quando começamos a volta ao mundo, eu estava bastante empolgado pelo que ouviria e veria relacionado a línguas viajando por aí — eu gosto de dizer por aí desse jeito. Naturalmente tinha uma boa dose de ingenuidade nisso, visto que passaríamos por lugares meio que conhecidos já, nada absurdamente exótico culturalmente, ou mesmo muito isolado, ou muito linguisticamente relevante hoje em dia. Contudo, consegui me divertir bastante reparando em detalhes no dia-a-dia e anotei tudo como recordação, abaixo. Claro, pra um linguista, simplesmente ter contato cotidiano por pouco tempo com uma língua não é suficiente… mas não dava tempo de estudar em nada nenhuma delas, é a vida. Me contentei com um safari por elas :-)

Linguistas, pessoas sérias

Linguistas, pessoas sérias

Viajamos por todos os continentes habitados, então era de se esperar ter contato com um número decente de línguas de famílias linguísticas diferentes. Se não me falha a memória, além de variantes européias e africanas do português, li e ouvi: um pouco de zulu, muito africâner e umas frases em xhosa; muito árabe egípcio, do qual até aprendi umas frases; grego; italiano; alemão e uma boa dose de alemão suíço; francês; espanhol em vários rebolados, língua basca e catalão; nepalês padrão e dialeto gurung em uns vilarejos e que não entendi muito, além de algumas coisas em línguas indianas que também não conheço, como hindi; muito tailandês gritado; malaio e a mistureba linguística que singapuranos falam; um pouco de vietnamita, que me pareceu bem suave; cambojano, ou língua khmer; maori, divertido nas ruas e na televisão; um pouquinho de japonês e coreano dos turistas e muito chinês mandarim e cantonês espalhado pelo mundo todo; inglês americano, britânico, irlandês, escocês, australiano, kiwi, sulafricano, singapurano e o pidgin, ufa, que todas as pessoas do mundo tentam falar de vez em quando!

Uma coisa é ler sobre uma língua qualquer, outra é ter a chance de ouví-las em uma viagem. Me diverti e matei muito tempo ouvindo pessoas conversando e tentando interpretar em símbolos fonéticos na minha cabeça o que elas estavam pronunciando. Devo ter ouvido outras línguas que não faço idéia em albergues e hospedagens por aí — falei que gostava de dizer por aí — e tentava sempre me entreter tentando adivinhar da onde a pessoa era. Se não soubesse identificar por nome a língua com alguma precisão, tentava adivinhar a região linguística onde a pessoa cresceu. E como a Dani sempre tava me perguntando qual língua alguém tava falando, por curiosidade ou estranhamento, então isso era também um tipo de “desafio ao galo” heheh.

Saber que alguém era do leste europeu ou do norte da europa era fácil até sem olhar pra pessoa, o que estragaria a brincadeira entregando na hora da onde ela era. Fiquei verdadeiramente satisfeito e com o ego massageado quando uma moça francesa que acabara de conhecer ficou impressionada por eu notar que ela era de Paris e não do sul da França, onde estávamos, mas na hora pareceu simples! Além disso, chegou uma hora na viagem que notar a diferença entre tailandês, chinês, coreano e japonês ficou trivial até, por tanto contato que tivemos com asiáticos :-)

Outra coisa muito legal e interessante foi ver e cof cof ler cof cof tudo com alfabetos alienígenas pra um brasileiro. Como muitas línguas usam alfabeto latinizado, isso não teve tanta graça em boa parte da viagem. Mas até aprendi a ler números em árabe, que parece difícil falando assim mas é mais simples do que se imagina, alguns números são até óbvios, e é bastante prático no dia-a-dia pelo oriente médio pra conferir preços, bilhetes etc. Cirílico até vimos em albergues e casas onde ficamos, mas foi praticamente um pouquinho ali, um pouquinho acolá, irrelevante.

Alfabeto grego foi outro que rendeu também, a Dani não entendia como eu sabia ler ele, mas era uma manha. O fato é que eu não sabia lê-lo mesmo e acabou, o que eu sabia era pra onde eu queria ir e os nomes dos pontos de referências nas cidades, então era só traduzir as letras deles pro som que eu conheço, arrendondar uns chutes do que é o que e pronto, truque barato mas eficiente pra impressionar as gatinhas na festa de fim de ano e de quebra não se perder pela Grécia!

Nepalês e línguas indianas pra mim ainda são um mistério, mas como me interesso pouco por elas nem fui muito atrás. Agora, línguas do sudeste asiático acabarem sendo legais porque as sutilezas e diferenças delas são bacanas de notar. Acho, mas sem muita certeza, que consigo dizer se um texto tá em tailandês ou cambojano só de bater o olho nele agora. Talvez eu perca esse super poder em breve, sem praticá-lo. Diferenciar japonês, chinês e coreano não conta porque é bastante fácil se você usar um pouco de observação. Difícil mesmo é entender aquilo :-)

Uma coisa engraçada em relação a entender o que tão falando é que tão logo notamos que muitas palavras soam como universais, a Dani e eu, Caio, começamos a falar em voltas. Explico. Você não pode simplesmente chegar num albergue e falar que um americano parece idiota por estar comendo sopa. American. Idiot. Soup. Ele vai entender. O exemplo é tosco mas é só pra explicar a idéia. Então, no lugar, você diz que tal gringo é besta ou bobo por estar comendo aquele caldo ou ensopado. Coisas assim, ou então apelávamos pra encavalar todas as palavras da frase e sem falar muito alto. Acredite, se bobear as pessoas entendem que você tá falando delas mesmo sem conhecer sua língua. Às vezes é meio constrangedor elas te olharem feio e você demorar uns segundos pra perceber a cagada.

Chegou uma hora em que só falávamos assim, com frases com o dobro do comprimento pra dizer “aquele cara do país onde fizemos tal coisa” porque o nome do país é óbvio demais em todas as línguas que encontramos, como, sei lá, França, ou Austrália. É como quando diziam algo sobre nós, brasileiros. Brasil é um termo quase intraduzível, acho que só orientais tem termo próprio pra gente, então é fácil saber e reparar quando tão falando algo de você e pegar a pessoa no flagra.

Pessoas monolíngues não sabem o que estão perdendo. É uma lástima enorme se você só fala uma língua, como a maioria absoluta dos brasileiros. O mundo não é nem nunca foi monolíngue, e nem será. Nunca vou entender esse orgulho idiota, nacionalista até, que os brasileiros tem em não saber ou mesmo querer aprender outras línguas. Tudo bem, o Brasil é enorme e auto-suficiente em questão cultural e linguística, as pessoas não precisam aprender outras línguas de fato a não ser por pressão econômica hoje em dia. O problema é esse não querer, que é atitude padrão. É totalmente limitante pra um povo, até fisiologicamente pra um indivíduo.

Por falar só inglês e entender um pouco de outras línguas (como espanhol que aprendi suficiente pra conversar e italiano, que pra surpresa da Dani até hoje não faço idéia como compreendia as pessoas falando na rua sendo que nunca o estudei [talvez resultado de ter estudado latim um pouco {ou foram os genes da família falando}, sei lá]) ainda me sinto envergonhado viajando. Eu devia falar outras línguas. Pelo menos outras duas! Quanto melhor os binóculos melhor o safári! Sacou a piada? Imagine falar somente português e mais nada, e perder tudo o que tem aí fora… e ainda ter orgulho da própria estupidez…

Feliz 2014!

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Chegou a hora de dar tchau pra 2013, um ano que pra gente foi inesquecível. Foi o ano de realizar o que ficou na cabeça e no papel por muito tempo, de conhecer lugares onde nunca imaginamos estar, de realizar sonhos e de aprender muito!

Mas o melhor de tudo é que 2014 está chegando novinho em folha, pra gente fazer dele o que quiser. Já que é hora de renovar os votos, pra todo mundo que deu uma passada por aqui esse ano, para 2014 desejamos…

Que tenha fartura…

Caio devorando um sanduichezinho em Sorrento, na Itália

Caio devorando um sanduiche humilde em Sorrento, Itália

…mas também saiba ser criativo nas dificuldades.

Sanduíche de ovo era o que tinha pra comer em Lauterbrunnen, Suíca.

“Sanduíche de ovo” era o que tinha pra comer em Lauterbrunnen, Suíça.

Que faça novos amigos.

Dani e Jorda, nosso colega de quarto em Johanesburgo, África do Sul

Dani e o Jorda, o lobo da nossa couchsurfer em Johanesburgo, África do Sul

Que tenha tempo pra relaxar…

Curtindo o descanso e a vista em Plettenberg Bay,  África do Sul

Curtindo o descanso e a vista em Plettenberg Bay, África do Sul

… mas que não falte ânimo pra chegar o quão alto quiser chegar!

Caio e Dani a 5.419m no Thorung La Pass, no Nepal

Caio e Dani à 5.419m em Thorung La, Nepal

Que se permita ser meio bobo às vezes.

Caio curtindo uma água de coco em Siem Reap, Cambodia

Caio curtindo uma água de coco em Siem Reap, Cambodia

Que tenha coragem sempre que precisar.

Dani atravessando o precipício a caminho do Tilicho Lake, no Nepal

Dani atravessando o precipício a caminho do Tilicho Lake, Nepal

Que não tenha medo de experimentar coisas novas.

Um bichinho no nosso Pad Thai em Bangkok, na Tailândia

Um bichinho no nosso Pad Thai em Bangkok, Tailândia

Que vença medos de infância.

Dani faceira plantando bananeira em Koh Lanta, na Tailândia

Dani faceira pela primeira vez plantando bananeira em Koh Lanta, Tailândia

Que realize algum sonho.

Dani saltando para o primeiro mergulho em Koh Tao, Tailândia

Dani saltando para o primeiro mergulho em Koh Tao, Tailândia

Que conheça lugares famosos…

dani e Caio no Musou do Louvre, em Paris, França

Dani e Caio no Museu do Louvre em Paris, França

…mas também paraísos escondidos.

A praia linda, isolada e vazia de Agia Theodotis na ilha de Ios, da Grécia

A praia linda, isolada e vazia de Agia Theodotis na ilha de Ios, Grécia

Que saiba improvisar!

A bota abriu no meio da trilha no Nepal? Silver Tape nela!

A bota abriu no meio da trilha no Nepal? Silver Tape nela!

Que finalmente comece a malhar…

Caio provando que é forte nas Pirâmides de Giza, no Egito

Caio provando que é forte nas Pirâmides de Giza, Egito

…ou que finalmente comece aquela dieta.

Lanchinho da tarde em Avignon, na França

Lanchinho da tarde em Avignon, França

Que veja que o melhor da vida é de graça! Seja uma paisagem…

Matheson Lake, Nova Zelândia

Mount Cook e seu reflexo no Matheson Lake, Nova Zelândia

…ou dormir de conchinha!

Luffy e Nesquick, nossos colegas de quarto em Barcelona, na Espanha

Luffy e Nesquick, nossos colegas de quarto em Barcelona, Espanha

Que contemple.

Caio no alto da Table Mountain, na Cidade do Cabo, Áfica do Sul

Caio no alto da Table Mountain na Cidade do Cabo, Áfica do Sul

Que sinta.

Dani no templo de Philae, em Aswan, no Egito

Dani no templo de Philae em Aswan, Egito

Que tenha companhia pra dividir tudo isso!

Lake Taupo, na Nova Zelândia

Lake Tekapo, Nova Zelândia

Que ame… ame muito.

Smack no Tilicho Lake, Nepal

Bitoca no Tilicho Lake, Nepal

E por fim, que nunca se esqueça do mais importante…

Nosso presente de partida que está guardando nos esperando em Curitiba :)

Nosso presente de despedida que tá nos esperando em Curitiba, Brasil :-)

Feliz 2014! :-)

Ano novo de bicicleta por São Francisco!

Ano novo de bicicleta por São Francisco!

Como e o que vimos cruzando a ilha sul da NZ

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Esse post vai ser mais fotos e paisagens do que texto, mas vale a pena mencionar a trabalheira que foi cruzar a ilha sul da Nova Zelândia. Foi uma correria em 8 dias, sendo que desses 4 foram viajando entre cidades e vilas com ônibus comum e ferry e saindo de avião. Pauleira que só aguentamos porque não tivemos dinheiro pra um carro nosso e o tempo era curto, ônibus dominou geral. Queríamos visitar uma das geleiras do país, e fizemos um ótimo passeio! Conhecemos um pouco de cada lado da ilha, todos os lados mesmo, mas ao mesmo tempo nenhum extremo geográfico delas. Não fomos até Milford Sound, nem até Invercargill ou Nelson, por exemplo. Fomos de Wellington, na ponta da ilha norte, até Picton na ponta oposta da ilha sul. De lá fomos até Christchurch, que não pareceu destruída por terremoto como nos falaram. Então cruzamos as paisagens mais bonitas de estrada que já vimos até Queenstown e de lá subimos até a geleira Fox. No mapa da Nova Zelândia, se desenhar uma linha no formato de um anzol ficará bem parecido com o caminho que fizemos pelo país… e isso aqui foi o que vimos na ilha sul, bem resumidamente :-)

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Sombra bonita na água azul mentira do Lago Wakatipu

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Panorâmica do alto do teleférico em Queenstown

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Geleira Fox! Fomos até o meio, mais próximo do paredão que do terminus

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Monte Cook na panorâmica do Lago Matheson

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Paisagem rural meio típica, sempre há ovelhinhas

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“Corre pra aparecer na foto também, olha o timer!”

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Lagarteando no centro de Queenstown

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Lago Tekapo, absurdamente cristalino e lindo

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Paisagem em volta do Lago Tekapo

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Cachoeira do Thunder Creek

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Possivelmente o Lago Wanaka

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Quando o motorista não parava pra fotos, o jeito era tirar de dentro do ônibus

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Cruzando o mar de Wellington até Picton

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Caminho de Christchurch até Queenstown… após Geraldine?

Jornada pela NZ em busca de uma geleira

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E la fomos nós atravessar a ilha sul toda da Nova Zelândia só pra andar sobre uma geleira! Desde quando conhecemos um rapaz no meio da viagem ficávamos pensando em qual iríamos. Muitos meses atrás ele nos recomendou ir nas duas que há no país, Fox e Franz Josef, mas só teríamos tempo e dinheiro pra uma delas e não sabíamos qual escolher.

Problema resolvido, visitamos a geleira Fox :-)

Problema resolvido, visitamos a geleira Fox :-)

O ruim da Franz Josef é que pra andar no gelo você precisa aterrisar nele de helicóptero, não dá pra ir andando, então ficou proibitivo pra dois mochileiros com fome. Fomos pra Fox mesmo, e a vila que serve de base pra quem vai lá é tão pequena que é só uma “avenida” e por acaso essa “avenida” é a rodovia nacional deles. Mas é bem fofinha :-)

Nossa saída com a única empresa licenciada pra operar na geleira era de manhã bem cedo, mas acordamos com o tempo incrivelmente feio, chovendo, frio etc. Na hora nos deram a opção de remarcar pro dia seguinte, e assim fizemos depois da super Dani checar no celular com o resto de bateria que tinha que a manhã seguinte seria de sol forte. Era isso, prometendo bem até, ou ir na chuva mesmo e com risco de não entrar no gelo. Foi uma correria conciliar todas as mudanças de horários e datas, não tínhamos onde dormir no dia seguinte, o albergue em Queenstown pra volta teve que ser cancelado etc, uma zona, mas deu certo e compensou.

Como a saída pra geleira seria agora à tarde, aproveitamos o novo tempo livre que surgiu e fomos pela manhã fazer uma caminhada até o Lago Matheson, de onde dá pra ver o Monte Cook todo com neve. Foram 12 km de ida-e-volta e quando chegamos não achamos tão espetacular a vista porque tinha brisa e a água do lago se movia muito. Cinco minutos depois parou tudo e fez um espelho na água pra se ver as montanhas que foi demais!

Vista do primeiro mirante no Lago Matheson

Vista do primeiro mirante no Lago Matheson, e Monte Cook no fundo

Engraçado que em nenhum lugar achamos dica pra ir no lago, ninguém se importa muito, é uma caminhada bem tranquila mas todos que até vão lá vão de carro e não se importam muito não. Isso faz pensar no quanto perdemos pela Nova Zelândia por não haver informação decente e acessível sobre como ir e ver e fazer coisas sem automóvel.

Já indo pra gelo gostamos bastante da organização e preparo do pessoal que cuida das trilhas e passeios na geleira Fox. São todos engraçados, emprestam todo tipo de equipamento e roupas, e até mochilas impermeáveis te dão pra levar suas coisas já que ali é onde mais chove no país todo, por isso as geleiras são tão grandes e se movem tanto. Falando nisso, há nas paredes deles fotos da geleira de vários anos, e hoje está bem menor que há 10 anos atrás, mas dizem que no topo ela tá em uma época de crescimento, mas o gelo demora pra descer. Dizem que daqui 10 ou 15 anos ela estará imensa novamente.

Pra eles isso é pouquinho gelo...

Pra eles isso é pouquinho gelo…

Foram só 15 minutos de ônibus até a entrada do parque. Originalmente onde hoje é o estacionamento é onde o gelo terminava, mas agora se tem que andar um pouco até o terminus, como chamam. Na concentração pra começar a caminhada a guia com picareta na mão explicava que ali é uma área de desabamentos e quais cuidados deveríamos ter etc e na mesma hora ouvimos um estrondo altíssimo. Na borda da montanha atrás da gente, do outro lado do rio, começou a desabar e rolar pedras e algumas eram enormes! Resquícios do gelo que sustentava as montanhas antigamente e que não está mais ali! Teve bastante poeira e foi animal de ver, principalmente por não ter sido nas nossas cabeças, e deu pra entender a seriedade do aviso da guia que também ficou impressionada.

Parece pequena né? Ache as pessoas pra ver a escala...

Parece pequena né? Ache as pessoas pra ver a escala…

Leva-se 1 hora andando pela base do vale onde tinha gelo até o terminus atual, e na entrada pra parte congelada te emprestam bastões de caminhada e grampos de metal pras botas. Pra quem andou sozinho no Nepal por lugar bem mais perigosos, é bem estranho alguém segurar sua mão pra atravessar três pedras sobre uma poça d’água :-)

Quando se finalmente pisa no gelo, dentro da geleira mesmo, é que se dá conta do tamanho do lugar. É bem maior que parece. A geleira Fox da NZ, pra terem idéia, tem 13km e é alimentada por outras quatro geleiras até chegar praticamente “na praia” em termos de geleiras. É muito baixa, incrível. O tal Lago Matheson que visitamos antes de ir lá, foi formado no final da última era glacial quando a geleira retrocedeu, e é muito longe dali! A velocidade com que ela se desloca é bem rápida, avançando mais de um metro por semana. Ela e a geleira Franz Josef são umas das geleiras mais rápidas que tem, às vezes 10x mais rápidas que geleiras normais, por isso foi tão incrível andarmos sobre a Fox :-D

Uma rocha monitorada que vem rolando geleira abaixo 9 metros por ano

Rocha enorme monitorada, rola geleira abaixo 9 metros por ano

As bordas do gelo são meio sujas pelo pó resultante do atrito entre pedras e dos desabamentos. É bem legal o padrão de poeira que deixam no gelo, às vezes se amontoam e o sol vai derretendo o gelo em volta do monte de pó cinza de pedra. Como ele não derrete porque o pó protege o gelo abaixo, a geleira tem regiões de “formigueiros” de pó e gelo, bem curioso.

Andamos por cerca de 1h30min no gelo, a guia até reforçava degraus com a picareta dela, já que segundo ela em 2 dias os degraus somem pelo movimento do gelo se não fizerem isso todo dia. Vimos muitos buracos de azul cintilante e profundos demais, com água caindo pra dentro até a base da geleira e por onde escoa até virar o rio que acompanhamos andando na trilha inicial. E ah, até tomamos dessa água! Absurdamente gelada, tanto quanto nas montanhas da Suíça e Nepal quando experimentamos, bem refrescante.

Na borda do gelo com a "trim line" pra fazer um vídeo

Na borda do gelo com a “trim line” pra fazer um vídeo

As pessoas do nosso grupo de trilha pela geleira não pareciam estar se divertindo muito pela falta de perguntas pra guia ou sorrisos ou até empolgação em andar por ali. Todo mundo com cara meio de cú. Nós dois estávamos achando o máximo tudo o que viamos, e eu, Caio, sorria sozinho o tempo todo. Devo ter sido a alegria da guia já que ninguém interagia com a empolgação dela hahah. Dani tava maravilhada, se sentia na muralha de gelo do Game of Thrones até, tirou foto em todos os cantos possíveis e falava “the winter is coming” de tempos em tempos :-)

Dani num dos buracos azuis sem fundo

Dani na entrada de um dos buracos azuis sem fundo

De volta no albergue no fim do dia conhecemos um alemão que tava sem grana e foi até lá só pra fazer uma trilha de graça e ver a geleira de longe. Tentamos explicar o que fizemos e convencer ele a não perder a oportunidade, que gastasse o que pudesse. É muito emocionante andar por cima e por dentro de uma maravilha natural como essa. Compensa com folga os 100 dólares por pessoa que pagamos na trilha de apenas algumas horas, a mais baratinha e simples de todas. Se tivéssemos mais dinheiro pra rasgar certamente faríamos um passeio de mais horas com direito a pousar de helicóptero quase na origem da geleira lá no alto. Foram 3 longos dias seguidos em ônibus até chegar na geleira Fox, mas valeu a pena demais, demais mesmo.

Wellington, capital fantasma porém ainda “cool”

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Na nossa jornada rumo ao sul da Nova Zelândia, seria mais que natural parar em Wellington. No final da ilha norte, capital do país, paisagens bonitas e couchsurfing fácil! Chegamos num começo de sábado à noite, achando que a cidade estaria movimentada mas que nada… fomos andando pela borda da baía e ruas do centro e não vimos ninguém. Wellington tava completamente vazia, como em um filme de apocalipse zumbi, só faltava eles aparecerem pra assustar a gente com o vento uivando pelas ruas.

Na primeira noite ficamos, por comodidade, num albergue de mais de 125 anos, o Cambridge, e no domingo aí sim fomos pra surfar mais um sofá. Fez até um sol, então tinha finalmente gente no que eles chamam de praia. Inclusive um cara 100% peladão deu “as caras” na Oriental Beach, de boa, andando tranquilo pelo calçadão!

Oriental Beach, no verão de água congelante deles

Oriental Beach, no verão de água congelante deles

Aproveitamos estar em Wellington e eu, Caio, me diverti horrores indo na Weta. Mais Senhor dos Anéis. Os escritórios deles ficam relativamente perto do centro, em Miramar. Do lado eles tem a Weta Cave, um museu em formato de caverna com tudo que puder pensar em bugigangas de todos os filmes que eles já produziram. Foram 4 dólares a passagem de ônibus e ele parou em frente, super fácil, vale o passeio ainda mais por ser de graça e incluir um filme sobre a história deles. O que não é de graça, é claro, são os itens animalescos que tem dentro.

Trolls enormes na entrada da Weta

Trolls enormes na entrada da Weta

Weta é foda, são a Industrial Light & Magic dessa geração, incrível visitar eles. Fomos num tour guiado por funcionários por dentro das oficinas deles, vendo processo de criação de peças físicas dos filmes, de espadas do Senhor dos Anéis a armas e robôs e aliens de Distrito 9. Tinha um cara fazendo algo na fresa em umas empunhaduras de espada até, e uma guria fazendo miniaturas pro reboot de Thunderbirds que eles tão produzindo.

Falando em museu, e pra variar é um lugar em que sempre batemos ponto, o nacional de Wellington é fantástico pelo preço super em conta: zero. São 6 andares de coisas sobre a história do país, geografia alienígena que eles tem e cultura maori. Nem demos conta de ver tudo em um dia inclusive! Tinha uma parte de geologia legal, com uma casa dos anos 80 com TV de tubo passando notícias do dia de um terremoto, e de repente a casa, com visitantes do museu dentro, começa a simular um terremoto :-)

Pra justificar estar em Wellington mesmo, só faltava mais um pouquinho de Senhor dos Anéis, de novo, rapidinho, só mais essa vez. Peter Jackson sempre faz as estréias mundiais dele no cinema Embassy, centenário na cidade. Então fomos com os couchsurfers ver Hobbit lá, em HFR e tudo, e nos deram os óculos 3D da sessão de suvenir 8-)

The Embassy

The Embassy

De natureza o que vale com toda certeza em Wellington é subir o Monte Vitória, em nome a rainha inglesa. Esperávamos ser meio sem graça mas do alto é bem bonito, o parque ao longo do caminho é bem fechado, dá sensação da cidade ser bem longe dali com trilhas de terra e raízes de árvores enormes, muitos pinheiros e… de repente, se vê toda a baía da cidade lá embaixo, e um avião cargueiro de guerra passando pelo seu lado rumo ao aeroporto (e arremetendo, baita oportunidade rara de ver!). Lá foi onde também filmaram a cena do primeiro Senhor dos Anéis quando os Nazgûl vão até a saída do condado pegar os hobbits e eles se escondem debaixo de um tronco, lá tem uma placa mostrando onde é o cenário mas nem achamos. E tudo isso do parque em uma área minúscula no meio de dois planos que emergiram de terremotos. Bizarro.

Oriental Bay do alto do Monte Vitória

Oriental Bay do alto do Monte Vitória

Do outro lado da cidade, em outro ponto de mirante, tem o planetário. Esse foi especial porque ter ido lá marcou território pra gente. Agora já fomos em pelo menos um planetário diferente em todos os continentes :-)

Ele é pequeno, muito pequeno, mas extremamente bem feito, e pra ir lá se pega o bondinho da cidade por 5 dólares ida-e-volta. A entrada, com exposição e show, custa mesmo uns 15 dólares. É caro pro lugar, mas como disse é bem feitinho. Tem uma sala imitando a ISS com um manche e telão pra você pilotar uma nave por órbitas até planetas do sistema solar, batendo em satélites e asteróides em primeira pessoa e tudo. Tem um painel com vídeos num telão de lançamentos de foguetes de carga pesada, e o chão do lugar treme com os graves do vídeo pra você sentir a potência, as crianças… e… hmm, eu… se divertiam! Toquei numa pedra trazida da lua que tem lá e fui no show, que foi repeteco do que vimos na Grécia, mas dessa vez em inglês pelo menos. O pós-show era com uma astrônoma do lugar e foi bem legal ela explicar como se navega de noite usando estrelas e como a mitologia de cada constelação se junta numa história só. Diversão pra mais de hora!

Uma coisa ótima em Wellington foi cozinhar de verdade. Nossos couchsurfers tinham um apartamento com cozinha ótima e não se importavam em nada, tranquilos demais. Como eram vegetarianos, inventamos uma madalena de cogumelos e legumes que até deu certo, virou receita nossa. E a clássica torta de banana da Dani, claro. Eles nos fizeram nachos com chili também, não dá pra não gostar de gordices quando se faz couchsurfing. Eles morarem perto do fim do centro com o subúrbio, com um hipermercado do outro lado da rua, ajudou bastante também.

Vista do nosso quarto na casa do CS em Newton, Wellington

Vista do nosso quarto na casa do CS em Newton, Wellington

Inclusive, nosso CS tem bilhetes pra vários jogos na copa ano que vem no Brasil e acabamos fazendo um desserviço pra indústria do turismo nacional. Acho que botamos tanto medo nele por segurança na NZ ser quase de fantasia que ele vai se borrar todo pra cruzar a fronteira da Bolívia pro Brasil, como planeja, mas acho que estará tudo bem…

"It's a matter of perspective" segundo Wellington

“It’s a matter of perspective” segundo Wellington

Wellington comprovou a fama de cidade “cool” da Nova Zelândia, tanto pelas coisas que se pode fazer nela quanto pelo baita vento gelado que nunca para naquele lugar, tá louco. É um cravo minúsculo no cú do mundo. Uma capital que parece mais vila do interior com uns prédios soltos no meio, mas foi super legal, aproveitamos muito bem e a beleza da região foi marcante.

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