Pelo sul da Itália: Nápoles e Sorrento

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Não foi fácil decidir para onde iríamos na Itália além de Roma, nosso ponto de chegada e partida. Gostaríamos muito de poder ir para cidades famosas no norte da Itália, como Florença e Veneza, ou conhecer a região da Toscana, mas nosso orçamento não permitiu. Nossa viagem teria que ficar focada em cidades mais próximas entre si e que coubessem no nosso bolso, e as eleitas foram Napoli e Sorrento.

Napoli

Compramos a passagem para Napoli na classe econômica da Italo (NTV) por 20 euros por pessoa, pareceu quase pechincha pelo que estávamos vendo em outros lugares. O trem é de alta velocidade (variando entre 150 e 300 kilômetros por hora) e a viagem de 230 km dura somente uns 60 minutos! A qualidade impressionou bastante, além de ser confortável e pontual, eles tem wifi grátis dentro do trem. Isso mesmo, wifi dentro de um trem à 300 km/hora. Nada mal, como brasileiros estávamos mal acostumados :-)

Conforme o trem ia se aproximando da estação central de Napoli a vista do Vesúvio ia ficando mais animal e a curiosidade da nova cidade ia aumentando! Chegar em uma cidade nova é sempre uma sensação boa, de curiosidade e expectativa, a gente nunca sabe o que vai encontrar. No caso de Napoli, o que encontramos foi uma realidade muito diferente de Roma: trânsito intenso, lixo pelas ruas, muvuca e uma mistura cultural imensa.

Uma rua qualquer (típica) em Napoli

Uma rua qualquer (típica) em Napoli

Essa percepção tivemos logo que saímos da estação, mas confirmamos em nosso passeio no primeiro dia lá, quando caminhamos até o porto e voltamos pela Umberto I, uma das avenidas principais. Parecia que estávamos em São Paulo: camelôs por toda parte, vários idiomas sendo falados. Era o fim da Itália romantizada, aquilo era a Itália de verdade além do “pro turista ver”. Pra fechar o primeiro dia, decidimos experimentar a famosa pizza napolitana em uma pizzaria local bem pequena, próxima ao albergue.

Caio diz... a busca por couchsurfers na Itália merecia uma novela, de tão enrolada e difícil… recomendo coragem

A massa deles é fofinha e saborosa, o recheio é gostoso mas modesto, sem exageros (bem diferente do Brasil). Só que achamos ela um pouco aguada. Nós provamos a marguerita, uma das opções mais baratas do menu, pagamos uns 4 euros, preço normal de uma pizza individual na cidade.

Como um dos nossos objetivos pra irmos a Napoli era subir o Vesúvio (falamos sobre isso neste outro post, clique aqui pra ler o relato da trilha subindo o vulcão), acabou sobrando somente o domingo para terminarmos de conhecer Napoli. Saímos para caminhar e a cidade parecia outra: deserta, quase ninguém na rua, comércio todo fechado.  O único lugar que encontramos pessoas foi em um centrinho distante, onde paramos para tomar um sorvete muito foda de bom, cheio de locais em família no lugar :-)

Museu arqueológico de Napoli, aprovado!

Museu arqueológico de Napoli, aprovado!

Acabamos andando mais pelo centro e chegamos ao museu arqueológico de Napoli, que é sensacional e foi uma boa surpresa pra gente num dia tão parado. Se você pretende visitar Pompéia, ou já a visitou, tem que ir nesse museu pra fechar com chave de ouro. As estátuas e esculturas que eles tem lá são excelentes, em grande quantidade. A coleção de mosaicos de Pompéia é muito bonita, assim como os afrescos que foram resgatados. Alguns bem coloridos ainda!

Pegos no flagra há 2 mil anos: "para, minha mãe vai ver a gente"

Pegos no flagra há 2 mil anos: “para, minha mãe vai ver a gente”

Antes de sair de Napoli, fomos correndo com mochilas e tudo comer uma última pizza antes que nosso trem saísse pra Sorrento. Achamos a pizzaria Da Michele meio que no acaso vendo o Lonely Planet (acho!). Parece que eles aparecem naquele filme Comer, Rezar e Amar. Enfim, o lugar tá aberto há gerações e faz fila pra entrar. Demos sorte de chegar antes do 12:00 e a italianada pro almoço não tinha entupido o lugar ainda. A pizza deles é a melhor de Napoli, fácil. Massa perfeita, tamanho enorme. Preço padrão de pizza, não tem como errar. Mas tem que gostar de pizza massuda, como todas as napolitanas… o que não é bem nossa preferência, mas hey! A pizza foi inventada em Napoli, então tem que dançar conforme a música :-)

Caio diz... pizza romana fininha e crocante FTW!

Fim de Napoli e da imagem de novela italiana romantizada na nossa cabeça. Napoli não tem nada de especial. Não gostamos do lugar não, sinto muito. A falta de couchsurfers piorou tudo também, não sentimos a vida local como poderíamos, talvez.

Sorrento

Fomos de trem local até sorrento, contornando toda a baía de Napoli pelo Vesúvio e além, até a pontinha de terra onde começa a Costa Amalfitana. Foi bem tranquilo apesar de lotado, todo mundo da região pega o trem local de boa, desde gente de mini-saia, roupa de praia, chinelão e perna de fora até o tio verdureiro, sem problema. Só os turistas de roupas em tons beges e khaki :-)

No meio do caminho, a partir da estação em Pozzano na real, dá pra ver o naipe das vilas mudando completamente. Da sujeira e bagunça mafiosa de Napoli tudo vira turístico e casa de boneca, impecável. Assim que se chega em Sorrento vê-se que é outro padrão, cidade fofinha e bem relaxante. Cheia de turistas andando na rua, sendo a maioria casais não tão jovens. De tarde fecha tudo, e vão reabrindo a cidade quando escurece. Os jovens do lugar mesmo ficam nos campings fora do centro, e foi onde acabamos achando uma cabine no maior e mais animalesco dos campings de todos os tempos. Ao menos pra gente :-)

Sorrento sua linda

Sorrento sua linda

Nossa cabine (30 euros pro casal a noite, camping Santa Fortunata) era o meio termo entre uma barraca e uma cama de dormitório, mas decente e a vista abrindo a porta de manhã era o Vesúvio, então tá valendo! Assim, 30 euros por uma cabine num campinha é sacanagem, mas a infraestrutura do lugar é absurda. Além de ser gigantesco e ficar numa encosta pro mar, lá é o paraíso pra ficar no meio da natureza mas perto da cidade. Numa voltinha por lá contamos pouco mais de 40 trailers estacionados. Tem que ser bom pra dar conta de tanto europeu exigente, eles não acampam pra cagar no mato ou tomar banho gelado.

Na noite, um Vesúvio pra chamar de seu

Na noite, um Vesúvio pra chamar de seu

Assim que chegamos fomos até o que eles chamam de praia, que nem areia tem, o que ajuda a entender a paixão dos gringos em ir pra praias no Brasil. Mais tarde fomos dar um passeio no centrinho super fofo e procurar um lugar pra lavar nossas roupas. Como não recuperamos muito do cansaço do Vesúvio ainda, tiramos o segundo dia em Sorrento pra vadiar e descansar mesmo, fomos no mercado e fizemos os maiores sanduíches que nossos estômagos poderiam comer, com café gelado e direito a pôr-do-sol na mesinha em frente a cabine!

Pegamos um dia todo depois pra visitar Pompéia, finalmente. É tão fácil e óbvio chegar lá que não merece muita explicação, a não ser em dizer que Pompéia a partir de Sorrento é bem mais rápido e prático que de Napoli.

Dentro de Pompéia a coisa começa pequena, e você ameaça ficar frustrado, mas aí o negócio desanda… é muito animal! O único porém é que faltou um museuzinho ali dentro, podiam até fazer uma grana extra com os artefatos que ficam empilhados nos cantos de uns armazéns dentro da vila. Dá pra ver uma coleção imensa de artigos e ferramentas que encontram nas cinzas, e alguns corpos “petrificados”. Quando eu, Caio, fui pra NYC na última vez pude ir na exposição sobre Pompéia e os itens que mostraram lá eram incríveis também mas não tinham na vila. Por outro lado ver uma pessoa “petrificada” é mais legal que ver em cast :-)

Destaques legais de Pompéia que não perderíamos se fôssemos você: o teatro piccolo, que é bem legal, e o coliseu deles, que é meio fechado mas é no final do caminho em Pompéia então fica bacana. Matamos o dia indo comemorar o dia dos namorados aí no Brasil em um restaurante bar bem simples, Song’e Napole, mas a comida era deliciosa. E dizemos deliciosa não porque era barata, mas era porque era boa mesmo.

Caio diz... melhor pizza de aliche e espagueti ao pesto da Itália inteira :-X
Rua principal (e quase única para não-locais) em Sorrento

Rua principal (e quase única para não-locais) em Sorrento

Não cansaríamos das paisagens de Sorrento tão cedo, mas como somos duros e a cidade era alto nível demais, uma hora a coisa tinha que terminar. Voltaríamos pra cidade eterna nos dias seguintes, Roma!

Por que e como subir o Vesúvio à pé

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Pra compensar o último post que ficou muito longo, esse vai ter mais fotos. E claro dicas de como subir o Vesúvio por conta própria, à pé! O motivo pra se fazer isso é óbvio: um vulcão quase ativo no meio duma região historicamente famosa e importante, até hoje muito bonita. É uma trilha e tanto, cansativa mas recompensadora :-)

Vesúvio visto de Sorrento, lindão! Alto pra caralho.

Vesúvio visto de Sorrento, lindão! Alto pra caralho.

Existem muitas formas de subir o Vesúvio, que caso não saiba o que é recomendo uma googleada rápida e esclarecedora, mas todas acabam sendo turísticas e caras porque tem que pagar pacote, motorista etc.

Baía pro lado de Napoli

Baía pro lado de Napoli

Alguns lugares online dão dicas erradas pra subir à pé, então achamos legal explicar como fizemos. É bem simples na realidade, mas…

...só andar que chega

…só andar que chega

Basicamente é melhor ficar em Napoli pra fazer essa trilha, já que a estação de Ercolano Scavi é mais próxima da cidade. Muitos falam pra descer na estação de Pompéia da Circumvesuviana, mas é cagada, é muito mais longe e não tem trilha pra lá, só tours.

Ercolano Scavi, melhor estação pro Vesúvio à pé

Ercolano Scavi, melhor estação pro Vesúvio à pé

Desça na Ercolano Scavi, que tem cara de barra pesada mas é super tranquila, com locais simpáticos te ajudando em italiano. Ande até a rotatória e suba a via da esquerda, ali do outro lado da rua, subindo ela, tem um ponto de ônibus. Ali passam os ANM 176 e ANM 5, bilhete integrado com o trem. O 176 vai te levar até a base do Vesúvio na rua San Vito, mas sem trilha dentro do parque nacional e é fácil se perder, embora consiga sair no mesmo ponto inicial a seguir. Locais deram a dica de pegar o 5 mesmo, que tem uma rota mais simples e que dá a volta numa pequena rotatória como seu ponto final bem na base da montanha, quase dentro do parque. Esse é o fim da Via Vesuvio. Dali é só andar pra cima.

Flores no fluxo de lava da última erupção

Flores no fluxo de lava da última erupção

Já tínhamos descido do ônibus 176 e íamos começar a trilha ali por San Vito quando a motorista estacionou o ônibus e veio correndo atrás da gente porque um senhor passageiro explicou que este não era o melhor esquema para subirmos e sugeriu pegarmos o ônibus 5. A motorista até ligou pra um motorista amigo dela (que estava dirigindo a linha 5) pra ele nos pegar em um local mais próximo, onde nem era ponto do ônibus! Se não fosse isso não teríamos feito esse caminho que expliquei. Simpatia total do pessoal.

Uma das várias curvas inclinadas

O caminho por dentro do parque é lindo, cheio de flores de tudo que são cores.

Ladeirão na borda da cratera

Ladeirão na borda da cratera

Tem bastante vegetação nova especialmente nas bordas dos fluxos de lava da última erupção durante a segunda guerra mundial. É tudo bem visível.

Parte interna do parque e com restos da cratera antiga

Parte interna do parque e com restos da cratera antiga

A trilha toda, que é parte rua, parte estrada e parte terra vulcânica (no final) é abarrotada de lagartos. De todos os tons de verde e marrom, super ágeis!

O dia estava perfeito, e o sol do meio-dia queimava

O dia estava perfeito, e o sol do meio-dia queimava

O caminho deu 11km na ida em 3h, da base mais próxima da cidade até a beira da cratera. O último kilômetro em terra vulcânica escura e poeirenta é bem íngreme mas se faz sem problema algum. Se tiver sorte, tem uma trilha de terra vulcânica por trás do Vesúvio pra fazer a volta completa nele. Só seguir além do final da trilha padrão, mas lá embaixo o portão pode estar fechado. Por isso que não descemos por ali, pena.

Trilhazinha no fim do topo do Vesúvio, pra descer por trás dele

Trilhazinha no fim do topo do Vesúvio, pra descer por trás dele

A cratera obviamente é insana, saindo fumaça o tempo todo e com uma vista espetacular de toda a região. No verão não faz muito frio no topo, a não ser quando nuvens se formam, mas é bom levar algo pra se cobrir. Se ficar nublado, mesmo que por 10 minutos, dá um frio legal.

Sorrento lá no extremo direito de terra no horizonte

Sorrento lá no extremo direito de terra no horizonte

Lá do alto, olhando pro lado direito (com o mar a frente) fica Napoli. Entre a montanha e o mar fica Ercolano, que também tem sítio arqueológico tão bom quanto Pompéia (dizem). Pompéia em si fica mais pra esquerda do Vesúvio, e seguindo a costa com o olho se vê Sorrento lá na pontinha de terra que volta a ir pra direita na foto.

Fumacinha no Vesúvio, clássica

Fumacinha no Vesúvio, clássica

Ela tem cerca de 1.100 metros de altura. O ponto mais alto dali é aberto só pra técnicos. Diz-se que uma vez só desceram na boca da cratera, mas a foto não dá nem um pouco a dimensão do tamanho do lugar… acredite.

Dani diz... segundo o guia, a altura dentro da cratera é de um prédio de 100 andares, olhando assim nem parece!
Meião da boca do vulcão

Meião da boca do vulcão

Ah, eles técnicos parecem ser também guias e estão por todos os lados e falam inglês, e você já pagou pra eles serem seus guias então aproveite, tá incluso no bilhete do parque (10 euros por pessoa).

Dentro da cratera

Dentro da cratera

Na volta não achamos uma van, ou táxi, ou excursão ou ônibus ou bonde que pudesse nos levar de volta, e estávamos mortos. Infelizmente tivemos que voltar tudo de novo andando… e ainda esperar 1h pro ônibus mais próximo vir (mesma rua onde descemos pra subir o Vesúvio, mas alguns metros abaixo nela).

Vista da descida voltando mortos já... topo da cratera

Vista da descida voltando mortos já… topo da cratera

Então foi assim que o Vesúvio, vulcão que ninguém se decide se é ativo ou não, entrou pra nossa lista de trilhas completadas esse ano :-)

Trilha pelo GPS

Trilha pelo GPS

Visitando as ilhas gregas: Santorini

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Nossos dias finais na Grécia seriam em Santorini, a tal ilha romântica paradisíaca com suas casinhas brancas (que tem em qualquer ilha por lá) e suas encostas vulcânicas (idem), que costuma ser a única em capas de revistas de viagem.

Santorini, finalmente

Santorini, finalmente

A viagem de Ios até lá não levou mais que 1h, tanto que víamos Ios do navio o tempo todo, até quase desaparecer na névoa no horizonte. Apesar da viagem ser curta, estava lotado de turistas ali, prontos pra tirar fotos na chegada à ilha, da onde se vê a paisagem com fator “uau!” no máximo. Eu diria que a vista subindo em zigue-zague a estradinha do porto até o topo da ilha é mais impressionante e bonita, todos na van estavam em silêncio só olhando :-)

Nosso albergue mereceria um post à parte. Ninguém acreditaria. Se liga:

De dentro da piscina do nosso albergue

De dentro da piscina do nosso albergue

Antes de achar que pagamos uma fortuna por um lugar assim numa ilha grega, veja só como de vez em quando mochileiros quebrados dão uma sorte tremenda…

  • era um daqueles albergues da juventude, o Youth Hostel Anna
  • diferença do dormitório com 10 pessoas pro quarto era só 2 euros
  • quarto com frigobar, penteadeira completa, toalhas, cofre e ar condicionado
  • tinha até uma varanda própria com mesinha, duas cadeiras e mini-varal
  • ah, e tinha essa piscina privativa da foto, naturalmente
  • tudo isso por módicos 8 euros por pessoa! :-)

Sério, se isso não é a mais absoluta sorte, eu não sei o que é. E o melhor, pra gente, era que o albergue ficava no lado menos turístico de Santorini, na região de Perissa.

Mas assim que chegamos, depois de alguns minutos respirando fundo pra passar a emoção e tentar não esboçar muita reação na frente do pessoal do albergue, fomos pra praia. A praia de Perissa é bem diferente pra brasileiros. Areia é preta, ou cinza escuro, e meio grossa com pedrinhas ao invés de areia. O mar eu achei delicioso, fundo e limpo, mas quebrando ondas fortes pela praia ser de tombo. É razoavelmente movimentada, mas possível de ficar isolado se andar um pouco. Enfim, recomendamos!

Perissa

Perissa

Como imaginávamos, alugar novamente um quadriciclo foi uma ótima idéia em Santorini também. Alugamos um mais barato (12 euros o primeiro dia, 10 o seguinte, mais 10 de gasolina pra cada 100km rodados) e fomos pra Oia, ou Ía como pronunciam por lá.

Do lado ultra turístico de Oia, tentamos aproveitar algo menos de revista. Dias antes a Dani achou uma lista de coisas para não se fazer em Santorini, e foi legal ela mostrar a lista depois dos dias lá já que conseguimos fazer tudo que é pouco turístico pela ilha. Sucesso de mochileiro total.

Com o quadriciclo pudemos visitar coisas que à pé seriam absolutamente impossíveis. Mesmo com o transporte público da ilha, ficaria caro demais. Fomos pra praias e pontos nos 4 cantos de Santorini, e aqui vão nossas dicas se um dia acabar por aquelas bandas!

Uma viela num canto acima de Amoudi

Uma viela num canto acima de Amoudi

A baía de Amoudi é coisa de outro planeta, saída de um filme. É linda demais, cheia de restaurantes vendendo frutos do mar frescos que os barcos dali pescam. O cheiro é irresistível, pena sermos mochileiros sem dinheiro nessas horas…

Baía de Amoudi

Baía de Amoudi

Ali é perfeito pra nadar sem praia com areia, dá pra pular de pedras andando numa trilha pra trás da baía. Subindo a trilha e escadaria pro alto da baía você acaba saindo na pontinha de Oia, então até dá pra visitar à pé se estiver hospedado por ali.

Depois fomos pra trás da cratera do vulcão de Santorini, onde os locais vivem mesmo, demos um perdido por ali entre ruas e vielas sozinhos. Foi muito bom. Acabamos passando rápido por praias entre a região de Baxedes e Pori. Ali a areia é cinza mas com pedras grandes e quentes. Ah, a região é bem popular com topless e afins pelo que reparei. Ficamos do lado de duas mulheres completamente peladas, mas a praia não era exclusivamente de nudismo. Ali a água é bem gelada, por toda a costa que é longa (quase uma praia só, contígua), mas pelo menos é fácil se isolar se quiser paz.

Na ponta oposta da ilha fomos até a vila de Akrotiri, que é fofa igual Oia mas bem menos cheia de gente. A região é praticamente um sítio arqueológico gigante com traços de gente morando ali há mais de 5.000 anos, da Idade do Bronze! Dali é fácil chegar até a Red Beach, a praia mais famosa com areia vermelha. No verão é totalmente lotada, mas pegamos ela quase vazia mas cheia de algas e alguns lixos de turistas, o que acabou brochando nossa visita ali… sei lá… desapontamento. Mas pelo menos tinha topless ali também! Emendamos um pôr-do-sol na junção das estradas de Akrotiri pra Perissa e Thira. Local perfeito e sem ninguém!

Jantamos com uma brasileira perdida que encontramos num lugar perto do albergue. Comemos uma moussaka ainda incomparável à do Seu Mario lá de Ios, e umas almôndegas gregas bem boas (peça por soutzoukakia e seja feliz). Ainda ganhamos uma taça de vinho extra pra Dani e uma porção de bolinhos de abobrinha de graça, hooray!

Se tava louco pra saber sobre comida grega, aqui vai um parágrafo informativo e gordo então: um gyro (o kebab deles) custa entre 1 e 3 euros, nunca mais que isso; o iogurte grego é muito mais grosso e denso que imagina, meta frutas e mel e vá pro céu por uns 3 ou 6 euros; o souvlaki não é surpresa alguma pra brasileiros, é um espetinho com alguma coisa assada que custa entre 1 e 3 euros no máximo; o molho tzatziki é a maionese deles, comem com tudo e é iogurte com pepino e temperos, excelente e costuma vir de graça. Veja o post de Ios pra ver o que é uma moussaka e não se arrepender!

Dia seguinte teve mais quadriciclo, até o Farol em Akrotiri, e na volta vadiamos na piscina porque… sabe como é. Decidimos ir pra Monolithos também, uma praia um pouco perto de Perissa mas do outro lado da montanha que as separam, e o aeroporto que fica no caminho também. Monolithos é legal, bem familiar, com crianças e areia cor de grafite mas bem fininha, sem ondas nenhuma, e uma porrada de mulheres de topless. Como já é a terceira vez que falo de nudismo e topless em Santorini, vou tentar me conter a partir de agora.

Dani diz... estava difícil tirar a atenção do Caio para as mulheres de topless, então entrei na festa também. Eu precisava saber como era né! :-P

Em Oia, novamente, ficamos pra ver o tal pôr-do-sol espetacular que atrai tanta gente.

Oia, foto clássica típica do lugar

Oia, foto clássica típica do lugar

Afora a fila de noivas orientais querendo tirar fotos, e a quantidade impressionante de russos em ônibus de tours, achamos uns bons pontos pra foto e ver a ilha. Vale a pena até… e a volta com pouca luz mas sol ainda no horizonte, bem baixo, foi espetacular.

Oowwmm...

Oowwmm…

Passamos um bom frio dirigindo à noite pelas colinas de lá, mas a vista cor de rosa e amarela… que animal. Dormimos mortos de cansaço mas contentes.

Fim da Grécia... mas já?! :-(

Fim da Grécia… mas já?! :-(

Descansamos bem até tarde no outro dia e pegamos o navio de volta pro porto de Piraeus, em Atenas. Como chegamos quase 1AM, não havia mais metrô pra nos levar ao aeroporto. Achamos o ônibus X96 que é 24h e saía dali direto pro terminal. Decidimos dormir lá pra não pagar uma estadia de emergência sendo que o vôo pra sair do país seria muito cedo de qualquer forma. Acabamos dormindo nos bancos de um McDonald’s e fomos pra Itália já com saudades da Grécia :-)

Visitando as ilhas gregas: Ios

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Quando começamos a pesquisar pra onde ir uma vez estando na Grécia, não demorou muitos segundos até que pensássemos em dar um pulo numas ilhas, é óbvio! Porém, sempre vendo capa de revista e reportagens (agora) idiotas na televisão, imaginávamos que era quase impossível e no mínimo caríssimo ir pras ilhas gregas. Só de falar “ilhas gregas” já é meio tenso no bolso, só de imaginar…

Decidimos pesquisar e achamos algumas ilhas perto de Atenas (em termos, claro) que ficavam no grupo das Cíclades, o conjunto de ilhas mais povoado e próximo do continente. Na real é o grupo de ilhas que importa, são mais de 200 só ali na região. Eu, Caio, queria muito ir pra uma ilha mais isolada e com alguma vida local, a Dani queria ir pra uma ilha mais paradisíaca porque essa parte da viagem também serviria como lua-de-mel. No fim das contas descobrimos que Santorini, embora muito cara, a mais famosa e absurdamente turística, seria uma delas. Descobrimos que Ios era um pouco menor e tinha além da suposta tumba do Homero, uma praia que foi usada como locação pra Imensidão Azul. Elas duas ficavam na mesma rota, então seriam elas mesmas!

Reservamos os bilhetes mais baratos da Blue Star Ferries através do Greek Ferries e fomos pro porto de Piraeus em Atenas antes do sol nascer pra pegar nosso navio. O terminal turístico do Piraeus impressionou. Não sei se foi o sono ou o costume com portos sujos do Brasil, mas Piraeus parecia um aeroporto. Letreiros eletrônicos ainda na rua, bem sinalizado, guichês pra venda na hora de bilhete, todos bem arrumados e com uniformes falando inglês, navios impecáveis e tudo no horário. O navio da Blue Star Ferries era bem bom, não era simplesmente um ferry boat como se imaginaria. Pegamos lugares no convés mesmo e foi tudo bem. Os assentos ao ar livre pareciam de uma praça de alimentação, e os nossos ainda eram acolchoados porque fomos uns dos primeiros a embarcar e pegamos eles.

Umas 5 horas depois desembarcamos em Ios, a primeira ilha a ser visitada. No portinho da vila você encontra uma praia calma mas movimentada em volta por causa dos embarques e desembarques. A vila ali é pequena mas tem mercado, padaria etc. Dali, subindo, você chega na Chora, a vila da ilha propriamente. É onde você vê a vida local e tem mais infraestrutura e onde as casas das pessoas ficam mesmo. Acabamos descobrindo por acaso que Ios é uma ilha de baladas e zona no verão, cheia de jovens bêbados, mas a época tava boa e pegamos a ilha ainda vazia na região de Mylopotas, a baía da putaria no alto da temporada. Essas são as partes relevantes de Ios, o resto são praias e regiões afastadas e praticamente ninguém vivendo ali. Mas é incrível que uma ilha fantástica como essa, com restos de uma civilização (a Cicládica) de 5.000 anos atrás, é mais lembrada pelas garotas bêbadas com tetas de fora.

O que tem de civilização em Ios, em branco

O que tem de civilização em Ios, em branco

Ficamos na área de acampamento do Far Out, uma rede de hotel, bar, restaurante, sei lá o que mais da ilha. Devem ser donos de metade dela. Pegamos uma barraca que era mais que suficiente pra dias na praia. Do lado de fora parecia uma cela pra presidiários, camas pequenas e grudadas, com estrado saltando pelo o que eles chamavam de colchão. Era bem simples, tudo pequeno e não muito limpo… mas nosso, e barato :-)

A praia de Mylopotas é realmente a que tem mais gente, mas é bem boa: longa, areia clara e relativamente fina, poucas ondas e mar bonito. É o melhor custo e benefício se não tiver transporte próprio lá. Vimos muitos americanos por ali, demais. Devia ser a pré-temporada deles ou coisa parecida. E ah, na praia tem wifi grátis aparentemente, então tchau tchau idéia de ilha pequena isolada… ou não!

Pelo horário de chegada gastamos só a nossa primeira noite por ali. Fomos andando pra Chora (uns 3km da barraca) e na volta, com pôr-do-sol incrível com sol enorme e laranja, paramos quase por acidente num restaurante pequeno logo na bifurcação do atalho pra voltar pra praia à pé (é tudo ladeira em montanhas, então ajuda). Era de um senhor que era o dono, o garçom e também o cozinheiro. Tudo ao mesmo tempo.

Sério, até hoje lembramos com água na boca. Comemos a melhor moussaka das nossas vidas ali. Eu, Caio, já tinha comido umas antes, e acabamos comendo várias na Grécia, mas a moussaka do “seu mario” como passamos a chamá-lo entrou pra história. Víamos ele fazer ela na hora, vinha borbulhando pra em alguns minutos o creme solidificar e… e… rapaz, coisa de outro planeta! Moussaka idolatrada salve salve. E por módicos 4 euros! Fizemos até questão de botar o lugar no mapa e criar entrada pra lá no Foursquare com fotos e tudo!

Se vir esse lugar, entre e peça uma moussaka

Se vir esse lugar, entre e peça uma moussaka

Caro senhor-faz-tudo do “Sea View Marios” (uma placa meia em grego meia em inglês dizia isso): você deveria ganhar um prêmio gastronômico. Jamais esqueceremos uma das comidas mais alucinantes de todos os tempos!

Turbinados pela moussaka mor, no dia seguinte alugamos por 15 euros (mais outros 15 de gasolina) um daqueles quadriciclos. Fomos até a tal tumba de Homero, que na realidade é um tipo de mirante com umas ruínas de pedras e só recomendo se tiver o mínimo de conhecimento de quem foi o cara pra ter algum sentido ir ali, senão não vai gostar mesmo.

Indo pra suposta tumba do suposto Homero

Indo pra suposta tumba do suposto Homero

Seguimos então pra umas quebradas da estradinha e caímos em Agia Theodotis.

♥ Agia Theodotis ♥

♥ Agia Theodotis ♥

Pausa para Agia Theodotis. Finalmente um pedaço isolado duma ilha grega, sem turistas e com vida local! A praia é simplesmente linda, pra mim Caio a mais bonita de todas que vimos na Grécia. Água totalmente transparente, virtualmente sem ondas, areia meio grossa bem estilo grego e paisagens bucólicas em volta como um barquinho de pesca balançando com a corrente e gaivotas por cima. Acabamos não ficando tanto tempo assim ali porque apareceu um cachorro ou carente ou com problemas mentais que avançava pulando em todo mundo querendo brincar, mas que acabou enchendo o saco :-) enfim, vá pra Agia Theodotis se puder!
A praia em Agia Theodotis é assim

A praia em Agia Theodotis é assim

Seguimos o passeio de quadriciclo atravessando toda a ilha de Ios, uns 30km por causa do desenho da estradinha e o caminho que fizemos contornando picos entre 500m e 700m e poucos. Paisagens que não consigo descrever de tão bonitas e insólitas. Montanhas altíssimas, de pura rocha, com sol escaldante e o mar claro e de azul perfeito lá embaixo. Vento na cara por mais de 1h.
De quadriciclo por aí, pensa...

De quadriciclo por aí, pensa…

No outro extremo de Ios fica a praia de Maganari, onde filmaram partes de Imensidão Azul. Não é o ponto mais isolado de Ios, mas é o que ainda vai ter alguma infraestrutura pra você, se precisar. A praia é bem bonita, mas estava com água muito gelada na hora e acabamos depois de comer uma moussaka (não tão boa como a do Seu Mario!) tirando uma soneca no sol mesmo, sob uns guarda-sóis que haviam ali.

Devolvemos o quadriciclo no dia seguinte, por pura preguiça e clima ruim fora da barraca, com uns 30% de gasolina no tanque ainda. Pena, mas não valeria a pena arriscar em trilhas muito longas pois a ilha só tem um único posto de gasolina, perto do porto.

O limite de velocidade não foi muito respeitado

O limite de velocidade não foi muito respeitado

O dia que aproveitaríamos mais acabou ficando todo nublado, nem tivemos muito o que fazer fora da barraca, então aproveitamos pra adiantar o planejamento do resto da viagem, mandar alguns couch requests e até vimos um filme de terror que ficou ainda mais legal pelo vendaval insano que teve durante a madrugada :-)

Nosso último dia foi de vadiagem na praia antes de fazer checkout do acampamento. Acabamos indo um pouco mais cedo pro lado da ilha com o porto e ficamos enchendo a barriga com sorvete e frutas de um mini Carrefour que tem por ali. A viagem pra Santorini se mostraria até bem rápida depois, algo como 1h, mas se pudéssemos mudar o planejamento pra ficar mais em Ios, certamente faríamos isso com gosto! Dava pra aproveitar muito mais, outras praias ficaram só na vista do alto das montanhas, infelizmente. Quem sabe um dia a gente não volta durante uma parada entre outras ilhas diferentes…

Tchau, Ios...

Tchau, Ios…

Atenas, um bom jeito de começar na Europa

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Chegamos na Grécia! Saímos do Egito mas o Egito não saiu de nós, nossos intestinos ainda lembravam do país ainda no aeroporto de Atenas. Logo de cara a boa sinalização de tudo, bilíngue, limpo e com preços e dizeres claros já nos aliviou pelo menos, boa mudança de ares.

Pra ficar melhor, só pegando o metrô e parando na segunda estação principal de Atenas (Monastiraki) pra descobrir que nosso couchsurfer na cidade morava do lado dela. Perfeito! Dava pra ver a Acrópole da casa dele, não exatamente da janela, mas saindo na rua e olhando pra qualquer lado se via algo importante. O centro de Atenas ainda é muito pequeno, e não só se enxerga tudo mas como se alcança tudo facilmente à pé em minutos.

Quase qualquer rua no centro tem essa vista...

Quase qualquer rua no centro tem essa vista…

A casa dele mesmo fica num bairro revitalizado chamado Psiri, bastante descolado e cheio de bares, vendinhas e restaurantes bacanas pra locais e turistas perdidos nas vielas da região. Recomendadíssima mesmo se não estiver por perto na cidade, à noite Psiri fica incrível, até tarde. É tão boa quanto Plaka, outra região famosa, mas bem menos turística. Se quiser ver alguma região mais turística mas ainda com cara de centro, qualquer área em volta das praças Omoia e Syntagma são pontos lotados de pessoas o tempo todo.

No nosso primeiro dia, um domingo, demos uma boa volta pelas ruas do centro com nosso couchsurfer (também nerd, programador), passeamos pelo mercado local ainda cheio de turistas no fim do dia, e fomos andando até umas ruínas. Essas ruínas marcam o fim da fronteira de Atenas na antiguidade, onde ficavam os muros da cidade. Muito legal historicamente, e no meio do bairro, assim “jogada” no meio do nada.

Pegamos um trem tipo bonde e fomos mais pro sul da cidade, até a costa, e ficamos até tarde num bar com vários amigos do couchsurfer que faziam aulas de dança swing, estilo anos 50. Galera ficou dançando até cansar, incluindo a Dani, na calçada mesmo. Quem passava se animava também, como uma mãe com filho de colo e duas menininhas que brincavam perto! Na volta rachamos um táxi com uma colega do couchsurfer que era louca pelo Brasil e queria porque queria dançar forró, mas dessa vez não ia ser com a gente… :-)

A nossa impressão ao ver todo esse pessoal dançando na calçada é de que as pessoas em Atenas são mais alegres. Com a crise, 50% da população jovem está desempregada, então eles tentam ocupar o tempo deles de alguma forma ao invés de ficar depressivos, palavras do nosso couchsurfer. Nos pareceu um bom jeito de passar o tempo!

Como se o domingo não terminasse, ainda fomos perto da meia-noite numa praça mais afastada do bairro onde um grupo enorme de estudantes montou um palquinho simples e tavam tocando música típica mediterrânea, todos sujos com cinzas por causa de alguma comemoração. Diferente, e a música era boa!

Nossa segunda-feira em Atenas foi dia de visitas turísticas. Fomos em toda a Acrópole e alguns arredores. Visitar a Acrópole é foda, e ver as maquetes depois de como era em cada período da história, desde a vila de Atenas até hoje, é muito legal. Infelizmente tudo fecha às 3 da tarde, então perdemos algumas coisas como ir na Agora antiga e na Romana, que ficaram faltando.

É nóis!

É nóis!

Toda a região turística de Atenas, não só a Acróple, se visita andando. Nem se estresse ou faça diferente. Cansa um pouco, mas se desenhar um raio a partir das ruínas, duvido que dê mais que 5km pra qualquer direção. Atenas antigamente era minúscula, alívio pros turistas modernos. Como às 3 da tarde os pontos, incluindo museus, fecham, melhor se preparar pra acordar bem cedo e dividir as visitas aos lugares em 2 dias ou até 3, na minha opinião.

Toma, um wallpaper pra você

Toma, um wallpaper pra você

Com nosso couchsurfer fomos outro dia conhecer o equivalente ao mercado municipal de Atenas, com aquela loucura de vendas de frutos do mar de tamanhos e tipos que não se vê no Brasil. Acabamos, é óbvio, passando um monte de vontade. Foi tenso ir na venda de azeitonas e azeites e só provar um pouco, pelo intestino e estômagos ainda ruins e por não ter como carregar nada nas mochilas…

Segunda-feira foi uma segunda bastante bizarra. Quando achamos que todos iam descansar pra gente aproveitar, todo mundo estava numa outra praça do bairro dançando tango com uma caixa de som improvisada. Velhos, jovens, casais maduros, todo mundo, se alternando. Numa praça. Até quase às 4 da manhã! Dani aproveitou pra dançar também, e ficamos por lá com outros mochileiros e couchsurfers amigos em comum que encontramos no caminho até lá. Normalmente eu, Caio, estaria morto de cansaço lá pelas 1 da manhã, mas se não fosse pelo frio acho que ficávamos todos lá ainda mais.

Monte Lykavittos, de longe

Monte Lykavittos, de longe

Uma de nossas missões em Atenas era subir um monte, ou colina, famoso da cidade. Fomos de manhã ver qual é a vista do Monte Lykavittos, que do alto se vê toda Atenas, até o mar e a Acrópole e outras ruínas. Simplesmente animal, vale cada degrau que subimos da escadaria do lugar! Dali, ainda com as pernas doídas, fomos passear nos Jardins Nacionais, bastante bonito e bom pra dar um tempo da correria de turismo, e emendamos as ruínas das colunas de Hadrian e umas boas horas curtindo o Olympiakos, o estádio olímpico das primeiras olimpíadas modernas, construído quase 2.500 anos atrás. Emocionante, e o mini museu que tem dentro dele vale o tempo. A sala de piras olímpicas é muito bem feita e, claro, saindo do túnel dela que dá acesso a pista eu, Caio, tive que dar uma volta correndo descalço ali :-)

Ah, resolvemos cozinhar pro nosso couchsurfer! Fazia tempo que não cozinhávamos e resolvemos fazer arroz com abobrinha, frango xadrez e pra arrematar uma sobremesa brasileira que fez o cara repetir de manhã até, arroz doce com canela. Nos entupimos comendo, sobrou bastante de todos os pratos. Gordos na cabeça não sabem cozinhar pouco mesmo.

Foi uma noite muito boa, não só porque descansamos ficando em casa, mas porque pudemos conversar bastante sobre a vida hoje na Grécia (ele é filho de uma americana com pai grego, então o inglês dele era fluente e dava pra entender perfeitamente). Discutimos como a Grécia se dá com países em volta, como Turquia, como é Creta e o que é ser grego pra ele e a história da família dele que é bem legal, além da nossa própria é claro. Foi uma noite excelente, típica de couchsurfing.

No nosso último dia em Atenas decidimos que, por termos perdido o planetário de Alexandria no Egito, tínhamos que ir no planetário de Atenas, e então fomos andando… e andamos… até o Piraeus, a região do porto. Quase morrendo, deu pra curtir o show em computação gráfica sobre colonização do espaço. Infelizmente todo em grego e a dublagem em inglês era bem ruim, mas vale o ingresso acho. Se o programa fosse com cenas reais valeria o ingresso de novo, já que o planetário da Fundação Eugenides supostamente é o maior planetário do mundo, com tela estilo IMAX e tudo.

Como era muito longe, decidimos voltar de ônibus local mesmo e aproveitar pra ver qualé do sistema deles. Não que seja extremamente necessário pra usar transporte lá, mas entender como o alfabeto deles se converte no nosso ajuda a não se perder e andar melhor pela cidade. É relativamente fácil e se pega a manha bem rápido, vai acabar lendo em grego os nomes das placas, acredite, é até divertido :-)

Pra variar, a última noite em Atenas também não acabou cedo. Nosso couchsurfer nos levou pra comer algo num restaurante estilo boteco que fica nos fundos de uma casa, na qual se entra por uma viela. Mesas improvisadas, mas lotadas de locais e comida fantástica embora simples. Preços bons, então é lógico que pela combinação era um lugar cheio de jovens duros de dinheiro. Perfeito pra matar um tempo conversando.

Rua atrás da casa do couchsurfer, com abajures pendurados

Rua atrás da casa do couchsurfer, com abajures pendurados

Na volta meio que por acaso passamos em frente um bar tocando jazz quase na rua da casa onde estávamos e resolvemos entrar. Ficamos até 1 da manhã mas dava pra ficar até mais. A banda improvisada com frequentadores do bar (mudando de tempos em tempos) fazia uma jam session legal e resolveu tocar músicas brasileiras em nossa homenagem quando perguntaram da onde os turistas eram. Foi muito bom, e isso porque nem gosto de jazz.

Horas depois, lá pelas 5, acordamos e fomos correndo pegar o primeiro metrô até Piraeus pra pegar o navio que nos levaria pras ilhas gregas… mas isso contamos melhor em outro post.

Passamos 4 dias em Atenas e achamos muito pouco. Quando planejamos os dias que ficaríamos em cada lugar, escolhemos ficar somente 11 dias na Grécia por ser um país teoricamente caro, mas nos enganamos. Com a crise, os preços por lá estão bem abaixo do que estávamos esperando e acabou sendo o melhor jeito de começar o continente Europeu. Adoramos os ares da cidade e com certeza vale a pena vir e ficar mais tempo!

O que não te falam sobre o Egito

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Post rápido! Guia de sobrevivência no Egito pra quem já tá embarcando:

    1. privadas, além de sujas, sempre tem um caninho fino torto e enferrujado dentro, às vezes saindo pra fora, sempre apontando pro seu rabo… é o jeito deles de ter bidê, cuidado :-)
    2. barganha-se por tudo, sempre, em qualquer lugar… até a coisa mais barata tem barganha, o truque é sempre chutar o balde e pedir 50% do valor original (ainda assim pagará mais caro) e ir negociando, comprando múltiplos itens etc, e nunca mostre quanto você tem, senão já era
    3. não faz diferença mulheres usarem lenço pra mostrar respeito, chama mais atenção ainda e muitas caras de WTF, ou se usa o kit completo de manga comprida, calça, sapato e lenço, ou se anda normal mesmo e acabou
    4. russos estão em todos os lugares no mar vermelho, tanto que Hurghada é dita ser uma mini Moscou, até lojas tem nomes em cirílico e egípcios falam russo lá
    5. as praias no Egito são bem feias, areia grossa na maior parte e sempre bem suja, porém o mar é bonito… tanto o mar vermelho quanto o mediterrâneo tem cores bem legais e não são gelados
    6. couchsurfing é extremamente complicado aqui, é uma forma fácil dos desempregados ganharem um troco como guias de mochileiros, fique esperto e desconfie sempre de alguma “cortesia”
    7. tem wifi grátis e relativamente bom em qualquer albergue, do mais simples ao mais chique, fique tranquilo que Egito é bem online
    8. 3G funciona até no meio do deserto, chega a ser impressionante a qualidade dos sinais de telefonia e dados aqui, além de baratos (100 pounds pra 1GB de dados e 1.000 minutos)
    9. egípcios de todas as classes e idades são porcos, demais, ninguém lava a mão, ninguém usa luva e botam comida em qualquer superfície usada, bichos estão em todos os lugares cagando e dormindo… boa sorte pro seu estômago
    10. não existem leis de trânsito, é normal vias de mão única terem 2 mãos opostas, não tem semáforo nem faixas, é caos 24h, preste muita atenção ao atravessar ruas
    11. hotéis de luxo são só hotéis, hotéis são albergues… conhecemos banheiros em lugares ditos bons que você não acreditaria, não espere luxo no Egito, é um país bastante modesto e simples
    12. todo mundo tem inveja de Alexandria, aparentemente porque a cidade é realmente legal e as pessoas são bem mais simpáticas e razoavelmente honestas que no resto do país, dá pra aproveitar bem
    13. não existe máquina de cartão aqui (em um mês aqui, por sete cidades, achamos somente um supermercado com máquina), todos usam dinheiro e ninguém tem troco… evite andar com notas maiores que 20 pounds
    14. ful e falafel devem custar por volta de 1 pound, um shawerma padrão uns 10, um refrigerante cerca de 2,50 em mercado ou até 4 na rua, melão e água de litro e meio (sempre selada!) ficam entre 3 e 5 pounds
    15. o verde no Google Maps não é floresta, é só contraste com a areia, o país todo é um deserto mesmo e a vegetação que existe, quando existe, é rasteira e pouca
    16. o rio Nilo é um córrego perto de rios brasileiros, dá pra cruzar as margens nadando em minutos
    17. as ruínas e templos são ainda mais legais do que você imagina, não irá se arrepender de ver tudo
    18. ande com mapas, nada tem nome ou número nas ruas, mas ainda assim muitos lugares tem sistema de entrega!
    19. faça um amigo egípcio em cada lugar, se puder, ou boa sorte nas suas aventuras
    20. as ruas ficam vazias durante o dia por causa do sol, mas são absurdamente movimentadas até tarde da noite pra compensar, a vida é noturna aqui
    21. dias da semana são muçulmanos: o sábado deles é nossa sexta, o domingo deles é nosso sábado mas pode ser como uma segunda porque dependendo da região é um dia útil normal, a segunda deles é o nosso domingo
    22. segurança nas ruas é impressionante, sente-se muito mais seguro no Egito que no Brasil, mesmo de noite e sem energia elétrica nas ruas… fique tranquilo, mas mantenha a atenção
    23. café da manhã padrão em qualquer hospedagem é só um ovo cozido, xícara de chá vermelho e um pãozinho, mais nada, não espere um café da manhã da sua mãe
    24. qualquer conta vem com 10% de impostos e outros 10% de taxa de serviço, é o pega-turista deles, mas se tiver com um egípcio não te cobram os 20% extras…
    25. o Egito é sinônimo de moscas, lixo e sujeira… e mosquitos à noite, dependendo da cidade

Egito costa a costa: Hurghada e Alexandria

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Depois de quase duas semanas de deserto visitando as tumbas e ruínas de Giza, Aswan e Luxor, estávamos ansiosos por um pouco de sombra e água fresca. Queríamos muito conhecer o mar vermelho e tentamos de várias formas descobrir um jeito barato de chegar a Dahab, na região do Sinai, mas infelizmente a logísitca pra lá pareceu cansativa demais (se fosse de ônibus) ou cara demais (se fosse de avião). Acabamos decidindo ir para Hurghada, destino bem turístico mas que “dava pro gasto”, considerando que o nosso objetivo era uma passadinha pelo mar vermelho.

Pegamos o ônibus da Super Jet saindo de Luxor às 8h da manhã, junto com um australiano que estava hospedado no mesmo albergue que a gente. Pagamos 35 libras por pessoa (uns 5 dólares), e não conseguimos comprar o bilhete com antecedência, pois disseram que a compra só era possível no dia do embarque (mentira, pois os locais chegaram e foram direto pro ônibus, não compraram passagem), mas chegamos 1 hora antes do horário do ônibus e deu tudo certo.

Caio diz... aparentemente fazem isso, segundo fontes online, porque turistas entrangeiros são problema de segurança pra eles, e assim correm o risco de nem embarcarem, o que é bom pra empresa (!), por falta de assento

Ficamos com um pé atrás com o ônibus da Super Jet quando vimos o naipe da bilheteria e do ônibus por fora, mas acabou que o ônibus é espaçoso, confortável e com um ar condicionado decente (acredite, no Egito isso é mais importante do que qualquer coisa), achei melhor do que o padrão brasileiro pelo mesmo preço. A viagem durou 4 horas e 90% do tempo a única paisagem que se vê é deserto, mas acaba sendo um cenário bonito. Só no finalzinho da viagem, quase chegando, é que conseguimos ver montanhas de rochas cinza e o mar vermelho pela janela, bem azulzinho.

Mandamos uns couch requests para Hurghada uns dias antes de embarcarmos, já que decidimos meio que em cima da hora, e surpreendentemente recebemos um sim! Como a gente já tinha se ligado que couchsurfing no Egito é um negócio, pois a maioria deles querem te hospedar para te vender alguma coisa, chegamos na cidade com um pouco de receio de como seria a estadia. Estávamos muito enganados! Os dois amigos que nos hospedaram são de Cairo e estão morando em Hurghada por causa do trabalho, e são couchsurfers como todos deveriam ser: estão atrás de boas experiências, não do seu dinheiro :-)

A cidade de Hurghada é bem turística, como já esperávamos, e definitivamente não é um lugar para mochileiros. Primeiro que o lugar é uma mini Moscou, tem mais russo que egípcio (sério, não estou exagerando), a ponto de todas as lojas e lugares terem informações em russo e letreiros em cirílico, algumas antes mesmo de ter em inglês. Ser um turista em Hurghada para eles significa que você é russo, espere falar muitas vezes “I’m not russian”, pois nos restaurantes, táxis, ruas e em qualquer outro lugar que você esteja, falarão com você em russo. Segundo porque a cidade não tem estrutura nenhuma para pedestres, ninguém anda na rua a pé, só de carro, e se você pretende fazer uma caminhada pela cidade é bom se preparar para um táxi parar ao seu lado a cada 30 segundos (“táxi? táxi?”).

Bom, mas o que a gente foi fazer em Hurghada foi ver o mar vermelho, e cara… essa porra é bonita mesmo! No nosso primeiro dia na cidade os couchsurfers nos levaram para um tipo de mirante em uma parte mais alta da cidade, de onde dava pra ver quase toda a orla da praia e as ilhas próximas, onde a água fica daquele azul clarinho por ser mais raso, coisa de outro mundo!

Alto da cidade, olhando pras ilhas

Alto da cidade, olhando pras ilhas

As praias de lá não são lá essas coisas, conhecemos uma praia em El Gouna, numa área mais afastada de Hurghada, e a Dream Beach, perto de onde estávamos ficando. Nas duas praias a areia é bem expessa e tem bastante pedras, mas depois que você entra no mar e começa a flutuar naquela água cristalina, vale muito a pena! A “vibe” também é bem diferente do que estamos acostumados, pois sempre tem que pagar pra entrar e tem uma estrutura montada com cadeiras, música de puteiro (haha) e várias pessoas indo atrás de você para oferecer serviços de spa ou massagem com peixes que te mordem (!). Chique demais pro casal alfanumérico :-)

Depois de 4 dias relaxantes em Hurghada, voltamos para Cairo de Go Bus, apenas para um pit stop antes de ir para Alexandria. A passagem do ônibus deluxe custou 75 libras (uns 10 dólares) por pessoa, e o serviço que eles pareciam oferecer, pela qualidade do website e da bilheteria, prometia ser bem melhor do que o Super Jet que usamos para chegar na cidade. Mas as aparências enganam, o ônibus é apertado e sujo, o motorista mal educado e ainda vimos um outro dar defeito no meio da estrada e tivemos que socorrer eles. No final, o ônibus ficou lotado e um bando de gente em pé para umas duas horas até Cairo. Se esse era o deluxe, não consigo imaginar como seria o serviço standard deles!

O pior de tudo da nossa viagem de Hurghada a Cairo foi a hora de pegar as mochilas quando chegamos. Por causa de um vazamento de água no bagageiro, a minha mochila ficou enxarcada de uma água preta e fedida. Tudo o que eu tinha dentro dela estava molhado e sujo, sem contar os papéis e meu livro que desmancharam dentro dela. A sorte é que a mochila do Caio estava por cima da minha, então não molhou, dor de cabeça a menos!

Caio diz... além do que como sou chato ia ficar reclamando disso pra sempre, que bom :-)

Passado o mal humor por causa do incidente com a mochila, seguimos no dia seguinte para Alexandria de trem, saindo da estação de Cairo. A estação é bem bonita, mas eu diria bem despreparada para turistas. As placas, quando existem, são todas em árabe e é difícil até de localizar a bilheteria. Fomos no Tourist Center pedir informação e a moça não entendeu o que queríamos pois não falava inglês… idas e vindas depois conseguimos comprar os bilhetes e embarcamos na segunda classe do trem, junto com os locais. Recomendamos, por 35 libras por pessoa (5 dólares) o trem é muito bom, espaçoso, confortável e limpo.

Caio diz... online sempre recomendam ir de primeira classe por isso e aquilo, porque é Egito e tal… bobagem, segunda classe dá pra encarar, meio termo entre avião e ônibus

Fomos recebidos em Alexandria por uma família egípcio-armênia, o que foi uma experiência de couchsurfing diferente para a gente. O dono do perfil é o filho que acabou de voltar de um mochilão de 4 meses e convenceu os pais a receber pessoas em casa depois de ter se hospedado na casa de várias pessoas durante a sua própria viagem. A mãe dele é muito querida, cozinhou pra gente e se ofereceu para lavar todas as minhas roupas, que ainda tavam sujas depois do incidente com o ônibus de Hurghada. Experiência de família durante uma viagem como essa é revigorante!

Dividimos uma cama se solteiro em um quarto onde estavam também um casal de franceses que estavam mais usando a casa deles como hotel: não saíram conosco nos passeios que fizemos e quase nunca estavam com o dono da casa, sempre fazendo atividades separadas e voltando pra casa tarde. Eu nunca vou entender como as pessoas tem cara de pau de fazer isso, couchcurfing não é hotel barato, é experiência local!

Nós elegemos Alexandria a melhor cidade de todas as que conhecemos no Egito. Apesar de ser caótica como as outras, e não ter ruínas históricas, as coisas lá funcionam. O trânsito é insano mas é possível usar transporte público, o clima é quente mas a brisa do mar ajuda a tornar mais suportável e as pessoas, apesar de não falarem inglês, se esforçam o máximo para entender você.

Para uma cidade historicamente importante, o número de turistas é baixíssimo, não encontramos nenhum na rua. Até mesmo na biblioteca de Alexandria, onde esperávamos ver uma fila de gringos, só haviam locais! Diferentemente das outras cidades, quando viam que você era de fora os locais queriam saber quem você era, te viam como uma curiosidade, e não uma nota de euro ou dólar ambulante.

Dividimos nossa estadia lá em um dia para conhecer a cidade andando, um dia de praia e um dia para conhecer a biblioteca de Alexandria. No nosso passeio caminhando, fomos pela orla da praia até a Stanley Bridge, uma ponte elevada que conecta as duas pontas de uma prainha abaixo do nível da cidade em quase 2 andares de um prédio… difícil explicar, mas é bonito e diferente de se ver. O contraste do mediterrâneo com os prédios caindo aos pedaços típicos do Egito é bem particular da cidade também.

Stanley Bridge, Alexandria

Stanley Bridge, Alexandria

No dia seguinte, o nosso host nos levou até uma praia em El Agamy. Fomos de transporte público, mais ou menos uma hora de ônibus mais uma mini-van para chegar até o mar. Essa praia é mais isolada, mas é bem bonita e privada, então eu poderia ficar de biquini sem restrições. A areia da praia é mais parecida com a do Brasil, apesar de ser suja e um pouco mais grossa. A cor do mar é muito bonita, um verde claro, e bem mais refrescante que a água do mar vermelho. Passamos o dia por lá e depois fomos com o host matar mais um item da nossa todo list: comer peixe e frutos do mar mediterrâneo! Ele nos levou em um restaurante local bem movimentado mas isolado, e nem tão caro, onde escolhemos em uma peixaria interna nosso próprio peixe ainda fresco para assarem, mais camarão e lula. Excelente!

Dia de sol na praia em Alexandria :-)

Dia de sol na praia em Alexandria :-)

No último dia fomos caminhando até a biblioteca de Alexandria, debaixo de um sol escaldante. Chegando lá, fomos surpreendidos por uma fila gigantesca (não tanto para a compra dos bilhetes, mas para o guarda-volumes) de locais querendo entrar, acho que gastamos uma meia hora só na fila. Entrando lá, fiquei admirada com o tamanho e a modernidade da biblioteca, o prédio é super organizado e muito bonito, mas o que eu mais gostei de ver foi como estava lotado de estudantes, quase nenhuma mesinha vazia.

Caio diz... eu fiquei bem impressionado, achava que a biblioteca hoje era mais museu que outra coisa, mas os locais usam ela pra valer, muito legal

Infelizmente perdemos o último horário do planetário e não pudemos conhecer, mas os museus da biblioteca compensam a visita. O primeiro deles é o museu de antiguidades, que além de itens da época do Egito antigo (que já tínhamos visto aos montes nas outras cidades do Egito) tinha vários itens do período greco-romano, bom pra deixar a gente empolgado com nossos próximos destinos (Grécia e Itália). O outro museu é o museu de manuscritos, que não tem muita indicação da época ou do que se trata o manuscrito, então acaba sendo apenas um museu bonito de se ver.

Dentro do setor de sarcófagos do museu de antiguidades encontramos um grupo de umas 5 meninas entre 10 a 12 anos, que acharam o máximo ter turistas lá e se esforçavam ao máximo para tentar conversar com a gente em inglês. Uma delas estava tentando nos avisar pra ter cuidado porque havia uma múmia viva dentro de um dos sarcófagos, hehe.

Depois de Alexandria, voltamos ao Cairo para mais 3 dias para terminarmos de visitar a cidade antes de irmos para a Grécia. O problema é que assim que voltamos eu comecei a passar mal e passei 3 dias de rainha, mal conseguia levantar da cama de fraqueza… o máximo que pudemos fazer foi visitar o Museu Egípcio no último dia, pois não podíamos ir embora sem passar por lá!

A dica para quem quer visitar o museu do Cairo e também pretende passar por Luxor e Aswan é deixar o museu por último. A coleção deles é realmente impressionante, mas são deixadas nas salas como se fosse um depósito, sem indicação do que se trata…

Caio diz... me lembrou um almoxarifado gigante com caixas tipo em um Indiana Jones, sério

A única organização que se vê é a separação por período, então quem já foi para Aswan e Luxor e visitou os templos consegue entender alguma coisa. Se não for assim fica difícil, eu indicaria uma visita guiada para aproveitar melhor!

Caio diz... eu não indico visita guiada porque é uma forma de perpetuar o esquema de guias escroto do Egito, estude você mesmo!

Agora, a parte que nos deixou mais impressionados foi a sala de múmias. O preço para entrar lá é mais caro do que a visita do museu em si (9 dólares para o museu e 15 dólares para a sala de múmias), mas vale cada centavo! Nós passamos quase um mês visitando os templos e tumbas em Aswan e Luxor para, no último dia, ver as múmias de cada um dos faraós, foi muito legal! A conservação do corpo é impressionante, dá pra ver bem os traços, a idade, cabelos e unhas intactos… foi definitivamente a parte que mais gostamos!

Caio diz... simplesmente vá ver as múmias, sériováverasmúmiasdfghasdfgh caralho que animal que são!

Finalmente (pelas dificuldades, não por alguma falta de diversão!) nossos dias no Egito chegaram ao fim. Dali partimos pra Europa, mais especificamente pra Grécia, nossa primeira parada de “lua de mel” no continente :-)

As ruínas, templos e a cidade de Luxor

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Quando chegamos em Luxor decidimos que ficaríamos próximos a estação de trem, porque é uma região central e sabíamos que tinha um ponto de informação pra turistas ali. Ficamos só uma noite, o hotel Anglo era muito ruim, além do que sempre tinha tipo uns 10 caras fumando na recepção e éramos um grupo de eu de homem, a Dani e as seis alemãs viajando conosco…

Fomos, por indicação de um conhecido, pro albergue Bob Marley, numa viela ainda mais no centro de Luxor. Valeu a pena, terraço animal que dava pra ver o banco oeste onde ficam as ruínas, e o wifi funcionava até no quarto no terceiro andar! A tia que cuidava do lugar era belga casada com o dono, meio velha louca dos gatos do Simpsons, mas o albergue foi até agora o melhor do Egito todo.

Vista do albergue em Luxor

Vista do albergue em Luxor

Do albergue pra qualquer lugar era um pulo, coração da cidade mesmo, íamos andando pra qualquer lugar. Conseguimos ficar 5 dias em Luxor e só andamos à pé. A cidade é bem mais amigável pra turistas do que Aswan. Claro, ainda faziam piadinhas com a Dani, mas a infraestrutura era perceptivelmente melhor. Não tem como ser melhor do que ter 2 dos maiores templos do Egito no meio da cidade, acho :-)

Éramos pra ficar com um couchsurfer na cidade, mas ele tava ocupado com o casamento da irmã dele. Ele nos convidou pra festa, mas chegamos na noite seguinte, pena. Ele, por acaso (cof cof), é egiptologista e conhece tudo das tumbas, altas referências entre couchsurfers. Bom, combinamos que pagaríamos ele pra ser nosso guia no banco oeste, todo mundo sairia ganhando.

Saíamos às 05:30 da manhã numa van bem modernosa com o couchsurfer, o motorista e a gangue do albergue. O dia todo de visitas às ruínas, transporte e o nosso guia deu 37 pounds por pessoa. Isso dá uns 10 reais. Acho que valeu a pena, né?

Primeira parada era pra ser na ponte que liga as duas partes de Luxor, mas ninguém quis tirar foto ali. Queríamos ir logo pras ruínas pra aproveitar que tava claro o dia mas ainda não havia esquentado, e a luz tava linda. Ficamos um pouco vendo os Colossos de Mêmnon, que antigamente guardavam a entrada de um complexo de templos gigante e agora são as únicas estátuas que restam ali. Tinha uma área de arqueólogos alemãs trabalhando, então talvez descubram algo ainda. É tenso ali só de imaginar o que tinha. Me lembrou as estátuas do poema de Shelley sobre Ozymandias, que na verdade foi inspirado no Ramesseum que tem ali perto em Luxor e foi uma puta pena não termos visitado.

Colossos

Colossos

Dali fomos correndo pra Hatshepsut, o que eu mais estava esperando havia dias. Hatshepsut foi uma rainha do Egito que era pintada e tratada como homem, de tão foda que era. Naquela época isso era suficiente pra ter seu próprio templo. Só que ela não sabia brincar, então decidiu cronstruir o dela direto nas montanhas, e resolveu fazer tudo gigantesco e de frente pra onde o sol nasce. Ela tinha bom gosto.

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Sente o drama da escala

As cores das colunas e paredes em Hatshepsut são de outro planeta. Acostumados com as ruínas de Aswan, ficamos impressionados. A escadaria e rampas na entrada também são bem imponentes. A rainha (ou melhor, faraó) foi uma das que mais construiu templos no Egito, e tudo que vimos era realmente impressionante.

Cores em paredes de 2.500 anos

Cores em paredes de 2.500 anos

Não dava pra ver, mas o templo pro marido dela acho que é anexo mas todo destruído e ainda tão vendo se reconstroem. O melhor de tudo mesmo foi sermos os primeiros a entrar no lugar, porque era cedo e os turistas começaram a chegar só quando estávamos indo embora.

Colunas no templo da rainha

Colunas no templo da rainha

Fomos na sequência pro Vale dos Reis, parada obrigatória em Luxor. Vale dos Reis é um dos três vales de Luxor, junto com os das Rainhas e dos Nobres. Resumindo: queriam enterrar todo mundo que era foda antigamente num lugar só, que durasse pra sempre e fosse inviolável e perto de alguma capital. No caso a capital era Luxor, do outro lado do Nilo. Antigamente uma das maiores cidades do Egito, Tebas.

O problema do Vale dos Reis é que nem todas as 63 tumbas estão abertas pra visitação. Fazem uma espécie de rodízio quando estão mexendo em algumas e também pra variar pros turistas. Segundo nosso colega tivemos alguma sorte, porque a tumba de Merenptah é uma das maiores e tava aberta.

Infelizmente, e por motivos óbvios, não era possível levar câmera dentro das tumbas mas dei jeito de usar o celular. A diferença de tamanho das tumbas ali merecia várias fotos, dava pra andar de pé dentro delas, com corredores de até 3 pessoas de tão espaçoso que é lá no fundo.

Sequência de fotos do celular, não lembro cada câmara pelo nome:

Câmara intermediária de uma tumba

Câmara intermediária de uma tumba

Sarcófago no centro, teto ultra colorido

Sarcófago no centro, teto ultra colorido

Acho que na mesma câmera do sarcófago

Acho que na mesma câmera do sarcófago

A tumba de Merenptah é a KV8 e recomendo fortemente que use o Theban Mapping Project se gosta de egiptologia. Os caras tem um site inacreditável que tenta documentar todas as tumbas e ruínas dali. Tem mapa com profundidade, visita em 3D, filmes, fotos das paredes, história de cada buraquinho. Foda. Clique aqui pra ver tudo sobre a tumba KV8 de Merenptah.

Fomos também na tumba do Ramsés III, a KV11. Era consideralmente menor que a Merenptah, mas bonita também, e qualquer tumba de qualquer pessoa chamada Ramsés é certeza de público. Clique aqui pra ver tudo sobre a tumba KV11 do Ramsés II.

A última tumba que nossa entrada no vale dava direito (80 pounds pra 3 visitas) foi a KV2 do Ramsés IV. Lembro que nessa as cores nas paredes e teto eram absurdamente vivas. Algumas pareciam feitas ontem, tanto que algumas pessoas tavam discutindo se eles retocavam pros turistas ou não heheh. O azul e preto do teto, imitando o céu à noite com estrelas em amarelo e branco, era muito bonito. Deu pra ver também várias pichações e graffitti em grego! Pena que não leio grego. Dizem que havia em Latim também, mas não achei nenhuma quando procurei. No máximo umas portuguesas e espanholas de 1800 e alguma coisa. Clique aqui pra ver tudo sobre a tumba KV2 do Ramsés IV.

Mas embora qualquer tumba do Vale dos Reis valha a pena, sem dúvida, dá uma tristeza visitar o lugar. A falta de preservação, pra não dizer a facilidade com que se pode depredar o lugar, é incrível. Quase criminosa. Basicamente você e outros milhões de turistas anualmente andam por qualquer área ali, toca qualquer coisa que quiser, passa a mão em qualquer pintura, a qualquer momento. Pense nisso ao longo dos anos. Não é surpresa que tá tudo desaparecendo. A única tumba que vimos alguma proteção foi na do Ramsés IV, a última. Em algumas partes ela tinha proteção de acrílico entre as pessoas e as paredes durante a descida na tumba. Pena que não adiantou pro desastrado aqui. Arranquei um teco da pintura num esbarrão sem querer.

Destruidor de tumbas

Destruidor de tumbas

Se um dia voltamos pra cá gostaria de fazer a trilha que dá no topo do Vale dos Reis, acima do templo da Hatshepsut. Já vi fotos dali então dá pra subir, só tem que ser cedo pra não morrer queimado :-)

De volta a Luxor, tivemos uma surpresa boa indo no museu da cidade. Extremamente bem cuidado e limpo, nem parecia algo egípcio se é que me entende. A coleção deles é fantástica e tem até 2 múmias bem expostas, várias estátuas bem bonitas e em uma parte mostram como se fazia papiros antigamente.

Na minha opinião o templo principal de Luxor em si não vale a pena. Ele fica bem no meio da praça da cidade, McDonald’s do outro lado da rua e tal, dá pra ver ele todo sem pagar só dando uma volta nele, que dura uns 30 minutos. Não é tão fantástico assim acho que por ser no meio do lixo da cidade, e terem construído uma mesquita no meio do lugar, então é meio zoneado… mas à noite vale uma olhada.

Aí sim hein

Aí sim hein

Agora, o templo de Karnak… malandro! Fomos andando, é longinho, dava uns 5km do albergue. Chegamos lá loucos porque sabíamos que era grande, mas não sabíamos o quanto. É muito foda, muito gigante, colunas absurdamente altas, grossas e massiças, coloridas com todas as cores que puder imaginar. Pela forma como o templo tá hoje, chuto que ele tinha uma cobertura de madeira ou talvez panos, pra proteger as pessoas ali.

Colunas de Karnak

Colunas de Karnak

Ainda estão escavando e restaurando Karnak, então nem todos as áreas são transitáveis, mas vendo a maquete do que tem e do que tinha (fica logo na entrada), dá pra se ter uma noção.

Essa luz... ao vivo é mais bonito

Essa luz… ao vivo é mais bonito

Karnak era ligado ao templo de Luxor por uma via de pedra em linha reta, com esfinges dos dois lados, sem parar, até o final. Dá pra ver algumas ruas no centro fechadas porque estão escavando esfinges até hoje, e removendo moradores dali por preservação. Alucinante pra quem gosta de história.

Rua que vai da estação de trem ao Nilo

Rua que vai da estação de trem ao Nilo

Se quiser comer algo além de comida de rua, já que pode tá cansado de koshari como a gente ou não queira ficar 2 dias doente no quarto com diarréia depois de comer um shawerma ruim como eu, recomendamos uma parada no Sofra. É meio difícil chegar lá porque ruas não tem nome e casas não tem número, mas olhe num mapa que vale a pena. Eles tem tipo um rodízio de mini porções de comidas típicas. Dá pra provar de tudo um pouco, até sobremesas, por 80 libras. Dá pra duas pessoas tranquilamente.

Dois dias no quarto com diarréia deixa essa bagunça

Dois dias no quarto com diarréia deixa essa bagunça

Caso prefira algo menos turístico, dá pra visitar Luxor como fizemos nos dias extras lá. Andando pelas ruas se vê muita coisa, só precisa aguentar o assédio de engraçadinhos e vendedores realmente insistentes. A cada 30 segundos alguém aparece com um “felucca? sunset? maybe later? hello?” ou “horse carriage? you know the price? maybe later? hello?”. Os caras das carruagens, típicas de Luxor, são muito chatos mesmo sendo barato (5 libras 1 hora de passeio). Ah, em 30 minutos você anda a orla do Nilo toda, vale a pena porque é bem bonita. Ou em metade do tempo se chega ao bazaar da cidade, o souk, como chamam.

Meio do souk em Luxor

Meio do souk em Luxor

No último dia encontramos um australiano numa RTW também, que queria ir pra Hurghada como a gente. Fomos pra região na costa do Mar Vermelho, no leste, pra descansar mesmo. Estávamos precisando e lá teríamos um couchsurfer. Contamos depois :-)

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