Planejando gastos e despesas em uma RTW

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Se desprender da vida rotineira e sair por aí viajando é o sonho de muita gente. Mas paisagens e fotografias à parte, esta decisão precisa ser muito bem planejada e pensada, pois na maioria das vezes ela vem acompanhada de um pedido de demissão. Se você for um ser humano comum como o casal alfanumérico e não nasceu em berço de ouro nem ganhou na loteria, isso implica em muito, muito, muito planejamento para se gastar o mínimo possível e aproveitar o máximo.

Se você fizer uma busca rápida pela internet (e se este é seu sonho você já deve ter feito isso), vai descobrir que não existe resposta exata para quanto custa uma volta ao mundo, e isso é o que faz muita gente não tirar a viagem do papel. Como se preparar para ficar sem trabalhar por alguns meses, se não anos, sem mesmo ter certeza de quanto você irá gastar neste período? É realmente uma pergunta muito difícil. Mas, queridos leitores e amigos, no que depender da gente vocês jamais ficarão sem resposta! :-)

Vamos escrever dois posts procurando ajudar quem pretende iniciar ou está no meio do planejamento de uma volta ao mundo. Neste primeiro post vamos falar de como planejamos o quanto gastar na viagem, a ferramenta que criamos e de onde vêm as informações que usamos. Na segunda parte a gente vai falar sobre o resultado de tudo isso, o controle que estamos fazendo durante a viagem e basicamente escancarar nossa base de gastos e comentá-la (finalmente, um número para a famosa pergunta “quanto custa uma RTW?”).

Planejamento

Quando se fala de um plano de viagem longo como o nosso, a única certeza que eu posso te dar é que você vai errar. A diferença entre errar muito e errar pouco é o tamanho do seu planejamento! Para estruturar melhor o nosso planejamento financeiro, eu, Dani, dividi os nossos gastos durante a viagem entre custos e despesas.

Custos são os gastos mínimos, a manutenção dos mochileiros, que vão acontecer independente da nossa vontade: comida, locomoção e hospedagem. Despesas são gastos da viagem que vão depender de quão profundamente pretendemos conhecer o país ou quanto estamos dispostos a gastar pra tornar a estadia naquele local mais interessante: transporte entre cidades, passeios turísticos, atividades especiais, almoços ou jantares em restaurantes bacanas, etc.

Dica #1: monte uma base de dados. Qualquer análise vai ficar muito mais simples se você juntar todos os custos em uma mesma planilha.

Ok, mas e as informações? Como saber quanto custa tudo isso? Para a parte dos custos, os dados que usamos foram do Cost of Living, um projeto colaborativo online que contém informações atualizadas sobre o custo de vida em diversas cidades do mundo. Com a nossa listinha de cidades em mãos, o meu nerd preferido, o Caio, montou uma base de dados só com as informações que precisávamos para alimentar a nossa Planilha Master (você vai entender mais pra frente do que se trata).

Caio diz... o CoL tem muita coisa, e em várias moedas, então escrevi um script que pega só custos chaves do lugar, sempre em dólar, e gera uma planilha automaticamente em segundos, pra Dani manipular como quiser

Antes de embarcarmos eu não sabia se o Cost of Living ia funcionar muito bem, mas o que eu posso dizer até agora, depois de 3 meses de viagem, é que o negócio é muito próximo da realidade!

Caio diz... eu sabia, eu acreditava, eu queria crer! :-)

A parte das despesas é um pouco mais complicada, pois não vai existir base de dados pronta pra isso, as informações vão surgindo a partir de muita pesquisa online. Wikitravel, Lonely Planet e blogs de outros viajantes serão seus principais aliados para essa tarefa. Se quiser, dê uma olhada nas nossas dicas e truques sobre sites úteis. Caso a informação for muito difícil de encontrar, faça uso do bom e velho chutômetro!

Planilha Master, uma planilha para todas as outras governar!

Piadinha a parte, com a base de dados montada, era preciso criar uma ferramenta de viagem que fosse rápida de consultar, flexível com datas e que tivesse informações úteis sempre à mão. O resultado foi uma planilha com uma aba por cidade puxando informações de uma base de dados de custos e de uma base de datas e destinos.

Dica #2: deixe uma coisa linkada com a outra. Faça links entre as informações de maneira que, mudando o número de dias de estadia em uma cidade, por exemplo, ele já atualize todos os dados de forma automática.

Demorou muito, mas muito tempo pra batermos o martelo no número de dias que ficaríamos em cada cidade e agora temos percebido como foi a melhor decisão fazer assim. Se tivéssemos que ir atualizando manualmente o orçamento a cada mudança, eu teria ficado louca!

Nosso modelo é o seguinte: uma aba com a lista de todas as cidades por onde iríamos passar, data de chegada e partida, uma aba com as informações úteis do Cost of Living destas cidades, uma aba com dados climáticos e uma aba por cidade juntando tudo isso.

Parece complicado? Segue um exemplo de aba pra uma cidade que puxa os dados dessas bases todas e consolida num lugar só pra consulta:

Exemplo da nossa Planilha Master, clica pra abrir!

Exemplo da nossa Planilha Master, clica pra abrir!

Esse é um exemplo de aba da planilha. As datas, temperaturas, custos de alimentação, transporte etc, são atualizadas automaticamente de acordo com a data de chegada e saída na cidade, puxando as informações da nossa base de custos e da base de datas. O saldo inicial da cidade é final da outra. Se decidirmos ficar 3 dias a mais na cidade mudamos na lista principal e plim! Tudo se atualiza. Mais simples, né? Com isso dá até pra brincar com o planejamento, mudando um dia da Suíça pra França você vê dinheiro aparecer magicamente na planilha devido a diferença de custos.

Dica #3: Defina seus parâmetros. No Cost of Living você vai encontrar o custo de tudo o que precisa para se sutentar durante a viagem, mas você já parou para pensar no que você precisa?

Se vocês repararem na planilha, a nossa alimentação durante a viagem consiste em uma refeição barata em restaurante, pão, leite, ovos e arroz. Logicamente, não estamos comendo só isso durante a viagem, mas esses foram os parâmetros que escolhemos como base para o nosso custo de alimentação. Para higiene pessoal, decidimos que iríamos gastar 20 dólares a cada 20 dias. Isso inclui sabonete que dura dias, papel higiênico, shampoo etc. Às vezes estamos gastando mais, às vezes menos, mas esse é o parâmetro que decidimos para termos como base durante a viagem.

Outro parâmetro importante é a hospedagem. Como nossa viagem tem como objetivo mochilar mesmo, estamos tentando couchsurfar o máximo possível pra ver a vida local, mas observando o número de perfis de pessoas no site é possível saber com antecedência quais são as chances de conseguir um sofá em um determinado lugar. Com base nisso, definimos quantos dias iríamos couchsurfar e quantos dias iríamos nos hospedar em albergues. O valor de hospedagem médio na cidade nós definimos com base no Hostel World.

Caio diz... o Hostel World é faca de dois gumes, sugiro ordernar pelos mais baratos mas jamais pegar o preço médio de lugares com menos de 60% de aprovação… senão é roubada, acredite

A parte de Turismo & Logística é a parte que não tem como ser automática! Aqui é onde entraram aquelas despesas com atividades específicas, definidas com base em uma pesquisa minusciosa, cidade a cidade. Pra ter uma idéia do que fazer se se sentir perdido, procure em sites como Wikitravel na seção See & Do, os tais “must see” no TripAdvisor e o Spotted By Locals. Quando não sabíamos direito o que queríamos fazer na cidade, jogávamos um valor no chutômetro mesmo… em resumo, é daqui que você vai cortar os gastos caso perceba que o dinheiro que você tem não é suficiente, heheh.

Caio diz... nunca é suficiente, nunca! Puta mundo injusto…

A segunda parte é mais informativa e bem manual, fui procurando as informações uma a uma e colocando lá: endereço da embaixada ou consulado para emergência você encontra em documentos do Itamaraty, número de couchsurfers na cidade em uma busca rápida e melhores acomodações no Hostel World a depender do seu critério pra albergues. É sempre bom ter estas informações na mão. Pronto! Tudo o que a gente precisava estava a mão em uma ferramenta flexível, fácil de atualizar e consultar. Parece complicado, mas por isso damos a dica a seguir…

Dica #4: Não desista. Eu não consigo nem contar o número de horas que passei debruçada nessa planilha desde 6 meses antes da viagem. Dá trabalho, mas vale muito a pena!

Hoje conseguimos viajar com segurança financeira, já que nosso dinheiro não dá em árvore e precisamos controlá-lo bem, e sabemos que podemos mudar os planos o quanto quisermos e em alguns minutos vamos ter uma resposta simples: cabe ou não cabe no orçamento?

Quando voltarmos pretendemos transformar nossas planilhas em uma coisa só unificada e, quem sabe, usável online por outras pessoas. No pior caso ainda como planilha mais genérica pra você montar sua volta ao mundo. Dependendo do interesse vai que acabamos fazendo isso antes do nosso retorno pra casa ;-)

No post seguinte mostramos os custos em detalhes cidade a cidade por cada país que já passamos e comentamos nosso orçamento total pro ano e pro casal na viagem!

Mochileiros pobres na cara Riviera Francesa

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Nosso giro de ônibus pela Europa começou no sul da França, mais especificamente na Riviera Francesa (a tal região Côte d’Azur por causa do mediterrâneo). Chegamos de viagem vindo da Suíça e passando pela Itália no mesmo dia, mudanças bem legais de paisagem, e de repente vimos aquele oceano absurdo com um tom de azul mentiroso, ou “azul puta que pariu” de tão diferente dos que já vimos. Nem nas ilhas gregas vimos um azul assim, vimos que nosso tempo na região seria bacana mesmo!

Esse azul é mentira! Mentira! Photoshopado.

Esse azul é mentira! Mentira! Photoshopado.

Conhecemos nosso couchsurfer em Nice e foi duro acordar do sonho que foi sermos recebidos por ele. Ele mora na cidade velha, a região de casarões e prédios históricos de Nice, cheia de restaurantes e tavernas e padariazinhas legais. Lugar melhor impossível. Mas isso não é o tal conto de fantasia ainda. O cara falou que pra dar mais privacidade ia dormir na casa da namorada 100m dali, deixar o apartamento pra gente (um quarto e sala com varanda no topo dum prédio histórico) pelos 3 dias ali, e ainda tinha preparado o maior jantar das últimas semanas pra gente, com sobremesa e tudo, incluindo espumante pra Dani se divertir! :-D

♥ couchsurfing ♥

♥ couchsurfing ♥

Definitivamente somos muitos rabudos em relação a couchsurfers que encontramos. Santa mesa farta, Batman!

Nice

Nice é bem pequena, ao menos a parte interessante da cidade. Tirando passeios pela cidade velha, conhecemos toda a orla do Promenade des Anglais e parte da região da estação de trem onde ficamos o resto da semana em um albergue. Tem o morro Mont Boron que é bem legal com um castelinho antigo parece, é de onde tiramos as fotos do alto da cidade e pode-se ver um 360° da região quase. Ali tem uma cascata d’água e um parcão cheio de crianças brincando, talvez por ter escolas ou os professores levam em excursões mesmo.

Logo após pôr-do-sol na praia principal de Nice

Logo após pôr-do-sol na praia principal de Nice

A avenida principal de Nice, ao menos de movimento de pessoas, parece ser a Jean Médecin e arredores. Dependendo da parte ela fica meio chique com lojas famosas e uma Galeries Lafayette, mas desembocam todo mundo na praça Massena, onde é o cruzamento de tudo do centro de Nice. É onde tem o movimento mesmo, de bem cedo até bem tarde. Infelizmente nossas datas de couchsurfing não bateram com a programação da cidade… descobrimos que perdemos um festival de jazz da cidade e a passagem do Tour de France desse ano por questão de dias, além de não vermos a reforma completa dos jardins daquela parte da cidade, que seria terminada só após irmos embora :-(

Nice de noitinha, rua do palácio de óperas

Nice de noitinha, rua do palácio de óperas

De qualquer forma, o clima da cidade é bem relaxado, dá pra notar que não são o tipo francês típico e nosso couchsurfer até confirmou que eles são bem preguiçosos ali. Deve ser o mar… ou a proximidade com a Itália, que tem influência enorme na cidade. Alguns lugares ainda tem nomes em italiano, e a comida eu diria é 60% de base italiana. Meio chato pra gente isso, mas é a cultura deles. Tentamos evitar porque faltava autenticidade e sobravam preços caros, talvez pelo alto nível de grana dos turistas que vão pra cidade e tornam tudo caro sem justificativa. Pra sentirmos uma atmosfera mais diferente decidirmos visitar as vilas de Antibes e Villefranche-sur-mer, e o principado de Mônaco.

Mônaco

O hairpin famoso de F1 com a baía ao fundo

O hairpin famoso de F1 com a baía ao fundo

Mônaco é legal de passar pelo lugar, tirar umas fotos e só. Não tem absolutamente nada de especial na minha opinião. Tem uma vadiagem básica de milionários em barcos enormes, muitos turistas tirando fotos e tudo é mais caro. A única coisa legal mesmo foi dar uma volta à pé pelo circuito de F1 que é clássico e eu não podia perder. Pra ir pra Mônaco foi fácil, ônibus 100 perto da praça Garibaldi em Nice, 1 euro.

Dani diz... por custar 1 euro vale a passagem, mas se você está viajando com orçamento curto e não quer passar raiva, não vá para lá!
Mônaco ao fundo com a marina e chicane de F1

Mônaco ao fundo com a marina e chicane de F1

Antibes

Todo mundo vai acabar perguntando se fomos em Cannes, mas não… não fomos, por pura preguiça. Decidimos ir pra Antibes que tem uma história greco-romana legal e demorou mais de 1h de ônibus, com um trânsito enorme. Foi tão, mas tão cansativo que abortamos ir pra Cannes já que não sabíamos se teria nada de especial lá. O que não foi ruim, porque a praia em Antibes é pequena mas bem legal, só com locais. A região também tem um museu do Renoir e do Picasso (6 euros que não tínhamos), para quem tiver mais tempo ali. O lugar de saída pra jornada sem fim até aquele buraco é pegar o ônibus 200 perto da praça Massena em Nice, indo em direção a praia tem o ponto, 1 euro também.

Resto da riviera vista de Antibes

Resto da riviera vista de Antibes

Villefranche-sur-mer

Agora… rapaz… já Villefranche-sur-mer… Villefranche-sur-mer! A vilazinha francesa de praia que estávamos procurando! Casinhas pequenas, prédios antigos, ruas completamente vazias, e quando tinham alguém não eram turistas. Perfeito total. Villefrance fica tão perto de Nice (uns 5km do centro) que se tiver ânimo dá pra ir andando eu acho. Passando a marina de Nice é só contornar a montanha, mas é mais negócio pegar ou o ônibus 100 ou o 81 (mais vazio) perto da praça Garibaldi. É o mesmo esquema pra Mônaco, mas você desce bem antes na parada Octroi. Se der sorte vai pegar uma feira de comidas típicas ou de artesanato dependendo do dia, logo na saída do ônibus :-)

Dani diz... uma dica! A passagem é 1 euro, mas eles cobram 1,50 dos turistas. Se você entregar 1 euro para eles eles deixarão você passar, pois é o preço “local”, mas se você perguntar cobrarão 1,50
Passeando em Villefranche!

Passeando em Villefranche!

Villefranche foi tão gostoso e bonito de visitar que voltamos lá outro dia, pra aproveitar mais ainda. A vila é minúscula e encravada na encosta de uma pequena baía isolada das outras cidades. Não ficamos de noite ali, mas os preços e naipes dos restaurantes são melhores que de Nice, pena não aproveitarmos. O que aproveitamos mesmo foi a praia e andar por ali.

Praia de Villefranche, faixa de areia pequena mas mar perfeito

Praia de Villefranche, faixa de areia pequena mas mar perfeito

A praia é simplesmente perfeita, lembra um pouco as gregas mas a água é bem menos gelada e gostosa. Cara, as sonecas e lanches que tivemos ali e depois fomos mergulhar pra tirar o calor… nem te conto. Anota aí, Villefranche-sur-mer, vale uma lua-de-mel viu.

Dani diz... nem nas ilhas gregas consegui convencer o Caio a passar mais de 2 horas na praia mas Villefranche conseguiu :-)
A baíazinha de Villefranche-sur-mer e seus barquinhos

A baíazinha de Villefranche-sur-mer e seus barquinhos

Voltando um pouco pra Nice de novo, não quisemos deixar aquele marzão azul dando sopa, então pegamos um dia pra andar no calçadão e ir pra praia dali. E não é que ficou nublado bem nesse dia? Descansamos bem na praia pedregosa de Nice, altas pedras e nada de areia mesmo, mas tava frio demais pra irmos no mar nesse dia. Algumas pessoas não se importaram e entraram mesmo assim, mas não o grosso da jovenzada que frequenta a praia local. Manja “clima de azaração” com bikinis pequenos? Assim. Foi bacana até porque deu pra descansar e vadiar bem vendo os aviões pousando. Como o aeroporto é dentro do mar quase, eles passam fazendo rasante pela orla toda, bem legal.

Falando em jovenzada, Nice é tomada por americanos e britânicos no verão pelo jeito. Se você não se importar muito vale a visita, mas tem que estar preparado. A cidade toda fala inglês enrolado ou aquele sotaque britânico forte. Nosso quarto no albergue já tinha uma boa amostragem mas demos sorte porque eram todos gente boa e não tão festeiros. Conhecemos nesse tempo um casal de americanos que dá aula em Praga e são da Califórnia. Um estatístico de São Francisco que também é dançarino e trabalha no LinkedIn e uma bailarina clássica de Boston que veio estudar um programa em Mônaco. Bom pra treinar o inglês :-)

Enfim, tudo isso meio que resumiu nossos dias em Nice, que acabaram sendo nossas mini férias visto que passamos um bom tempo na Riviera Francesa mas baseados na cidade. Foram sete dias bem aproveitados no sul da França colado no mar!

Parada em Lauterbrunnen nos Alpes Suíços

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Finalmente chegamos em Lauterbrunnen!

Vista do quarto no albergue, cachoeira Staubbach na lateral

Vista do quarto no albergue, cachoeira Staubbach na lateral

Estávamos esperando muito pra conhecer a região dos alpes e porque também ali comeceríamos nosso giro de ônibus pela Europa continental, já que Grécia, Itália e Suíça havíamos conhecido na raça conforme queríamos. Foram 3 trens desde Zurique, total de 150 francos para o casal. O que no Brasil deixaria qualquer um em pânico (oi? viajar 3h de trem fazendo 3 baldeações?) aqui foi tudo nos conformes. Trens impecáveis, rápidos e ridiculamente no horário, claro. Fizemos parada em Berne e depois em Interlaken. A região em volta de Interlaken pareceu muito bonita, com lagos de cor claríssima pela água que desce das montanhas aparentemente. Tem bem cara e cor de água de geleira. Numa próxima vez vale passar um dia em Interlaken.

Chegamos em Lauterbrunnen após o horário do almoço, com o tempo bom mas ameaçando nublar logo. Mas mesmo nublada a região do vale por ali é indescritível. Sério, Lauterbrunnen é famosa por ter 72 cachoeiras, e fica no fundo de um vale cujos picos estão na faixa dos 3.000 e 4.000 metros, imagine! Se tem uma coisa que se ouve e vê em todo o momento em qualquer ponto da vila são as cachoeiras e o barulho que fazem.

Como havia chovido e nevado recentemente, embora seja verão, todas as cachoeiras estavam bem fortes, lindo demais. Por causa delas o Tolkien, do Senhor dos Anéis, quando visitou a região quando era jovem decidiu inventar a Valfenda, ou Rivendell, então se conhece a história consegue ter uma idéia do absurdo que é a beleza do lugar.

Ficamos no albergue Valley Hostel, que elegemos facilmente como o melhor de todos os tempos. Na nossa viagem ficar em um albergue tão bom é como tirar férias das férias. Cozinha industrial incrível pra cozinhar o que quiser, sala de café e jantar com varanda pras montanhas e resto do vale, quartos inacreditavelmente limpos e bem cuidados, tudo de madeira clara bem estilosa, banheiros e chuveiros estilo vestiários excelentes. A política de não usar calçados lá dentro ajuda um monte, já que a região é de trilhas e lama, então a limpeza se mantém. O preço não é dos melhores mas pra região, e pelo que oferecem lá, vale cada centavo de franco suíço dos 30 por pessoa por noite! Minha cama ficava no alto do quarto, isolada tipo casa na árvore, com uma janela com vista exatamente pro fim do vale e pra cachoeira que cai sobre a cidade. Sem mais comentários, um achado ;-)

E o tempo estava horrível! Nenhuma foto faz jus ao lugar

E o tempo estava horrível! Nenhuma foto faz jus ao lugar

A vila de Lauterbrunnen é minúscula, e uma caminhada é suficiente pra conhecer todas as ruas em pouco tempo. Andando pro fim da vila se chega a tal cachoeira que cai sobre Lauterbrunnen. Ela é gigante de alta, mas tão alta que a água vira um vapor antes de encostar nas casas, e acaba só molhando umas árvores perto, e dá pra entrar num túnel dentro dela!

Em um fim de tarde mais tranquilo fomos andando pela estradinha que passa pela cachoeira até mais pra fora da vila, foi bem bonito ver a luz do pôr-do-sol (lá pelas 22h) refletir nas montanhas com neve no topo trocentos mil metros acima da gente. De infra no lugar também existe um mercadinho que quebrou um galho e vários pubs lotados de britânicos, mas é possível encontrar algo mais simples e barato, como um vendedor de pão com salsicha local que achamos e não resistimos na volta pro albergue. Salsichão estilo alemão com pão FTW!

Lanchinho

Lanchinho

No albergue acabamos conhecendo um rapaz de Singapura (chinês mas morando lá há anos) bastante gente boa, ele parecia bem perdido no lugar e convidamos ele a fazer uma trilha com a gente. Nosso plano original era subir as trilhas até o topo da montanha Schilthorn de 3.000 metros, plenamente possível no verão. Só que como nevou e choveu nas semanas anteriores, as trilhas acima dos 2.000 metros estavam fechadas :-( o jeito foi subir até a vila de Mürren mesmo e usar o teleférico até o topo da Schilthorn… na brincadeira morreu 11 francos pra ir da vila até a base da montanha, e outros 46 francos por pessoa até o topo.

Foto clássica de trilha, a água tava deliciosa

Foto clássica de trilha, a água tava deliciosa

A trilha foi bem tranquila, mas um pouquinho puxada no começo porque fazia tempo que não íamos em uma montanha.

Vista constante do paredão durante o caminho

Vista constante do paredão durante o caminho

O caminho é bonito demais, as fotos não fazem jus também pelo tempo que foi fechando, mas o cheiro das flores, dos pinheiros, o ar fresco e a água gelada e pura que tomamos das cachoeiras foi foda demais. Em um certo momento encontramos um casal descendo a trilha que nos alertou sobre um trecho perigoso.

Aqui tinha uma trilha, mas o deslizamento cobriu quando a passamos

Aqui tinha uma trilha, mas o deslizamento cobriu quando a passamos

Demos uma risada entre a gente porque a trilha era fantástica e segura, e seguimos. Um pouco à frente havia um penhasco, de verdade, porque parte da montanha tinha deslizado horas antes pelo jeito. Tudo fresco, galhos recém quebrados e tudo, e de repente vejo água começando a descer se acumular numa lama. Passamos correndo bem preocupados e ficamos do outro lado olhando a montanha ficando encharcada. Foi legal pela aventura, mas um pouquinho assustador porque ela começou a deslizar assim que passamos por aquele ponto! Quase no final da trilha tivemos outra surpresa, ainda mais bizarra.

Segundos antes de sair correndo atrás da gente...

Segundos antes de sair correndo atrás da gente…

Chegamos numa encosta bem verde onde vacas leiteiras, bem típicas de comercial de chocolate suíço, estavam pastando. Um delas ficou bem nervosa com a gente passar perto dela tirando fotos (ela estava em cima da trilha, a “culpa” era dela né) e começou a vir atrás da gente. Porra, vacas pastando no alto da montanha tocando seus sinos e ainda tem a moral de nos expulsar da trilha. Moral pra elas :-)

Vista do fim da trilha :-)

Vista do fim da trilha :-)

A brincadeira toda durou 3h pra subir 1.000 metros, e quando chegamos em Mürren o tempo já estava bem nublado e a câmera ao vivo do topo da Schilthorn mostrava tudo coberto e com névoa pesada. Abortamos nosso plano do dia e voltamos pro albergue exaustos mas felizes pelas paisagens incríveis, especialmente em Mürren que fica numa posição absurda do vale, totalmente isolada no alto dos alpes. Dali vimos uns loucos passeando de parapentes também, a vista deve ser alucinante…

Chegando em Mürren

Chegando em Mürren

Ainda tentamos voltar ao topo da Schilthorn em outro dia já que na primeira tentativa foi só voltarmos pro albergue que o tempo melhorou. Fomos de teleférico mesmo, mas o dia que escolhemos pra arriscar mais uma vez estava ainda pior. Ficamos das 8 da manhã até as 4 da tarde sentados lá no topo esperando o tempo melhorar. Tivemos uma janela de 10 minutos com algum sol e céu minimamente azul, o resto foi frio, ventos fortíssimos, um gelo caindo e depois chuva gelada. Foi bem triste, mas ainda nos vingaremos dessa maldita montanha: nos aguarde Schilthorn!

Do alto da Schilthorn, num dos 5 minutos de céu aberto, mas lindo

Do alto da Schilthorn, num dos 5 minutos de céu aberto, mas lindo

Eu, Caio, fiquei completamente apaixonado pela região de Interlaken e Lauterbrunnen, é tudo o que eu esperava e mais um pouco, e isso porque o tempo estava bem feio comparado com fotos do verão de céu azul perfeito. Qualquer pessoa que gosta de boas paisagens e natureza preservada e linda adoraria passar uns dias ali também. Na realidade amamos tanto a vilazinha que já mudamos nossos planos do fim da Europa pra voltar ali antes de ir embora!

Bitoca da vitória!

Bitoca da vitória!

Como ato de despedida saí no domingo 11:30 da noite com uma garoa chata pra tirar fotos dali. De noite ela fica toda escura e você consegue ver o céu bem claro e só a cachoeira da vila fica iluminada (artificialmente, é óbvio) :-)

Lauterbrunnen à noite

Lauterbrunnen à noite

De manhã super cedo pegamos o Busabout, que explicamos melhor em outro post mas que é um tipo de circuito de ônibus para mochileiros viajando dentro da Europa. É cerca de metade do preço de um passe de trem equivalente e bem mais flexível, passando por cidades bacanas. Nosso passe era válido a partir de Lauterbrunnen, e dali começamos nossa correria pelo continente que contaremos depois!

Nossa base na Suíça, começando em Zurique

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Quando dizemos que montamos base na Suíça não significa que ficamos tanto tempo assim lá, foi mais uma escolha por logística :-) como queríamos ir pro Nepal, e nem todas as empresas européias voavam direto ou semi-diretamente pra lá, a Suíça foi a saída já que havia um vôo com somente uma escala rápida pra lá. Chegamos em Zurique, passamos pelo interior e faremos o caminho todo de volta no nosso fim na Europa!

Zurique do alto, vista da universidade

Zurique do alto, vista da universidade

Enfim… já começamos bem em Zurique, chegando atrasados quase 2h no centro da cidade. Eu, esperto, li 3km no Google Maps mas que tava em inglês e eram 3 milhas até a casa dos nosso couchsurfers na cidade. Resultado: andamos 5km por Zurique debaixo de um sol pior que o egípcio ou brasileiro, com as mochilas nas costas. Andamos do centro até o fim da linha Farbhof de bonde, longe pra caralho.

Mas! Como o céu tá cheio de couchsurfer gente boa, na recepção tínhamos uma panela de macarronada nos esperando, e dali já fomos pra uma ilhota no rio Werdinsel que corta Zurique. Uma espécie de praia pra eles e com água incrivelmente deliciosa, e gelada, muito gelada. Gelada de arder como se fosse quentura quando sai da água. Ou vai ver que ardeu porque pulei duma corda que tinha lá com as costas espatifando na água :-)

Nossos couchsurfers em Zurique foram uma dupla de rapazes (um local e um suíço-escocês), bem jovens meio estudantes ainda mas prontos pra dar risada e conversar. Na próxima vez que falarem que suíços são meio frios poderemos discordar veementente. Um deles ainda nos deu uma puta surpresa quando descobrimos que ele já foi pro Nepal, e não só isso, mas fez as mesmas trilhas que pretendemos fazer lá. Tinha livro, mapas, nomes dos postos de controle, tirou altas dúvidas nossas!

No lado antigo da cidade

No lado antigo da cidade

Zurique em si é muito melhor que esperávamos. Não é tão casa de boneca quanto se imagina, mas sim tudo funciona perfeitamente bem. O sistema de transporte da cidade deve ser mentira de tão bom. Realmente é caro, mas se vacilar como nós e não comprar passes que valem muitos dias aí fica difícil mesmo. Como tem bonde, trem, ônibus e barcos integrados com o mesmo bilhete, a melhor saída pra aproveitar a cidade é comprar o passe e rodar bastante, vale a pena! Ou pegar uma bicicleta e andar, são bem amigáveis e tem até empréstimo grátis de bicicleta no centro. Isso, claro, sem falar dos trens do lugar. Pra quem gosta de trem, ou engenharia de transporte, Zurique (e por extensão o país todo) é pura pornografia.

Dani diz... as bicicletas foram o que mais me chamou atenção, tem muito espaço para elas na rua, além de pessoas andando de skate, patins e até patinete

A cidade tem mais que lojas de marcas caras, ainda bem pra gente. Fomos no Jardim Chinês que tem na margem direita do lago e tava cheio de gente tomando um sol, dali se tem uma vista legal da cidade e dos barcos no lago. Se o dia estiver claro dá pra ver até os alpes no horizonte, mais altos que tudo. No meio do centro passam canais também, e ali as pessoas costumam tirar os calçados e botar os pés nas águas absolutamente transparentes enquanto almoçam. Dá até pra ver os patos brincando e uns peixes nadando de tão cristalino que é por ali. Aliás, foi ali que almoçamos um dia e tiramos uma soneca encostados num banco na beira do rio :-)

Um lugar diferente que havia encontrado por acaso, online, era o skatepark de Zurique. Diz-se que é um dos maiores da Europa, então tínhamos que ir lá ver, skateparks apavoram! Era grandinho mesmo, e bem construído, pra quem tava aprendendo e pra quem já manjava. Não vi só uma pista vertical lá, mas tinha até ponte conectando lados do parque. Pra ir lá desça na estação Saalsporthalle e ande paralelo a Allmendstrasse, não tem como não ver de longe.

No skatepark de Zurique

No skatepark de Zurique

Depois de visitar a região fomos meio andando pelo centro histórico de Zurique, com os prédios antigos, torres com relógio e afins. Vimos conectadas em uma ponte algumas daquelas cordas de slacklining com gente tentando passar por elas. Quem caía se juntava ao bolo de gente abaixo no rio gelado, aproveitando o verão :-) Aliás, ali tem o parque Platzspitz que vale uma visita, e pode emendar o passeio no parque de diversões pra mochileiros. Quase ali do lado tem o Europaallee, uma espécie de shopping na rua com mesmo nome, e lá dentro tem a Transa. Caralho, sério, o nome é estranho mas é como uma megastore de coisas pra mochileiros, acampamentos, escaladas, trilhas etc. Simplesmente alucinante, foi foda sair dali gastando pouco só pra matar a vontade. Na volta pra Zurique pararemos ali antes do Nepal, com certeza.

Dani diz... nada como uma loja pra mochileiros para se descobrir um monte de coisas que você nem sabia que existia mas “precisa” desesperadamente
Slacklining no rio gelado, mas é verão então tudo bem

Slacklining no rio gelado, mas é verão então tudo bem

Fazia tempo que não cozinhávamos pros nossos couchsurfers então tentei fazer uma coisa diferente. Pela primeira vez na viagem tentei fazer galinhada, com arroz misturado e tudo. Ficou um pouco gordurosa mas rapaz… até eu fiquei orgulhoso do feito. Todo mundo lambeu os dedos quando raspamos a panela na mesa da varanda. Galinhada na Suíça é o que há! Bom jeito de agradar com algo brasileiro e matar a saudade da comida de casa.

Pra compensar, nos deram as dicas de como chegar na loja da Lindt que fica na fábrica de chocolates. As visitas à fábrica foram suspensas, mas a loja tem cheiro de chocolate fresco, é hipnotizante… e barato! Por 1 franco e meio você compra uma barra de chocolate, por exemplo. E bom, é Lindt, não é Garoto. Saldo da brincadeira foram prováveis kilos extras de banha já que saímos de lá com 8 barras e saco de bombons que pesavam 1kg :-X mas pô, se tá na Suíça, que se entupa de chocolate, certo? Compramos até pouco, isso sim!

Sloth! Chocolate!

Sloth! Chocolate!

Nossa última noite na cidade foi especial. Fomos encontrar o Yves, que conhecia online há tempos mas nunca havia encontrado em pessoa ainda. Ele nos levou por um passeio rápido pra conhecer o escritório do Oráculo em Zurique, um parque de diversão do ponto de vista do pessoal de RH pelo jeito, mas de fato um puta lugar só de passar rápido olhando pelas mesas enquanto uns perdidos ainda trabalhavam à noitinha, foi bem legal e confesso que tive que me conter pra não parecer um nerd fanboy ali. Pra fechar a noite o Yves fez uma proposta bizarra: ir num bar que ninguém havia ido ainda mas que ficaram sabendo que haveria uma dupla japonesa “estranha” tocando umas músicas sei lá da onde. Pegamos uma chuva no caminho e chegando lá o lugar (Helsinki Klub) era tipo uma garagem transformada em bar descolado e o casal de japoneses tocava um som muito… não sei. Ele no baixão e ela cantando ou brincando com alguma escaleta. O som era muito diferente, mas legal! Fofinho até, pensando bem nós até compraríamos o álbum deles. Acho que se chamam Fuchigami e Fumato, eles tem um canal no Youtube e até uma música chamada Ramona.

No fim da noite estava chovendo bastante forte e após nos despedirmos do grande Yves voltamos pra casa quase “voando por instrumentos” de tão cansados. Deixamos um recado no livro de visitas dos nossos couchsurfers com um mapa mundi que desenhei com nossa rota da viagem e fomos dormir. Acordamos bem cedo pra nos despedir deles antes de saírem e perdermos a chance, ia ser humilhante voltar tarde e não encontrar os couchsurfers pra um tchau! Tudo ótimo e resolvido, fomos pegar nosso trem pro interior na região dos alpes.

Centrinho de Zurique com turistas

Centrinho de Zurique com turistas

Deu pra notar que adoramos nossos dias (bom, quase uma semana) em Zurique? O lugar e as pessoas que encontramos foram incríveis. Pena não ter visto meu primo que mora na cidade mas havia viajado à trabalho dias antes, quem sabe na próxima vez. Próxima vez inclusive que não demora muito, Zurique é mais foda que as pessoas imaginam e a veremos novamente antes de sair da Europa.

Roma, cazzo!

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Nosso tempo em Roma foi um pouco diferente. Não ficamos na cidade de forma contínua. Primeiro usamos ela por metade de um dia e noite como base só pra ir pro sul da Itália, e depois quando voltamos pra lá pra visitar de verdade.

Foi nesse primeiro espaço de 6 horas na chegada em Roma que fez a gente aproveitar tanto a cidade. Finalmente estávamos em Roma, cazzo! Como esperamos pra visitar a cidade que a cada esquina e parede tem milênios de história…

Pra essa noite tínhamos couchsurfer pra conhecer. Coincidentemente ele morava em Curitiba também, meio que lá e meio que em Roma ainda. Falava português praticamente fluente e só não falamos o nome dele aqui por privacidade, mas foi uma das pessoas mais gentis e “elétricas” na viagem, extremamente gente boa. Como o tempo era curto, após o trabalho ele nos levou pra conhecer Roma. E quando dizemos conhecer dizemos conhecer mesmo. Andamos ininterruptamente das 6 da tarde até meia-noite! Fomos dormir, acho, por 01:30.

Pôr-do-sol do alto da cidade

Pôr-do-sol do alto da cidade

Qual o pulo do gato? O passeio era com um italiano de verdade, couchsurfer, fomos direto pra onde era legal. Visitamos o Coliseu, ou Colosseo com o sotaque engraçado da anunciante nos metrôs, o Arco de Constantino que é do lado, as ruínas do fórum romano vimos de fora pelo horário ser tarde, demos uma espiada na Coluna de Trajano e no palácio Vittoriano, passamos pela Fontana di Trevi, Praça da Espanha, subimos a escadaria ali até a entrada pra Villa Borghese com um panorama e pôr-do-sol incrível do alto da cidade. Voltamos já quase morrendo pelo centro, repassando alguns lugares agora de noite, com iluminação de monumento mesmo.

Pantheon é lindo demais, a foto não faz jus

Pantheon é lindo demais, a foto não faz jus

Fica tudo mais incrível, o fórum romano de noite (com direito a entrar pelos fundos, sem ninguém, pulando uma cerca pros turistas) é alucinante. Jantamos perto da Praça Navona por 10 euros (2 pratos e vinho), combo comum em Roma e preço camarada. Dali ainda passamos no Pantheon, algo emocionante pelo gigantismo do lugar e significância! Ufa! A noite foi foda, e seremos eternamente gratos ao nosso couchsurfer por isso :-)

Jantamos por aqui, fino!

Jantamos por aqui, fino!

Entendem agora a diferença de ter couchsurfing? Conversas excelentes com pessoas locais, aprendemos mas muita, muita coisa sobre a Itália nessa noite. E sobre o Brasil também já que nosso couchsurfer tá praticamente indo morar lá em breve. É uma forma absolutamente diferente e oposta ao jeito brasileiro de fazer turismo, e isso ainda vai render post específico hein!

Enfim, acabamos voltando para Roma novamente só uma semana depois, mais ou menos. Após passar por Napoli e Sorrento na região da Campania, ficamos uns dias mais calmos na capital… ou não tão calmos assim.

Chegamos de trem às 21h, cansados, andamos meia hora com mochilas carregadas até o endereço do hostel. Não tinha placa na entrada, nada, nem um pedaço de papel no interfone. Conseguimos entrar com ajuda de um morador do prédio (o lugar é tipo um conjunto habitacional) e começamos a olhar porta por porta, andar por andar (12 no total)… dos dois prédios do condomínio. Nada de achar o albergue. Aí uma hóspede do lugar chega e fala “ah é ali, mas eu nem sei o nome também” e lá dentro, além de vazio e sem recepção, tinha uma placa “em caso de ajuda ligue pra tal número”… ligamos, e um sujeito do leste europeu apareceu falando que nosso albergue era outro, 5min andando dali, ficou bravo e ligou pro chefe dele quando reclamamos da bizarrice toda, falando que só podíamos ficar uma noite e não todas as reservadas, quis cobrar a mais da gente… puta zona absurda. Resumindo: pegamos nossas coisas e saímos pela região da ferroviária de Roma, lixeira total, às 23h procurando onde dormir!

Caímos no primeiro decente que achamos perto da praça Vittorio Emanuele, caro mas pelo menos seria nosso resgate. E que resgate! Descobrimos que quase do lado ficava a sorveteria Palazzo del Freddo, supostamente a mais antiga de Roma e uma das mais antigas da Itália! E que sorveteria é aquela rapaz… isso deveria ganhar prêmio! A noite foi amarga na cabeça e no bolso, mas pelo menos aliviamos com o sorvete maravilhoso dali, 2 euros que valeriam 2 milhões :-)

Dani diz... incrível como uma viagem dessa muda a gente. Às 23h estávamos sem onde dormir, meia hora depois estávamos na boa tomando um sorvete maravilhoso. Simples assim :-)

Na manhã seguinte caçamos online um albergue pra ficar e achamos com disponibilidade parcial o Casa Rosa, lugar dos sonhos total. Se soubéssemos que eles existiam antes, teríamos ido direto pra lá. Mesmo com disponibilidade parcial mexeram na reserva duns americanos e conseguimos os três dias restantes no mesmo cômodo. O gerente do lugar é um amor de pessoa, ligado nos 220v e quando percebemos estávamos tomando um café por conta dele numa cafeteria na esquina e falando sobre onde iríamos e sobre nossa viagem. Ele ria e falava que nos odiava por ela. Praticamente tratamos ele como nosso couchsurfer, pra terem idéia. O lugar era excelente, bem cuidado, super limpo e o melhor: pequeno, ou seja, só três quartos então era quase cuidado diário pra gente. A região é super local, cheia de comércio pequeno e ruas de movimento típico de bairro, demos uma baita sorte de não cair num canto turístico.

Clichê, mas tínhamos que entrar no Coliseu :-)

Clichê, mas tínhamos que entrar no Coliseu :-)

Fizemos por conta, assim, parte do trajeto em Roma lá da nossa primeira visita. Dessa vez, porém, de dia, pra ver e sentir a diferença. As luzes nos lugares muda bastante, vale a pena fazer os passeios de dia e de noite. Particularmente prefiro de noite, as iluminações deixam tudo mais imponente. Como dessa vez tínhamos mais tempo por conta própria, fizemos tudo andando desde o albergue até o centro histórico, fórum romano e ruínas tudo por dentro delas. Um dos nosso lanches foi na subida do Monte Palatino, por exemplo, chique. Matamos o dia voltando na sorveteria Della Palma, que disseram ser bastante conhecida, e fomos pro céu com o sorvete muito bom deles por 3 euros a casquinha normal. Queríamos pegar de novo e de novo, mas a grana não deixou… gelato na Itália é fonte de despesa feroz.

Fim do dia na Praça Navona

Fim do dia na Praça Navona

Já tínhamos notado isso antes, mas pegando metrôs nesses dias reparamos na quantidade de gente que não paga transporte em Roma. À noite, pelo que vimos e nosso primeiro couchsurfer confirmou, ninguém liga e entra sem pagar mesmo e o motorista nem esquenta. Depois que a passagem subiu 50% (50 centavos) a galera parou de pagar e foda-se, algo assim. Nos metrôs vários pegavam carona no bilhete da frente pra passar na catraca larga. Quem diria… solução interessante.

No sábado eu, Caio, fiquei no albergue fazendo coisas digamos… hmm, mais mundanas, enquanto a Dani ia visitar o Vaticano. Cortar cabelo, ir no mercado, ver TV, essas coisas. Ela foi e voltou sozinha, sem se perder; e olha que o endereço do albergue era meio difícil, numa área bem legal mas com ruas não muito simétricas num mapa! Desafio de orientação e tanto pra ela, mandou bem.

Dani diz... nossa, obrigada pela parte que me toca!

Eu, Dani, recomendo fortemente a visita ao Vaticano, mesmo não para quem não é religioso. Uma vez que você chega lá, encontrar os pontos importantes não é tarefa difícil, pois desde a saída do metrô uma onda de turistas te carrega para a Basílica de São Pedro e para o museu do Vaticano (16 euros pra igreja vezes milhões de turistas por mês). A única dica, portanto, é ir preparado para ser bastante esmagado e para filas e mais filas.

O museu do Vaticano é enorme e composto por vários museus e pela Capela Sistina, que é a última atração do lugar. Eu demorei uma hora e meia visitando os museus antes de chegar até a Capela Sistina e preciso falar que fiquei impressionada com a perfeição de cada um deles. As coleções são bem grandes (…de repente você tromba com O Pensador!) e a arquitetura é incrível, eu saí de lá com torcicolo de tanto ficar admirando e fotografando tetos! :-P

A Capela Sistina é um espetáculo a parte, é realmente bonita como eu esperava, mas preciso dizer que é um pé no saco entrar e sair dela. Primeiro porque todo mundo diminui o ritmo quando chega perto de lá e demora-se uns 20 minutos pra conseguir entrar. Depois porque, uma vez lá, a cada 10 segundos você escuta o guarda gritando “no photos, no videos” ou “silence, please” no meio de uma muvuca de gente tentando tirar fotos escondido. Difícil de se concentrar, relaxar e curtitr o lugar.

No nosso último dia, domingão, fomos no parque. Programa típico também para os italianos ao que parece! Fomos novamente na Vila Borghese, um dos maiores, senão o maior, parque de Roma. Gigantesco. Estava praticamente lotado, cheio de gente fazendo pic-nic, crianças brincando, várias famílias naquelas bicicletas pra grupos e calor e sol forte. Não tinha como ficar melhor pra descansar ali, deu até pra tirar uma soneca depois de comer frutas e um sanduíche com cenouras, passamos o dia todo lá :-)

Laguinho na Villa Borghese, onde almoçamos pão e cenouras...

Laguinho na Villa Borghese, onde almoçamos pão e cenouras…

Roma mesmo só decepcionou na noite pra sair. Haveria um jogo de futebol da Itália e quase marcamos de ir ver com nosso couchsurfer e amigos dele, mas abortamos pra ir no bairro de Pigneto que era relativamente perto de onte estávamos. Pigneto é uma região restaurada que parece estar super cool e trendy etc e tal. Cheia de jovens e botecos e restaurantes novos. Fomos lá pra ter um jantar de despedida, mas acabamos comendo um sanduíche de porco assado ridiculamente seco e duro, onde serviam um vinho “da casa” que cheirava álcool de cozinha. E isso porque era sugestão de Lonely Planet… enfim, Pigneto é superestimado total, é meio feio e sujo ainda, não se desenvolveu totalmente, e não é porque é cheio de jovens alternativos que os restaurantes podem cobrar preços absurdos por comida simples que se encontra por metade do valor no centro. Pena…

Se fosse pra dizer alguns pontos inesquecíveis na cidade, seja porque adoramos cultura greco-romana ou seja porque é muito bonito mesmo, diríamos pra visitar: Fontana di Trevi, uma pornografia de escultura sem precedentes; palácio Vittoriano, meio clichê mas é tão único na paisagem e gigante que não tem como não babar; Villa Borghese, paraíso esquecido por muitos turistas; Praça Navona e dali emendando o Pantheon, vá lá e depois me diga se não valeu a pena. Tudo isso é inútil ver em fotos, por isso nem botamos muitas aqui. A dimensão das coisas ao vivo é indescritível.

Fontana di Trevi de noite é melhor que de dia, e com quase ninguém perto!

Fontana di Trevi de noite é melhor que de dia, e com quase ninguém perto!

Mas foi assim que vimos Roma, finalmente! Overdose de história e experiências em pouco tempo, mas foi divertido :-)

Pelo sul da Itália: Nápoles e Sorrento

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Não foi fácil decidir para onde iríamos na Itália além de Roma, nosso ponto de chegada e partida. Gostaríamos muito de poder ir para cidades famosas no norte da Itália, como Florença e Veneza, ou conhecer a região da Toscana, mas nosso orçamento não permitiu. Nossa viagem teria que ficar focada em cidades mais próximas entre si e que coubessem no nosso bolso, e as eleitas foram Napoli e Sorrento.

Napoli

Compramos a passagem para Napoli na classe econômica da Italo (NTV) por 20 euros por pessoa, pareceu quase pechincha pelo que estávamos vendo em outros lugares. O trem é de alta velocidade (variando entre 150 e 300 kilômetros por hora) e a viagem de 230 km dura somente uns 60 minutos! A qualidade impressionou bastante, além de ser confortável e pontual, eles tem wifi grátis dentro do trem. Isso mesmo, wifi dentro de um trem à 300 km/hora. Nada mal, como brasileiros estávamos mal acostumados :-)

Conforme o trem ia se aproximando da estação central de Napoli a vista do Vesúvio ia ficando mais animal e a curiosidade da nova cidade ia aumentando! Chegar em uma cidade nova é sempre uma sensação boa, de curiosidade e expectativa, a gente nunca sabe o que vai encontrar. No caso de Napoli, o que encontramos foi uma realidade muito diferente de Roma: trânsito intenso, lixo pelas ruas, muvuca e uma mistura cultural imensa.

Uma rua qualquer (típica) em Napoli

Uma rua qualquer (típica) em Napoli

Essa percepção tivemos logo que saímos da estação, mas confirmamos em nosso passeio no primeiro dia lá, quando caminhamos até o porto e voltamos pela Umberto I, uma das avenidas principais. Parecia que estávamos em São Paulo: camelôs por toda parte, vários idiomas sendo falados. Era o fim da Itália romantizada, aquilo era a Itália de verdade além do “pro turista ver”. Pra fechar o primeiro dia, decidimos experimentar a famosa pizza napolitana em uma pizzaria local bem pequena, próxima ao albergue.

Caio diz... a busca por couchsurfers na Itália merecia uma novela, de tão enrolada e difícil… recomendo coragem

A massa deles é fofinha e saborosa, o recheio é gostoso mas modesto, sem exageros (bem diferente do Brasil). Só que achamos ela um pouco aguada. Nós provamos a marguerita, uma das opções mais baratas do menu, pagamos uns 4 euros, preço normal de uma pizza individual na cidade.

Como um dos nossos objetivos pra irmos a Napoli era subir o Vesúvio (falamos sobre isso neste outro post, clique aqui pra ler o relato da trilha subindo o vulcão), acabou sobrando somente o domingo para terminarmos de conhecer Napoli. Saímos para caminhar e a cidade parecia outra: deserta, quase ninguém na rua, comércio todo fechado.  O único lugar que encontramos pessoas foi em um centrinho distante, onde paramos para tomar um sorvete muito foda de bom, cheio de locais em família no lugar :-)

Museu arqueológico de Napoli, aprovado!

Museu arqueológico de Napoli, aprovado!

Acabamos andando mais pelo centro e chegamos ao museu arqueológico de Napoli, que é sensacional e foi uma boa surpresa pra gente num dia tão parado. Se você pretende visitar Pompéia, ou já a visitou, tem que ir nesse museu pra fechar com chave de ouro. As estátuas e esculturas que eles tem lá são excelentes, em grande quantidade. A coleção de mosaicos de Pompéia é muito bonita, assim como os afrescos que foram resgatados. Alguns bem coloridos ainda!

Pegos no flagra há 2 mil anos: "para, minha mãe vai ver a gente"

Pegos no flagra há 2 mil anos: “para, minha mãe vai ver a gente”

Antes de sair de Napoli, fomos correndo com mochilas e tudo comer uma última pizza antes que nosso trem saísse pra Sorrento. Achamos a pizzaria Da Michele meio que no acaso vendo o Lonely Planet (acho!). Parece que eles aparecem naquele filme Comer, Rezar e Amar. Enfim, o lugar tá aberto há gerações e faz fila pra entrar. Demos sorte de chegar antes do 12:00 e a italianada pro almoço não tinha entupido o lugar ainda. A pizza deles é a melhor de Napoli, fácil. Massa perfeita, tamanho enorme. Preço padrão de pizza, não tem como errar. Mas tem que gostar de pizza massuda, como todas as napolitanas… o que não é bem nossa preferência, mas hey! A pizza foi inventada em Napoli, então tem que dançar conforme a música :-)

Caio diz... pizza romana fininha e crocante FTW!

Fim de Napoli e da imagem de novela italiana romantizada na nossa cabeça. Napoli não tem nada de especial. Não gostamos do lugar não, sinto muito. A falta de couchsurfers piorou tudo também, não sentimos a vida local como poderíamos, talvez.

Sorrento

Fomos de trem local até sorrento, contornando toda a baía de Napoli pelo Vesúvio e além, até a pontinha de terra onde começa a Costa Amalfitana. Foi bem tranquilo apesar de lotado, todo mundo da região pega o trem local de boa, desde gente de mini-saia, roupa de praia, chinelão e perna de fora até o tio verdureiro, sem problema. Só os turistas de roupas em tons beges e khaki :-)

No meio do caminho, a partir da estação em Pozzano na real, dá pra ver o naipe das vilas mudando completamente. Da sujeira e bagunça mafiosa de Napoli tudo vira turístico e casa de boneca, impecável. Assim que se chega em Sorrento vê-se que é outro padrão, cidade fofinha e bem relaxante. Cheia de turistas andando na rua, sendo a maioria casais não tão jovens. De tarde fecha tudo, e vão reabrindo a cidade quando escurece. Os jovens do lugar mesmo ficam nos campings fora do centro, e foi onde acabamos achando uma cabine no maior e mais animalesco dos campings de todos os tempos. Ao menos pra gente :-)

Sorrento sua linda

Sorrento sua linda

Nossa cabine (30 euros pro casal a noite, camping Santa Fortunata) era o meio termo entre uma barraca e uma cama de dormitório, mas decente e a vista abrindo a porta de manhã era o Vesúvio, então tá valendo! Assim, 30 euros por uma cabine num campinha é sacanagem, mas a infraestrutura do lugar é absurda. Além de ser gigantesco e ficar numa encosta pro mar, lá é o paraíso pra ficar no meio da natureza mas perto da cidade. Numa voltinha por lá contamos pouco mais de 40 trailers estacionados. Tem que ser bom pra dar conta de tanto europeu exigente, eles não acampam pra cagar no mato ou tomar banho gelado.

Na noite, um Vesúvio pra chamar de seu

Na noite, um Vesúvio pra chamar de seu

Assim que chegamos fomos até o que eles chamam de praia, que nem areia tem, o que ajuda a entender a paixão dos gringos em ir pra praias no Brasil. Mais tarde fomos dar um passeio no centrinho super fofo e procurar um lugar pra lavar nossas roupas. Como não recuperamos muito do cansaço do Vesúvio ainda, tiramos o segundo dia em Sorrento pra vadiar e descansar mesmo, fomos no mercado e fizemos os maiores sanduíches que nossos estômagos poderiam comer, com café gelado e direito a pôr-do-sol na mesinha em frente a cabine!

Pegamos um dia todo depois pra visitar Pompéia, finalmente. É tão fácil e óbvio chegar lá que não merece muita explicação, a não ser em dizer que Pompéia a partir de Sorrento é bem mais rápido e prático que de Napoli.

Dentro de Pompéia a coisa começa pequena, e você ameaça ficar frustrado, mas aí o negócio desanda… é muito animal! O único porém é que faltou um museuzinho ali dentro, podiam até fazer uma grana extra com os artefatos que ficam empilhados nos cantos de uns armazéns dentro da vila. Dá pra ver uma coleção imensa de artigos e ferramentas que encontram nas cinzas, e alguns corpos “petrificados”. Quando eu, Caio, fui pra NYC na última vez pude ir na exposição sobre Pompéia e os itens que mostraram lá eram incríveis também mas não tinham na vila. Por outro lado ver uma pessoa “petrificada” é mais legal que ver em cast :-)

Destaques legais de Pompéia que não perderíamos se fôssemos você: o teatro piccolo, que é bem legal, e o coliseu deles, que é meio fechado mas é no final do caminho em Pompéia então fica bacana. Matamos o dia indo comemorar o dia dos namorados aí no Brasil em um restaurante bar bem simples, Song’e Napole, mas a comida era deliciosa. E dizemos deliciosa não porque era barata, mas era porque era boa mesmo.

Caio diz... melhor pizza de aliche e espagueti ao pesto da Itália inteira :-X
Rua principal (e quase única para não-locais) em Sorrento

Rua principal (e quase única para não-locais) em Sorrento

Não cansaríamos das paisagens de Sorrento tão cedo, mas como somos duros e a cidade era alto nível demais, uma hora a coisa tinha que terminar. Voltaríamos pra cidade eterna nos dias seguintes, Roma!

Por que e como subir o Vesúvio à pé

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Pra compensar o último post que ficou muito longo, esse vai ter mais fotos. E claro dicas de como subir o Vesúvio por conta própria, à pé! O motivo pra se fazer isso é óbvio: um vulcão quase ativo no meio duma região historicamente famosa e importante, até hoje muito bonita. É uma trilha e tanto, cansativa mas recompensadora :-)

Vesúvio visto de Sorrento, lindão! Alto pra caralho.

Vesúvio visto de Sorrento, lindão! Alto pra caralho.

Existem muitas formas de subir o Vesúvio, que caso não saiba o que é recomendo uma googleada rápida e esclarecedora, mas todas acabam sendo turísticas e caras porque tem que pagar pacote, motorista etc.

Baía pro lado de Napoli

Baía pro lado de Napoli

Alguns lugares online dão dicas erradas pra subir à pé, então achamos legal explicar como fizemos. É bem simples na realidade, mas…

...só andar que chega

…só andar que chega

Basicamente é melhor ficar em Napoli pra fazer essa trilha, já que a estação de Ercolano Scavi é mais próxima da cidade. Muitos falam pra descer na estação de Pompéia da Circumvesuviana, mas é cagada, é muito mais longe e não tem trilha pra lá, só tours.

Ercolano Scavi, melhor estação pro Vesúvio à pé

Ercolano Scavi, melhor estação pro Vesúvio à pé

Desça na Ercolano Scavi, que tem cara de barra pesada mas é super tranquila, com locais simpáticos te ajudando em italiano. Ande até a rotatória e suba a via da esquerda, ali do outro lado da rua, subindo ela, tem um ponto de ônibus. Ali passam os ANM 176 e ANM 5, bilhete integrado com o trem. O 176 vai te levar até a base do Vesúvio na rua San Vito, mas sem trilha dentro do parque nacional e é fácil se perder, embora consiga sair no mesmo ponto inicial a seguir. Locais deram a dica de pegar o 5 mesmo, que tem uma rota mais simples e que dá a volta numa pequena rotatória como seu ponto final bem na base da montanha, quase dentro do parque. Esse é o fim da Via Vesuvio. Dali é só andar pra cima.

Flores no fluxo de lava da última erupção

Flores no fluxo de lava da última erupção

Já tínhamos descido do ônibus 176 e íamos começar a trilha ali por San Vito quando a motorista estacionou o ônibus e veio correndo atrás da gente porque um senhor passageiro explicou que este não era o melhor esquema para subirmos e sugeriu pegarmos o ônibus 5. A motorista até ligou pra um motorista amigo dela (que estava dirigindo a linha 5) pra ele nos pegar em um local mais próximo, onde nem era ponto do ônibus! Se não fosse isso não teríamos feito esse caminho que expliquei. Simpatia total do pessoal.

Uma das várias curvas inclinadas

O caminho por dentro do parque é lindo, cheio de flores de tudo que são cores.

Ladeirão na borda da cratera

Ladeirão na borda da cratera

Tem bastante vegetação nova especialmente nas bordas dos fluxos de lava da última erupção durante a segunda guerra mundial. É tudo bem visível.

Parte interna do parque e com restos da cratera antiga

Parte interna do parque e com restos da cratera antiga

A trilha toda, que é parte rua, parte estrada e parte terra vulcânica (no final) é abarrotada de lagartos. De todos os tons de verde e marrom, super ágeis!

O dia estava perfeito, e o sol do meio-dia queimava

O dia estava perfeito, e o sol do meio-dia queimava

O caminho deu 11km na ida em 3h, da base mais próxima da cidade até a beira da cratera. O último kilômetro em terra vulcânica escura e poeirenta é bem íngreme mas se faz sem problema algum. Se tiver sorte, tem uma trilha de terra vulcânica por trás do Vesúvio pra fazer a volta completa nele. Só seguir além do final da trilha padrão, mas lá embaixo o portão pode estar fechado. Por isso que não descemos por ali, pena.

Trilhazinha no fim do topo do Vesúvio, pra descer por trás dele

Trilhazinha no fim do topo do Vesúvio, pra descer por trás dele

A cratera obviamente é insana, saindo fumaça o tempo todo e com uma vista espetacular de toda a região. No verão não faz muito frio no topo, a não ser quando nuvens se formam, mas é bom levar algo pra se cobrir. Se ficar nublado, mesmo que por 10 minutos, dá um frio legal.

Sorrento lá no extremo direito de terra no horizonte

Sorrento lá no extremo direito de terra no horizonte

Lá do alto, olhando pro lado direito (com o mar a frente) fica Napoli. Entre a montanha e o mar fica Ercolano, que também tem sítio arqueológico tão bom quanto Pompéia (dizem). Pompéia em si fica mais pra esquerda do Vesúvio, e seguindo a costa com o olho se vê Sorrento lá na pontinha de terra que volta a ir pra direita na foto.

Fumacinha no Vesúvio, clássica

Fumacinha no Vesúvio, clássica

Ela tem cerca de 1.100 metros de altura. O ponto mais alto dali é aberto só pra técnicos. Diz-se que uma vez só desceram na boca da cratera, mas a foto não dá nem um pouco a dimensão do tamanho do lugar… acredite.

Dani diz... segundo o guia, a altura dentro da cratera é de um prédio de 100 andares, olhando assim nem parece!
Meião da boca do vulcão

Meião da boca do vulcão

Ah, eles técnicos parecem ser também guias e estão por todos os lados e falam inglês, e você já pagou pra eles serem seus guias então aproveite, tá incluso no bilhete do parque (10 euros por pessoa).

Dentro da cratera

Dentro da cratera

Na volta não achamos uma van, ou táxi, ou excursão ou ônibus ou bonde que pudesse nos levar de volta, e estávamos mortos. Infelizmente tivemos que voltar tudo de novo andando… e ainda esperar 1h pro ônibus mais próximo vir (mesma rua onde descemos pra subir o Vesúvio, mas alguns metros abaixo nela).

Vista da descida voltando mortos já... topo da cratera

Vista da descida voltando mortos já… topo da cratera

Então foi assim que o Vesúvio, vulcão que ninguém se decide se é ativo ou não, entrou pra nossa lista de trilhas completadas esse ano :-)

Trilha pelo GPS

Trilha pelo GPS

Visitando as ilhas gregas: Santorini

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Nossos dias finais na Grécia seriam em Santorini, a tal ilha romântica paradisíaca com suas casinhas brancas (que tem em qualquer ilha por lá) e suas encostas vulcânicas (idem), que costuma ser a única em capas de revistas de viagem.

Santorini, finalmente

Santorini, finalmente

A viagem de Ios até lá não levou mais que 1h, tanto que víamos Ios do navio o tempo todo, até quase desaparecer na névoa no horizonte. Apesar da viagem ser curta, estava lotado de turistas ali, prontos pra tirar fotos na chegada à ilha, da onde se vê a paisagem com fator “uau!” no máximo. Eu diria que a vista subindo em zigue-zague a estradinha do porto até o topo da ilha é mais impressionante e bonita, todos na van estavam em silêncio só olhando :-)

Nosso albergue mereceria um post à parte. Ninguém acreditaria. Se liga:

De dentro da piscina do nosso albergue

De dentro da piscina do nosso albergue

Antes de achar que pagamos uma fortuna por um lugar assim numa ilha grega, veja só como de vez em quando mochileiros quebrados dão uma sorte tremenda…

  • era um daqueles albergues da juventude, o Youth Hostel Anna
  • diferença do dormitório com 10 pessoas pro quarto era só 2 euros
  • quarto com frigobar, penteadeira completa, toalhas, cofre e ar condicionado
  • tinha até uma varanda própria com mesinha, duas cadeiras e mini-varal
  • ah, e tinha essa piscina privativa da foto, naturalmente
  • tudo isso por módicos 8 euros por pessoa! :-)

Sério, se isso não é a mais absoluta sorte, eu não sei o que é. E o melhor, pra gente, era que o albergue ficava no lado menos turístico de Santorini, na região de Perissa.

Mas assim que chegamos, depois de alguns minutos respirando fundo pra passar a emoção e tentar não esboçar muita reação na frente do pessoal do albergue, fomos pra praia. A praia de Perissa é bem diferente pra brasileiros. Areia é preta, ou cinza escuro, e meio grossa com pedrinhas ao invés de areia. O mar eu achei delicioso, fundo e limpo, mas quebrando ondas fortes pela praia ser de tombo. É razoavelmente movimentada, mas possível de ficar isolado se andar um pouco. Enfim, recomendamos!

Perissa

Perissa

Como imaginávamos, alugar novamente um quadriciclo foi uma ótima idéia em Santorini também. Alugamos um mais barato (12 euros o primeiro dia, 10 o seguinte, mais 10 de gasolina pra cada 100km rodados) e fomos pra Oia, ou Ía como pronunciam por lá.

Do lado ultra turístico de Oia, tentamos aproveitar algo menos de revista. Dias antes a Dani achou uma lista de coisas para não se fazer em Santorini, e foi legal ela mostrar a lista depois dos dias lá já que conseguimos fazer tudo que é pouco turístico pela ilha. Sucesso de mochileiro total.

Com o quadriciclo pudemos visitar coisas que à pé seriam absolutamente impossíveis. Mesmo com o transporte público da ilha, ficaria caro demais. Fomos pra praias e pontos nos 4 cantos de Santorini, e aqui vão nossas dicas se um dia acabar por aquelas bandas!

Uma viela num canto acima de Amoudi

Uma viela num canto acima de Amoudi

A baía de Amoudi é coisa de outro planeta, saída de um filme. É linda demais, cheia de restaurantes vendendo frutos do mar frescos que os barcos dali pescam. O cheiro é irresistível, pena sermos mochileiros sem dinheiro nessas horas…

Baía de Amoudi

Baía de Amoudi

Ali é perfeito pra nadar sem praia com areia, dá pra pular de pedras andando numa trilha pra trás da baía. Subindo a trilha e escadaria pro alto da baía você acaba saindo na pontinha de Oia, então até dá pra visitar à pé se estiver hospedado por ali.

Depois fomos pra trás da cratera do vulcão de Santorini, onde os locais vivem mesmo, demos um perdido por ali entre ruas e vielas sozinhos. Foi muito bom. Acabamos passando rápido por praias entre a região de Baxedes e Pori. Ali a areia é cinza mas com pedras grandes e quentes. Ah, a região é bem popular com topless e afins pelo que reparei. Ficamos do lado de duas mulheres completamente peladas, mas a praia não era exclusivamente de nudismo. Ali a água é bem gelada, por toda a costa que é longa (quase uma praia só, contígua), mas pelo menos é fácil se isolar se quiser paz.

Na ponta oposta da ilha fomos até a vila de Akrotiri, que é fofa igual Oia mas bem menos cheia de gente. A região é praticamente um sítio arqueológico gigante com traços de gente morando ali há mais de 5.000 anos, da Idade do Bronze! Dali é fácil chegar até a Red Beach, a praia mais famosa com areia vermelha. No verão é totalmente lotada, mas pegamos ela quase vazia mas cheia de algas e alguns lixos de turistas, o que acabou brochando nossa visita ali… sei lá… desapontamento. Mas pelo menos tinha topless ali também! Emendamos um pôr-do-sol na junção das estradas de Akrotiri pra Perissa e Thira. Local perfeito e sem ninguém!

Jantamos com uma brasileira perdida que encontramos num lugar perto do albergue. Comemos uma moussaka ainda incomparável à do Seu Mario lá de Ios, e umas almôndegas gregas bem boas (peça por soutzoukakia e seja feliz). Ainda ganhamos uma taça de vinho extra pra Dani e uma porção de bolinhos de abobrinha de graça, hooray!

Se tava louco pra saber sobre comida grega, aqui vai um parágrafo informativo e gordo então: um gyro (o kebab deles) custa entre 1 e 3 euros, nunca mais que isso; o iogurte grego é muito mais grosso e denso que imagina, meta frutas e mel e vá pro céu por uns 3 ou 6 euros; o souvlaki não é surpresa alguma pra brasileiros, é um espetinho com alguma coisa assada que custa entre 1 e 3 euros no máximo; o molho tzatziki é a maionese deles, comem com tudo e é iogurte com pepino e temperos, excelente e costuma vir de graça. Veja o post de Ios pra ver o que é uma moussaka e não se arrepender!

Dia seguinte teve mais quadriciclo, até o Farol em Akrotiri, e na volta vadiamos na piscina porque… sabe como é. Decidimos ir pra Monolithos também, uma praia um pouco perto de Perissa mas do outro lado da montanha que as separam, e o aeroporto que fica no caminho também. Monolithos é legal, bem familiar, com crianças e areia cor de grafite mas bem fininha, sem ondas nenhuma, e uma porrada de mulheres de topless. Como já é a terceira vez que falo de nudismo e topless em Santorini, vou tentar me conter a partir de agora.

Dani diz... estava difícil tirar a atenção do Caio para as mulheres de topless, então entrei na festa também. Eu precisava saber como era né! :-P

Em Oia, novamente, ficamos pra ver o tal pôr-do-sol espetacular que atrai tanta gente.

Oia, foto clássica típica do lugar

Oia, foto clássica típica do lugar

Afora a fila de noivas orientais querendo tirar fotos, e a quantidade impressionante de russos em ônibus de tours, achamos uns bons pontos pra foto e ver a ilha. Vale a pena até… e a volta com pouca luz mas sol ainda no horizonte, bem baixo, foi espetacular.

Oowwmm...

Oowwmm…

Passamos um bom frio dirigindo à noite pelas colinas de lá, mas a vista cor de rosa e amarela… que animal. Dormimos mortos de cansaço mas contentes.

Fim da Grécia... mas já?! :-(

Fim da Grécia… mas já?! :-(

Descansamos bem até tarde no outro dia e pegamos o navio de volta pro porto de Piraeus, em Atenas. Como chegamos quase 1AM, não havia mais metrô pra nos levar ao aeroporto. Achamos o ônibus X96 que é 24h e saía dali direto pro terminal. Decidimos dormir lá pra não pagar uma estadia de emergência sendo que o vôo pra sair do país seria muito cedo de qualquer forma. Acabamos dormindo nos bancos de um McDonald’s e fomos pra Itália já com saudades da Grécia :-)

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