Jan 04 2014
caio1982nerd, pessoal, random, rtw
Como havia acabado de me formar quando começamos a volta ao mundo, eu estava bastante empolgado pelo que ouviria e veria relacionado a línguas viajando por aí — eu gosto de dizer por aí desse jeito. Naturalmente tinha uma boa dose de ingenuidade nisso, visto que passaríamos por lugares meio que conhecidos já, nada absurdamente exótico culturalmente, ou mesmo muito isolado, ou muito linguisticamente relevante hoje em dia. Contudo, consegui me divertir bastante reparando em detalhes no dia-a-dia e anotei tudo como recordação, abaixo. Claro, pra um linguista, simplesmente ter contato cotidiano por pouco tempo com uma língua não é suficiente… mas não dava tempo de estudar em nada nenhuma delas, é a vida. Me contentei com um safari por elas :-)
Linguistas, pessoas sérias
Viajamos por todos os continentes habitados, então era de se esperar ter contato com um número decente de línguas de famílias linguísticas diferentes. Se não me falha a memória, além de variantes européias e africanas do português, li e ouvi: um pouco de zulu, muito africâner e umas frases em xhosa; muito árabe egípcio, do qual até aprendi umas frases; grego; italiano; alemão e uma boa dose de alemão suíço; francês; espanhol em vários rebolados, língua basca e catalão; nepalês padrão e dialeto gurung em uns vilarejos e que não entendi muito, além de algumas coisas em línguas indianas que também não conheço, como hindi; muito tailandês gritado; malaio e a mistureba linguística que singapuranos falam; um pouco de vietnamita, que me pareceu bem suave; cambojano, ou língua khmer; maori, divertido nas ruas e na televisão; um pouquinho de japonês e coreano dos turistas e muito chinês mandarim e cantonês espalhado pelo mundo todo; inglês americano, britânico, irlandês, escocês, australiano, kiwi, sulafricano, singapurano e o pidgin, ufa, que todas as pessoas do mundo tentam falar de vez em quando!
Uma coisa é ler sobre uma língua qualquer, outra é ter a chance de ouví-las em uma viagem. Me diverti e matei muito tempo ouvindo pessoas conversando e tentando interpretar em símbolos fonéticos na minha cabeça o que elas estavam pronunciando. Devo ter ouvido outras línguas que não faço idéia em albergues e hospedagens por aí — falei que gostava de dizer por aí — e tentava sempre me entreter tentando adivinhar da onde a pessoa era. Se não soubesse identificar por nome a língua com alguma precisão, tentava adivinhar a região linguística onde a pessoa cresceu. E como a Dani sempre tava me perguntando qual língua alguém tava falando, por curiosidade ou estranhamento, então isso era também um tipo de “desafio ao galo” heheh.
Saber que alguém era do leste europeu ou do norte da europa era fácil até sem olhar pra pessoa, o que estragaria a brincadeira entregando na hora da onde ela era. Fiquei verdadeiramente satisfeito e com o ego massageado quando uma moça francesa que acabara de conhecer ficou impressionada por eu notar que ela era de Paris e não do sul da França, onde estávamos, mas na hora pareceu simples! Além disso, chegou uma hora na viagem que notar a diferença entre tailandês, chinês, coreano e japonês ficou trivial até, por tanto contato que tivemos com asiáticos :-)
Outra coisa muito legal e interessante foi ver e cof cof ler cof cof tudo com alfabetos alienígenas pra um brasileiro. Como muitas línguas usam alfabeto latinizado, isso não teve tanta graça em boa parte da viagem. Mas até aprendi a ler números em árabe, que parece difícil falando assim mas é mais simples do que se imagina, alguns números são até óbvios, e é bastante prático no dia-a-dia pelo oriente médio pra conferir preços, bilhetes etc. Cirílico até vimos em albergues e casas onde ficamos, mas foi praticamente um pouquinho ali, um pouquinho acolá, irrelevante.
Alfabeto grego foi outro que rendeu também, a Dani não entendia como eu sabia ler ele, mas era uma manha. O fato é que eu não sabia lê-lo mesmo e acabou, o que eu sabia era pra onde eu queria ir e os nomes dos pontos de referências nas cidades, então era só traduzir as letras deles pro som que eu conheço, arrendondar uns chutes do que é o que e pronto, truque barato mas eficiente pra impressionar as gatinhas na festa de fim de ano e de quebra não se perder pela Grécia!
Nepalês e línguas indianas pra mim ainda são um mistério, mas como me interesso pouco por elas nem fui muito atrás. Agora, línguas do sudeste asiático acabarem sendo legais porque as sutilezas e diferenças delas são bacanas de notar. Acho, mas sem muita certeza, que consigo dizer se um texto tá em tailandês ou cambojano só de bater o olho nele agora. Talvez eu perca esse super poder em breve, sem praticá-lo. Diferenciar japonês, chinês e coreano não conta porque é bastante fácil se você usar um pouco de observação. Difícil mesmo é entender aquilo :-)
Uma coisa engraçada em relação a entender o que tão falando é que tão logo notamos que muitas palavras soam como universais, a Dani e eu, Caio, começamos a falar em voltas. Explico. Você não pode simplesmente chegar num albergue e falar que um americano parece idiota por estar comendo sopa. American. Idiot. Soup. Ele vai entender. O exemplo é tosco mas é só pra explicar a idéia. Então, no lugar, você diz que tal gringo é besta ou bobo por estar comendo aquele caldo ou ensopado. Coisas assim, ou então apelávamos pra encavalar todas as palavras da frase e sem falar muito alto. Acredite, se bobear as pessoas entendem que você tá falando delas mesmo sem conhecer sua língua. Às vezes é meio constrangedor elas te olharem feio e você demorar uns segundos pra perceber a cagada.
Chegou uma hora em que só falávamos assim, com frases com o dobro do comprimento pra dizer “aquele cara do país onde fizemos tal coisa” porque o nome do país é óbvio demais em todas as línguas que encontramos, como, sei lá, França, ou Austrália. É como quando diziam algo sobre nós, brasileiros. Brasil é um termo quase intraduzível, acho que só orientais tem termo próprio pra gente, então é fácil saber e reparar quando tão falando algo de você e pegar a pessoa no flagra.
Pessoas monolíngues não sabem o que estão perdendo. É uma lástima enorme se você só fala uma língua, como a maioria absoluta dos brasileiros. O mundo não é nem nunca foi monolíngue, e nem será. Nunca vou entender esse orgulho idiota, nacionalista até, que os brasileiros tem em não saber ou mesmo querer aprender outras línguas. Tudo bem, o Brasil é enorme e auto-suficiente em questão cultural e linguística, as pessoas não precisam aprender outras línguas de fato a não ser por pressão econômica hoje em dia. O problema é esse não querer, que é atitude padrão. É totalmente limitante pra um povo, até fisiologicamente pra um indivíduo.
Por falar só inglês e entender um pouco de outras línguas (como espanhol que aprendi suficiente pra conversar e italiano, que pra surpresa da Dani até hoje não faço idéia como compreendia as pessoas falando na rua sendo que nunca o estudei [talvez resultado de ter estudado latim um pouco {ou foram os genes da família falando}, sei lá]) ainda me sinto envergonhado viajando. Eu devia falar outras línguas. Pelo menos outras duas! Quanto melhor os binóculos melhor o safári! Sacou a piada? Imagine falar somente português e mais nada, e perder tudo o que tem aí fora… e ainda ter orgulho da própria estupidez…
Dec 30 2013
danihabkostpessoal, random, rtw
Chegou a hora de dar tchau pra 2013, um ano que pra gente foi inesquecível. Foi o ano de realizar o que ficou na cabeça e no papel por muito tempo, de conhecer lugares onde nunca imaginamos estar, de realizar sonhos e de aprender muito!
Mas o melhor de tudo é que 2014 está chegando novinho em folha, pra gente fazer dele o que quiser. Já que é hora de renovar os votos, pra todo mundo que deu uma passada por aqui esse ano, para 2014 desejamos…
Que tenha fartura…
Caio devorando um sanduiche humilde em Sorrento, Itália
…mas também saiba ser criativo nas dificuldades.
“Sanduíche de ovo” era o que tinha pra comer em Lauterbrunnen, Suíça.
Que faça novos amigos.
Dani e o Jorda, o lobo da nossa couchsurfer em Johanesburgo, África do Sul
Que tenha tempo pra relaxar…
Curtindo o descanso e a vista em Plettenberg Bay, África do Sul
… mas que não falte ânimo pra chegar o quão alto quiser chegar!
Caio e Dani à 5.419m em Thorung La, Nepal
Que se permita ser meio bobo às vezes.
Caio curtindo uma água de coco em Siem Reap, Cambodia
Que tenha coragem sempre que precisar.
Dani atravessando o precipício a caminho do Tilicho Lake, Nepal
Que não tenha medo de experimentar coisas novas.
Um bichinho no nosso Pad Thai em Bangkok, Tailândia
Que vença medos de infância.
Dani faceira pela primeira vez plantando bananeira em Koh Lanta, Tailândia
Que realize algum sonho.
Dani saltando para o primeiro mergulho em Koh Tao, Tailândia
Que conheça lugares famosos…
Dani e Caio no Museu do Louvre em Paris, França
…mas também paraísos escondidos.
A praia linda, isolada e vazia de Agia Theodotis na ilha de Ios, Grécia
Que saiba improvisar!
A bota abriu no meio da trilha no Nepal? Silver Tape nela!
Que finalmente comece a malhar…
Caio provando que é forte nas Pirâmides de Giza, Egito
…ou que finalmente comece aquela dieta.
Lanchinho da tarde em Avignon, França
Que veja que o melhor da vida é de graça! Seja uma paisagem…
Mount Cook e seu reflexo no Matheson Lake, Nova Zelândia
…ou dormir de conchinha!
Luffy e Nesquick, nossos colegas de quarto em Barcelona, Espanha
Que contemple.
Caio no alto da Table Mountain na Cidade do Cabo, Áfica do Sul
Que sinta.
Dani no templo de Philae em Aswan, Egito
Que tenha companhia pra dividir tudo isso!
Lake Tekapo, Nova Zelândia
Que ame… ame muito.
Bitoca no Tilicho Lake, Nepal
E por fim, que nunca se esqueça do mais importante…
Nosso presente de despedida que tá nos esperando em Curitiba, Brasil :-)
Feliz 2014! :-)
Ano novo de bicicleta por São Francisco!
Dec 29 2013
caio1982novazelandia, oceania, rtw
Esse post vai ser mais fotos e paisagens do que texto, mas vale a pena mencionar a trabalheira que foi cruzar a ilha sul da Nova Zelândia. Foi uma correria em 8 dias, sendo que desses 4 foram viajando entre cidades e vilas com ônibus comum e ferry e saindo de avião. Pauleira que só aguentamos porque não tivemos dinheiro pra um carro nosso e o tempo era curto, ônibus dominou geral. Queríamos visitar uma das geleiras do país, e fizemos um ótimo passeio! Conhecemos um pouco de cada lado da ilha, todos os lados mesmo, mas ao mesmo tempo nenhum extremo geográfico delas. Não fomos até Milford Sound, nem até Invercargill ou Nelson, por exemplo. Fomos de Wellington, na ponta da ilha norte, até Picton na ponta oposta da ilha sul. De lá fomos até Christchurch, que não pareceu destruída por terremoto como nos falaram. Então cruzamos as paisagens mais bonitas de estrada que já vimos até Queenstown e de lá subimos até a geleira Fox. No mapa da Nova Zelândia, se desenhar uma linha no formato de um anzol ficará bem parecido com o caminho que fizemos pelo país… e isso aqui foi o que vimos na ilha sul, bem resumidamente :-)
Sombra bonita na água azul mentira do Lago Wakatipu
Panorâmica do alto do teleférico em Queenstown
Geleira Fox! Fomos até o meio, mais próximo do paredão que do terminus
Monte Cook na panorâmica do Lago Matheson
Paisagem rural meio típica, sempre há ovelhinhas
“Corre pra aparecer na foto também, olha o timer!”
Lagarteando no centro de Queenstown
Lago Tekapo, absurdamente cristalino e lindo
Paisagem em volta do Lago Tekapo
Cachoeira do Thunder Creek
Possivelmente o Lago Wanaka
Quando o motorista não parava pra fotos, o jeito era tirar de dentro do ônibus
Cruzando o mar de Wellington até Picton
Caminho de Christchurch até Queenstown… após Geraldine?
Dec 28 2013
dani e caionovazelandia, oceania, rtw
E la fomos nós atravessar a ilha sul toda da Nova Zelândia só pra andar sobre uma geleira! Desde quando conhecemos um rapaz no meio da viagem ficávamos pensando em qual iríamos. Muitos meses atrás ele nos recomendou ir nas duas que há no país, Fox e Franz Josef, mas só teríamos tempo e dinheiro pra uma delas e não sabíamos qual escolher.
Problema resolvido, visitamos a geleira Fox :-)
O ruim da Franz Josef é que pra andar no gelo você precisa aterrisar nele de helicóptero, não dá pra ir andando, então ficou proibitivo pra dois mochileiros com fome. Fomos pra Fox mesmo, e a vila que serve de base pra quem vai lá é tão pequena que é só uma “avenida” e por acaso essa “avenida” é a rodovia nacional deles. Mas é bem fofinha :-)
Nossa saída com a única empresa licenciada pra operar na geleira era de manhã bem cedo, mas acordamos com o tempo incrivelmente feio, chovendo, frio etc. Na hora nos deram a opção de remarcar pro dia seguinte, e assim fizemos depois da super Dani checar no celular com o resto de bateria que tinha que a manhã seguinte seria de sol forte. Era isso, prometendo bem até, ou ir na chuva mesmo e com risco de não entrar no gelo. Foi uma correria conciliar todas as mudanças de horários e datas, não tínhamos onde dormir no dia seguinte, o albergue em Queenstown pra volta teve que ser cancelado etc, uma zona, mas deu certo e compensou.
Como a saída pra geleira seria agora à tarde, aproveitamos o novo tempo livre que surgiu e fomos pela manhã fazer uma caminhada até o Lago Matheson, de onde dá pra ver o Monte Cook todo com neve. Foram 12 km de ida-e-volta e quando chegamos não achamos tão espetacular a vista porque tinha brisa e a água do lago se movia muito. Cinco minutos depois parou tudo e fez um espelho na água pra se ver as montanhas que foi demais!
Vista do primeiro mirante no Lago Matheson, e Monte Cook no fundo
Engraçado que em nenhum lugar achamos dica pra ir no lago, ninguém se importa muito, é uma caminhada bem tranquila mas todos que até vão lá vão de carro e não se importam muito não. Isso faz pensar no quanto perdemos pela Nova Zelândia por não haver informação decente e acessível sobre como ir e ver e fazer coisas sem automóvel.
Já indo pra gelo gostamos bastante da organização e preparo do pessoal que cuida das trilhas e passeios na geleira Fox. São todos engraçados, emprestam todo tipo de equipamento e roupas, e até mochilas impermeáveis te dão pra levar suas coisas já que ali é onde mais chove no país todo, por isso as geleiras são tão grandes e se movem tanto. Falando nisso, há nas paredes deles fotos da geleira de vários anos, e hoje está bem menor que há 10 anos atrás, mas dizem que no topo ela tá em uma época de crescimento, mas o gelo demora pra descer. Dizem que daqui 10 ou 15 anos ela estará imensa novamente.
Pra eles isso é pouquinho gelo…
Foram só 15 minutos de ônibus até a entrada do parque. Originalmente onde hoje é o estacionamento é onde o gelo terminava, mas agora se tem que andar um pouco até o terminus, como chamam. Na concentração pra começar a caminhada a guia com picareta na mão explicava que ali é uma área de desabamentos e quais cuidados deveríamos ter etc e na mesma hora ouvimos um estrondo altíssimo. Na borda da montanha atrás da gente, do outro lado do rio, começou a desabar e rolar pedras e algumas eram enormes! Resquícios do gelo que sustentava as montanhas antigamente e que não está mais ali! Teve bastante poeira e foi animal de ver, principalmente por não ter sido nas nossas cabeças, e deu pra entender a seriedade do aviso da guia que também ficou impressionada.
Parece pequena né? Ache as pessoas pra ver a escala…
Leva-se 1 hora andando pela base do vale onde tinha gelo até o terminus atual, e na entrada pra parte congelada te emprestam bastões de caminhada e grampos de metal pras botas. Pra quem andou sozinho no Nepal por lugar bem mais perigosos, é bem estranho alguém segurar sua mão pra atravessar três pedras sobre uma poça d’água :-)
Quando se finalmente pisa no gelo, dentro da geleira mesmo, é que se dá conta do tamanho do lugar. É bem maior que parece. A geleira Fox da NZ, pra terem idéia, tem 13km e é alimentada por outras quatro geleiras até chegar praticamente “na praia” em termos de geleiras. É muito baixa, incrível. O tal Lago Matheson que visitamos antes de ir lá, foi formado no final da última era glacial quando a geleira retrocedeu, e é muito longe dali! A velocidade com que ela se desloca é bem rápida, avançando mais de um metro por semana. Ela e a geleira Franz Josef são umas das geleiras mais rápidas que tem, às vezes 10x mais rápidas que geleiras normais, por isso foi tão incrível andarmos sobre a Fox :-D
Rocha enorme monitorada, rola geleira abaixo 9 metros por ano
As bordas do gelo são meio sujas pelo pó resultante do atrito entre pedras e dos desabamentos. É bem legal o padrão de poeira que deixam no gelo, às vezes se amontoam e o sol vai derretendo o gelo em volta do monte de pó cinza de pedra. Como ele não derrete porque o pó protege o gelo abaixo, a geleira tem regiões de “formigueiros” de pó e gelo, bem curioso.
Andamos por cerca de 1h30min no gelo, a guia até reforçava degraus com a picareta dela, já que segundo ela em 2 dias os degraus somem pelo movimento do gelo se não fizerem isso todo dia. Vimos muitos buracos de azul cintilante e profundos demais, com água caindo pra dentro até a base da geleira e por onde escoa até virar o rio que acompanhamos andando na trilha inicial. E ah, até tomamos dessa água! Absurdamente gelada, tanto quanto nas montanhas da Suíça e Nepal quando experimentamos, bem refrescante.
Na borda do gelo com a “trim line” pra fazer um vídeo
As pessoas do nosso grupo de trilha pela geleira não pareciam estar se divertindo muito pela falta de perguntas pra guia ou sorrisos ou até empolgação em andar por ali. Todo mundo com cara meio de cú. Nós dois estávamos achando o máximo tudo o que viamos, e eu, Caio, sorria sozinho o tempo todo. Devo ter sido a alegria da guia já que ninguém interagia com a empolgação dela hahah. Dani tava maravilhada, se sentia na muralha de gelo do Game of Thrones até, tirou foto em todos os cantos possíveis e falava “the winter is coming” de tempos em tempos :-)
Dani na entrada de um dos buracos azuis sem fundo
De volta no albergue no fim do dia conhecemos um alemão que tava sem grana e foi até lá só pra fazer uma trilha de graça e ver a geleira de longe. Tentamos explicar o que fizemos e convencer ele a não perder a oportunidade, que gastasse o que pudesse. É muito emocionante andar por cima e por dentro de uma maravilha natural como essa. Compensa com folga os 100 dólares por pessoa que pagamos na trilha de apenas algumas horas, a mais baratinha e simples de todas. Se tivéssemos mais dinheiro pra rasgar certamente faríamos um passeio de mais horas com direito a pousar de helicóptero quase na origem da geleira lá no alto. Foram 3 longos dias seguidos em ônibus até chegar na geleira Fox, mas valeu a pena demais, demais mesmo.
Dec 23 2013
caio1982novazelandia, oceania, rtw
Na nossa jornada rumo ao sul da Nova Zelândia, seria mais que natural parar em Wellington. No final da ilha norte, capital do país, paisagens bonitas e couchsurfing fácil! Chegamos num começo de sábado à noite, achando que a cidade estaria movimentada mas que nada… fomos andando pela borda da baía e ruas do centro e não vimos ninguém. Wellington tava completamente vazia, como em um filme de apocalipse zumbi, só faltava eles aparecerem pra assustar a gente com o vento uivando pelas ruas.
Na primeira noite ficamos, por comodidade, num albergue de mais de 125 anos, o Cambridge, e no domingo aí sim fomos pra surfar mais um sofá. Fez até um sol, então tinha finalmente gente no que eles chamam de praia. Inclusive um cara 100% peladão deu “as caras” na Oriental Beach, de boa, andando tranquilo pelo calçadão!
Oriental Beach, no verão de água congelante deles
Aproveitamos estar em Wellington e eu, Caio, me diverti horrores indo na Weta. Mais Senhor dos Anéis. Os escritórios deles ficam relativamente perto do centro, em Miramar. Do lado eles tem a Weta Cave, um museu em formato de caverna com tudo que puder pensar em bugigangas de todos os filmes que eles já produziram. Foram 4 dólares a passagem de ônibus e ele parou em frente, super fácil, vale o passeio ainda mais por ser de graça e incluir um filme sobre a história deles. O que não é de graça, é claro, são os itens animalescos que tem dentro.
Trolls enormes na entrada da Weta
Weta é foda, são a Industrial Light & Magic dessa geração, incrível visitar eles. Fomos num tour guiado por funcionários por dentro das oficinas deles, vendo processo de criação de peças físicas dos filmes, de espadas do Senhor dos Anéis a armas e robôs e aliens de Distrito 9. Tinha um cara fazendo algo na fresa em umas empunhaduras de espada até, e uma guria fazendo miniaturas pro reboot de Thunderbirds que eles tão produzindo.
Falando em museu, e pra variar é um lugar em que sempre batemos ponto, o nacional de Wellington é fantástico pelo preço super em conta: zero. São 6 andares de coisas sobre a história do país, geografia alienígena que eles tem e cultura maori. Nem demos conta de ver tudo em um dia inclusive! Tinha uma parte de geologia legal, com uma casa dos anos 80 com TV de tubo passando notícias do dia de um terremoto, e de repente a casa, com visitantes do museu dentro, começa a simular um terremoto :-)
Pra justificar estar em Wellington mesmo, só faltava mais um pouquinho de Senhor dos Anéis, de novo, rapidinho, só mais essa vez. Peter Jackson sempre faz as estréias mundiais dele no cinema Embassy, centenário na cidade. Então fomos com os couchsurfers ver Hobbit lá, em HFR e tudo, e nos deram os óculos 3D da sessão de suvenir 8-)
The Embassy
De natureza o que vale com toda certeza em Wellington é subir o Monte Vitória, em nome a rainha inglesa. Esperávamos ser meio sem graça mas do alto é bem bonito, o parque ao longo do caminho é bem fechado, dá sensação da cidade ser bem longe dali com trilhas de terra e raízes de árvores enormes, muitos pinheiros e… de repente, se vê toda a baía da cidade lá embaixo, e um avião cargueiro de guerra passando pelo seu lado rumo ao aeroporto (e arremetendo, baita oportunidade rara de ver!). Lá foi onde também filmaram a cena do primeiro Senhor dos Anéis quando os Nazgûl vão até a saída do condado pegar os hobbits e eles se escondem debaixo de um tronco, lá tem uma placa mostrando onde é o cenário mas nem achamos. E tudo isso do parque em uma área minúscula no meio de dois planos que emergiram de terremotos. Bizarro.
Oriental Bay do alto do Monte Vitória
Do outro lado da cidade, em outro ponto de mirante, tem o planetário. Esse foi especial porque ter ido lá marcou território pra gente. Agora já fomos em pelo menos um planetário diferente em todos os continentes :-)
Ele é pequeno, muito pequeno, mas extremamente bem feito, e pra ir lá se pega o bondinho da cidade por 5 dólares ida-e-volta. A entrada, com exposição e show, custa mesmo uns 15 dólares. É caro pro lugar, mas como disse é bem feitinho. Tem uma sala imitando a ISS com um manche e telão pra você pilotar uma nave por órbitas até planetas do sistema solar, batendo em satélites e asteróides em primeira pessoa e tudo. Tem um painel com vídeos num telão de lançamentos de foguetes de carga pesada, e o chão do lugar treme com os graves do vídeo pra você sentir a potência, as crianças… e… hmm, eu… se divertiam! Toquei numa pedra trazida da lua que tem lá e fui no show, que foi repeteco do que vimos na Grécia, mas dessa vez em inglês pelo menos. O pós-show era com uma astrônoma do lugar e foi bem legal ela explicar como se navega de noite usando estrelas e como a mitologia de cada constelação se junta numa história só. Diversão pra mais de hora!
Uma coisa ótima em Wellington foi cozinhar de verdade. Nossos couchsurfers tinham um apartamento com cozinha ótima e não se importavam em nada, tranquilos demais. Como eram vegetarianos, inventamos uma madalena de cogumelos e legumes que até deu certo, virou receita nossa. E a clássica torta de banana da Dani, claro. Eles nos fizeram nachos com chili também, não dá pra não gostar de gordices quando se faz couchsurfing. Eles morarem perto do fim do centro com o subúrbio, com um hipermercado do outro lado da rua, ajudou bastante também.
Vista do nosso quarto na casa do CS em Newton, Wellington
Inclusive, nosso CS tem bilhetes pra vários jogos na copa ano que vem no Brasil e acabamos fazendo um desserviço pra indústria do turismo nacional. Acho que botamos tanto medo nele por segurança na NZ ser quase de fantasia que ele vai se borrar todo pra cruzar a fronteira da Bolívia pro Brasil, como planeja, mas acho que estará tudo bem…
“It’s a matter of perspective” segundo Wellington
Wellington comprovou a fama de cidade “cool” da Nova Zelândia, tanto pelas coisas que se pode fazer nela quanto pelo baita vento gelado que nunca para naquele lugar, tá louco. É um cravo minúsculo no cú do mundo. Uma capital que parece mais vila do interior com uns prédios soltos no meio, mas foi super legal, aproveitamos muito bem e a beleza da região foi marcante.
Dec 21 2013
caio1982novazelandia, oceania, rtw
Meio que não sabiamos como passear pela Nova Zelândia direito quando chegamos em Auckland, mas sabíamos que queríamos visitar uma das regiões em que filmaram Senhor dos Anéis! Afinal, aqui é a Terra Média como os locais tem orgulho em dizer, todo o país foi cenário pros filmes. O problema é que é tudo tão remoto e caro pra ir que sem carro, como nós estamos, fica complicado demais…
Um couchsurfer nos recomendou ir pro Tongariro, o parque nacional onde ficam vulcões ativos que foram usados pra filmar Mordor e a Montanha da Perdição na trilogia, e lá fomos nós! Achávamos que lá só havia trilhas de 3 a 5 dias e com reserva de cabanas, as chamadas Great Walks que são super populares aqui no verão. Mas não, tem uma trilha clássica chamada Passagem Alpina que dura 8h e muita gente faz em um bate-e-volta, convenientemente perto da parada do nosso ônibus. Perfeito!
Numa dessas estradas da vida, cara, sabe como é :-P
O único vacilo nosso foi achar que a parada National Park era a do parque mesmo, mas não é. Ela é uma vila de algumas casas e um posto de gasolina que dista 20km das montanhas. Era onde nosso ônibus parava e tinha albergue disponível, então beleza, mas as opções de trilhas em volta são quase inexistentes. Se quiser ficar vários dias no parque pra fazer várias trilhas o melhor é ir de carona ou à pé ou de carro pra Whakapapa, a vila realmente na base das montanhas.
Nosso albergue parecia o mais vazio entre os três da vila que estavam funcionando, e eles tinham um esquema padrão da região pra quem faz a Passagem Alpina. Paga-se 25 dólares, te pegam às 7AM pra começar a trilha efetivamente às 8AM e esperam do outro lado do parque pra te levar de volta pontualmente às 4PM. Não terminou a trilha na hora? Azar, vai ficar na montanha esperando a boa vontade de caronas ou pagará um extra pra te recolherem, não tem choro. Isso é meio ruim porque te botam um limite bem pesado de tempo pra fazer um passeio incrível na natureza que poderia durar até o dobro do tempo se você gosta de paisagens diferentes. Mas dá pra aproveitar bem mesmo assim! Andamos em ritmo relativamente puxado e percebemos que nossas parciais batiam com os tempos de trilhas que haviam indicado em panfletos, então é só não embaçar muito pra fotos demais que todos se divertem :-)
Deixaram isso no começo da trilha… hmm, veremos!
Pros perdidos de plantão, essa região na Nova Zelândia é uma das mais legais pra nerds por vários motivos. Primeiro que o Peter Jackson quando adaptou pro cinema o Senhor dos Anéis ele não virou Sir da realeza inglesa por nada, a grana que ele trouxe pro país com turistas visitando os lugares naturais dos filmes é absurda e ele ganhou o título por isso. Segundo porque as principais cenas do desfecho dos filmes acontece aqui.
Ngauruhoe, ou Mount Doom, ou Montanha da Perdição
O parque Tongariro é Mordor na trilogia, a terra devastada que é onde o mal mora na história original. O vulcão por onde fizemos a trilha é simplesmente onde o um anel do Senhor dos Anéis foi forjado, e posteriormente também destruído. É ali que o senhor dos anéis, do Senhor dos Anéis, fica. Que passeio :-)
Dá pra ter noção da escala da paisagem?
O caminho até lá passa por uma estradinha de terra preta vulcânica e pelo chatô onde ficou hospedada a equipe dos filmes, que era cinco estrelas quando construíram ele no pé do vulcão e hoje é três e meia parece. Vai saber o motivo da queda… :-)
Creio que o aviso veio meio tarde :-)
A trilha começa apontando pra entre as montanhas vulcões Ruapehu e Ngauruhoe mas acaba começando no noroeste do vulcão que no Senhor dos Anéis é Mount Doom, a Montanha da Perdição. Sobe-se uma escadaria de rochas vulcânicas porosas e ultra duras enorme e cansativa, a Devil’s Staircase, depois passa-se por um vale (ou seria uma ravina ali?) entre o vulcão e a cratera de outras explosões antigas.
Dani felizona no topo do Tongariro
Pelo tempo e nosso ritmo dava pra subir o Monte Tongariro, que fica a quase 2.000 metros, então fomos lá ver a paisagem do altão, a vista pro vulcão seria boa já que não pudemos subir ele porque chegamos atrasados. Se tivéssemos chegado 1h antes teria dado tempo de subir o vulcão até a boca dele e ser pego exatamente às 4PM, pena!
Não vou descrever o que isso parece, mas é de um vulcão fêmea
A volta do topo do Tongariro até a Cratera Vermelha é bem absurda, paisagem quase alienígena com o tempo fechando lá em cima já após o horário equivalente de almoço.
Sombras no meião entre as montanhas, lá no alto
A descida pela borda superior da Cratera Vermelha é incrível, demais mesmo. Eu descia pulando com os calcanhares e afundando a bota na areia preta fofa em uma ladeira longa em zigue-zague, foi bem divertido. Eu, Caio, me sentia na lua :-D
Trilha de formigas descendo a Cratera Vermelha
Passamos também pelos Lagos Esmeralda com cor e cheiro bem peculiar de região vulcânica, fediam apesar da beleza.
Bebeu morreu
Como tava nublado nessa hora, as fotos no Blue Lake não ficaram muito boas, mas é um lagão bem bonito de se ver do alto antes de começar a descida pra base do parque, que parece que não terminará nunca.
Pessoas em escala perto dos Lagos Esmeralda
Nossos joelhos sofreram um bocado, talvez por pensarmos demais neles na descida. Como a paisagem não muda muito, acaba sendo monótono e se pensa demais no cansaço. O engraçado é dizer que a paisagem fica monótona em um lugar desse. Em questão de horas perto de vulcões ativos soltando fumaça por onde pisávamos nós acabamos ficando mimados, isso sim!
Uma das lendas maori pra existência do Tongariro e dos vulcões e montanhas do parque é que um chefe de uma tribo uma vez decidiu subir a montanha dali pra tomar posse de toda terra que ele conseguisse enxergar lá do alto. Morrendo de frio no topo, implorou pros ancestrais que lhe aquecessem. Eles ouviram o chamado e mandaram explodir tudo com lava. Acho que deu certo se ele queria se aquecer :-)
Descendo pra ir embora, fumaça de vulcão subindo…
Chegamos no albergue totalmente cansados no fim do dia, após quase 7h de trilhas com quase nenhum descanso. Após tanto tempo depois do Nepal, nossos corpos vadiaram demais e foi duro encontrar músculo pro dia todo de trilha. Foram 10km subindo até 2.000 metros e outros 10km em descidas íngrimes, mas foi demais. Lindo e cansativo, realmente demais!
Dec 19 2013
caio1982novazelandia, oceania, rtw
Mudança grande de clima, finalmente! Chegamos com chuva fina e frio de gelar as pernas na Nova Zelândia, mas estávamos super felizes por finalmente aterrisarmos quase no “fim do mundo” onde o clima muda a cada 5 minutos, como todos gostam de lembrar aqui :-)
Dica de estréia: já deixamos pago o bilhete pra quando formos sair do país semanas depois, que do aeroporto pra cidade e mais a volta dá 23 dólares por pessoa. Chegar na cidade é muito rápido, o aeroporto é bem perto dela, ou ela que é bem pequena mesmo. É a maior cidade do país mas dá pra atravessar ela andando, é muito estranho isso. É quase uma capital mas tem atmosfera mais de interior que Curitiba, o que por si só é impressionante. Todos fazem questão de frisar como é a maior cidade, super movimentada etc mas pra gente, brasileiros, é um ovo sem ninguém nas ruas!
E foi bom voltar a fazer couchsurfing depois de meses, nosso CS em Auckland foi muito simpático. Saímos pra dar uma volta no bairro dele assim que chegamos e o tempo permitiu. No fim das contas andamos pelo centro todo de Auckland por ser tudo tão perto e minúsculo de verdade. Encontramos um tipo de feirinha de comidas e artesanato no Silo Park quando o sol saiu, e foi bom relaxar ali um pouco, cheio de crianças brincando e música legal tocando.
Domingueira ensolarada no Silo Park
Estar em Auckland e não tentar subir algum mirante é perder uma grande chance, e não queríamos simplesmente subir uma torre de TV no centro que, embora famosa, é sem gracinha e não vale a grana. Fomos pro Monte Éden que é bem melhor, de graça e tem uma vista muito foda da cidade, além de ser a cratera de um vulcão extinto :-)
Do alto do Monte Éden :-D
Toda segunda-feira no The Comedy Club (ou The Classic, não entendemos qual o nome real) no centro da cidade tem a noite de comediantes amadores fazendo “stand up”, foi bacana pagar só 4 dólares pra rir um tanto. Um amigo enfermeiro do nosso CS até tava estreando lá e mandou bem. Tinha uns bons mas tão amadores que morriam de vergonha e estragavam tudo no fim, dava dó. Não é todo mundo que sabe fazer piada sobre clamídia hahah.
Rangitoto lááá longe, do alto do Monte Éden
Aproveitamos muitas dicas do nosso CS e amigos deles pra passeios pela região, mas como não tínhamos muito tempo ficamos com algo mais próximo e conhecido. Pegamos um barco até Rangitoto, uma ilha pitoresca na baía de Auckland. Ela é uma ilha vulcânica toda “choquito” no solo e com vegetação não mais antiga que 200 anos, ainda crescendo.
Uma ilha vulcânica “choquito” seria assim
Dá pra subir até a borda do vulcão e andar uma trilha de 15 minutos pela borda, muito legal. Dani aproveitou pra fazer check-in lá no topo, tinha sinal de 3G até! Inclusive, um chip local com 1GB de dados, SMS ilimitados e 100 minutos aqui dá 15 dólares pela “2 degrees” e vale a pena. O sinal deles é suficiente pra ver vídeos como se estivéssemos no wifi, que aliás costuma ser ruinzinho por aqui em estabelecimentos. Enfim…
Agora do alto de Rangitoto, pra devolver a vista
No topo de Rangitoto encontramos duas excursões de criancinhas com os pais e professores. Uma de uma escola de brancos locais e outra de nativos maori. As crianças maori uma hora se juntaram todas e ficaram cantando no topo do vulcão e todos ficaram olhando, foi muito diferente e bonitinho. Fizeram até um haka meio sem jeito ainda no final.
Qué!
A região em volta de Rangitoto é bem bonita, tem várias praias vulcânicas e trilhas pra se fazer, mas todas demorando entre 3 e 6 horas. Pra gente, que ia pegar o último barco de volta pro continente, não rolou aproveitar essa parte.
Nosso CS apesar de bastante ocupado e com horários bizarros trabalhando na emergência de um hospital ainda arrumava coisas pra fazermos com ele, como ir numa escola de acrobacias que uma amiga também do CS organiza na base de doações. Basicamente, se tiver uns trocados e a noite livre, toda terça-feira no ginásio da Grammar School for Girls da cidade umas 30 pessoas se juntam pra aprender bizarrices e fazer manobras divertidas.
Eles falaram que isso era só o aquecimento
Tem de tudo, mas ficamos no básico mesmo, tentando ficar de cabeça pra baixo nos equilibrando nos joelhos de alguém, erguendo e sendo erguidos, fazendo torre humana e eu, Caio, até consegui fazer uma ponte sem usar as mãos equilibrando com outro cara. Foi da hora! Pena que não dava pra ficar tirando foto e tentando não quebrar o pescoço, mas acreditem que tentamos várias piras malucas. E ainda fechamos a noite indo com um grupo da escola comer um curry muito bom ali perto, e “baratinho” pros padrões deles de 8 dólares por pessoa…
Falando em comida, Auckland é bem estranha. Por serem ingleses, comem peixe, batatas e curry, sem problemas. Esperado. Mas tivemos uma baita surpresa ao descobrir que não se vê muitas frutas kiwis por aí, o que ok até, nem é tão grande coisa comparado com a quantidade de lugares e pessoas vendendo sushi pela cidade. Sério, o que se vê de barracas de cachorro quente e salgados no Brasil se vê de sushi por aqui. Geralmente são bandejas com sushis enormes e bem bons, bem feitos mesmo. Pros padrões de preço dele já são baratos, mas os lugares e quitandinhas com sushi tem até happy hour com 50% de desconto. Dá pra comer uma bandeja de sushi bem boa por tipo sete reais ou coisa assim. E isso virtualmente em toda e qualquer esquina. Aqui é a sushilândia!
Fizemos muita coisa legal nos primeiros dias na Nova Zelândia, porém Auckland foi meio que o início de uma frustração com a qual ainda estamos tentando nos acostumar. Lá no começo planejávamos conhecer a Nova Zelândia de um jeito diferente, trabalhar por um tempo como é tão comum entre mochileiros aqui, alugar um carro para viajar por conta própria e ficar em acampamentos. É assim que a maioria por aqui conhece o país. A gente queria ficar 60 dias no país mas a volatidade do dólar ao longo dos últimos meses e a dificuldade em conseguir trabalho (pois não conseguimos aplicar para o visto pois estávamos na trilha do Nepal quando as vagas abriram e esgotaram em horas), fez a gente mudar para só 20 dias e viajando de ônibus mesmo e tentando couchsurfar o quanto desse.
Dizem que aqui é paraíso pra mochileiros. De fato, é tudo lindo e animal, as paisagens são alucinantes, mas só se você tem dinheiro sobrando e tempo senão não vai aproveitar muito não. Infelizmente é a realidade. Nossa viagem sempre foi mais baseada em observar, e a Nova Zelândia é um país de fazer. Todos os lugares explodem de dicas sobre onde ir e com diversas atividades incríveis pra explorar ao máximo o país, mas todas bem caras. É preciso ter a cabeça bem centrada pra não surtar e ficar triste por bobagem. O fato é que é virtualmente impossível ver tudo mesmo, não tem jeito, e já somos privilegiados demais por termos três semanas em um lugar tão fantástico!
Dani diz... aqui é paraíso de mochileiros mas achar preços e dicas pra fazer coisas independentes tá sendo uma decepção! o que tem é superficial, melhor é chegar no lugar e ver na hora… prepare-se pra sustos!
Em Auckland nosso passeio pelas duas ilhas do fim do mundo começou bem intenso, mas ver como vai ser o resto agora. Vulcões, montanhas, e geleiras nos esperam :-D
Dec 17 2013
dani e caioasia, custos, dicas, planejamento, rtw
Desde o começo da nossa volta ao mundo temos tentado variar bastante os meios de transporte que usamos entre cidades (e dentro delas), pra experimentar de tudo mesmo. Na Ásia, apesar de um pouco apreensivos inicialmente, não poderia ter sido diferente e ter valido mais a pena. Se você tem curiosidade com relação à preços no sudeste do continente, tem medos se funciona ou não, quer saber da qualidade e eficiência nos transportes por ali… pode ficar tranquilo: é barato, flexível e funciona bem.
Experimentamos de tudo na região, sentamos nossas bundas em vans, micro-ônibus, ônibus normais, paus-de-arara, caçambas de caminhonetes, balsas, barcos a remo e motorizados, trens, aviões, motos, carros e tuk-tuks. Reservamos um post inteiro pra falar sobre isso agora, porque se no norte do continente se tem trens bala, metrôs com mil linhas e chão tão limpo que se pode lamber etc. No sudeste é tudo mais hardcore e poucos falam do que tem ali!
Ônibus
É a forma mais barata de viajar entre cidades na Ásia, mesmo entre países. Usamos ônibus no Nepal, Tailândia, Malásia e Cambodia. Quando a viagem é de dia, os ônibus lembram os convencionais do Brasil, não muito espaçosos, mas todos eles com ar condicionado (que com o calor que faz na Ásia é item básico).
Eles gostam de colocar o nome de “vip” para indicar os ônibus que tem uma qualidade melhor e vão transportar na maioria turistas, mas quase sempre tinha locais viajando nos mesmos ônibus, o que mostra que o preço não é tão mais alto assim. Se você estiver se sentindo aventureiro, dá pra ir até uma estação de ônibus dos locais pra tentar pegar um ônibus menos “vip” mas a vantagem não vai ser grande, garantimos: você não vai conseguir pagar o mesmo que eles, certamente vão cobrar de você a “taxa turista” e o preço final vai acabar saindo o mesmo do ônibus “vip”, mas por uma qualidade menor e sem a segurança de te avisarem onde esperar e onde descer etc.
Em todas as vezes que viajamos à noite de ônibus nos surpreendemos com a qualidade. Os ônibus noturnos são bem melhores que os diurnos, em geral melhores até que no Brasil. Costumam ter televisão, cobertor e reclinam bem. De Hat Yai, na fronteira da Tailândia, para Kuala Lumpur, na Malásia, pegamos um ônibus noturno que as poltronas eram praticamente camas e com o dobro de largura de um assento (só três por fileira), o ônibus mais confortável que já viajamos na vida!
Ônibus na Tailândia são decorados por dentro, com babados e tudo
Vans e micro-ônibus
Viajamos de van no Nepal, Tailândia e Cambodia para viagens curtas de até 4 horas, ou transporte até cidades próximas para passeios específicos. É o normal pra todo mundo. O problema é que muitas vezes não se sabe disso até chegar no lugar e ver que o ônibus na verdade é uma van, que foi bem o nosso caso quando compramos o ônibus de Siem Reap, no Cambodia, para Bangkok, na Tailândia, e descobrimos que tínhamos que trocar por uma van apertada nas 4 últimas horas de viagem. No Nepal, o ônibus “vip” de Kathmandu para Pokhara custava muito caro e pegamos um micro-ônibus local para fazer o trajeto que leva 8 horas, viagem épica que entrou para a história como uma das piores viagens que já tivemos que enfrentar. Em resumo, viajar de van ou micro-ônibus é apertado e ruim, mas não tem muito pra onde fugir, você vai acabar usando porque é como fazem “conexões” por terra.
Oito horas nisso pelas “estradas” no Nepal \,,/
Barcos
Viajamos bastante de barco na Tailândia pois visitamos três ilhas em duas costas diferentes: Koh Tao, Koh Lanta e Ko Phi Phi. Dizem que os barcos noturnos de baixa velocidade e com colchões no chão para as pessoas dormirem são ruins e desconfortáveis, mas nós só experimentamos os de alta velocidade (pois eram os que estavam inclusos nos pacotes que compramos nas vilas, dos quais falamos mais pra frente). No golfo da Tailândia (onde ficam Koh Pagnan, Koh Samui e Koh Tao) a principal empresa é a Songserm, e achamos os barcos bem confortáveis e rápidos. Na região do Mar de Adaman do outro lado do país (onde ficamm Koh Lanta e Koh Phi Phi) existem várias empresas pequenas que fazem transportes. Para chegar até Lanta pegamos uma balsa, e de lá fomos até Koh Phi Phi com um barco de alta velocidade bem similar aos da Songserm.
Em geral é impossível não fazer uma viagem de barco pelo sudeste da Ásia sem usar algum outro meio de transporte que mencionamos nesse post. Sempre encaixam uma van, ou uma caminhonete, ou um tuk-tuk ou algo do tipo como conexão do e para as embarcações. Elas foram sempre limpas, pelo que nos lembramos, com deques decentes até pra viajar fora do barco vendo a paisagem. Ou dentro, com ar condicionado. Na verdade algumas delas até tinham algo similares a bares vendendo lanches e bebidas pros que se esqueceram de comprar algo antes de embarcar. Dá pra imaginar a qualidade das viagens, nada mal.
Barco fechado super decente e rápido na Tailândia
Táxis de todo o tipo
Usamos táxi no Nepal, Tailândia e Cambodia, e cada um tem o seu estilo mais comum: carro, tuk-tuk, moto ou caminhonete. O que todos eles têm em comum é a negociação de preços que tem que ser pesada e feita antes de entrar no táxi, se possível já perto do valor trocado que tem na carteira já que ser roubado na hora do troco não é incomum. Vale discutir mas não é eficiente, fazer cara de bravo e virar as costas ainda é a melhor estratégia pra começarem a te dar descontos! No Nepal a forma mais frequente são os carros velhos deles, apesar de encontrar bastante tuk-tuk de bicicleta nas ruas de cidades grandes.
Os táxis rosa-choque de Bangkok
Nas ilhas da Tailândia os táxis são quase sempre caminhonetes enormes que levam as pessoas e suas mochilas na caçamba. Às vezes tem escadinha pra subir e lugar pra segurar, às vezes tem que escalar pra conseguir subir e ficar se equilibrando nos banquinhos de madeira que colocam lá, emoção pura enquanto correm feito loucos. Nas demais cidades da Tailândia e no Cambodia o jeito mais normal de se transportar são os famosos tuk-tuk feitos de moto, que além de serem mais baratos que táxis comuns são mais rápidos porque conseguem furar um pouco o trânsito. Em alguns casos os táxis são mais alternativos: em Bangkok enviaram um táxi para nos buscar que era uma moça dirigindo uma scooter, que levou eu e o Caio juntos na garupa. Pra levar a galera da estação de ônibus até o porto de Surat Thani, na Tailândia, o táxi que estava incluso era um pau-de-arara cheio de gente com cara de sono no meio da madrugada.
Tuk-tuk à mil por hora no Cambodia
Avião
Viajamos de avião duas vezes na Ásia. O vôo do Nepal para a Tailândia fazia parte do nosso bilhete RTW e viajamos de Thai Airlines, a melhor companhia aérea de toda a viagem. O serviço de bordo deles é excelente, comida muito boa, simpáticos e o entretenimento de bordo é simplesmente o melhor com filmes recentes. Fizemos também de avião o trecho de Singapura para Phnom Penh, no Cambodia, pois encontramos uma passagem pela Tiger Airlines pelo mesmo preço de se viajar de trem mais ônibus dando a volta no golfo todo. Foi a primeira vez que viajamos com companhias de baixo custo com as nossas mochilas como bagagem de mão e estávamos um pouco apreensivos, mas eles nem quiseram pesar (nem olharam pra elas, na verdade). Na hora do check-in implicaram um pouco porque a gente estava indo para o Cambodia sem passagem de volta, pois íamos comprar a saída do país de ônibus lá mesmo, mas quando mostramos que tínhamos passagem aérea marcada para sair da Ásia via Bangkok eles nos liberaram. Se procurar com antecedência dá pra achar ótimos preços, quanto maior a distância mais chances tem de o preço de avião bater o preço de viajar com outro meio de transporte.
Trem
A gente queria ter viajado mais de trem pela Ásia, mas o trecho que queríamos fazer de Bangkok até Chiang Mai, no norte da Tailândia, estava temporariamente fora de serviço. Acabamos experimentando somente o trecho de Kuala Lumpur a Singapura, uma viagem de 8 horas durante o dia mesmo pois era mais barato. O trem diurno é bem simples e viajamos sentados, mas pra quem prefere o conforto de viajar deitado tem também o trem noturno com camas, que pelo que dizem são muito boas. Trem não é conhecido como um transporte muito comum no sudeste asiático, mas dá pra atravessar a Tailândia de trem, ir de trem até os portos para as ilhas, ir para a Malásia e Singapura e até atravessar o Vietnã inteiro de trem! Foi uma pena não podermos ter viajado mais assim, mas pra quem interesse é fácil achar online todos os detalhes da malha logística e ferroviária do sudeste asiático.
Pacotes de transporte
Taí o que mais nos chamou a atenção durante nossas viagens pelo sudeste asiático: a facilidade de viajar. Em qualquer outro continente, viajar independente é muito mais barato do que comprar pacotes por agências de viagem. Mas não no sudeste asiático, não mesmo. Quando chegamos na Tailândia estávamos com todo o nosso trajeto de viagem e os preços mais ou menos projetados na nossa cabeça, como sempre fizemos, e tivemos uma surpresa em descobrir que os hotéis e até os albergues mais simplórios esquematizavam todo o transporte para onde a gente quisesse pelo mesmo preço (e às vezes até mais barato) de comprar as passagens sozinhos.
A primeira vez que fechamos um desses pacotes foi saindo de Bangkok, e ele incluía um ônibus até a cidade de Surat Thani, transporte até o porto e o barco até a ilha de Koh Tao para fazer nossos cursos de mergulho. Às 4h da manhã o ônibus parou e falou para nós e outras três pessoas descermos e esperar ali, o único lugar iluminado da rua, que em meia hora viriam buscar a gente pra levar pro porto. Descemos morrendo de medo, obviamente. De sermos assaltados, de chegar o tal transporte e quererem cobrar um extra pra nos levar até o porto e depois extra pra ir até a ilha etc. Já tinham pegado nossa passagem e nos deixaram apenas com um adesivinho na camiseta como recibo, vai saber. No final deu tudo certo, o transporte apareceu na hora combinada e chegamos ao nosso destino tranquilamente.
É muita tecnologia esse controle com adesivo nas camisetas. Todas as vezes que viajamos foi assim: pegam o seu bilhete e colam um adesivo na sua roupa com a cor ou formato indicando o seu destino. Quer saber se está no grupo certo? Olhe para o tipo do adesivo das pessoas perto de você, se for o mesmo que o seu você está bem! Nas primeiras vezes desconfiávamos muito, perguntávamos 500 vezes para onde estávamos nos levando, mas finalmente entendemos: não importa quem te vendeu ou quanto você pagou, se você está com o adesivinho certo colado em uma parte visível do seu corpo eles vão te levar onde você precisa ir com stress beirando a zero :-)
Compramos vários bilhetes incluindo os mais variados tipos de transporte e não tivemos nenhum problema, em todas as vezes apareceu alguém pra buscar a gente na hora combinada e nunca quiseram cobrar extra em nenhum trecho. Acima tem uma tabela com os gastos entre cidades e países na Ásia, pra referência.
O pacote mais absurdo que compramos foi para atravessar a Tailândia, saindo de Koh Tao até Koh Lanta, cruzando o país de costa a costa horizontalmente. Isso incluía táxi da pousada até o porto de Koh Tao, um ferry para Surat Thani (passando por Koh Samui e Ko Phangan no caminho) e ônibus em Surat Thani até Krabi. No dia seguinte, táxi até o porto de Krabi, van do porto de Krabi até um terminal de balsa e depois a mesma van até a porta do nosso bangalô em Koh Lanta. Serviço de porta a porta pra atravessar o país inteiro? Fala sério. Agora imagine o trampo de comprar cada um desses trechos isoladamente e fazer os horários encaixarem… não vale a pena fazer sozinho.
A lei dos transportes pela Ásia é a seguinte: não adianta querer fazer nada com antecedência ou agendar pela internet, o melhor jeito é chegar no lugar e resolver. De horários a preços. A gente costuma fazer tudo com antecedência e organizar tudo antes pra prever gastos e evitar imprevistos, então pra gente foi meio difícil entender isso no começo mas não tem muito como fugir dessa regra.
Com hospedagem é a mesma coisa. Vale a pena olhar o site do Hostel World e similares para entender quais são as opções nos lugares que irá visitar, mas a maior parte deles cobra mais ou até o dobro se reservar online. Chegue primeiro na cidade e vá perguntar quanto custa uma cama na hora e te falarão um preço bem mais camarada. Se não gostar, tente sair pela porta pra procurar outro lugar e os descontos começam a soar nos ouvidos. Logística no sudeste da Ásia é bem mais tranquilo do que se imagina, pode confiar que é disso que sobrevivem e sabem fazer direito :-)
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