Transportes alucinantes pelo sudeste da Ásia

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Desde o começo da nossa volta ao mundo temos tentado variar bastante os meios de transporte que usamos entre cidades (e dentro delas), pra experimentar de tudo mesmo. Na Ásia, apesar de um pouco apreensivos inicialmente, não poderia ter sido diferente e ter valido mais a pena. Se você tem curiosidade com relação à preços no sudeste do continente, tem medos se funciona ou não, quer saber da qualidade e eficiência nos transportes por ali… pode ficar tranquilo: é barato, flexível e funciona bem.

Experimentamos de tudo na região, sentamos nossas bundas em vans, micro-ônibus, ônibus normais, paus-de-arara, caçambas de caminhonetes, balsas, barcos a remo e motorizados, trens, aviões, motos, carros e tuk-tuks. Reservamos um post inteiro pra falar sobre isso agora, porque se no norte do continente se tem trens bala, metrôs com mil linhas e chão tão limpo que se pode lamber etc. No sudeste é tudo mais hardcore e poucos falam do que tem ali!

Ônibus

É a forma mais barata de viajar entre cidades na Ásia, mesmo entre países. Usamos ônibus no Nepal, Tailândia, Malásia e Cambodia. Quando a viagem é de dia, os ônibus lembram os convencionais do Brasil, não muito espaçosos, mas todos eles com ar condicionado (que com o calor que faz na Ásia é item básico).

Eles gostam de colocar o nome de “vip” para indicar os ônibus que tem uma qualidade melhor e vão transportar na maioria turistas, mas quase sempre tinha locais viajando nos mesmos ônibus, o que mostra que o preço não é tão mais alto assim. Se você estiver se sentindo aventureiro, dá pra ir até uma estação de ônibus dos locais pra tentar pegar um ônibus menos “vip” mas a vantagem não vai ser grande, garantimos: você não vai conseguir pagar o mesmo que eles, certamente vão cobrar de você a “taxa turista” e o preço final vai acabar saindo o mesmo do ônibus “vip”, mas por uma qualidade menor e sem a segurança de te avisarem onde esperar e onde descer etc.

Em todas as vezes que viajamos à noite de ônibus nos surpreendemos com a qualidade. Os ônibus noturnos são bem melhores que os diurnos, em geral melhores até que no Brasil. Costumam ter televisão, cobertor e reclinam bem. De Hat Yai, na fronteira da Tailândia, para Kuala Lumpur, na Malásia, pegamos um ônibus noturno que as poltronas eram praticamente camas e com o dobro de largura de um assento (só três por fileira), o ônibus mais confortável que já viajamos na vida!

Ônibus na Tailândia são decorados por dentro, com babados e tudo

Ônibus na Tailândia são decorados por dentro, com babados e tudo

Vans e micro-ônibus

Viajamos de van no Nepal, Tailândia e Cambodia para viagens curtas de até 4 horas, ou transporte até cidades próximas para passeios específicos. É o normal pra todo mundo. O problema é que muitas vezes não se sabe disso até chegar no lugar e ver que o ônibus na verdade é uma van, que foi bem o nosso caso quando compramos o ônibus de Siem Reap, no Cambodia, para Bangkok, na Tailândia, e descobrimos que tínhamos que trocar por uma van apertada nas 4 últimas horas de viagem. No Nepal, o ônibus “vip” de Kathmandu para Pokhara custava muito caro e pegamos um micro-ônibus local para fazer o trajeto que leva 8 horas, viagem épica que entrou para a história como uma das piores viagens que já tivemos que enfrentar. Em resumo, viajar de van ou micro-ônibus é apertado e ruim, mas não tem muito pra onde fugir, você vai acabar usando porque é como fazem “conexões” por terra.

Oito horas nisso pelas "estradas" no Nepal \,,/

Oito horas nisso pelas “estradas” no Nepal \,,/

Barcos

Viajamos bastante de barco na Tailândia pois visitamos três ilhas em duas costas diferentes: Koh Tao, Koh Lanta e Ko Phi Phi. Dizem que os barcos noturnos de baixa velocidade e com colchões no chão para as pessoas dormirem são ruins e desconfortáveis, mas nós só experimentamos os de alta velocidade (pois eram os que estavam inclusos nos pacotes que compramos nas vilas, dos quais falamos mais pra frente). No golfo da Tailândia (onde ficam Koh Pagnan, Koh Samui e Koh Tao) a principal empresa é a Songserm, e achamos os barcos bem confortáveis e rápidos. Na região do Mar de Adaman do outro lado do país (onde ficamm Koh Lanta e Koh Phi Phi) existem várias empresas pequenas que fazem transportes. Para chegar até Lanta pegamos uma balsa, e de lá fomos até Koh Phi Phi com um barco de alta velocidade bem similar aos da Songserm.

Em geral é impossível não fazer uma viagem de barco pelo sudeste da Ásia sem usar algum outro meio de transporte que mencionamos nesse post. Sempre encaixam uma van, ou uma caminhonete, ou um tuk-tuk ou algo do tipo como conexão do e para as embarcações. Elas foram sempre limpas, pelo que nos lembramos, com deques decentes até pra viajar fora do barco vendo a paisagem. Ou dentro, com ar condicionado. Na verdade algumas delas até tinham algo similares a bares vendendo lanches e bebidas pros que se esqueceram de comprar algo antes de embarcar. Dá pra imaginar a qualidade das viagens, nada mal.

Barco fechado super decente e rápido na Tailândia

Barco fechado super decente e rápido na Tailândia

Táxis de todo o tipo

Usamos táxi no Nepal, Tailândia e Cambodia, e cada um tem o seu estilo mais comum: carro, tuk-tuk, moto ou caminhonete. O que todos eles têm em comum é a negociação de preços que tem que ser pesada e feita antes de entrar no táxi, se possível já perto do valor trocado que tem na carteira já que ser roubado na hora do troco não é incomum. Vale discutir mas não é eficiente, fazer cara de bravo e virar as costas ainda é a melhor estratégia pra começarem a te dar descontos! No Nepal a forma mais frequente são os carros velhos deles, apesar de encontrar bastante tuk-tuk de bicicleta nas ruas de cidades grandes.

Os táxis rosa-choque de Bangkok

Os táxis rosa-choque de Bangkok

Nas ilhas da Tailândia os táxis são quase sempre caminhonetes enormes que levam as pessoas e suas mochilas na caçamba. Às vezes tem escadinha pra subir e lugar pra segurar, às vezes tem que escalar pra conseguir subir e ficar se equilibrando nos banquinhos de madeira que colocam lá, emoção pura enquanto correm feito loucos. Nas demais cidades da Tailândia e no Cambodia o jeito mais normal de se transportar são os famosos tuk-tuk feitos de moto, que além de serem mais baratos que táxis comuns são mais rápidos porque conseguem furar um pouco o trânsito. Em alguns casos os táxis são mais alternativos: em Bangkok enviaram um táxi para nos buscar que era uma moça dirigindo uma scooter, que levou eu e o Caio juntos na garupa. Pra levar a galera da estação de ônibus até o porto de Surat Thani, na Tailândia, o táxi que estava incluso era um pau-de-arara cheio de gente com cara de sono no meio da madrugada.

Tuk-tuk à mil por hora no Cambodia

Tuk-tuk à mil por hora no Cambodia

Avião

Viajamos de avião duas vezes na Ásia. O vôo do Nepal para a Tailândia fazia parte do nosso bilhete RTW e viajamos de Thai Airlines, a melhor companhia aérea de toda a viagem. O serviço de bordo deles é excelente, comida muito boa, simpáticos e o entretenimento de bordo é simplesmente o melhor com filmes recentes. Fizemos também de avião o trecho de Singapura para Phnom Penh, no Cambodia, pois encontramos uma passagem pela Tiger Airlines pelo mesmo preço de se viajar de trem mais ônibus dando a volta no golfo todo. Foi a primeira vez que viajamos com companhias de baixo custo com as nossas mochilas como bagagem de mão e estávamos um pouco apreensivos, mas eles nem quiseram pesar (nem olharam pra elas, na verdade). Na hora do check-in implicaram um pouco porque a gente estava indo para o Cambodia sem passagem de volta, pois íamos comprar a saída do país de ônibus lá mesmo, mas quando mostramos que tínhamos passagem aérea marcada para sair da Ásia via Bangkok eles nos liberaram. Se procurar com antecedência dá pra achar ótimos preços, quanto maior a distância mais chances tem de o preço de avião bater o preço de viajar com outro meio de transporte.

Trem

A gente queria ter viajado mais de trem pela Ásia, mas o trecho que queríamos fazer de Bangkok até Chiang Mai, no norte da Tailândia, estava temporariamente fora de serviço. Acabamos experimentando somente o trecho de Kuala Lumpur a Singapura, uma viagem de 8 horas durante o dia mesmo pois era mais barato. O trem diurno é bem simples e viajamos sentados, mas pra quem prefere o conforto de viajar deitado tem também o trem noturno com camas, que pelo que dizem são muito boas. Trem não é conhecido como um transporte muito comum no sudeste asiático, mas dá pra atravessar a Tailândia de trem, ir de trem até os portos para as ilhas, ir para a Malásia e Singapura e até atravessar o Vietnã inteiro de trem! Foi uma pena não podermos ter viajado mais assim, mas pra quem interesse é fácil achar online todos os detalhes da malha logística e ferroviária do sudeste asiático.

Pacotes de transporte

Taí o que mais nos chamou a atenção durante nossas viagens pelo sudeste asiático: a facilidade de viajar. Em qualquer outro continente, viajar independente é muito mais barato do que comprar pacotes por agências de viagem. Mas não no sudeste asiático, não mesmo. Quando chegamos na Tailândia estávamos com todo o nosso trajeto de viagem e os preços mais ou menos projetados na nossa cabeça, como sempre fizemos, e tivemos uma surpresa em descobrir que os hotéis e até os albergues mais simplórios esquematizavam todo o transporte para onde a gente quisesse pelo mesmo preço (e às vezes até mais barato) de comprar as passagens sozinhos.

A primeira vez que fechamos um desses pacotes foi saindo de Bangkok, e ele incluía um ônibus até a cidade de Surat Thani, transporte até o porto e o barco até a ilha de Koh Tao para fazer nossos cursos de mergulho. Às 4h da manhã o ônibus parou e falou para nós e outras três pessoas descermos e esperar ali, o único lugar iluminado da rua, que em meia hora viriam buscar a gente pra levar pro porto. Descemos morrendo de medo, obviamente. De sermos assaltados, de chegar o tal transporte e quererem cobrar um extra pra nos levar até o porto e depois extra pra ir até a ilha etc. Já tinham pegado nossa passagem e nos deixaram apenas com um adesivinho na camiseta como recibo, vai saber. No final deu tudo certo, o transporte apareceu na hora combinada e chegamos ao nosso destino tranquilamente.

É muita tecnologia esse controle com adesivo nas camisetas. Todas as vezes que viajamos foi assim: pegam o seu bilhete e colam um adesivo na sua roupa com a cor ou formato indicando o seu destino. Quer saber se está no grupo certo? Olhe para o tipo do adesivo das pessoas perto de você, se for o mesmo que o seu você está bem! Nas primeiras vezes desconfiávamos muito, perguntávamos 500 vezes para onde estávamos nos levando, mas finalmente entendemos: não importa quem te vendeu ou quanto você pagou, se você está com o adesivinho certo colado em uma parte visível do seu corpo eles vão te levar onde você precisa ir com stress beirando a zero :-)

Compramos vários bilhetes incluindo os mais variados tipos de transporte e não tivemos nenhum problema, em todas as vezes apareceu alguém pra buscar a gente na hora combinada e nunca quiseram cobrar extra em nenhum trecho. Acima tem uma tabela com os gastos entre cidades e países na Ásia, pra referência.

O pacote mais absurdo que compramos foi para atravessar a Tailândia, saindo de Koh Tao até Koh Lanta, cruzando o país de costa a costa horizontalmente. Isso incluía táxi da pousada até o porto de Koh Tao, um ferry para Surat Thani (passando por Koh Samui e Ko Phangan no caminho) e ônibus em Surat Thani até Krabi. No dia seguinte, táxi até o porto de Krabi, van do porto de Krabi até um terminal de balsa e depois a mesma van até a porta do nosso bangalô em Koh Lanta. Serviço de porta a porta pra atravessar o país inteiro? Fala sério. Agora imagine o trampo de comprar cada um desses trechos isoladamente e fazer os horários encaixarem… não vale a pena fazer sozinho.

A lei dos transportes pela Ásia é a seguinte: não adianta querer fazer nada com antecedência ou agendar pela internet, o melhor jeito é chegar no lugar e resolver. De horários a preços. A gente costuma fazer tudo com antecedência e organizar tudo antes pra prever gastos e evitar imprevistos, então pra gente foi meio difícil entender isso no começo mas não tem muito como fugir dessa regra.

Com hospedagem é a mesma coisa. Vale a pena olhar o site do Hostel World e similares para entender quais são as opções nos lugares que irá visitar, mas a maior parte deles cobra mais ou até o dobro se reservar online. Chegue primeiro na cidade e vá perguntar quanto custa uma cama na hora e te falarão um preço bem mais camarada. Se não gostar, tente sair pela porta pra procurar outro lugar e os descontos começam a soar nos ouvidos. Logística no sudeste da Ásia é bem mais tranquilo do que se imagina, pode confiar que é disso que sobrevivem e sabem fazer direito :-)

Custos das trilhas no Circuito Annapurna

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Quando começamos a pesquisar sobre trilhas no Nepal simplesmente não achávamos uma resposta pra uma pergunta tão simples: quanto diabos temos que levar pras montanhas em dinheiro, se lá não tem bancos? Aparentemente ninguém se importa com orçamento aqui por ser um dos países mais baratos do mundo, mas se engana quem acha que em trilha você não gasta muito.

Dal bhat, seu companheiro de aventuras e economia

Dal bhat, seu companheiro de aventuras e economia

Resolvemos ir compilando preços quando os víamos nas vilas, assim que chegávamos, pra não esquecer. Trabalho de mestre hein, e como a inflação aqui não é muito problema, dá pra considerar que nosso trabalho vai durar um bom tempo pra quem tá planejando uma viagem solo e independente pelo Circuito Annapurna :-)

Basicamente essa planilha aí em cima diz tudo e mais um pouco que você precisa saber de gastos nas montanhas do Nepal. É impossível alguém sozinho gastar o total diário que tá ali consumindo tudo isso! Então tire uma média, veja o que comeria ou não, sei lá, divirta-se com os dados! Botamos a altitude também, porque obviamente elas influenciam nos preços.

Apenas algumas observações, que botamos em inglês na planilha pra servir pra mais gente: o custo de hospedagem é negociável, mas costuma acompanhar o valor de uma refeição média conforme sobe a altitude, nunca é mais que um dal bhat; os preços das cervejas baratas são pra latas mas elas costumam ser garrafas; dal bhat é sua dieta básica de arroz, sopa de lentilha, vegetais ao curry, pickles e um pão nepalês tipo torrada, e você pode sempre repetir o prato de graça; águas minerais são garrafas de um litro e vem seladas; ovos costumam vir em pares, cozidos na hora; a soma total é obviamente artificial, ninguém consome tanto num dia. Essas vilas naturalmente são só uma amostragem, mesmo porque os preços são tabelados por distritos e não varia tanto a cada assentamento minúsculo que acha no caminho. Tudo é em rúpia nepalesa, que custa 10 centavos de dólar cada.

Dito tudo isso, é perfeitamente possível se planejar e saber quanto levar na carteira. E mais importante! Derruba o mito gringo completamente idiota de que uma pessoa gasta entre 30 e 60 dólares por dia, sozinha! Um absurdo quanto essa gente rasga de dinheiro, nós em média gastamos entre 15 e 25 dólares pro casal, incluindo já café da manhã, almoço, jantar e hospedagem… vai vendo :-)

Quanto custa dar a volta ao mundo?

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No primeiro post sobre planejamento, mostramos a ferramenta que criamos para determinar nosso orçamento para a viagem, para te ajudar a determinar o quanto você vai gastar na sua. Você não desistiu e ainda quer viajar, né? O que pretendemos agora é escancarar nossos gastos e mostrar o quanto estamos gastando na nossa viagem!

Caio diz... algo que sempre me incomodou vendo sobre RTW é que virtualmente ninguém diz números exatos: quanto gasta, quanto custa, nada de nada, é um saco. Então quisemos abrir o livro mesmo, se é pra ajudar ajudamos direito
Se não leu o primeiro post, recomendamos que pare e leia rapidinho pra não se perder. Vai lá, clica aqui pra lê-lo, a gente espera.

Gastos antes da viagem

Os gastos de uma viagem obviamente começam antes mesmo de sair de casa. Como já comentamos no post sobre as passagens aéreas, nós optamos por comprar o bilhete RTW ao invés de ir comprando os trechos conforme a viagem fosse acontecendo. O bilhete de ônibus pro giro na Europa também foi desembolsado antes de sairmos. Além disso, compramos roupas próprias para a viagem, apetrechos, botas, vacinas, mochilas… vai somando pra ver! Os custos detalhados do bilhete RTW está no post específico dele, os custos de vacinas e seguros de saúde falaremos em breve num post sobre isso também. Os custos e rotas do ônibus pela Europa também virará um post, fiquem frios :-) Ou seja, pra começar a brincadeira e podermos colocar os pés no aeroporto, gastamos cerca de R$ 37.000 para o casal. Sem contar as despesas que não são da viagem mas são operacionais, como procurações, caixas pra nossa mudança, mil táxis pra resolver as pendências antes da viagem porque não tínhamos carro, festinhas de despedidas e alguns imprevistos também. Os gastos da passagem aérea e dos ônibus na Europa foram pagos em dólares no final de 2012 e começo de 2013, quando o dólar comercial estava abaixo de R$ 2.05. Hoje (julho de 2013) o dólar está acima dos R$ 2.25, o que faz esse valor ficar um pouco mais alto do que pagamos na época.

Dani diz... até o final da viagem, no começo de 2014, o dólar turismo bateu R$ 2.52. Nessa época mal sabíamos o que nos esperava!

Gastos em viagem e nosso controle diário

Ser um mochileiro dando uma volta ao mundo é um emprego! O melhor emprego que poderíamos ter, não tem como negar, mas ainda assim é trabalho pra caramba. Apesar de nosso “escritório” mudar o tempo todo, a gente nunca consegue relaxar e nos desligar do planejamento, sempre tem uma atividade pendente: procurar o próximo sofá, escrever os posts (que o Caio considera compromisso pessoal), organizar os custos, fazer uma pesquisa de como chegar naquela nova cidade etc. Uma das planilhas que está sempre aberta no nosso notebook é a de controle diário. E é diário mesmo! Temos um caderninho que levamos sempre com a gente onde quer que a gente vá, e nele anotamos tudo o que gastamos, desde um sorvete até uma passagem de trem mais cara para outra cidade, com precisão de centavos às vezes. Chegando em casa a gente lança esses gastos na planilha e classifica entre alimentação, hospedagem etc.

Caderninho mágico dos números, note a mudança de lugares

Caderninho mágico dos números, note a mudança de lugares

Putz, mas vale a pena tanto trabalho? Acredite, vale! Já aconteceu em vários momentos de chegarmos na metade do tempo de estadia em um lugar e vermos que estamos gastando demais em alimentação, segurar o ritmo, e conseguir fechar a cidade dentro do esperado. E também já aconteceu o contrário, de descobrirmos que dava pra dar uma abusadinha porque “sobrou” um pouco. Se fossemos esperar a gente sair da cidade pra ver o tamanho do rombo ou sobras, com certeza ficaríamos meio perdidos!

Afinal, qual nosso orçamento total pra viagem?

As nossas previsões até agora foram certeiras, e em alguns casos (como a Grécia), foram até conservadoras. Isso nos dá segurança para afirmar que o nosso orçamento esperado para a viagem toda, visitando todos os continentes em 10 meses e com certo conforto, é cerca de R$ 72.000 82 mil reais para o casal. Isso já contando os R$ 37.000 que gastamos antes de sair de casa. Acabamos extendendo a viagem devido a uma renda extra que tivemos com o aluguel do nosso apartamento e com isso alteramos o orçamento, que também reflete a alta do dólar que flutuou muito durante o ano e nos fez perder um bom dinheiro. Desses 82 mil, 5% sumiram pra bancar a variação do dólar.

Caio diz... por pessoa, 41 mil reais pra dar a volta ao mundo não parece muito pra mim, é totalmente possível se não tiver disperdícios de dinheiro
Chegamos nesse valor com todo aquele planejamento através da Planilha Master e ele inclui, além dos custos básicos, atividades maiores como saltar de paraquedas na África do Sul, o curso de mergulho e certificação PADI que pretendemos fazer na Tailândia e um salto de parapente na volta para a Suíça ou no Nepal (ainda não decidimos onde vale mais a pena pela paisagem). Um dos nossos principais desafios para este ano está sendo a alta do dólar e do euro. Sabíamos que isso poderia acontecer, mas é meio desesperador ver o seu dinheiro diminuir dia após dia, pois quando compramos dólares a primeira vez pagamos 2.10 da cotação turismo e na última recarga o valor já era de 2.36. Em resumo, estamos vendo o nosso dinheiro sumir nas conversões e sem saber que rumo isso pode tomar daqui pra frente, mas mesmo assim estamos conseguindo fazer a viagem caber dentro do mesmo orçamento! Qualquer futuro desvio no orçamento ou furo nas finanças sabemos que é pela variação cambial e não culpa nossa pelo menos.
Caio diz... o que ajuda é não entrar em pânico, flutuação cambial não pode ser controlada pela gente na estrada, azar, tem que rebolar mesmo e torcer
O ponto importante que dá pra tirar dessa alta inesperada do dólar é que sempre dá pra apertar, sempre dá para viajar por menos. Na África do Sul pagamos por quartos privados em albergues porque a diferença era pouca, mas poderíamos ter ficado em quarto compartilhado e economizado alguns dólaresinhos, o nosso salto de paraquedas poderia não ter acontecido, o jantar mais chiquetoso em Roma também não… mas ainda sim estaríamos fazendo uma viagem de volta ao mundo.
Caio diz... isso impacta no custo da volta ao mundo: você viaja pra gastar em coisas ou pra vê-las? Dependendo da resposta fica mais caro ou mais barato :-)
Colocando na ponta do lápis, o valor de R$ 41.000 por pessoa é menor do que o valor de um carro no Brasil. Não tínhamos carro, andamos muito de ônibus lotado em Curitiba para conseguirmos hoje estar sentados no banco de uma praça muito fofinha no alto de um castelo em Avignon, no sul da França, escrevendo este post. Sem dúvidas o esforço valeu muito a pena :-)
Caio diz... e até que gastamos muito! Se cortar todas os “extras” ainda dá pra viajar o mundo comendo arroz e pão, 30 mil seria o mínimo pra pagar a viagem pra uma pessoa
Daqui pra frente vamos mostrar o resumo dos gastos nos países que passamos até agora. Para quem quiser ver essas informações abertas por cidade, é só rolar a planilha além do resumo do país. Vamos atualizar esse post constantemente conforme formos deixando os países, então volte aqui daqui um tempo se quiser mais informações. Ah, e as informações estão em dólares!

África do Sul

Gastamos acima do planejado com hospedagem e viagens, primeiro porque não conseguimos encontrar couchsurfers ao longo da Garden Route, segundo porque perdemos 3 bilhetes de ônibus devido a uma greve dos motoristas e tivemos que encontrar formas alternativas de transporte. Saltamos de paraquedas em Plettenberg Bay, o que custou 360 dólares pro casal, e fizemos um safari pelo parque de elefantes Addo em Por Elizabeth que custou 140 dólares pros dois. Port Elizabeth mostra gasto extra em viagem porque fomos de avião de volta pra Johannesburgo. Fechamos a África do Sul um pouquinho acima do orçado com 102%. Por ser o primeiro país da nossa viagem acho que dá pra nos perdoar, né?

Caio diz... os juízes da Guerra de Orçamento declaram que existe uma margem de erro de 5%!

Egito

No Egito acertamos no geral (96% do orçado), mas erramos em tudo se for analisar o conta-a-conta. Como transporte público no Egito é insano, gastamos horrores com táxis com preços super inflados. O visto para entrar no país fez estourar a conta de diversos e os pacotes turísticos que fomos “obrigados” a comprar por não ter outra opção fez estourar a conta de turismo. O que nos salvou foi termos gastado bem menos do que esperávamos em viagem e hospedagem, pois os preços são bem baixos para se viajar e se hospedar no Egito (bom, condiz com a qualidade que entregam…). Dos 23 dias que passamos lá, couchsurfamos em 9 e a média diária de 15 dólares por dia é para hospedagem em quartos privados pulguentos, pois não existem albergues de verdade por lá.

Grécia

Tadinha da Grécia, levou uma surra! Conseguimos economizar em tudo, pois surpreendentemente os preços nas ilhas foram mais baixos do que em Atenas (estávamos esperando o contrário, então férias nas ilhas gregas é chique mas é barato, vai na fé!). Conseguimos um sofá para toda nossa estadia em Atenas e pagamos quartos ou tendas privadas nas ilhas. A média de hospedagem por dia ficou em 17 dólares, 2 dólares a mais que os hotéis ruins do Egito, e ficamos em lugares muito bons nas ilhas! Visitamos Santorini e Ios e alugamos quadriciclos para conhecer as ilhas, e no final ainda gastamos apenas 76% do esperado no país.

Itália

A Itália foi sofrida para conseguir fechar dentro do orçado. Não conseguimos encontrar sofás de jeito nenhum, pelo que vimos os italianos usam o CS pra pegação. Apesar do grande número de perfis no site conseguimos couchsurfar somente 1 dia em Roma, o restante ficamos em albergues. A brincadeirinha deixou um rombo de 380 dólares em hospedagem, que conseguimos reverter segurando em alimentação e trocando as viagens que queríamos fazer para Treviso e Matera por destinos mais baratos: Napoli e Sorrento.

Caio diz... santas sardinhas e santo pão com pesto!

Suíça (1ª passagem)

A nossa primeira passagem pela Suíça foi suave, gostamos de brincar que enfrentamos o chefão! Gastamos exatamente o esperado em transporte e viagem, e teve um rombo em turismo devido a nossa subida à montanha Schilthorn, passeio que não estávamos esperando fazer e custou 100 dólares pro casal. Acabamos compensando em alimentação, pois nosso albergue tinha uma cozinha maravilhosa e conseguimos cozinhar todos os dias. O custo de 61 dólares por dia em hospedagem é para excelentes camas em dormitório compartilhado em Lauterbrunnen, pois em Zurique nós conseguimos couchsurfar.

França (Riviera e Provença)

Detonamos na nossa primeira passagem pela França: Nice e parte da Riviera Francesa, mais a região de Avignon e Arles. Conseguimos economizar bastante em alimentação comprando comida em mercado, não gastamos quase nada em turismo porque dá pra conhecer tudo de olho e conseguimos um sofá em Avignon, coisa que parecia muito difícil quando olhamos o número de perfis na cidade. Mesmo com gasto alto de transporte pra Arles, valeu a pena. No final fechamos o sul da França em incríveis 77% do orçado!

Espanha


Passamos quase 30 dias na Espanha, e 50% desse tempo foi couchsurfando, um record! Mesmo assim, estouramos um pouco em hospedagem devido aos preços de albergues no País Basco, que são bem salgados (e a qualidade deixa a desejar). Comer bem mas com pouco dinheiro foi fácil e fechamos a Espanha com uma economia de 170 dólares em alimentação e ainda assim com uns kilinhos a mais!

França (parte norte)


A nossa segunda passagem pela França foi muito tranquila por causa de Bordeaux (conseguimos um sofá nos 4 dias pela cidade) mas ficou por um fio em Paris. Levamos nosso primeiro bolo de couchsurfer, que cancelou o sofá na véspera e tivemos que reservar de última hora um quarto no único hostel disponível que encontramos, trazendo um rombo pra hospedagem. Depois do susto, seguramos bastante em alimentação mesmo indo em restaurantes e cafés e conseguimos não só compensar o buraco como fechar o país em 90%. Nada mal!

Alemanha


Estouramos um pouquinho com turismo na Alemanha mas valeu a pena passear no zoológico e planetário de Stuttgart. Em compensação economizamos um bocado com transporte que, embora seja barato lá, não utilizamos muito porque a cidade é toda andável à pé. Não refletiu muito em economia nos números, mas ficamos bastante surpresos com o preço de alimentação lá, bem mais baixo que a média européia.

Suíça (2ª passagem)


Passamos bem acima nos gastos de turismo na volta pra Suíça também, antes de irmos pra Ásia, mas na verdade já esperávamos. Queríamos muito pegar tempo bom no alto da Schiltorn, e pra isso acabamos subindo ela duas vezes! Apesar de não termos achado mais couchsurfers disponíveis pra economizar em hospedagem, a infraestrutura de albergues é excelente pra se cozinhar então compramos comida em mercados e comemos por conta própria :-)

Nepal


Haha, coitado do Nepal, não faz o menor sentido nos números. O custo de alimentação nas cidades e nas montanhas é absurdo porque eles compensam cobrando mais pra você comer ao mesmo tempo que raramente cobram pela hospedagem, então se economiza de um lado e gasta-se mais do outro. Turismo por si só não custou nada porque o país é bonito de se ver já, não tem o que gastar nisso. Enfim, a confusão parecia tão grande (e na realidade virtualmente ninguém comenta dos custos de trilhas no Nepal) que resolvemos escrever um post específico sobre isso, clique aqui e veja como funciona os custos de trilhas no Nepal pra entender melhor!

Tailândia


Transporte na Tailândia parece tão eficiente e (razoavelmente) barato que merecia melhor destaque nos números em economia, mas o que vale mesmo uma menção sobre custos no país é hospedagem. Não acredite em Hostels Worlds da vida na Tailândia, o preço ao vivo ao chegar no lugar sempre é menor, às vezes até metade. Reservar lugar antecipadamente aqui é loucura, economiza-se muito indo com a cara e coragem.

Malásia


Um efeito colateral do custo das coisas na Ásia é fazer você relaxar no dia-a-dia. Na Malásia vimos que estávamos economizando um pouco em hospedagem (ficando em bairros mais mochileiros e povão de Kuala Lumpur) e soltamos um pouco a rédea em alimentação. Demos até uma abusada indo em restaurantes e cafeterias bacanas, mas de maneira geral o país e nossos bolsos se comportaram bem!

Singapura


Desde muitos meses antes de chegarmos em Singapura, já tínhamos a expectativa de ficarmos na casa de pessoas que conhecemos no caminho da volta ao mundo, e isso se confirmou. Economizamos uma bela grana ficando com couchsurfers em uma cidade que é o equivalente da Suíça na Ásia (não só em organização, mas custos principalmente). O que foi surpreendente, porém, foi não termos estourado lá, ficamos bem abaixo no custo total esperado. Acho que aprendemos muito bem apertar o cinto quando o destino é famoso por ser caro…

Cambodia


Pela primeira vez os custos de pesquisas na internet nos falharam acho, ou não, mas enfim. Segundo pessoas online era pra gastarmos horrores em transporte por cidades no Cambodia, mas no fim das contas isso e o custo barato de hospedagens bem negociadas (padrão no sudeste asiático) nos deixou com uma boa grana extra nas mãos. Cambodia pode não ter números muito altos de economia, mas a sensação no dia-a-dia no país era de que se economiza sempre e com tudo, talvez pelos preços e moeda corrente ser dólar americano então nos controlamos bem?

Nova Zelândia


Nossos principais gastos foram com viagem, pois atravessamos o país de ônibus e depois voltamos de avião, e hospedagem, pois é bem complicado encontrar couchsurfers em um país que é quase deserto. Conseguimos compensar tudo isso economizando pra caramba em alimentação não comendo fora nunca, gastamos somente 60% do gasto esperado com comida. Gastamos horrores no país, mas pra quem conheceu 5 cidades espalhadas pelo país todo dá pra dizer que estamos de parabéns!

Estados Unidos


Nosso principal gasto foi com hospedagem, quase metade do orçamento. Pela primeira vez optamos por nos hospedar em quartos alugados via Airbnb, o que saiu um pouco caro mas garantiu tranquilidade, já que os albergues baratos ficavam sempre bem longe dos centros. Compensamos tudo isso economizando em alimentação e só cozinhando em casa. Não foi fácil lidar com tantas opções de compras no país mais consumista de todos, mas resistimos bravamente e conseguimos fechar a última parada da viagem na tampa!

E aí, qual o valor final?

Melhor que previsão é o valor real! A soma da nossa brincadeira toda por 15 países em 10 meses foi de 36.800 dólares pro casal. Esse valor convertido em reais dá mais ou menos R$ 80.000 utilizando a cotação do dólar no momento em que chegávamos em cada novo país, pra melhor precisão. Mas acabamos economizando ao longo caminho, e ficamos em 97% do orçamento planejado. Nada mal hein? Até “sobrou” :-)

Pra quem vive com parceiro ou parceira que também trabalha, e até poderia ter um carro pela renda, dá pra economizar essa quantia pra viajar sim. Viu só? Só se livrar dos pesos que dá pra realizar um sonho desses. Esperamos que abrir nossas planilhas de custos e planejamentos ajude você a viajar pelo mundo também!

Planejando gastos e despesas em uma RTW

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Se desprender da vida rotineira e sair por aí viajando é o sonho de muita gente. Mas paisagens e fotografias à parte, esta decisão precisa ser muito bem planejada e pensada, pois na maioria das vezes ela vem acompanhada de um pedido de demissão. Se você for um ser humano comum como o casal alfanumérico e não nasceu em berço de ouro nem ganhou na loteria, isso implica em muito, muito, muito planejamento para se gastar o mínimo possível e aproveitar o máximo.

Se você fizer uma busca rápida pela internet (e se este é seu sonho você já deve ter feito isso), vai descobrir que não existe resposta exata para quanto custa uma volta ao mundo, e isso é o que faz muita gente não tirar a viagem do papel. Como se preparar para ficar sem trabalhar por alguns meses, se não anos, sem mesmo ter certeza de quanto você irá gastar neste período? É realmente uma pergunta muito difícil. Mas, queridos leitores e amigos, no que depender da gente vocês jamais ficarão sem resposta! :-)

Vamos escrever dois posts procurando ajudar quem pretende iniciar ou está no meio do planejamento de uma volta ao mundo. Neste primeiro post vamos falar de como planejamos o quanto gastar na viagem, a ferramenta que criamos e de onde vêm as informações que usamos. Na segunda parte a gente vai falar sobre o resultado de tudo isso, o controle que estamos fazendo durante a viagem e basicamente escancarar nossa base de gastos e comentá-la (finalmente, um número para a famosa pergunta “quanto custa uma RTW?”).

Planejamento

Quando se fala de um plano de viagem longo como o nosso, a única certeza que eu posso te dar é que você vai errar. A diferença entre errar muito e errar pouco é o tamanho do seu planejamento! Para estruturar melhor o nosso planejamento financeiro, eu, Dani, dividi os nossos gastos durante a viagem entre custos e despesas.

Custos são os gastos mínimos, a manutenção dos mochileiros, que vão acontecer independente da nossa vontade: comida, locomoção e hospedagem. Despesas são gastos da viagem que vão depender de quão profundamente pretendemos conhecer o país ou quanto estamos dispostos a gastar pra tornar a estadia naquele local mais interessante: transporte entre cidades, passeios turísticos, atividades especiais, almoços ou jantares em restaurantes bacanas, etc.

Dica #1: monte uma base de dados. Qualquer análise vai ficar muito mais simples se você juntar todos os custos em uma mesma planilha.

Ok, mas e as informações? Como saber quanto custa tudo isso? Para a parte dos custos, os dados que usamos foram do Cost of Living, um projeto colaborativo online que contém informações atualizadas sobre o custo de vida em diversas cidades do mundo. Com a nossa listinha de cidades em mãos, o meu nerd preferido, o Caio, montou uma base de dados só com as informações que precisávamos para alimentar a nossa Planilha Master (você vai entender mais pra frente do que se trata).

Caio diz... o CoL tem muita coisa, e em várias moedas, então escrevi um script que pega só custos chaves do lugar, sempre em dólar, e gera uma planilha automaticamente em segundos, pra Dani manipular como quiser

Antes de embarcarmos eu não sabia se o Cost of Living ia funcionar muito bem, mas o que eu posso dizer até agora, depois de 3 meses de viagem, é que o negócio é muito próximo da realidade!

Caio diz... eu sabia, eu acreditava, eu queria crer! :-)

A parte das despesas é um pouco mais complicada, pois não vai existir base de dados pronta pra isso, as informações vão surgindo a partir de muita pesquisa online. Wikitravel, Lonely Planet e blogs de outros viajantes serão seus principais aliados para essa tarefa. Se quiser, dê uma olhada nas nossas dicas e truques sobre sites úteis. Caso a informação for muito difícil de encontrar, faça uso do bom e velho chutômetro!

Planilha Master, uma planilha para todas as outras governar!

Piadinha a parte, com a base de dados montada, era preciso criar uma ferramenta de viagem que fosse rápida de consultar, flexível com datas e que tivesse informações úteis sempre à mão. O resultado foi uma planilha com uma aba por cidade puxando informações de uma base de dados de custos e de uma base de datas e destinos.

Dica #2: deixe uma coisa linkada com a outra. Faça links entre as informações de maneira que, mudando o número de dias de estadia em uma cidade, por exemplo, ele já atualize todos os dados de forma automática.

Demorou muito, mas muito tempo pra batermos o martelo no número de dias que ficaríamos em cada cidade e agora temos percebido como foi a melhor decisão fazer assim. Se tivéssemos que ir atualizando manualmente o orçamento a cada mudança, eu teria ficado louca!

Nosso modelo é o seguinte: uma aba com a lista de todas as cidades por onde iríamos passar, data de chegada e partida, uma aba com as informações úteis do Cost of Living destas cidades, uma aba com dados climáticos e uma aba por cidade juntando tudo isso.

Parece complicado? Segue um exemplo de aba pra uma cidade que puxa os dados dessas bases todas e consolida num lugar só pra consulta:

Exemplo da nossa Planilha Master, clica pra abrir!

Exemplo da nossa Planilha Master, clica pra abrir!

Esse é um exemplo de aba da planilha. As datas, temperaturas, custos de alimentação, transporte etc, são atualizadas automaticamente de acordo com a data de chegada e saída na cidade, puxando as informações da nossa base de custos e da base de datas. O saldo inicial da cidade é final da outra. Se decidirmos ficar 3 dias a mais na cidade mudamos na lista principal e plim! Tudo se atualiza. Mais simples, né? Com isso dá até pra brincar com o planejamento, mudando um dia da Suíça pra França você vê dinheiro aparecer magicamente na planilha devido a diferença de custos.

Dica #3: Defina seus parâmetros. No Cost of Living você vai encontrar o custo de tudo o que precisa para se sutentar durante a viagem, mas você já parou para pensar no que você precisa?

Se vocês repararem na planilha, a nossa alimentação durante a viagem consiste em uma refeição barata em restaurante, pão, leite, ovos e arroz. Logicamente, não estamos comendo só isso durante a viagem, mas esses foram os parâmetros que escolhemos como base para o nosso custo de alimentação. Para higiene pessoal, decidimos que iríamos gastar 20 dólares a cada 20 dias. Isso inclui sabonete que dura dias, papel higiênico, shampoo etc. Às vezes estamos gastando mais, às vezes menos, mas esse é o parâmetro que decidimos para termos como base durante a viagem.

Outro parâmetro importante é a hospedagem. Como nossa viagem tem como objetivo mochilar mesmo, estamos tentando couchsurfar o máximo possível pra ver a vida local, mas observando o número de perfis de pessoas no site é possível saber com antecedência quais são as chances de conseguir um sofá em um determinado lugar. Com base nisso, definimos quantos dias iríamos couchsurfar e quantos dias iríamos nos hospedar em albergues. O valor de hospedagem médio na cidade nós definimos com base no Hostel World.

Caio diz... o Hostel World é faca de dois gumes, sugiro ordernar pelos mais baratos mas jamais pegar o preço médio de lugares com menos de 60% de aprovação… senão é roubada, acredite

A parte de Turismo & Logística é a parte que não tem como ser automática! Aqui é onde entraram aquelas despesas com atividades específicas, definidas com base em uma pesquisa minusciosa, cidade a cidade. Pra ter uma idéia do que fazer se se sentir perdido, procure em sites como Wikitravel na seção See & Do, os tais “must see” no TripAdvisor e o Spotted By Locals. Quando não sabíamos direito o que queríamos fazer na cidade, jogávamos um valor no chutômetro mesmo… em resumo, é daqui que você vai cortar os gastos caso perceba que o dinheiro que você tem não é suficiente, heheh.

Caio diz... nunca é suficiente, nunca! Puta mundo injusto…

A segunda parte é mais informativa e bem manual, fui procurando as informações uma a uma e colocando lá: endereço da embaixada ou consulado para emergência você encontra em documentos do Itamaraty, número de couchsurfers na cidade em uma busca rápida e melhores acomodações no Hostel World a depender do seu critério pra albergues. É sempre bom ter estas informações na mão. Pronto! Tudo o que a gente precisava estava a mão em uma ferramenta flexível, fácil de atualizar e consultar. Parece complicado, mas por isso damos a dica a seguir…

Dica #4: Não desista. Eu não consigo nem contar o número de horas que passei debruçada nessa planilha desde 6 meses antes da viagem. Dá trabalho, mas vale muito a pena!

Hoje conseguimos viajar com segurança financeira, já que nosso dinheiro não dá em árvore e precisamos controlá-lo bem, e sabemos que podemos mudar os planos o quanto quisermos e em alguns minutos vamos ter uma resposta simples: cabe ou não cabe no orçamento?

Quando voltarmos pretendemos transformar nossas planilhas em uma coisa só unificada e, quem sabe, usável online por outras pessoas. No pior caso ainda como planilha mais genérica pra você montar sua volta ao mundo. Dependendo do interesse vai que acabamos fazendo isso antes do nosso retorno pra casa ;-)

No post seguinte mostramos os custos em detalhes cidade a cidade por cada país que já passamos e comentamos nosso orçamento total pro ano e pro casal na viagem!

O que é e como comprar um bilhete RTW

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Quando a notícia de que iríamos dar a volta ao mundo começou a se espalhar, algumas pessoas se espantavam quando eu dizia que estava tudo pronto e que os bilhetes estavam emitidos. “Nossa, mas vocês já emitiram os bilhetes para todos os trechos?”. Sim, e isso só foi possível graças ao bilhete RTW.

Basicamente, existem duas formas de panejar sua viagem de volta ao mundo: comprando os trechos separadamente ou optando por um bilhete RTW, que é um tipo de bilhete emitido por alianças de companhias aéreas que possibilita a compra de todos os trechos da viagem em um só ticket, respeitando algumas regras com relação ao número de países, milhas, direção da viagem etc. As três principais alianças que emitem este tipo de bilhetes são a One World, a SkyTeam e a Star Alliance.

As duas opções têm seus benefícios, mas financeiramente e dor-de-cabeça-mente falando o bilhete RTW da Star Alliance foi a melhor opção pra gente. Ao longo ano, vamos passar por no mínimo 25 cidades em 11 países, e o nosso transporte não vai ser exclusivamente aéreo (pela Europa vamos viajar principalmente de busão, como falaremos em um próximo post). Conciliar tudo isso é uma logística e tanto, por isso optamos por ter o esqueleto da viagem bem engessado e as regras do bilhete não nos incomodaram nem um pouco. A flexibilidade que você quer ter na viagem, o número de países que gostaria de conhecer e quais companhias aéreas voam para estes países são somente alguns dos inúmeros pontos que devem ser levados em consideração na escolha da sua opção. Esperamos que este post possa dar uma ajudinha :-)

Regras

Para se enquadrar na categoria RTW, a sua viagem precisa durar de 10 dias a 1 ano, cruzar o Atlântico e também o Pacífico ao menos uma vez, viajar sempre em um único sentido no globo, leste-oeste ou oeste-leste (a SkyTeam é a única das três alianças que não tem esta exigência) e começar e terminar na mesma cidade (no nosso caso, São Paulo). O limite máximo é de 15 destinos além da sua cidade de origem, mas existem regras específicas de cada aliança que devem ser observadas, como por exemplo o limite de 4 paradas por continente da One World e um número limite de conexões no caso da Star Alliance (à princípio metade do número de destinos).

As escalas contam como dois vôos, por isso vale muito a pena observar se as companhias aéreas que fazem parte da aliança escolhida possuem vôos diretos para os destinos escolhidos, pra não correr o risco de ver o seu limite de destinos cortado pela metade devido a vôos “pinga-pinga” que também contam na distância total da viagem.

Companhias Aéreas

A escolha da aliança pra emitir o bilhete RTW é importante porque, obviamente, nem todas as empresas tem operação em todos os continentes. Logo, se sua RTW vai focar em um continente em particular talvez uma aliança com muitas empresas daquela região sejam uma boa. Pra nós, vôos intercontinentais confortáveis eram prioridade, já que dentro dos continentes daríamos um jeito com vôos menores ou ônibus mesmo. Aparentemente a Star Alliance é a que tem mais companhias primeiro nível com vôos longos e boa reputação. Nela estão, por exemplo, a TAM (até ano que vem, provavelmente), Lufthansa, United e outras menores de países por onde passaremos (como África do Sul, Tailândia e Nova Zelândia).

Quanto custa?

A não ser que você seja um viajante muito experiente, com disposição para buscar sempre os melhores preços de passagem e suficientemente bem planejado e sortudo para conseguir comprar com o timing perfeito, o bilhete RTW será a melhor opção custo/benefício.

No geral, as três alianças têm preços muito parecidos e o que determina quanto vai custar a sua viagem é o número de milhas percorridas. O preço varia de acordo com faixas de milhas (até 26, até 29, até 34 e até 39 mil milhas), e vai de USD 4.000 a USD 6.000 na classe econômica. As alianças não cobram taxas para remarcações de dias e horários, mas alterações no itinerário tem um custo de USD 125. Isso é uma boa notícia caso esteja gostando ou odiando um lugar e querendo ficar mais ou menos tempo, decidindo na última hora, desde que não queira mudar de cidade.

Bom, muito melhor do que ficar imaginando quanto a sua viagem dos sonhos custaria é botar a mão na massa e utilizar os simuladores de cada aliança. Nós usamos e abusamos do simulador da Star Alliance, e na hora de emitir o preço ficou idêntico, então pode confiar. Mas atenção, esses simuladores são uma ameaça à sua produtividade, prepare-se para perder horas e horas neles… você foi avisado :-)

A nossa passagem fechou em 9 países, ficou dentro do limite de 34 mil milhas e custou USD 5.625 por pessoa + taxas de embarque. Nada mal pra uma volta ao mundo, né?

Caio diz... Aliás, a nossa ficou até cara porque estamos passando por todos os continentes, mas experimente simular uma menor por menos lugares, é mais barato que você imagina! Sério :-)

Como comprar?

Definido o seu roteiro, a emissão do seu bilhete pode ser feita diretamente pelo site das alianças ou através de alguma agência de viagens. No nosso caso o coeficiente de cagaço falou mais alto e nós optamos por emitir a passagem através de uma agência, pois pra quem vai passar longos meses fora de casa ter um contato aqui no Brasil para o caso de algum problema, emergência ou alteração de última hora pareceu mais seguro.

Nós recebemos a indicação da agência através de um blog e iniciamos o contato bem cedo, quando ainda nem tínhamos fechado o roteiro, o que foi muito bom para tirarmos dúvidas e esclarecermos como funcionava o bilhete. Numa dessas idas à agência, por exemplo, descobrimos que existe uma classe de vôo que é só para bilhetes RTW, e todos os vôos das alianças tem um número de assentos destinados a este tipo de viagem (se não estou enganada, 2 assentos por vôo, parece que ou classe M ou H). Isso significa que é praticamente impossível não conseguir assento disponível no vôo que você quer! Nós emitimos a nossa passagem em dezembro, com data de embarque prevista para abril, mas graças a estes assentos o bilhete pode ser emitido alguns dias antes, sem nenhum problema, pelo menos segundo as agências. Só que eu duvido que você aguente esperar :-P

Aqui em Curitiba nós indicamos o Bruno, da RKBC Turismo, que manja pra caramba. Ele nos recebeu muito bem desde nosso primeiro contato, meses antes da emissão, tirou todas as nossas dúvidas e nos passou muita segurança. Cansamos de checar detalhes com ele, sempre atencioso. Contato de ouro:

Bruno Canalli

RKBC Turismo
Av. João Gualberto 1673 – Sala 23
Curitiba – PR – Brasil – Cep: 80.030-001
Tel: 55 41 3019 8696 – Tel/Fax: 3022 4184

Em resumo, indicamos fortemente a utilização do bilhete. Acho que deu pra ver que embora cheio de regras ele é uma opção segura e confiável, basta analisar bem certinho qual é a aliança que se encaixa melhor no seu roteiro. Por isso, mãos à obra: use e abuse dos simuladores e, se preferir, converse com alguma agência desde já.

Viu como dar uma volta ao mundo já começa mais fácil que pensava?