Aug 29 2013
dani e caioasia, nepal, rtw
Acordamos cedo só pra tomar uma sopa de macarrão com vegetais, gordos, voltamos a dormir e acabamos saindo só 10:30. Muita névoa de água pelas cachoeiras em volta. Trilha foi normal, um terço por uma estradinha, mas com rios cobrindo tudo, tivemos que tirar as botas até. Paramos por raiva num lugar e tava tão coberto de água e perigoso que metemos as botas dentro d’água e foda-se. Por isso decidimos parar em Dharapani, antes do planejado no mapa. Duas pontes depois dali a humidade caiu e ficou seco o clima, então a parada serviu mais pra secagem de roupas e das nossas mochilas. Passar para os 2.000 metros só amanhã agora. Ah, fizemos nossas primeiras ultrapassagens: um casal e outros dois caras que começaram todos mais cedo a andar. Os postos de controle são uma piada, à propósito. Nosso quarto em Dharapani é fofo! Muito nepalês, tudo de pedra e madeira exposta, um vão curto entre as camas estreitas, corredores de teto baixo. Bem como estávamos esperando. Muita merda e mosca desde o caminho de Tal. Isso não esperávamos. Contamos doze moscas em mim e na minha mochila, e enquanto andava. Já tá menos mata aqui, mais pinheiros em encostas agora. — Caio
Hoje o dia foi mais tranquilo, somente 2 horas e meia de trilha. Decidimos fazer isso porque a umidade em Tal deixou tudo o que tínhamos completamente molhado, mesmo as roupas dentro da mochila. Não tínhamos como ficar por lá mais um dia mas também não queríamos andar muito hoje porque amanheceu chovendo novamente, então escolhemos parar em Dharapani. O caminho de hoje foi levíssimo comparado com os dois últimos dias, alguns trechos em pedras no meio da mata mas grande parte em estrada. Pela primeira vez tivemos momentos “não conta lá em casa”, pois tivemos que atravessar muitas cachoeiras com correnteza forte por causa das chuvas dos últimos dias. A primeira delas tiramos a bota para não entrar água, na segunda não teve como e na terceira as pedras estavam tão instáveis que precisei de um tempo para recuperar os batimentos cardíacos depois que atravessei. O tenso é que as cachoeiras são na borda da montanha, a água cai direto no desfiladeiro, lá em baixo, e às vezes as únicas pedras onde é possível pisar sem a correnteza te arrastar ficam bem na borda. Argh! Continuamos a trilha com os pés e calçados molhados (como se já não bastasse todas as roupas) e na companhia de muitas moscas, tanto que chegou a irritar. A parte boa é que em Dharapani encontramos uma guesthouse no estilo que estávamos esperando encontrar na trilha: de madeirinha, tudo limpinho, bem simples e uma comidinha bem boa preparada por uma senhorinha dona daqui. E o melhor de tudo é que Dharapani é menos úmido que Tal, acho que hoje as roupas dos últimos dias têm chance de secar. — Dani
Aug 29 2013
dani e caioasia, nepal, rtw
Saímos meio tarde pra andar, 9h. Preguiça. Dia tava abrindo da chuva do dia anterior todo. Caminho até Chamche foi fácil, meio estradinha até. Depois da ponte fodeu geral porém. Subidas de pedra meio paisagem Mordor. Coxas estão moídas, dor no abdômen pelo esforço de subir tanto forçando. Às vezes levantava o joelho até a cintura pra subir. Pelo menos a dor no ombro do primeiro dia (pela viagem longa apertado na van) já passou. Entramos no distrito de Manang, um vale bonito, nem parece que estamos altos, até praia sem onda tem na beira do rio. O portal de boas vindas é bem legal, o corpo até relaxa após a subida pesada quando se vê o vale e a vila dentro do portal. Nossa katadyn tem se provado MUITO útil! Podemos pegar a água de qualquer lugar, quando tem cachoeirazinhas aproveitamos. Já minha bota voltou a descolar a sola na frente e àtras e tá entrando água sempre, não aguento mais os pés cozidos. Maldita superbonder francesa que não funcionou. Chuveiro da pousada horrível, pior banho de toda RTW pra mim até agora. Comi e repeti dal bhat, tava bom demais, com uma erva local no meio que lembra gengibre. Roupas estão todas molhadas, pensando em como secá-las nesse tempo húmido. Acho que o pior de cansaço já passou na trilha, em breve será 2.000 metros e começa a pegar altitude, o corpo já estará acostumado a andar. Cada vez mais orgulhoso da Dani. Ela reclama muito, mas sempre dá conta. Melhores comidas do Nepal foram aqui em Tal, nham! — Caio
Começamos mais tarde hoje, decidimos que merecíamos dormir um pouco mais depois do cansaço de ontem. Comemos cereal com leite no café da manhã e saímos às 9h em direção à Chamche. Essa primeira parte do caminho teve bastante subidas e é no meio da floresta, muita vegetação, muita umidade e alguns trechos tensos passando por cachoeiras super escorregadias. Chegamos em Chamche após 1 hora e meia de trilha, descansamos um pouco e logo seguimos viagem, pois o clima estava perfeito pra trilha: nubladinho e com vento, não podíamos perder! A segunda parte da trilha de hoje foi marcada por duas coisas desagradáveis. A primeira delas foi cocô, muito cocô. Logo antes de nós acho que passou uma caravana de burros que minou o caminho todo, e assim foi de Chamche a Tal, o que deixou o caminho minado, fedido e com muitas moscas. A segunda coisa foram as pedras! O caminho é uma subida íngreme em pedras, quase uma escadaria! A paisagem realmente compensa, conforme você vai subindo a vista dos vales vai melhorando e vai dando pra ver várias cachoeiras e lá em baixo o rio. O problema é que com tanta subida e cansaço comecei a sentir muito enjôo, acho que o cereal com leite do café da manhã não foi uma boa opção (o Caio parou o dele na metade, eu mandei ver até o final), tivemos que fazer várias pausas pra respirar melhor e passar a vontade de vomitar. Depois de muito subir veio a chuva para baixar nosso ânimo… É incrível como começa tudo a doer quando a chuva vem! No trecho final nosso joelho não aguentava mais subir, até que finalmente chegamos! Tal fica à 1600m de altitude, mas nem parece, já que fica na borda de um rio (o mesmo que alimenta as dezenas de cachoeiras que enfrentamos no caminho). O vilarejo é bem bonito e encontramos um lugar limpinho e com quarto de graça! Aqui conhecemos uma brasileira casada com um israelense (ela mora em Israel) e conversamos bastante em português, foi bom pra matar as saudades! O único problema aqui de Tal é a umidade, pra nosso desespero. Já é o segundo dia que molhamos todas as nossas roupas e não vamos conseguir secar, até o quarto está cheirando cachorro molhado… Ah! O achievement do dia foi os dois terem pegados sanguessugas por causa das cachoeiras que tivemos que atravessar. O Caio viu a dele e tirou na hora e eu não cheguei a ver a minha, mas a minha meia estava completamente cheia de sangue quando tirei a bota e tinha um machucadinho do meu pé! Ui! — Dani
Aug 29 2013
dani e caioasia, nepal, rtw
Dia também longo, bastante duro, chegamos quase à exaustão e a trilha mal começou. Dia de batismo acho. Comemos só chá e um omelete de manhã, saímos às 7 da manhã e só chegamos 4 da tarde em Jagat. Foda. Trilha sob-e-desce demais, infernal, mas muito bonita de qualquer forma. Tempo tava bom no primeiro terço do trajeto, calor com sol forte no segundo e chuva ininterrupta no final, pra castigar mesmo. Encontramos uma caravana de burros na trilha e paramos antes da hora em Bahundanda. A vista lá no topo é ótima e parecia uma ótima opção de parada intermediária pelos lugares perto da árvore grande no meio da vila. Dica hein. De lá até Syange todos sofreram. As vistas dos terraços enormes de arroz compensa. Continuamos na região de floresta verde tropical ainda. Pouca novidade pra quem é do Brasil. Todas as placas e caminhos apontam pra Manang já. Dani tremia de cansaço, eu me arrastei com a coluna dobrada e ensopado. A chegada em Jagat é espetacular. Vista de uma vila encrustada na lateral da montanha estilo Indiana Jones. Comi dal bhat até explodir. Sono. Tem wifi de novo aqui! Nuvens passam por dentro da vila, muito legal! — Caio
A noite passada foi bem boa, ficamos horas conversando com o Kedam (israelense) e o Micha (alemão) e dormimos muito bem devido ao cansaço. Hoje pela manhã comemos omelete com chá e partimos os 4 juntos em direção à Jagat (de onde os dois meninos seguiriam viagem mais adiante). Choveu bastante a noite e estávamos preocupados com segurança na trilha, mas não encontramos nenuhum lugar realmente perigoso. O caminho de Ngadi a Bahundanda seria uma subida, elevação total de 420m, então já esperávamos que seria pesado. O caminho é espetacular, cheio de plantações de arroz e tivemos nossa primeira vista de um dos Annapurnas coberto de neve, muito lindo! Mas o que era pra ser uma subida pesada se tornou ainda pior, pois fomos zigue-zagueando nas montanhas entre subidas e descidas, super cansativo. Apesar disso, foi a primeira vez que escapamos da estrada e fizemos trilha de verdade, passamos por cachoeiras, alagamentos, muitas pedras e pegamos nosso primeiro congestionamento de burros em um desfiladeiro, super emocionante! Hehe. Chegamos em Bahundanda bem cansados devido a todo o sobe-desce de 2 horas e fizemos uma pausa para descansar e comer um biscoito. Segundo nosso guia de bolso estávamos em 1 terço do caminho e a ida até Ghermu e depois Jagat deveria ser mais tranquila e levar mais 3 horas. Great! Seguimos viagem até Ghermu e o sol resolveu dar o ar da graça para atrapalhar um pouco e o sobe-desce não diminuiu. A paisagem continuou igualmente linda, mas quando alcançamos Ghermu já estávamos sentindo bastante dor na planta dos pés por causa das pedras, nas costas por ficar inclinados nas subidas e a fome começava a chegar. Mesmo assim, nada de desânimo, pois o guia de bolso dizia que faltava somente uma hora e meia de caminhada até Jagat! Acho que essa foi a pior parte do caminho, pois eram degraus de pedra que não acabavam mais, e continuamos indo pra cima, pra baixo, pra cima, pra baixo… Jagat deveria ser mais alto que Ghermu, e não ganhávamos altitude nunca, começou a ficar estranho. Passamos por mais 3 vilarejos pequenos e os 3 se chamavam “Ghermu”. Ok, se tem mais de um Ghermu, de qual deles o guia está falando? Chegou um momento em que as pernas já tremiam, as costas estavam duras e eu comecei a sentir tontura de fome, pois já passava de meio dia… Mas seguimos andando, Jagat já devia estar próximo e iríamos almoçar, tomar banho e relaxar. Andamos, andamos, andamos… até que avistamos um vilarejo lá longe. Nessa hora já deu vontade de tirar a mochila das costas e correr pro abraço! Ufa! Até que nos aproximamos e passamos uma placa que dizia “Welcome to… SYANGE”. Oi??? Syange? WTF é Syange? O nosso guia de bolso nem sequer citava esse vilarejo! Abrimos nosso mapa grande e estava lá, Syange, entre Ghermu e Jagat. E o pior: o mapa dizia que o tempo de caminhada entre Syange e Jagat seria de 2 horas! Tiramos as mochilas, exaustos, e eu decidi: “vou dormir aqui. não aguento caminhar mais 2 horas até Jagat”. Tivemos que esperar 1 hora até o nosso almoço chegar, todos famintos. Durante a espera, olhamos com calma e detalhes o mapa e o guia de bolso e descobrimos que as distâncias, altitudes e tempo citados neles eram totalmente diferentes e que o guia de bolso não fazia sentido nenhum. Lição do dia: nunca mais confiar no guia de bolso! Depois do almoço e mais descansada, decidimos seguir viagem hoje mesmo, não seria bom dormir em Syange, isso atrapalharia muito nosso roteiro. Os 3 meninos fizeram um bom trabalho em me convencer disso. O que poderia piorar? Em 5 minutos, encontrei a resposta: começou a chover!!! Sem muita escolha, com dor no corpo inteiro e encharcados, seguimos caminho. Descemos até o nível do rio para cruzar uma ponte e começamos a longa subida, que é um interminável zigue-zague montanha acima, e uma vista que fazia a dor diminuir um pouquinho. Trinta minutos antes de chegarmos em Jagat chegamos em um ponto onde era possível ver o vilarejo ao fundo: um vale com cachoeiras descendo até o rio e lá, no meio das montanhas, o vilarejo. “Foi exatamente isso que eu vim buscar aqui”, pensei. A chuva engrossou, tivemos que tirar as botas para passar por algumas cachoeiras, até que finalmente chegamos a Jagat! Pra fechar o longo dia com chave de ouro encontramos uma pousada com chuveiro quente e uma vista maravilhosa, que ofereceu o quarto de graça se jantássemos e tomássemos café da manhã aqui. Perfeito! Agora, depois de um banho tomado e um dal bhat devorado, consigo fazer o balanço do dia: 1) não confiar no guia de bolso. Ele é bom para ter noção das altitudes por vilarejo, mas parece que faz o trajeto e estima os tempos pela estrada, e não pelas trilhas 2) comer mais carboidratos, pois só o omelete não segurou nada e a fraqueza bateu forte. Por aqui a chuva continua… estamos com nossas melhores roupas de trilha e nossas botas molhadas. Amanhã decidiremos o caminho que iremos fazer, pois as 7 horas de hoje foram tensas demais e seguir molhado vai ser bem chato. No fim do dia conhecemos um casal de americanos que também estão dando a volta ao mundo e ficamos um tempão conversando com eles e trocando ideias sobre destinos futuros. Boa noite! — Dani
Aug 29 2013
dani e caioasia, nepal, rtw
Dia mais longo que planejado, de 10km fomos pra 13km, com muita água na trilha, cachoeiras, poças e rios cobrindo o caminho. Saímos não muito cedo, 8h, não suficiente pra fugir do sol forte. Chegamos na hora do almoço, muita construção de estrada e pontes no caminho. Já encontramos um gringo, um coreano falador com carregador pŕoprio, mas ficou pra trás. Um cachorro nos seguiu por boa parte do caminho, até correu e latiu na frente pra assustar um grupo de macacos na trilha pra gente! Deveríamos ter parado na pousada azul do lado da cachoeira grande antes de entrar na vila. Lá era MUITO melhor que o barraco de compensado e metal em que estamos. Conhecemos um israelense e um alemão gente boa, moleques, deram ótimas dicas pra Nova Zelândia! Foi duro dormir com tanta cigarra apitando. — Caio
Finalmente iniciamos a trilha! A caminhada de hoje foi bem tranquila, apesar de mais longa do que imaginávamos e me deixou mais calma quanto a minha principal preocupação: o peso da mochila. Cada um de nós está carregando perto de 10 kgs, minha mochila é de 34L e a do Caio é de 42L, ambas Deuter. O caminho hoje foi bastante plano, isso facilita bastante, mas não senti dor nas costas em momento algum! Já estamos carregando elas há mais de 5 meses, mas nunca tínhamos andado tanto com ela nas costas… vamos ver como será quando a inclinação começar a aumentar. Bom, falando da trilha em si, esta primeira parte segue uma estrada de Besisahar a Buhlbule, então nada de grandes dificuldades, só seguir. A temporada está começando ainda, então estamos sendo recebidos no caminho com muitos sorrisos e “namastês”, que na verdade significam “turista querido, que saudades, por que você não fica aqui na minha pousada?”. A trilha está tão vazia que encontramos no caminho somente um outro trilheiro, um coreano e seu carregador, e também um cachorro que nos acompanhou por boa parte do caminho. O vilarejo onde paramos, Ngadi, é bem pequeno (deveríamos ter ficado em Buhlbule onde tinha mais opções de pousada), mas encontramos um guesthouse decentinho, um quarto bem simples (e cheio de teias de aranha, bem começo de temporada) por 2 dólares! Ainda não sabemos se teremos energia elétrica à noite, mas estamos tão cansados que se tivermos que dormir assim que o sol se pôr não vamos reclamar. A pousadinha fica às margens de um rio e a mesa onde servem a comida fica ao ar livre, bem gostoso. O dono do lodge já veio perguntar duas vezes se queremos uma cerveja, que custa 3,5 dólares (um dos itens mais caros do menu), valor que daria pra ele passar a semana por aqui… sinto que os donos das pousadas vão nos odiar, pois nosso plano é sempre comer as comidas locais e nada de coisas caras (refri e cerveja nem pensar). Agora pouco chegou um israelense e um alemão aqui, teremos companhia por hoje! — Dani
Aug 29 2013
dani e caioasia, nepal, rtw
Pra chegar no início da trilha em Besisahar pegamos um microbus (uma van, mas é como eles chamam) na rua de fora da estação de ônibus, norte de Thamel, na Ring Road. Foram 450 NPR por pessoa pra 7h de viagem. Foi tenso, calor absurdo, mas não choveu pelo menos. Dani pareceu sofrer mais. Tive viagens piores no Egito, não deu pra reclamar dessa vez. Música nepalesa alta, motorista estilo lotação no Brasil, mas os gringos exageram nas descrições ainda assim. Paramos em frente ao posto do TIMS na chegada à vila, ficamos numa pousada do outro lado da rua e comemos arros e chá e finalmente conhecemos nossa primeira privada squat mas ei, tem até wifi aqui, e uma montoeira de pássaros fazendo bagunça no pôr-do-sol :-) — Caio
Para chegar ao ponto inicial do circuito, decidimos pegar o micro-ônibus local (USD 5) em vez do ônibus turístico (USD 20). As duas cidades ficam a 180km uma da outra, mas pela qualidade ruim das estradas a viagem leva 8 horas, e foi TERRÍVEL. Quatro pessoas por fileira, na nossa fila 2 locais espaçosas além de nós, um calor do inferno, estrada sinuosa, música alta e um menino que pediu uma sacola para vomitar (minha paz acabou nesse momento, pois tenho pavor disso! no final ele nem vomitou, mas cada curva era uma expectativa). Essa foi de longe a pior viagem que tive na nossa RTW, pior até que as do Egito. Quase chorei de emoção quando chegamos e pude novamente mexer as pernas, ombros e sentir a circulação sanguínea fluir novamente. Para nossa surpresa, Besisahar é mais civilizada do que esperávamos, apesar de pequena. Ficamos em um hotel com wifi em frente ao check-post, simples mas limpo, com nossa primeira privada squat. Ah como eu queria ter piu piu nessas horas, só mirar e relaxar… vou sofrer até acostumar. Jantamos arroz frito com chá e cereal no café da manhã no hotel e a conta do quarto mais refeições para duas pessoas saiu 11 dólares. Depois da longa viagem, hora de dormir o sono dos justos e nos preparar para iniciar amanhã a nossa longa caminhada! — Dani
Aug 28 2013
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Pelos próximos 30 dias ficaremos andando as trilhas do Circuito Annapurna, no meio norte do Nepal. Por enquanto não temos o que dizer, a não ser que estamos incrivelmente ansiosos (e até com medinhos) pra ver os Himalaias de perto à 5.416 metros de altura em Thorung La, o ponto mais alto da nossa trilha, que se tivermos sorte (ou não!) estará coberto de neve ainda.
Cadeia de picos na região do Annapurna, vista de uma trilha
Na volta dizemos como foi tudo e passamos nossas dicas e explicamos exatamente como fizemos pra nos organizar e fazer as trilhas. Até daqui algumas semanas, ou menos se formos rápidos nas pernas! :-)
Aug 27 2013
dani e caioasia, nepal, rtw
Finalmente chegamos na Ásia. Depois de uma escala chata dormindo no banco do aeroporto de Bangkok, aterrisamos no moderníssimo terminal aéreo de Kathmandu, no Nepal. Coitados, pobres como são (ou não, há divergências quanto a isso) e eu zoando a escola de ensino fundamental que transformaram em terminal de aviões. Pelo menos no caminho a Thai apavorou no serviço de bordo com o avião todo vazio pra nós… mimos antes da vida dura nos Himalaias :-)
Pra entrar no Nepal você paga pelo visto assim que desembarca, e como aceitam dólares e outras mmooedas fortes (euro, libras, francos etc) recomendo levar o valor já certo nelas. Os espertos aqui cairam no conto do ATM da casa de câmbio local e tiveram que sacar várias vezes pagando várias taxas e depois convertendo moeda local pra dólar pra pagar os 100 dólares por pessoa pelos 90 dias do visto. Normalmente é 40 dólares por 30 dias, mas como estamos sem pressa e com planos de trilhas mil, quem sabe. O processo é tecnicamente simples mas burocrático pra empregar quatro pessoas diferentes pra assinar um papel, carimbar o passaporte, recolher o dinheiro e te liberar. Respire fundo e vai que é fácil. Pegue um táxi e vá pro centro, não deve custar mais que 400 rúpias nepalesas.
Kathmandu dando a boa vinda típica com muita chuva, todo dia
Como esperado, o caos impera em Kathmandu. Muita pobreza, leprosos e mendigos nas ruas. Muito trânsito insano e merda e lama no chão das ruas estreitas onde geralmente só passa um carro por vez. Eu, Caio, meio que esperava ver exatamente isso pelo que sabia do Nepal, ainda mais por Kathmandu ter uma influência indiana maior que no resto dos lugares que visitaremos, porém o constraste vindo da Suíça foi naturalmente brutal para nós.
Ficamos num albergue do Thamel, o bairro dos mochileiros e trekkers que vem pro Nepal e ficam em Kathmandu. É bem diferente do resto da cidade, com mais lojas por metro quadrado e restaurantes às vezes até visualmente chiques e com menus ocidentais, todavia ruins. Thamel é basicamente umas 5 ruas com tudo o que você pode pensar pra sua vida de mochileiro que vai pra trilhas, é um pequeno paraíso para os turistas aqui que precisam falar em inglês com alguém, e é somente ali que vai ver gringos andando na rua. Mas recomendamos coragem e um passeio à pé pela cidade, é bom pra abrir os horizontes.
O foco da nossa passagem por Kathmandu era de darmos uma desacelerada acertarmos os últimos preparativos pro nosso trekking, com calma, que explicaremos num futuro próximo. Nem precisamos sair do Thamel pra isso, tem de tudo ali.
De lugar turístico mesmo, conhecemos o Garden of Dreams, uma espécie de jardim botânico pequeno mas muito bem cuidado que fica no meio da cidade e constrata violentamente com a região em volta dele. Ele é murado, então lá dentro se tem a impressão, e o silêncio, de que se está em outro lugar mesmo. Pagamos 2 dólares por pessoa e valeu o dinheiro, que na moeda local seria o suficiente pra pagar uma noite de hospedagem ou um almoço. Achamos caro no começo mas depois de ver tudo e ver a exposição de fotos mostrando antes e depois da reforma do lugar, ficamos impressionados. Descobrimos que o local tem uns 100 anos e foi recentemente reformado em parceria com o governo da Áustria. Infelizmente não tivemos tempo bom, por causa do fim das monções, pra ir na tal colina com templos e macacos que dá vista pra cidade, então iremos na volta pra cá.
Garden of Dreams, outro mundo dentro da cidade
Fomos também até a Durbar Square, uma praça em Kathmandu onde se encontram vários dos mais importantes templos budistas da cidade. O caminho foi trânsito horrível e muita sujeira nas ruas, já que fomos à pé. Chegando lá, entramos pela lateral e conseguimos ver um pouco dos templos por fora, bem rápido, até que um policial veio perguntar se tínhamos tickets. Tickets? Ele apontou para uma guarita onde pudemos ler o preço: 7,5 dólares por pessoa! Para o casal seriam 14 dólares, dinheiro suficiente para quase 3 dias de alimentação comendo em restaurantes. Um assalto, basicamente, se você pensar na moeda local. Decidimos não ficar, e é claro que o policial nos seguiu até uma parte do caminho para assegurar que não tiraríamos fotos nem do lado de fora! Mas no fim não nos sentimos perdendo muita coisa, pois temos a Ásia inteira para nos surpreender com a arquitetura dos templos budistas e ainda pretendemos ver muito disso em outras vilas do Nepal :-)
A comida por aqui é excepcional, mas admitimos estar com expectativas elevadas para o restante da Ásia. A comida nepalesa em si tem muita influência tibetana e indiana, e os restaurantes oferecem também opções chinesas e tailandesas, nham! Só cuidado na hora de escolher restaurantes no Thamel, eles querem agradar tanto os clientes estrangeiros que acabam colocando pizzas e hamburgueres demais e deixando de fora pratos locais deliciosos (como os momos do Tibet, nossa comida preferida até agora).
Em relação a preço das coisas, é fácil imaginar a zona que é negociar tudo num lugar cheio de turistas com moedas caras e onde a rúpia nepalesa vale 100 vezes menos, literalmente. A dica mor do Egito vale aqui também: barganhe pra metade do valor, nada custa o valor que dizem. Dá pra achar camas por 8 dólares, mas elas valem 3. Dá pra pagar 6 dólares num prato que vale 2, ou comer os populares que custam 1 dólar, caso tenha mais resistência a cozinhas sujas. E assim vai… alguns dias aqui nos ensinaram como não cair nas malandragens. Acho que o único lugar com preços justos e visíveis, e que vale sempre a pena, são as padarias e confeitarias. Todas excelentes :-)
Nem parece o Thamel, de tão vazio e limpo e comportado
Alguns pontos gerais sobre Kathmandu que valem comentário!
- Dá pra andar pela cidade, basta ter coragem, pois locais como o Garden of Dreams, Durbar Square e afins não ficam a mais de 20 minutos do Thamel, mas é bem stressante! Os turistas não andam a pé, então você chamará atenção de todos na rua.
- Para nossa surpresa, vários locais do Thamel oferecem wifi grátis e em uma velocidade bem usável! Todos estão baixando coisas, claro, então os uploads pra fotos e backups são sempre super rápidos.
- Água quente é um termo relativo quando se trata de hotéis. E hóteis é um termo relativo quando se trata de hospedagem… espere coceiras na cama e lençóis sujos, no mínimo.
- Tem loja da Adidas, Levi’s e KFC e Pizza Hut aqui. Mas não me envergonhe, coma a comida local que é deliciosa!
- A mistura de chineses com tibetanos com indianos é bem legal. Os nepaleses e tibetanos são os mais gente fina e sempre sorriem, os indianos são muito esnobes, mesmo estando todos sujos e precisando dos turistas.
- Os indianos daqui porém são muito ingênuos, lembram muitos os egípcios mas os egípcios são malandros e mais agressivos. Os indianos acham que enganam todo mundo e dá vontade de rir deles por isso.
Eu, Dani, discordo muito do Caio nas nossas percepções das pessoas por aqui. Em comparação aos egípcios, que eram realmente malandros, os indianos fazem de tudo para tentar arrancar dólares de você, mas são muito mais ingênuos. Mas não, não sinto vontade de rir de ninguém por isso…
Caio diz... não é questão de rir simplesmente, é de perceber quando se está sendo enganado de forma mal feita por alguém sem experiência nisso e achar graça da situação!
Infelizmente temos poucas fotos da cidade, é que as ruas são tão cheias que é constrangedor sair tirando foto assim. Talvez na volta criemos mais coragem. Agora é partir pra conhecer o resto do topo do mundo. No nepal, além das trilhas, pretendemos conhecer Pokhara e Bhaktapur também. E ah! Até agora nada da Carmen Sandiego…