Quanto custa dar a volta ao mundo?
Jul 11 2013
custos, dicas, planejamento, rtw 9 Comments
No primeiro post sobre planejamento, mostramos a ferramenta que criamos para determinar nosso orçamento para a viagem, para te ajudar a determinar o quanto você vai gastar na sua. Você não desistiu e ainda quer viajar, né? O que pretendemos agora é escancarar nossos gastos e mostrar o quanto estamos gastando na nossa viagem!
Gastos antes da viagem
Os gastos de uma viagem obviamente começam antes mesmo de sair de casa. Como já comentamos no post sobre as passagens aéreas, nós optamos por comprar o bilhete RTW ao invés de ir comprando os trechos conforme a viagem fosse acontecendo. O bilhete de ônibus pro giro na Europa também foi desembolsado antes de sairmos. Além disso, compramos roupas próprias para a viagem, apetrechos, botas, vacinas, mochilas… vai somando pra ver! Os custos detalhados do bilhete RTW está no post específico dele, os custos de vacinas e seguros de saúde falaremos em breve num post sobre isso também. Os custos e rotas do ônibus pela Europa também virará um post, fiquem frios :-) Ou seja, pra começar a brincadeira e podermos colocar os pés no aeroporto, gastamos cerca de R$ 37.000 para o casal. Sem contar as despesas que não são da viagem mas são operacionais, como procurações, caixas pra nossa mudança, mil táxis pra resolver as pendências antes da viagem porque não tínhamos carro, festinhas de despedidas e alguns imprevistos também. Os gastos da passagem aérea e dos ônibus na Europa foram pagos em dólares no final de 2012 e começo de 2013, quando o dólar comercial estava abaixo de R$ 2.05. Hoje (julho de 2013) o dólar está acima dos R$ 2.25, o que faz esse valor ficar um pouco mais alto do que pagamos na época.
Gastos em viagem e nosso controle diário
Ser um mochileiro dando uma volta ao mundo é um emprego! O melhor emprego que poderíamos ter, não tem como negar, mas ainda assim é trabalho pra caramba. Apesar de nosso “escritório” mudar o tempo todo, a gente nunca consegue relaxar e nos desligar do planejamento, sempre tem uma atividade pendente: procurar o próximo sofá, escrever os posts (que o Caio considera compromisso pessoal), organizar os custos, fazer uma pesquisa de como chegar naquela nova cidade etc. Uma das planilhas que está sempre aberta no nosso notebook é a de controle diário. E é diário mesmo! Temos um caderninho que levamos sempre com a gente onde quer que a gente vá, e nele anotamos tudo o que gastamos, desde um sorvete até uma passagem de trem mais cara para outra cidade, com precisão de centavos às vezes. Chegando em casa a gente lança esses gastos na planilha e classifica entre alimentação, hospedagem etc.
Putz, mas vale a pena tanto trabalho? Acredite, vale! Já aconteceu em vários momentos de chegarmos na metade do tempo de estadia em um lugar e vermos que estamos gastando demais em alimentação, segurar o ritmo, e conseguir fechar a cidade dentro do esperado. E também já aconteceu o contrário, de descobrirmos que dava pra dar uma abusadinha porque “sobrou” um pouco. Se fossemos esperar a gente sair da cidade pra ver o tamanho do rombo ou sobras, com certeza ficaríamos meio perdidos!
Afinal, qual nosso orçamento total pra viagem?
As nossas previsões até agora foram certeiras, e em alguns casos (como a Grécia), foram até conservadoras. Isso nos dá segurança para afirmar que o nosso orçamento esperado para a viagem toda, visitando todos os continentes em 10 meses e com certo conforto, é cerca de R$ 72.000 82 mil reais para o casal. Isso já contando os R$ 37.000 que gastamos antes de sair de casa. Acabamos extendendo a viagem devido a uma renda extra que tivemos com o aluguel do nosso apartamento e com isso alteramos o orçamento, que também reflete a alta do dólar que flutuou muito durante o ano e nos fez perder um bom dinheiro. Desses 82 mil, 5% sumiram pra bancar a variação do dólar.
África do Sul
Gastamos acima do planejado com hospedagem e viagens, primeiro porque não conseguimos encontrar couchsurfers ao longo da Garden Route, segundo porque perdemos 3 bilhetes de ônibus devido a uma greve dos motoristas e tivemos que encontrar formas alternativas de transporte. Saltamos de paraquedas em Plettenberg Bay, o que custou 360 dólares pro casal, e fizemos um safari pelo parque de elefantes Addo em Por Elizabeth que custou 140 dólares pros dois. Port Elizabeth mostra gasto extra em viagem porque fomos de avião de volta pra Johannesburgo. Fechamos a África do Sul um pouquinho acima do orçado com 102%. Por ser o primeiro país da nossa viagem acho que dá pra nos perdoar, né?
Egito
No Egito acertamos no geral (96% do orçado), mas erramos em tudo se for analisar o conta-a-conta. Como transporte público no Egito é insano, gastamos horrores com táxis com preços super inflados. O visto para entrar no país fez estourar a conta de diversos e os pacotes turísticos que fomos “obrigados” a comprar por não ter outra opção fez estourar a conta de turismo. O que nos salvou foi termos gastado bem menos do que esperávamos em viagem e hospedagem, pois os preços são bem baixos para se viajar e se hospedar no Egito (bom, condiz com a qualidade que entregam…). Dos 23 dias que passamos lá, couchsurfamos em 9 e a média diária de 15 dólares por dia é para hospedagem em quartos privados pulguentos, pois não existem albergues de verdade por lá.
Grécia
Tadinha da Grécia, levou uma surra! Conseguimos economizar em tudo, pois surpreendentemente os preços nas ilhas foram mais baixos do que em Atenas (estávamos esperando o contrário, então férias nas ilhas gregas é chique mas é barato, vai na fé!). Conseguimos um sofá para toda nossa estadia em Atenas e pagamos quartos ou tendas privadas nas ilhas. A média de hospedagem por dia ficou em 17 dólares, 2 dólares a mais que os hotéis ruins do Egito, e ficamos em lugares muito bons nas ilhas! Visitamos Santorini e Ios e alugamos quadriciclos para conhecer as ilhas, e no final ainda gastamos apenas 76% do esperado no país.
Itália
A Itália foi sofrida para conseguir fechar dentro do orçado. Não conseguimos encontrar sofás de jeito nenhum, pelo que vimos os italianos usam o CS pra pegação. Apesar do grande número de perfis no site conseguimos couchsurfar somente 1 dia em Roma, o restante ficamos em albergues. A brincadeirinha deixou um rombo de 380 dólares em hospedagem, que conseguimos reverter segurando em alimentação e trocando as viagens que queríamos fazer para Treviso e Matera por destinos mais baratos: Napoli e Sorrento.
Suíça (1ª passagem)
A nossa primeira passagem pela Suíça foi suave, gostamos de brincar que enfrentamos o chefão! Gastamos exatamente o esperado em transporte e viagem, e teve um rombo em turismo devido a nossa subida à montanha Schilthorn, passeio que não estávamos esperando fazer e custou 100 dólares pro casal. Acabamos compensando em alimentação, pois nosso albergue tinha uma cozinha maravilhosa e conseguimos cozinhar todos os dias. O custo de 61 dólares por dia em hospedagem é para excelentes camas em dormitório compartilhado em Lauterbrunnen, pois em Zurique nós conseguimos couchsurfar.
França (Riviera e Provença)
Detonamos na nossa primeira passagem pela França: Nice e parte da Riviera Francesa, mais a região de Avignon e Arles. Conseguimos economizar bastante em alimentação comprando comida em mercado, não gastamos quase nada em turismo porque dá pra conhecer tudo de olho e conseguimos um sofá em Avignon, coisa que parecia muito difícil quando olhamos o número de perfis na cidade. Mesmo com gasto alto de transporte pra Arles, valeu a pena. No final fechamos o sul da França em incríveis 77% do orçado!
Espanha
Passamos quase 30 dias na Espanha, e 50% desse tempo foi couchsurfando, um record! Mesmo assim, estouramos um pouco em hospedagem devido aos preços de albergues no País Basco, que são bem salgados (e a qualidade deixa a desejar). Comer bem mas com pouco dinheiro foi fácil e fechamos a Espanha com uma economia de 170 dólares em alimentação e ainda assim com uns kilinhos a mais!
França (parte norte)
A nossa segunda passagem pela França foi muito tranquila por causa de Bordeaux (conseguimos um sofá nos 4 dias pela cidade) mas ficou por um fio em Paris. Levamos nosso primeiro bolo de couchsurfer, que cancelou o sofá na véspera e tivemos que reservar de última hora um quarto no único hostel disponível que encontramos, trazendo um rombo pra hospedagem. Depois do susto, seguramos bastante em alimentação mesmo indo em restaurantes e cafés e conseguimos não só compensar o buraco como fechar o país em 90%. Nada mal!
Alemanha
Estouramos um pouquinho com turismo na Alemanha mas valeu a pena passear no zoológico e planetário de Stuttgart. Em compensação economizamos um bocado com transporte que, embora seja barato lá, não utilizamos muito porque a cidade é toda andável à pé. Não refletiu muito em economia nos números, mas ficamos bastante surpresos com o preço de alimentação lá, bem mais baixo que a média européia.
Suíça (2ª passagem)
Passamos bem acima nos gastos de turismo na volta pra Suíça também, antes de irmos pra Ásia, mas na verdade já esperávamos. Queríamos muito pegar tempo bom no alto da Schiltorn, e pra isso acabamos subindo ela duas vezes! Apesar de não termos achado mais couchsurfers disponíveis pra economizar em hospedagem, a infraestrutura de albergues é excelente pra se cozinhar então compramos comida em mercados e comemos por conta própria :-)
Nepal
Haha, coitado do Nepal, não faz o menor sentido nos números. O custo de alimentação nas cidades e nas montanhas é absurdo porque eles compensam cobrando mais pra você comer ao mesmo tempo que raramente cobram pela hospedagem, então se economiza de um lado e gasta-se mais do outro. Turismo por si só não custou nada porque o país é bonito de se ver já, não tem o que gastar nisso. Enfim, a confusão parecia tão grande (e na realidade virtualmente ninguém comenta dos custos de trilhas no Nepal) que resolvemos escrever um post específico sobre isso, clique aqui e veja como funciona os custos de trilhas no Nepal pra entender melhor!
Tailândia
Transporte na Tailândia parece tão eficiente e (razoavelmente) barato que merecia melhor destaque nos números em economia, mas o que vale mesmo uma menção sobre custos no país é hospedagem. Não acredite em Hostels Worlds da vida na Tailândia, o preço ao vivo ao chegar no lugar sempre é menor, às vezes até metade. Reservar lugar antecipadamente aqui é loucura, economiza-se muito indo com a cara e coragem.
Malásia
Um efeito colateral do custo das coisas na Ásia é fazer você relaxar no dia-a-dia. Na Malásia vimos que estávamos economizando um pouco em hospedagem (ficando em bairros mais mochileiros e povão de Kuala Lumpur) e soltamos um pouco a rédea em alimentação. Demos até uma abusada indo em restaurantes e cafeterias bacanas, mas de maneira geral o país e nossos bolsos se comportaram bem!
Singapura
Desde muitos meses antes de chegarmos em Singapura, já tínhamos a expectativa de ficarmos na casa de pessoas que conhecemos no caminho da volta ao mundo, e isso se confirmou. Economizamos uma bela grana ficando com couchsurfers em uma cidade que é o equivalente da Suíça na Ásia (não só em organização, mas custos principalmente). O que foi surpreendente, porém, foi não termos estourado lá, ficamos bem abaixo no custo total esperado. Acho que aprendemos muito bem apertar o cinto quando o destino é famoso por ser caro…
Cambodia
Pela primeira vez os custos de pesquisas na internet nos falharam acho, ou não, mas enfim. Segundo pessoas online era pra gastarmos horrores em transporte por cidades no Cambodia, mas no fim das contas isso e o custo barato de hospedagens bem negociadas (padrão no sudeste asiático) nos deixou com uma boa grana extra nas mãos. Cambodia pode não ter números muito altos de economia, mas a sensação no dia-a-dia no país era de que se economiza sempre e com tudo, talvez pelos preços e moeda corrente ser dólar americano então nos controlamos bem?
Nova Zelândia
Nossos principais gastos foram com viagem, pois atravessamos o país de ônibus e depois voltamos de avião, e hospedagem, pois é bem complicado encontrar couchsurfers em um país que é quase deserto. Conseguimos compensar tudo isso economizando pra caramba em alimentação não comendo fora nunca, gastamos somente 60% do gasto esperado com comida. Gastamos horrores no país, mas pra quem conheceu 5 cidades espalhadas pelo país todo dá pra dizer que estamos de parabéns!
Estados Unidos
Nosso principal gasto foi com hospedagem, quase metade do orçamento. Pela primeira vez optamos por nos hospedar em quartos alugados via Airbnb, o que saiu um pouco caro mas garantiu tranquilidade, já que os albergues baratos ficavam sempre bem longe dos centros. Compensamos tudo isso economizando em alimentação e só cozinhando em casa. Não foi fácil lidar com tantas opções de compras no país mais consumista de todos, mas resistimos bravamente e conseguimos fechar a última parada da viagem na tampa!
E aí, qual o valor final?
Melhor que previsão é o valor real! A soma da nossa brincadeira toda por 15 países em 10 meses foi de 36.800 dólares pro casal. Esse valor convertido em reais dá mais ou menos R$ 80.000 utilizando a cotação do dólar no momento em que chegávamos em cada novo país, pra melhor precisão. Mas acabamos economizando ao longo caminho, e ficamos em 97% do orçamento planejado. Nada mal hein? Até “sobrou” :-)
Pra quem vive com parceiro ou parceira que também trabalha, e até poderia ter um carro pela renda, dá pra economizar essa quantia pra viajar sim. Viu só? Só se livrar dos pesos que dá pra realizar um sonho desses. Esperamos que abrir nossas planilhas de custos e planejamentos ajude você a viajar pelo mundo também!